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Introdução

Neste capítulo, estudaremos o recurso especial e o recurso extraordinário, os quais (assim como o recurso ordinário) são recursos constitucionais dis-ciplinados no rol taxativo do art. 994 do Código de Processo Civil (CPC).

Também aqui analisaremos os recursos repetitivos e, ao final, o recurso de embargos de divergência.

Iniciaremos nossa leitura estudando o recurso especial, suas hipóteses de ca-bimento, seus requisitos de admissibilidade e efeitos, para, posteriormente, ana-lisarmos o recurso extraordinário, os casos em que ele é cabível, bem como seus requisitos de admissibilidade e efeitos.

Os recursos repetitivos, com uma nova abordagem trazida pela atual lei de ritos, serão vistos na terceira parte deste capítulo, que será finalizado com uma análise sobre o recurso de embargos de divergência.

OBJETIVOS

• Analisar o recurso especial e o recurso extraordinário;

• Entender os requisitos de admissibilidade específicos desses dois recursos constitucionais;

• Analisar o conceito de pré-questionamento;

• Estudar a repercussão geral e o pré-questionamento como forma de objetivação dos re-cursos excepcionais;

• Compreender a importância desses recursos como método de formação dos prece-dentes judiciais;

• Analisar o procedimento para julgamento dos recursos repetitivos;

• Compreender a metodologia do julgamento por amostragem;

• Estudar as hipóteses de cabimento dos embargos de divergência.

Recursos em espécie

Recurso especial

Conceito, cabimento e procedimento

O recurso especial, apelidado como Resp., foi implementado pela Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 e passou a constituir uma nova espécie recursal que hoje figura o rol taxativo do art. 994 do CPC. Trata-se de um recurso constitucional de competência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme previsão do art. 105, III, da CRFB, tendo por objetivo precípuo o controle da aplicação e interpretação de lei federal, de forma a pacificar o entendimento jurisprudencial.

CRFB - Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

[...]

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Com o advento da CRFB de 1988, o STJ tornou-se o órgão judicante incum-bido de preservar, por meio do exame dos recursos especiais, a uniformidade da aplicação da lei federal em toda a federação.

Assim, o recurso especial tem por fim a preservação da unidade do direito fe-deral, visando sempre ao interesse público, que deve prevalecer sobre os interesses das partes, no sentido de que as leis federais devem ser corretamente interpretadas, e a jurisprudência, uniformizada.

O recurso especial também está disciplinado no CPC, nos arts. 1.029 a 1.041.

Na lei de ritos há previsão expressa (art. 1.029) de que o recorrente deverá, no recurso especial, expor suas razões de fatos e de direito, bem como demonstrar o

cabimento do recurso interposto e as razões do pedido de reforma ou de invalida-ção da decisão recorrida.

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:

I - a exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.

De acordo com o CPC, o recorrente (legitimado ativo a interpor o recurso especial) deverá explicar os motivos pelos quais entende ter havido ofensa à lei federal na decisão recorrida, não bastando, dessa forma, lançar nas razões recursais simples referência ao dispositivo legal.

Quando o recurso se fundar em dissídio jurisprudencial, deve-se destacar que obrigatoriamente o recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, em que houver sido publicado o acórdão divergente, devendo sempre mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

Art. 1.029.

[...]

§ 1o Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

O STJ poderá desconsiderar vício formal de recurso especial tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.

Art. 1.029.

[...]

§ 3o O Supremo Tribunal Federal ou o STJ poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.

Nesse sentido, como vimos no capítulo anterior, o prazo para interpor e res-ponder todo e qualquer recurso previsto na redação do art. 994 do CPC é de 15 dias (art. 1.005, § 5°, do CPC), salvo o recurso de embargos de declaração, cujo prazo será de 05 dias. Assim, o recurso especial terá prazo de 15 dias, da mesma forma que as suas contrarrazões recursais (art. 1.030 do CPC).

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.

[...]

§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido [...].

ATENÇÃO

A divergência apontada ocorre entre diferentes tribunais, consoante entendimento dis-posto na Súmula 13 do STJ, não se prestando o recurso especial à alegação de ter sido a decisão recorrida justa ou injusta, considerando-se que essa questão deva ser resolvida nas instâncias ordinárias, onde se pode examinar a matéria de fato. Portanto, na devolução do conhecimento da matéria impugnada ao STJ para a reapreciação, serão discutidas questões exclusivamente de direito, sem qualquer revisão de questões fáticas e reexame de provas, conforme Súmula 7 do STJ.

STJ – Súmula 7: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.

STJ – Súmula 13: A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial.

ATENÇÃO

Conforme disciplina a Súmula 203 do STJ, não se admite recurso especial contra deci-são proferida por juízo de primeiro grau ou por Conselhos Recursais dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais.

STJ – Súmula 203: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.

