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PRESENTIFICAÇÃO E FANTASIA

A questão da temporalidade permeia e fundamenta a definição de fantasia na fenomenologia de Husserl. A primeira definição da fantasia é sua característica de modificação se comparada com a consciência originária da percepção. A presentificação é um ato de modificar o modo de apreensão do mundo. As definições básicas da fantasia como intencionalidade e intuição tem na presentificação sua base sólida de consideração. A explicação mais detalhada e aprofundada para a fantasia está no conceito de presentificação, pois este insere o tema das vivências na temporalidade, núcleo da consciência pura e dos problemas fenomenológicos genéticos. A presentificação de fantasia indica duas características da consciência, primeiro que ela tem como ponto originário o presente, ou seja, presentificar é colocar algo ausente ou inexistente na corrente da consciência.

Este ato de tornar presente um correlato irreal significa: todo ato tem sua posição temporal na consciência, mesmo o fantasiado sem posição temporal. O presentificar da fantasia é especial por ter a irrealidade como especificidade do ato.

A tese da temporalidade se pauta na consciência do presente ou na consciência originária da percepção. Como explica Maria Manuela Saraiva, o primado da percepção é “a principal tese

da fenomenologia que está subjacente à noção de

presentificação”297. A tese do primado da percepção já foi bastante defendida e já foi recentemente refutada por vários comentadores como Pedro Alves, por exemplo, mas cabe aqui ressaltar a posição da novidade da fantasia como vivência importante na construção da ciência fenomenológica, por seu valor metodológico e constitucional. Cabe ainda debater a tese de Saraiva para mostrar a argumentação válida da tese da fantasia como consciência privilegiada na construção da fenomenologia. Para mostrar como a presentificação é importante ao tema da fantasia analisar-se-á os manuscritos as do volume XXII como forma de apresentação e crítica da temática.

Saraiva afirma, a percepção como vivência privilegiada no processo da corrente temporal da consciência. A percepção é a intuição originária e a expressão ‘presentação’ (Präsentation,

Gegenwärtingung) é a linguagem temporal representativa da

percepção como intuição originária. Diz Saraiva: “os atos de presentificação distingue-se do ato de percepção – e podemos até dizer que se lhe opõem no sentido de que nunca são doação do originário. Mas a ideia de oposição encontra-se longe de esgotar ou traduzir todos os aspectos da relação complexa que liga o ato originário aos atos presentificantes”298. A tese de defendida por Saraiva evidencia o privilegio ontológico da percepção diante da apresentação do fenômeno à consciência, pois o aparecimento original é o aparecimento no presente dado na experiência perceptiva. Todos os outros modos de vivências são modificações do ato de perceber. A caraterística do ato modificado é remeter em si mesma ao não modificado.

Segundo Saraiva, a imaginação livre aparece indissociada da recordação. Esta ligação foi marcada na análise das Lições do

tempo. Diz Saraiva: “Para compreender sob o ângulo da

297 SARAIVA. M.M. A imaginação segundo Husserl. P, 160. 298 SARAIVA. M.M. A imaginação segundo Husserl. P, 161.

recordação e da imaginação livre enquanto presentificações, são

modificações da percepção, temos de apelar para

Zeitbewusstsein, que considera esses três atos como atos

essenciais da consciência do tempo”299. As presentificações são extensões da percepção como consciência originária na corrente temporal. Esta ligação da percepção como base de toda vivencia não significa dependência da fantasia no desenvolvimento da intencionalidade fantástica. Em resumo diz Saraiva: “Percepção é aqui o ato que coloca qualquer coisa debaixo dos olhos como ele própria em pessoa, o ato constitui originariamente o objeto. O contrário é presentificação, re-presentação: é o ato que não coloca um objeto em pessoa perante os olhos, mas que precisamente o presentifica, o coloca por assim dizer em imagem diante dos olhos...”300.

