• Nenhum resultado encontrado

Introdução

Este capítulo visa estudar alguns recursos determinados no rol taxativo do art. 994 do Código de Processo Civil (CPC). São eles: recurso de apelação;

recurso de agravo de instrumento; recurso de embargos de declaração; e re-curso ordinário.

Iniciaremos o estudo pelo recurso de apelação – seu conceito, os requisi-tos de admissibilidade e os efeirequisi-tos –, bem como a Teoria da Causa Madura.

Após essa análise, estudaremos o recurso de agravo de instrumento, seu rol taxativo de cabimento, seu conceito, os requisitos de admissibilidade recur-sal e seu(s) efeito(s).

Por fim, veremos a aplicação e o cabimento do recurso de embargos de decla-ração, o seu procedimento e o recurso ordinário.

OBJETIVOS

• Estudar a apelação e o seu campo de abrangência como recurso contra decisões interlo-cutórias e sentença;

• Compreender os requisitos de admissibilidade e os efeitos específicos da apelação;

• Entender o procedimento recursal para julgamento do recurso de apelação;

• Estudar o recurso de agravo de instrumento e a sua importância no controle das deci-sões interlocutórias;

• Analisar as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento;

• Analisar os efeitos do recurso de agravo;

• Compreender a função integradora dos embargos de declaração;

• Estudar as hipóteses de cabimento dos embargos de declaração;

• Entender o procedimento dos embargos de declaração;

• Analisar as hipóteses de cabimento do recurso ordinário constitucional.

Recursos em espécie

Recurso de apelação

Conceito, procedimento e admissibilidade

O Código de Processo Civil disciplina (em seu Livro III, Título II, Capítulo I, Das Disposições Gerias, art. 994) os recursos cabíveis dentro da lei de ritos nacional. São eles:

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

No capítulo anterior, vimos que a redação do art. 994 do CPC contempla um rol taxativo (princípio da taxatividade) de recursos. Nesse momento, analisaremos o primeiro recurso determinado na redação do art. 994, em seu inciso I: o recurso de apelação. Ele está disciplinado do art. 1.009 ao art. 1.014 do CPC. Dispõe a re-dação do art. 1.009 do CPC que da sentença caberá recurso de apelação in verbis.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

Há na lei processual dois tipos de sentenças: as sentenças terminativas (que ex-tinguem o processo sem resolução do mérito e apresentam hipóteses enumeradas

na redação do art. 485 do CPC) e as sentenças definitivas (que extinguem o pro-cesso com resolução do mérito – art. 487 do CPC).

Segundo o art. 485 do CPC, serão casos de extinção do processo sem reso-lução do mérito (sentenças terminativas) as seguintes hipóteses: quando houver o indeferimento da petição inicial; quando o processo ficar parado por mais de 1 (um) ano em razão de negligência das partes; quando, por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; quando reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; quando se verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; quando acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competên-cia; quando homologar a desistência da ação; em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e também nos demais casos prescritos no CPC.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;

VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código.

Ficam consagradas nos incisos do art. 487 do CPC as causas de extinção do processo com resolução do mérito, a saber: quando acolher ou rejeitar o pedido for-mulado na ação ou na reconvenção; quando decidir, de ofício ou a requerimento,

sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; quando homologar o reconheci-mento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; quando homologar a transação; quando homologar a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

b) a transação;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Assim, de qualquer sentença, seja terminativa ou definitiva, o recurso cabível é a apelação.

ATENÇÃO

Merece destaque a regra consagrada no § 7o do art. 485 do CPC, segundo o qual, inter-posto o recurso de apelação, por qualquer dos casos de que tratam os incisos do art. 485 do CPC, o juiz terá 05 (cinco) dias para retratar-se.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

[...]

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste art., o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

Segundo Pinho (2016) e Neves (2013), a afirmação contida na redação do art. 1.009, caput, do CPC (de que da sentença caberá o recurso de apelação) deve ser vista com reserva, pois nem toda sentença terá como recurso a Apelação. Um exemplo sobre esse tema é a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. O art. 41 da citada norma deixa cristalino que da sentença caberá recurso, contudo, este recurso não será o de Apelação, mas, sim, o que denominamos de Recurso Inominado.

Lei nº 9.099/95 - Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.

Observam os doutrinadores que não se trata de mera diferença semântica, mas até os prazos para a interposição de ambos os recursos é diferente. A apelação possui prazo de 15 dias, enquanto o recurso inominado tem o prazo de 10 dias (cf.

art. 42 da Lei nº 9.099/95).

Além disso, segundo o CPC, a regra do recurso de apelação, como veremos a seguir, é o duplo efeito (devolutivo e suspensivo); já no recurso inominado, a regra é ser recebido apenas no efeito devolutivo, cabendo o suspensivo para evitar dano irreparável à parte. Também o órgão julgador de ambos os recursos é diferente: na apelação, a competência é do Tribunal, enquanto, no recurso inominado, quem julga é o Colégio Recursal (Turma Recursal), formado por juízes de primeiro grau.

Lei nº 9.099/95 - Art. 41. [...]

§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.

Outra exceção está contida na Lei de Execuções Fiscais (LEF), Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, em seu art. 34, que dispõe que, das sentenças de pri-meira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), só serão admitidos os recursos de embargos infringentes e o de embargos de declaração.

Como esclarece Neves (2013), “a diferença entre os embargos infringentes do art. 34 da LEF e a apelação é indiscutível, sendo considerado erro grosseiro a interposição de um recurso pelo outro, o que afasta a aplicação do Princípio da Fungibilidade”.