Pressupostos de admissibilidade do recurso especial

É requisito de admissibilidade do recurso especial: que a decisão recorri-da não tenha transitado em julgado, isto é, que ela seja passível de recurso. A decisão impugnada pelo recurso especial deve ser de única ou última instância dos tribunais, ou seja, os recursos da via ordinária deverão demonstrar-se es-gotados – por ser de competência originária do Tribunal Regional Federal ou do Tribunal de Justiça, como única instância, ou por já ser o último pronun-ciamento desses Tribunais sobre a questão recorrida (última instância). Assim, tanto o recurso especial quanto o recurso extraordinário (que veremos adiante)

“pressupõem uma decisão contra a qual já foram esgotadas as possibilidades de impugnação nas instâncias ordinárias ou na instância única. Esses recursos não podem ser exercitados per saltum, ignorando uma previsão de recurso ordinário contra a decisão” (DIDIER JR., 2016).

Também é requisito essencial para interposição do recurso especial a figu-ra do pré-questionamento (existente também em sede de admissibilidade do recurso extraordinário). Pré-questionamento significa que a matéria objeto do recurso que está sendo impugnada já foi questionada anteriormente; portan-to, no momento em que a parte interpõe o recurso especial, portanportan-to, a parte (no momento em que interpõe o recurso especial) deve demonstrar ao juízo de admissibilidade que a matéria de direito já foi discutida (questionada) pre-viamente, no juízo a quo, sendo imprescindível que a matéria legal tenha sido focalizada pelo acórdão recorrido, uma vez que a função precípua do recurso em comento é a de resguardar a inteireza positiva, a autoridade e a uniformidade de interpretação da legislação federal.

Nesse sentido, Neves (2016) destaca que “a exigência do pré-questionamen-to tem por fundamentalmente (N. R.) a missão de impedir que seja analisada no

recurso especial matéria que não tenha sido objeto de decisão prévia, vedando-se nesse recurso a análise de matéria de forma originária pelo STJ”. (N. R.: palavra na grafia original.)

Sobre o tema, também escreve Didier Jr. (2016): “Para que haja pré-ques-tionamento, não basta a simples indicação ou menção a dispositivo ou a preceito normativo; é preciso haver manifestação sobre o tema, debate ou discussão. A discussão, a manifestação ou o debate sobre o tema configura o pré-questio-namento, ainda que não tenha sido mencionado ou indicado o dispositivo ou preceito normativo”. Acrescenta o autor que “a matéria pré-questionada é a que constitui fundamento determinante; seja o fundamento determinante vencedor, seja o fundamento determinante do voto vencido”.

ATENÇÃO

Sendo a decisão impugnada recorrível mediante recurso especial e recurso extraordiná-rio, estes devem ser elaborados em petições distintas, uma vez que “é inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconsti-tucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário”, sendo essa a orientação da Súmula 126 do STJ.

STJ – Súmula 126: É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

Quanto há a interposição conjunta de recurso extraordinário e do recurso es-pecial, os autos serão remetidos em primeiro lugar ao STJ. Concluído o julgamen-to do recurso especial pelo STJ, os aujulgamen-tos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF) para apreciação do recurso extraordinário, caso este não tenha sido prejudicado pelo julgamento do recurso especial.

Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao STF. Nesse caso, se o Ministro relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudi-cialidade, devolverá os autos ao STJ para julgamento do recurso especial.

Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2o Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

§ 3o Na hipótese do § 2o, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso especial.

Ademais, se o relator, no STJ, entender que o recurso especial versa sobre questão meramente constitucional, este deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. Cumprida a determinação pelo recorrente, o re-lator remeterá o recurso ao STF, que, ao fazer o juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao STJ.

Se o STF considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, remeterá os autos ao STJ para julgamento como recurso especial.

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado.

Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito.

Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado.

Efeitos

O recurso especial, como regra, será recebido no efeito devolutivo, não haven-do nesse recurso efeito suspensivo automático, conforme preceitua a redação haven-do art. 995 do CPC.

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

Segundo Didier Jr. (2016), “há, porém, um caso em que [os recursos] pos-suem efeito suspensivo automático: quando interpostos contra decisão que julga o incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 987, § 1°, do CPC)”.

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso.

§ 1o O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida.

Continua o autor a destacar que “a regra deve ser aplicável, por analogia, ao recurso extraordinário eventualmente interposto contra decisão do STJ em

julgamento de recursos especiais repetitivos, em razão da existência de um micros-sistema de julgamento de casos repetitivos (art. 928 do CPC)”.

A redação do art. 1029, § 5°, do CPC admite a concessão de efeito suspensivo tanto ao recurso extraordinário como, no caso em análise, ao recurso especial, que deverá ser requerido diretamente ao tribunal superior, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição. Fica o relator designado a seu exame prevento para julgá-lo, cabendo também ao próprio relator do recurso, na hipótese de já ter sido distribuído o recurso, e ainda ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado.

Art. 1.029.

[...]

§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III - ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

“A opção legislativa foi encampar a jurisprudência consagrada do Supremo Tribunal Federal nos enunciados 634 e 635 da sua Súmula.” (DIDIER JR., 2016)

STF – Súmula 634: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem.