A fantasia, ao contrário da percepção, não é uma consciência que efetua a doação em pessoa. Não dar em pessoa é a característica essencial da fantasia, isto vale também para a recordação secundária, aquela designada como reprodução nas

Lições do tempo. Saraiva não teve a leitura dos manuscritos do

volume XXIII, mas mesmo com as obras publicadas, como as

Lições do tempo e as Ideias I, fica clara a diferença dada por

Husserl entre o modo de atuação da percepção e da fantasia. Ele diz nas Lições: “A aparência, por conseguinte, como núcleo idêntico de todos os atos intuitivos, tem a ver com a diferença entre impressão e imaginação e esta diferença condiciona, para o

fenômeno total, a diferença entre presentação e

presentificação”301. Esta citação deixa clara a preocupação de Husserl em diferenciar um ato de percepção de um ato de fantasia, pois não se trata apenas de uma diferença essencial entre atos, mas de uma diferença ontológica e metodológica. A diferença ontológica esta pautada na diferença entre um ato como doação originária como é o caso da percepção e a presentificação de fantasia como modificação do presente. O tornar presente efetuada pela fantasia não significa um re-presentar um ato percebido, mas tornar presente um aparecimento num modo irreal, tornar presente um não-presente.

299 SARAIVA.M.M. A imaginação segundo Husserl. P, 163. 300 SARAIVA. M.M. A imaginação segundo Husserl. P, 167. 301 HUSSERL. Zeitbewusstsein. P, 127.

Os manuscritos do volume XXIII já trazem a relação entre fantasia e presentificação, mesmo nos textos escritos em 1898 as considerações expressas sobre a fantasia são motivadas pela diferença temporal entre uma intencionalidade perceptiva e presente e as outras intencionalidades como modificações da temporalidade presente. Nestas modificações intencionais se inclui a fantasia como modificação quase presentificante do correlato. Nos textos de 1898 o termo presentificação não aparece, mas aparece o presentificar como representação da fantasia. Este termo representação de fantasia permeia os primeiros escritos para se opor ao presentar da percepção. Como nos parágrafos 1 e 2 nos quais encontram-se os conceitos de presentificar (fantasia) e presentar (percepção) em imagem. Cita- se: “A representação de fantasia se presentifica em imagem de fantasia (Phantasiebilde) como imagem física. O representar (presentificar) em imagem se distingue em imagem e coisa”302. Aqui a palavra representar é sinônimo de presentificar.

Maria Manuela Saraiva introduz uma questão interessante sobre a diferença entre percepção e fantasia estar pautada na diferença do intuir de cada uma. Ela diz: “Husserl julga que a modificação do modo de apreensão é suficiente para cavar entre a percepção e a imaginação uma distinção de natureza”303. Na temporalidade, a distinção do modo de apreender é apenas uma explicação dessas duas vivências, uma explicação estrutural da essência de cada ato da consciência, mas modificar não se resume a mudança de modo de apreender, modificar significa uma transição de um estado temporal para uma vivência não-presente, fora do tempo originário da percepção, mas que tem sua temporalidade na possibilidade.

O volume XXIII aparece o conceito de ato objetivante e objetivação (Vergegenstandlichung) com a mesma raiz do conceito de presentificação (Vergegenwartigung). O termo ato objetivante é também usado nas LU como explica Saraiva304. Com diz Husserl nas LU: “Todo o ato objetivante contém uma Repräsentation como seu fundamento”305. Ela enfatiza o uso de representação nas LU para falar de fantasia, mas ela pretende

302 HUSSERL. Phantasie. P, 111.

303 SARAIVA. A imaginação segundo Husserl. P, 156. 304 SARAIVA. A imaginação segundo Husserl. P, 150. 305 SARAIVA. A imaginação segundo Husserl. P, 150.

