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9 Cabimento;

9 Legitimidade para recorrer;

9 Interesse em recorrer;

9 Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

Pressupostos extrínsecos

a. Tempestividade: O recurso adequado e cabível ao caso em análise deve ser interposto dentro do prazo processualmente legal. O não cumprimento desse requisito enseja a preclusão temporal e formação da coisa julgada.

Todo e qualquer recurso possui um prazo para ser interposto, sob pena de preclusão. A regra perante o CPC encontra-se descrita no art. 1.003, § 5°, do CPC.

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.

[...]

§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Perante o CPC, todos os recursos terão prazo de interposição de 15 dias, salvo o recurso de Embargos de Declaração, cujo prazo será de 05 (cinco) dias.

b. Preparo: É uma exigência legal para que o recorrente comprove o recolhi-mento dos encargos financeiros recursais no morecolhi-mento da sua interposição, caso este seja uma exigência para a interposição de determinado recurso.

ATENÇÃO

Estão dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

ATENÇÃO

No processo em autos eletrônicos, é dispensado o recolhimento do porte de re-messa e de retorno.

Sobre o preparo, dispõe a lei processual:

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.

[...]

§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.

[...]

§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

c. Regularidade formal: A regularidade trata-se de exigência prevista no Código de Processo Civil para a interposição de cada recurso.

Pressupostos intrínsecos

a. Cabimento (alguns autores denominam Adequação): A regra recursal é a unirrecorribilidade.

O cabimento é uma exigência imposta àquele que irá recorrer (recorrente), que deverá observar, dentre as espécies recursais existentes na legislação em vigor, qual é o recurso adequado para impugnar a decisão à qual está inconformado.

b. Legitimidade para recorrer: Conforme a redação do artigo 996 do CPC, tem legitimidade recursal a parte vencida, o Ministério Público (como parte ou como fiscal da ordem jurídica) e o terceiro prejudicado.

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Súmula 99 do STJ: O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.

c. Interesse em recorrer ou interesse recursal: Somente pode recorrer a parte que está inconformada com a decisão, isto é, a parte vencedora não pode recorrer, pois a sua pretensão foi alcançada.

d. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo: Aqui se impõe a exigência legal de que não tenha ocorrido, após a propositura da ação, pela parte, nenhum fato superveniente que leve à extinção do direito de recorrer ou, ainda, que impeça o tribunal de conhecer o recurso manejado.

Os fatos impeditivos consistem na própria desistência do recurso ou da ação;

também há o reconhecimento do pedido por parte do réu, há a renúncia ao di-reito em que se funda a ação, ou ainda a prática de algum ato da parte que leve à preclusão lógica.

Assim, na inexistência de fato impeditivo ou extintivo, encaixam-se as au-sências de desistência, renúncia, deserção, transação acerca do objeto litigioso do processo.

CURIOSIDADE

Conceito de Transação: Transigir. Acordo. As partes fazem concessões com o intuito de conciliar, de chegar a um entendimento comum.

Desistência: Sobre a desistência ao direito de recorrer, o art. 998 do CPC deixa claro que aquele que interpõe o recurso poderá, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.

Renúncia: É ato unilateral de uma das partes (isto é, manifestada livremente por ela);

por isso, a redação do art. 999 do CPC dispõe que a renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte

Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

ATENÇÃO

Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer.

Efeitos dos recursos no Direito Processual Civil

Tradicionalmente, os efeitos dos recursos se limitam em ser: suspensivo e devolutivo. O efeito suspensivo suspende os efeitos da decisão, impedindo a sua consumação até o julgamento do recurso. O efeito devolutivo é o efeito comum a todos os recursos; ele adia a formação da coisa julgada e propicia o exame do mérito do recurso. Permite ao órgão ad quem o conhecimento da matéria impugnada.