STF – Súmula 635: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

Recurso extraordinário

Conceito, cabimento e procedimento

O recurso extraordinário é um dos recursos excepcionais previsto na Constituição Federal de 1988, junto com o recurso especial e o ordinário. Tem sua previsão constitucional, estando suas hipóteses consagradas, taxativamente, no art. 102, III, “a”, “b”, “c” e “d”, da CRFB, assim como nos arts. 1.029 a 1.041 do CPC. Trata-se de recurso que tem por escopo resguardar a hegemonia e a au-toridade em relação às normas constitucionais, isto é, tem por finalidade tutelar a autoridade e a aplicação da Constituição.

Como escreve Didier Jr. (2016), “o papel do recurso extraordinário, no qua-dro dos recursos cíveis, é o de resguardar a interpretação dada pelo STF aos dis-positivos constitucionais, garantindo a inteireza do sistema jurídico constitucional federal e assegurando-lhe validade e uniformidade de entendimento”.

CRFB - Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

[...]

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição.

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Esse recurso extraordinário distingue-se dos recursos de natureza ordiná-ria, pois não tem por objetivo rejulgar uma causa, mas, sim, a harmonização do direito; por essa razão, diz-se que é excepcional – e, por isso, a expres-são extraordinário.

STF – Súmula 281: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada".

CURIOSIDADE

O recurso extraordinário surgiu inspirado no writ of error de origem norte-americana, instituído nos Estados Unidos da América do Norte com a edição do Judiciary act, em 24 de setembro de 1789, e ainda na “apelación”, encontrada no ordenamento jurídico argentino.

No Brasil, a denominação recurso extraordinário foi adotada apenas no tex-to constitucional a partir da promulgação da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de julho de 1934, de acordo com a redação do seu art. 76, 2, III.

Quanto ao seu procedimento, cabe ao STF julgar em recurso extraordinário as causas decididas, em única ou última instância, consagradas no rol do art. 102, III, “a”, “b”, “c” e “d” da CRFB.

Devolvendo-se ao Poder Judiciário o conhecimento da matéria impugnada para reapreciação pelo Tribunal Supremo, serão discutidas questões exclusivamen-te de direito (constitucional), sem revisão de questões fáticas e reexame de provas.

A atuação do STF no julgamento do recurso extraordinário é a guarda do or-denamento jurídico, especificamente, às questões constitucionais, e não à situação individual das partes, mesmo que ao final ela possa ser beneficiada.

Pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário

Diante da numerosa quantidade de processos que passaram a chegar ao Supremo Tribunal Federal, o ordenamento jurídico pátrio foi compelido a buscar limitações de acesso a esse tribunal constitucional. Pensando nisso, o legislador estabeleceu critérios de admissibilidade específicos para o recurso extraordinário, quais sejam:

a) contrariar dispositivo da Constituição do Brasil;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição;

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

São ainda requisitos de admissibilidade desse recurso o pré-questionamento (que também é requisito de admissibilidade do recurso especial, como vimos) a de-monstração de repercussão geral.

Embora a Constituição Federal de 1988 não tenha trazido de forma expressa o requisito de admissibilidade pré-questionamento para o recurso extraordinário, é unânime em nosso tribunal que a parte, no momento em que interpõe o recurso, deve demonstrar presentes os requisitos de admissibilidade pré-questionamento.

Isso significa que a matéria de direito já foi discutida (questionada) previamente, no juízo a quo, e focalizada pelo acórdão recorrido, considerando que a função precípua dos recursos excepcionais é resguardar a autoridade e a uniformidade de interpretação da Lei Maior.

Sobre esse tema, o STF já se posicionou editando as Súmulas 282 e 356, que rezam:

STF – Súmula 282. É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.

STF – Súmula 356. O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do pré-questionamento.

O pré-questionamento funciona como um limitador; desse modo, somen-te as matérias decididas pelas instâncias ordinárias serão analisadas pelo Tribunal Superior. Caso a decisão não tenha contemplado a matéria relativa ao pré-qutionamento, caberá recurso de embargos de declaração, com o objetivo de se es-gotarem todas as vias ordinárias, para, assim, tornar-se cabível a interposição do recurso extraordinário.

Quanto ao requisito de admissibilidade Repercussão Geral à Emenda Constitucional nº 45 de 2004 (que instituiu o § 3º ao art. 102 da CRFB, in-cluindo um limitador recursal, isto é, o requisito da repercussão geral das questões constitucionais para a admissibilidade do recurso extraordinário), dispõe a redação do § 3º do art. 102 da CRFB que o recorrente deverá no recurso extraordinário demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso,

Quanto ao requisito de admissibilidade Repercussão Geral à Emenda Constitucional nº 45 de 2004 (que instituiu o § 3º ao art. 102 da CRFB, in-cluindo um limitador recursal, isto é, o requisito da repercussão geral das questões constitucionais para a admissibilidade do recurso extraordinário), dispõe a redação do § 3º do art. 102 da CRFB que o recorrente deverá no recurso extraordinário demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso,

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