mostrar que a Vergegenwärtigung tem o mesmo uso de Vorstellung (representação). Ela diz: “Husserl escreve Re- präsentation para vincar bem que na imaginação há uma repetição de uma Präsentation anterior”306. Considera-se correto aproxima o sentido de representação e presentificação, mas este repetir não deve evocar uma concepção de imaginação cópia da percepção ou mais precisamente como cópia do real. A tese de fundo do texto de Saraiva é afirmar que a imaginação, mesmo a fantasia livre é dependente da percepção como modo originário, e neste caminho não haveria espaço para pensar uma novidade do conceito de fantasia na história da filosofia, nem mesmo de pensar um estatuto elevado nas questões temporais e metodológicas.

A comentadora Dufourcq também explica sobre a presentificação com cuidado de não a direcionar ao problema da duplicidade da presentação através da cópia da percepção. Diz: “Aliás, a Vergegenwärtingung não pode ser pensada como simples reprodução desde que se trata destas presentificações especiais que são as representações de fantasia e as imagens de objetos ficcionais”307. A reprodução salientada indica o duplicar da vivência perceptiva ou presente. O presente não volta mais, a recordação traz de volta aquela vivência do passado, esta é a tarefa da intencionalidade retencional. Esta correlato mnemônico é real, diferentemente do ficcionado que é quase-real.

A fantasia nominada de presentificação de fantasia introduz o conceito clássico ao tema da temporalidade. É impossível pensar a fantasia sem descrevê-la como ato modificado de quase presença. A diferenciação do presentar e do presentificar na temporalidade fenomenológica indica também a diferença entre a temporalidade do presente como ponto do agora e a temporalidade do não-presente. Cabe determinar o como a fantasia se situa temporalmente, se opor ao presente significa estar fora da corrente temporal? Não, mas se trata de uma temporalidade modificada ao modo do quase, o ato está na corrente temporal e o correlato é um não-existente. No § 42 dos manuscritos datados do ano de 1905, Husserl reafirma a diferença entre presentação e presentificação. Chega a dar por idêntica a presentificação e o conceito de fantasia. Sobre tal ponto diz: “ou bem nos utilizamos a palavra fantasia ela mesma, ou utilizamos a

306 SARAIVA. A imaginação segundo Husserl. P, 150. 307 DUFOURCQ. La dimension imaginaire. P, 32.

palavra presentificação.”308 E também: “A fantasia se opõe a percepção, a presentificação se opõe a presentação (Gegenwartingung).”309. Cabe reforçar o lembrete de Husserl de que nem toda presentificação é fantasia, pois existe a expectativa, a memória e o sonho, etc.

A fantasia descrita como: “uma fantasia plenamente viva”

(lebendige Phantasie)310. A temporalidade da fantasia aparece como viva, isto é, diferente da concepção da intensidade fraca da modernidade, a qual fundou sua teoria da imaginação na ideia clássica de uma falsidade da imagem ou de uma cópia fraca da realidade na consciência. A fantasia é emergência de um recordar dado em seu sentido fresco (frischen Sinnen), ou seja, é uma vivência viva diante da consciência, fresca remetendo ao caráter imediato dessa aparição. “Trata-se somente de presentificação e nulamente de “ser presente” (Gegenwärtigsein)”311. O ato de fantasia aparece como vivo à consciência, mas sua especificidade eidética no tempo é modificada como não-presente. O correlato é sempre algo não-presente, porque a natureza da vivencia fantástica de base tem por princípio um olhar de neutralidade da presença. No ínicio das investigações até meados de 1905, a imagem é descrita como negação312 do perceber ou do real, motivada pela teoria da consciência de imagem, mas essa ideia da fantasia nega a percepção é excluída após a entrada da concepção de neutralidade.