Contudo, existem doutrinadores que preferem somar a esses dois princípios tradicionais os efeitos translativo, expansivo e substitutivo. “Na realidade, mesmo a doutrina que se limita a apontar o efeito devolutivo e suspensivo não desconhece os demais fenômenos, somente não os considerando efeitos do recurso ou tratan-do de tais temas dentro tratan-do efeito devolutivo.” (NEVES, 2016.)

Nesse sentido, veremos a seguir todos os efeitos recursais previstos na dou-trina e legislação. São eles: efeito devolutivo; efeito suspensivo; efeito ativo;

efeito substitutivo; efeito expansivo; efeito translativo; efeito interruptivo;

efeito obstativo.

ATENÇÃO

Os efeitos devolutivo e suspensivo estão previstos diretamente na Lei Processual Civil;

os demais efeitos são entendimentos doutrinários.

a. Efeito devolutivo

Considerado o efeito mais importante, está presente em todos os recursos.

Segundo Neves (2015), por esse efeito “entende-se a transferência ao órgão ad quem do conhecimento de matérias que já tenham sido objeto de decisão no juízo a quo.

b. Efeito suspensivo

O efeito suspensivo impede que a decisão recorrida produza seus efeitos até o reexame da matéria.

c. Efeito substitutivo

Por esse efeito, o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida nos limites da impugnação (art. 1.008 do CPC).

Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso.

Esclarece Neves (2015):

A interpretação literal do dispositivo legal, entretanto, não se mostra a mais correta, considerando-se ser uníssono na doutrina o entendimento de que a substituição à decisão recorrida pelo julgamento do recurso somente ocorre na hipótese de julgamento do mérito recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal julgamento.

Não sendo recebido ou conhecido o recurso, não há que falar em efeito substitutivo, porque nesse caso o julgamento do recurso não toma o lugar da decisão recorrida, que se mantém íntegra para todos os fins jurídicos, à exceção da contagem inicial da ação rescisória, que somente ocorrerá, por razões pragmáticas, a partir da data do último julgamento, realizado no processo, ainda que seja de não admissão do recurso interposto.

d. Efeito expansivo

Caberá sempre que o julgamento do recurso gerar decisão mais abrangente do que a materia impugnada. É a capacidade de alguns recursos em ultrapassar os limites objetivos ou subjetivos previamente estabelecidos pelo recorrente.

Está presente nas hipóteses de litisconsorte necessário; sendo assim, mesmo que um dos litisconsortes não apresente recurso, ele será beneficiado de uma even-tual modificação na sentença.

e. Efeito translativo

É a vocação dos recursos em permitir que o órgão ad quem examine de ofício matérias de ordem pública, conhecendo-as ainda que elas não integrem o objeto do recurso.

f. Efeito interruptivo

Suspende o prazo para a interposição de outros recursos. O recurso de Embargos de Declaração, como veremos diante, possui efeito interruptivo.

g. Efeito obstativo

Esse efeito está ligado à preclusão temporal. A doutrina majoritária entende que, interposto qualquer recurso, este impede a geração da preclusão temporal, não havendo então que se falar em trânsito em julgado da decisão.

Como ensina Neves (2015), para uma parte da doutrina, “na realidade a in-terposição do recurso não impede a preclusão, mas simplesmente suspende a sua ocorrência até o momento em que o recurso for julgado. Há ainda uma terceira corrente, que toma por base o resultado do julgamento do recurso interposto:

não sendo o recurso admitido (juízo de admissibilidade negativo), terá ocorrido somente o impedimento temporário à preclusão, enquanto, sendo o recurso jul-gado no mérito, com a substituição da decisão recorrida, o recurso terá realmente obstado a preclusão”.

O importante aqui é que qualquer que seja o recurso, quando ele é interposto e está em trâmite, não é possível “falar em preclusão da decisão impugnada, afas-tando-se no caso concreto durante esse lapso temporal o trânsito em julgado e eventualmente a coisa julgada material (decisão de mérito)”.

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