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Preocupações com a privacidade e segurança

2 R EVISÃO DA LITERATURA

5. Impressões pós-compra: avaliação sobre a alternativa escolhida atender as necessidades e expectativas.

2.7 Preocupações com a privacidade e segurança

Preocupações com a privacidade têm sido apresentadas como razões limitadoras para o comércio online. Sheeham (1999) fez um estudo comparativo entre homens e mulheres, procurando averiguar se as diferenças de gênero são visíveis nas atitudes e comportamentos em relação à propaganda e às práticas de marketing envolvendo coleta de informações e privacidade online. A autora apresentou a seus entrevistados (n=889, aleatoriamente obtidos) 15 situações que julgava de diferentes graus de preocupação em termos de segurança e constatou diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres em 5 dessas situações, caracterizando o sexo feminino como mais preocupado com esse assunto.

Ao verificar os comportamentos reativos a violações de privacidade adotados por ambos os sexos, Sheehan também encontrou diferenças significativas. À medida que a preocupação das mulheres aumenta, elas tendem a adotar

somente 2 dos 7 comportamentos reativos pesquisados no trabalho. Já para os homens, à medida que sua preocupação com a privacidade aumenta, há a tendência de adotarem todos os 7 comportamentos verificados no trabalho. Sheehan ao resumir seus achados comenta: “Mulheres são mais preocupadas do que os homens com as questões relacionadas à privacidade em muitas situações de coleta de informações online. Apesar das mulheres parecerem mais preocupadas com essas questões, são os homens que têm mais probabilidade de mudar seu comportamento online por conta delas. Os homens aparentemente adotam um espectro amplo de reações, tanto passivas quanto ativas, enquanto que as mulheres tendem a reagir primariamente de forma passiva, procurando comportamentos que evitem o confronto direto.” Um pouco mais além a autora afirma que seu estudo mostrou que há similaridades entre o comportamento de homens e mulheres tanto no meio virtual como no mundo “real”. (Sheehan, 1999).

Levando em consideração os achados de Sheehan, cabe no estudo aqui apresentando, verificar a seguinte hipótese:

H 17: Mulheres são mais preocupadas com segurança e privacidade nas compras online do que os homens.

2.7.1 O papel da confiança no processo de compra online

Sheehan, em um outro trabalho sobre o tema segurança, desta vez em parceria com Hoy (Sheehan e Hoy, 1999), e utilizando a mesma base de dados do estudo recém mencionado, resume que, de maneira geral, as pessoas, à medida que a preocupação com a privacidade cresce, tendem a fornecer informações incompletas nos websites, notificar seu provedor de serviços sobre e-mails não solicitados, solicitar remoção de mailing lists e enviar uma mensagem provocativa e em tom agressivo para os remetentes de e-mails não solicitados (“flame”). Adicionalmente, os respondentes da pesquisa das autoras afirmaram ficar menos propensos a se registrarem em websites que requisitem informações pessoais. As autoras não acharam evidências suficientemente fortes para afirmar que esse aumento de preocupação com a privacidade

viesse a gerar os comportamentos de fornecer informações erradas nos sites ou mesmo reduzir a leitura dos e-mails não solicitados que recebem.

Yoon (2002) aponta que à confiança deveria ser dado peso substancial quando se trata de transações virtuais online, nas quais não se pode ter interação face- a-face vendedor comprador e, tampouco, visualizar-se a loja. Segundo o autor, os visitantes de um site são forçados a confiar inteiramente nas informações sobre produto fornecidas por ele.

Yoon também aponta um estudo elaborado pela Cheskin Research (1999) segundo o qual o conceito de confiança é “crucial, já que afeta um número de fatores essenciais para as transações online, incluindo segurança e privacidade. Sem confiança, o desenvolvimento do comércio eletrônico não pode atingir seu potencial”. De acordo com esse estudo, há seis grandes fatores que geram confiança nas compras online:

Marca: a importância da reputação da empresa no momento da decisão de compra.

Navegação: a facilidade de encontrar o que se procura.

Fulfillment: o processo que os usuários vivenciam desde o momento que a compra é iniciada, até o recebimento do produto e satisfação final. Apresentação (presentation): a maneira como a aparência do site

comunica informações relevantes.

Tecnologia: maneira como o site funciona tecnicamente.

Selos de aprovação: símbolos que representam empresas que se especializaram em assegurar a segurança dos sites (VeriSign ou logotipos Visa, por exemplo).

A confiança do consumidor brasileiro foi investigada em um outro estudo da Cheskin Research (2000), realizado em 2000, e que comparava consumidores dos Estados Unidos, de países de língua espanhola da América Latina e do Brasil. Segundo esse estudo, os consumidores norte-americanos e brasileiros

tendem a ser mais céticos com relação à habilidade dos governos e dos websites controlarem identidade e risco do que os países de língua espanhola. Descobriu-se também que os brasileiros e os habitantes de países de língua espanhola valorizam mais a presença dos selos dos cartões de crédito do que os norte-americanos. Há também variações significativas entre países no que se refere ao reconhecimento dos selos de aprovação em geral. No caso brasileiro, os selos mais reconhecidos são os da Visa, do Mastercard e o da VeriSign.

Voltando ao estudo de Yoon (2002), o autor encontrou que (1) a confiança está significativamente associada às propriedades do site, incluindo variáveis relacionadas à imagem, tais como awareness e reputação da empresa. Satisfação, por sua vez, está significativamente associada tanto à navegação quanto à funcionalidade. (2) Variáveis pessoais, tais como familiaridade com comércio eletrônico e experiências anteriores satisfatórias com esse tipo de comércio têm alta correlação com satisfação e confiança no website. (3) Confiança, satisfação e awareness do website influenciam a intenção de compra online. (4) Confiança e satisfação no website estão altamente correlacionadas (R2=0,718; p = 0,000). Entre os diversos achados desse estudo, destacam-se os seguintes:

Para garantir a confiança em um site, gerenciar sua imagem no mercado é mais importante do que enfatizar sua funcionalidade.

Sites que somente existem online têm maior necessidade realizar esforços para reconhecimento de confiança do que aqueles que atuam tanto online, como offline. Nesse sentido, é fundamental transmitir clareza na política de devolução de mercadorias e de eliminação de risco nas transações, adotar alto nível de tecnologia e preocupar-se com a velocidade de transmissão.

Para construir confiança online é necessário oferecer experiências de compra que estimulem memórias positivas em relação à empresa.

Para reforçar a importância da percepção de risco no processo de compras online, ainda cabe mencionar outra referência. Vellido et al. citados por Girard

et al. (2002) confirmaram que a percepção de risco é o principal discriminador entre compradores e não-compradores na Web. Reportaram também que variáveis como idade, renda do domicílio, e padrões de uso da Internet não prevêem comportamento de compra online.

Considerando a importância da percepção de confiança e das preocupações com segurança e privacidade para o comércio online, devira-se a seguinte hipótese:

H 18: Compradores online têm menos preocupação com segurança e privacidade no comércio pela Internet.

Considerando também que as preocupações com segurança e privacidade podem afetar a predisposição a comprar e os volumes de compra dos consumidores online, uma nova hipótese é apresenta a seguir:

H 19: Quanto menores as preocupações com privacidade e segurança, maior: a)o número de vezes que se compra pela Internet,

b) o volume de compras online realizado e c) a probabilidade de comprar pela Internet