O texto clássico de Eugen Fink intitulado “Presentificação e imagem. Contribuições à doutrina da inefetividade”313 também mostra a importância da recordação na fantasia. Principalmente, porque para Fink por mais irreal que seja a imagem da fantasia,

308 HUSSERL. Phantasie. N° 1, § 42, P, 85. 309 HUSSERL. Phantasie.N° 1, § 42, P, 85. 310 HUSSERL. Phantasie. Nº 1, § 14. P, 32. 311 HUSSERL. Phantasie. Nº 1, § 14. P, 32.

312 “O fictum é caracterizado como uma aparição diferente da percepção. Ela

carrega a assinatura da negatividade, é não-presente.”. HUSSERL. Phantasie. § 26.

313 Publicado em Jahrbuch für Philosophie und phänomenologische Forschung

(1930, p. 239-

309, v. 10). Tradução francesa intitulada: “Re-presentation et image.

ela está fundada na realidade. Ele enfatiza outro conceito no horizonte temporal como fundamento das presentificações. Trata- se do conceito de depresentação (Entgegenwärtigungen). As análises dos horizontes temporais, a retenção, protensão, a memória, recordação e fantasia são todas dependentes desse horizonte de depresentação. Estas depresentações formam o horizonte de toda objetividade constituindo um mundo de temporalização da temporalidade originária mesma.

Fink trata, nesse artigo, de questões de fundamentação da temporalidade e dos atos de presentação e presentificação fundados na depresentação como horizonte da temporalidade do presente vivo. Como diz Franck no comentário à tradução francesa: “A presença do presente vivo tira suas fontes da depresentação”314. A depresentação é o âmbito originário anterior a relação de presentação e presentificação. Esta seria a verdadeira originalidade da consciência temporal. Diz Fink: “Consciência originária, no sentido mais originário, não significa jamais consciência presentante...”315. Este artigo de Fink coloca os problemas mais profundos da auto presentificação da consciência temporal, ou seja, do âmbito do presente vivo, que forma o nível de problemas da filosofia genética. Toda discussão acerca da percepção originária só faz sentido no âmbito da filosofia estática, ou seja, no plano das conexões noético-noemáticas. O presente como primado da temporalidade não pode ser entendido como presente no sentido das Lições do tempo, não se trata do presente da consciência pura constituinte, mas da consciência num nível pré-temporal. A percepção da consciência em relação às suas vivências não constitui o acesso ao fundamento da vida consciente. No limite, o âmbito transcendental pré-constituição- constituinte independe de qualquer regressão ao plano ôntico. O primado da percepção só é válido no campo eidético da consciência, bem como o primado da fantasia como liberdade conectiva e metodológica da constituição dos eidos, ou do sentido do mundo. O presente do presente vivo não é presente ôntico, nem presente constituinte fenomenológico, mas antes um impulso atemporal originário.

Como definir a fantasia para Fink? A fantasia, juntamente com a memória, o sonho, são presentificações, ou seja,

314 FRANCK, D. introdução tradução francesa ‘De la phénoménologie’, p, 8. 315 FINK, Re-presentation et. image. P, 72-73.

modificações da presentação. A fantasia tem seu mundo especifico de presentificação, o tempo da fantasia é um tempo modificado ao modo da presentificação própria. A presentificação de fantasia exige como atitude um tempo não-presente. As imaginações podem ser localizadas ou puras. As fantasias localizadas são ficções do mundo real. Diz Fink: “A ficção (Umfiktion) é no fundo a ficção do ‘mesmo’ mundo até nestas determinações que a simulação substitui”316. Já as fantasias puras são constituídas no “jogo aberto das possibilidades”317. Estas duas citações fazem pensar na interpretação de Fink. No final, a leitura de Fink aponta à uma leitura determinada pela tradição filosófica da fantasia como cópia da realidade. As imagens são pensadas como janela do real. Diz Fink: “A ‘janela’ com suas fases reais e irreais é o verdadeiro correlato noemático do ato medial ‘consciência de imagem’ ...”318 É evidente a na sua exposição sobre a ficção, pois como diz Dufourcq: “Quanto às imagens, Fink as rejeita fora do conjunto das presentificações: seu objeto é, afirma ele, percebido e não imaginado, como a paisagem através de uma janela”319. A citação de Husserl sobre a imagem como janela: “Ali está o quadro. Ele enquadra a paisagem, a cena mitológica, etc. Através do quadro quase como através de uma

janela, nós lançamos o olhar no interior do espaço da imagem, na

realidade da imagem”320.

