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PREPARAÇÃO DE NUTRIÇÃO PARENTÉRICA E DE OUTROS MEDICAMENTOS ESTÉREIS

Capítulo II – Experiência profissionalizante na vertente de Farmácia Hospitalar: Serviços

4. FARMÁCIA CLÍNICA

5.1 PREPARAÇÃO DE NUTRIÇÃO PARENTÉRICA E DE OUTROS MEDICAMENTOS ESTÉREIS

A nutrição parentérica define se pelo aporte de nutrientes como proteínas, hidratos de carbono, lípidos, eletrólitos, oligoelementos e vitaminas por via parentérica (quando a via oral ou entérica não é possível ou se torna insuficiente para as necessidades do doente). A nutrição parentérica é a forma mais complexa de nutrição e como é obvio a menos fisiológica. É por isso considerada a última opção no que toca às alternativas existentes. Cada doente tem a sua singularidade e no que diz respeito ao tipo de nutrição, é considerado e avaliado caso a caso de modo a evitar utilizar estratégias incorretas e inespecíficas para as particularidades do doente que visa tratar. Em muitas situações, é feita uma avaliação do estado do sistema digestivo do doente, e em caso de não deteção de inconformidades com a via oral é possível recorrer aos dois tipos de nutrição em simultâneo sendo esta opção preferível à nutrição parentérica total.

A definição das necessidades energéticas diárias totais depende do estado nutricional do doente, sendo esta avaliação feita com base no peso, na altura, em índices fisiológicos e bioquímicos, e com base nas co-morbilidades associadas. Cabe assim ao farmacêutico a validação da prescrição, a correta preparação e a distribuição da NP ou armazenamento da própria quando não se destina a ser distribuída de imediato.

Em questão a bolsa a administrar, temos as de administração central (administração em veia central) e as de administração periférica (administração em veia periférica) dependendo não só do aporte calórico como da osmolaridade que detêm. Estas bolsas estão divididas em três compartimentos: lípidos, proteínas e hidratos de carbono. Estas permitem a suplementação com o que chama-mos de aditivos: vitaminas, oligoelementos e alanina-glutamina, dependendo da prescrição feita pelo médico.

75 Após a reconstituição das bolsas de NP, as preparações têm um prazo de validade de 6 dias quando armazenadas no frigorífico + 24h à temperatura ambiente ou de 7 dias a 2 a 8ºC + 48 horas à temperatura ambiente, dependendo das especificidades da bolsa.

O farmacêutico deve, aquando da validação, assegurar que este tipo de preparações reúnem um conjunto de caraterísticas próprias: esterilidade, ausência de pirogénios e de toxicidade e osmolaridade e densidade adequadas.

Antes da preparação da bolsa é contactado o/a enfermeiro/a do serviço para confirmar a necessidade da preparação da bolsa (podem ocorrer casos em que os doentes suspendam a bolsa por um ou mais dias, ou até a suspendam definitivamente ficando esta devidamente armazenada na enfermaria ou serviços farmacêuticos) minimizando assim desperdícios que seriam criados ao preparar uma bolsa extra. Assim em determinadas situações bolsas que foram preparadas de acordo com um protocolo para um determinado doente podem depois caso não utilizadas ser aproveitadas para doentes com as mesmas necessidades de alimentação parentérica.

Após confirmação da necessidade da bolsa pelo enfermeiro é emitida a ficha de preparação e o rótulo (com data e hora de preparação assim como com a descrição da via a que se dirige em destaque). Na ficha de preparação estão presentes todas as informações da bolsa servindo como suporte para a anotação das conformidades e não conformidades da preparação bem como o tempo despendido na sua preparação.

A preparação de medicamentos estéreis requer cuidados especiais e redobrados, tanto no que respeita ao local onde é realizada a mesma como de quem a manipula. O farmacêutico deve assegurar-se que, antes mesmo da preparação, a bolsa se encontra em bom estado, com os três compartimentos devidamente separados, tendo em atenção o aspeto do conteúdo da bolsa (homogeneidade) antes, durante e após a preparação.

As salas de preparação que constituem o sistema modular de salas limpas têm superfícies lisas (para facilitar a limpeza e evitar a acumulação de microrganismos), com antecâmaras, onde o operador se equipa com vestuário adequado: luvas, touca, bata, máscara e proteção de sapatos. Possui um lavatório onde o operador pode fazer a higiene das suas mãos. Tanto a sala de preparação como a antecâmara têm como característica obrigatória a existência de uma pressão positiva sendo que a pressão na sala de preparação (3-4 mmH2O) tem que ser

superior à da antecâmara (1-2 mmH2O) assegurando assim um movimento do ar da zona mais

limpa para zona menos limpa, e assim movimentando os possíveis contaminantes do interior para o exterior da sala limpa. O ar dentro da zona de preparação é condicionado e filtrado por filtros HEPA, estando a sala equipada com uma câmara de fluxo de ar laminar horizontal (que deve ser ligada pelo menos 30 minutos antes da sua utilização e que protege sobretudo a preparação de contaminações), uma biobox ou contentor para depósito de material corto- perfurante e um contentor de saco preto destinado a resíduos não perigosos.

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O controlo diário da pressão e da temperatura no interior da sala limpa constituem procedimentos chave na garantia das condições ideais de manipulação garantindo a estabilidade física e química dos produtos preparados (2).

A câmara é ainda constituída por uma janela de passagem com duas portas e duplo travão (assegurando que quando uma das portas é aberta a outra permanece fechada sendo a sua abertura impossível) – o transfer – que permite a passagem de material de ambos os lados. Todo o material quando colocado no transfer é pulverizado com etanol a 70% garantindo que o material exterior não compromete a esterilidade da câmara de preparação. Após a preparação, o material utilizado é descartado para o local correto e a câmara limpa novamente com etanol a 70%. A avaliação da qualidade do ar da câmara é feita trimestralmente a partir da colocação de meios de cultura estéreis abertos durante um período de 24 horas. O controlo microbiológico da superfície da câmara de fluxo laminar é feito mensalmente através da passagem de zaragatoas em dois locais distintos (2).