Em resumo, todo tipo de imaginação, a localizada pensada como a consciência de imagem e a fantasia pura tem seu rompimento temporal com o presente da consciência pura, mas na explicação sobre as imagens como correlatos, ele acaba por definir a ficção como elemento do real baseado na consciência de imagem e não na fantasia livre, o que compromete toda explicação, mesmo afirmando a não-presença da fantasia. Fink o afirma ao dizer: “No mundo da imaginação também, e por princípio, há um fluxo de presentes que se escoam. Mas o tempo de um tal mundo não coincide com a temporalidade do ego atual, não há nenhuma relação de orientação à este presente no seio do

316 FINK. Re-presentation et. image. P, 62 317 FINK. Re-presentation et. image. P, 62. 318 FINK. Re-presentation et. image. P, 93. 319 Dufourcq. La dimension imaginaire...p, 42. 320 HUSSERl. Phantasie. Nº 1, § 22.

qual se constitui essa vivência de imaginar”321. O não coincidir com o ego atual é retratado pela modificação de neutralização que transforma o atual em potencial. Fantasiar é uma vivência fora da temporalidade da consciência pura, isto indica uma ausência temporal na fantasia, a qual é apresentada no seu correlato, o ficcionado é um objeto temporal inexistente. A fantasia como presentificação se opõem à percepção da consciência originária, mas este opor enraíza uma dicotomia mais profunda na consciência pura, a separação entre presente e não-presente.

Fink remonta as discussões da fantasia e da consciência de imagem ao problema mais fundamental da auto-constituição do próprio tempo. O presente vivo (lebendigegenwart) é o âmbito pré- constituinte, ou seja, anterior à relação das intencionalidades da consciência noético-noemática. A constituição da consciência temporal é a auto-constituição da consciência absoluta, âmbito prévio a toda relação intencional e descritiva da consciência. Husserl remarca este aspecto ontológico privilegiado nas Lições

do tempo na passagem acerca do fluxo constitutivo do tempo

como subjetividade absoluta, o famoso § 36 das Lições do tempo. Este trecho apresenta uma separação fundamental ao estudo da temporalidade, a saber, a distinção entre os fenômenos constitutivos do tempo e fenômenos constituídos no tempo322. Os fenômenos constituídos no tempo formam o tempo imanente com duração e alteração, neste âmbito atua a relação presentação- presentificação, ou seja, a percepção e a fantasia. O âmbito dos fenômenos constituintes do tempo é o âmbito do pré-fenomenal chamado, nos textos do manuscrito de Bernau sobre o tempo, presente vivo. Husserl descreve esse âmbito nas Lições desta forma: “Esta temporalidade pré-fenomenal, pré-imanente, constitui-se intencionalmente como forma da consciência constituinte do tempo, e em si própria. O fluxo da consciência imanente constitutiva do tempo não é apenas, mas ele é de maneira tão notável, e no momento compreensível, que nele se dá necessariamente uma auto-aparição do fluxo, a partir da qual o próprio fluxo deve poder ser necessariamente captado no seu fluir. A auto-aparição do fluxo não exige um segundo fluxo, mas ele, como fenômeno, constitui-se antes a si e em si mesmo”323. Neste

321 FINK. Re-presentation et. image. P, 60-61. 322 HUSSERL. ZEIT. § 36. P, 101.

âmbito temporal sem tempo, questiona-se acerca da atuação ou não da fantasia, tema a ser desenvolvido no próximo capítulo.