Lei nº 6.830 - Art. 34. Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.

A última exceção à regra prevista na redação do art. 1009, caput, do CPC é a derivada do art. 1.027, II, “b” da própria lei de ritos, que consagra a hipótese dos processos em que forem partes, de um lado, estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país;

nesse caso, contra a sentença deverá ser interposto recurso ordinário ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), e não apelação.

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

[...]

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

[...]

b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

ATENÇÃO

Legitimado ativo, isto é, aquele que irá interpor o recurso de apelação, é chamado ape-lante; legitimado passivo, aquele que irá oferecer a peça de resposta do recurso de apelação, é o apelado.

ATENÇÃO

O apelado, conforme previsto na redação do art. 5°, LV, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), tem o direito de exercer o contraditório e a ampla defesa ao recurso interposto pela parte adversa. A peça em que o recorrido exerce o seu direito cons-titucional se denomina contrarrazão. Assim, por exemplo, têm-se contrarrazões de apelação, contrarrazões de agravo de instrumento, contrarrazões de recurso especial, contrarrazões de recurso extraordinário etc.

CRFB - Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

LV. Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Continuando o estudo sobre o recurso de apelação, no que tange ao seu prazo, conforme dispõe a redação do art. 1.003, § 5°, do CPC, salvo o recurso de embar-gos de declaração, que será visto adiante, o prazo para interpor e para responder aos recursos é de 15 (quinze) dias. Assim, o prazo para o recorrente (apelante) interpor o recurso de apelação e para o recorrido (apelado) oferecer as suas con-trarrazões é de 15 dias.

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.

[...]

§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

A Lei nº 13.105/15, quando sancionada, apresentou uma novidade no que tange ao recurso de apelação (art. 1.009, § 1°, do CPC): o legislador, ao reduzir as hipóteses de cabimento do recurso de agravo de instrumento, possibilitou que as questões resolvidas na fase de conhecimento cuja decisão a seu respeito não comportar tal recurso não sejam cobertas pela preclusão temporal do recurso de agravo de instrumento (uma vez que o mesmo não é cabível) e dessa forma possam ser suscitadas (entenda-se, impugnadas) em preliminar de apelação ou ainda em contrarrazões, quando, sim, estarão cobertas pela preclusão.

Imagine, por exemplo, que, em determinada ação de conhecimento, o magis-trado, em primeiro grau de jurisdição, negue pedido da parte autora para a produ-ção de prova pericial que esta alega ser essencial à elucidaprodu-ção da lide. A essa decisão interlocutória do juiz que indeferiu a prova pericial não cabe recurso de agravo de

instrumento, visto que não se encontra nas hipóteses da redação do art. 1.015 do CPC. Nesse caso, a parte inconformada com a decisão do juiz não poderá interpor recurso de agravo de instrumento, mas poderá, por não haver preclusão temporal do recurso de agravo de instrumento, quando for interpor recurso de apelação ou quando for responder a esse recurso interposto apenas pela parte contrária, em preliminar, suscitar o cerceamento do seu direito à ampla defesa, fruto da negativa da prova pericial.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.

§ 3o O disposto no caput deste art. aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

Sobre esse tema alguns Tribunais de Justiça em sede recursal já se mani-festaram, vejamos:

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 4ª Câmara de Direito Privado. Agravo de Instrumento nº 2016332-18.2017.8.26.0000 - Atibaia - Voto nº 38.836 - Agravo:

2016332-18.2017.8.26.0000 Agravo de instrumento interposto contra a r. decisão que deferiu a produção de prova pericial. Não cabimento pela nova sistemática do Novo Código de Processo Civil. Rol taxativo do art. 1.015 do NCPC. Hipótese que, como ensina a doutrina e a jurisprudência, não é recorrível por agravo e deverá ser objeto de preliminar em apelação ou contrarrazões. Doutrina e jurisprudência. Recurso não conhecido.

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Agravo de Instrumento n. 0057978-71.2016.8.19.0000 -

Des(a). José Acir Lessa Giordani. Julgamento: 14/03/2017 - 12° Câmara Cível.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DECISÃO AGRAVADA QUE DETERMINOU AO AUTOR QUE EMENDASSE A INICIAL. COM A ENTRADA EM VIGOR DO NOVO CPC, O RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO PASSOU A SER CABÍVEL SOMENTE NAS HIPÓTESES TAXATIVAS DO ARTIGO 1015, NÃO FIGURANDO ENTRE ELAS A DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE DETERMINA A EMENDA DA INICIAL. INCONFORMISMO PODERÁ SER SUSCITADO EM SEDE DE PRELIMINAR DE APELAÇÃO OU CONTRARRAZÕES. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 1009, § 1.º DO CPC/15. INADMISSIBILIDADE DO RECURSO. PRECEDENTES.

RECURSO QUE NÃO SE CONHECE.

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Agravo de Instrumento n. 0065516- 06.2016.8.19.0000.

Des(a). Antônio Carlos A. Paes. Julgamento: 15/02/2017 - 23° Câmara Cível Consumidor.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.

CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO - CDC - FLS. 70/71 ÍNDICE ELETRÔNICO 000036. INCONFORMISMO ACERCA DOS JUROS APLICADOS.

ADMISSIBILIDADE QUE DEVE OBSERVAR A SISTEMÁTICA PROCESSUAL CIVIL EM VIGOR, POR FORÇA DO ARTIGO 14 DO NCPC/2015. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº 3, EDITADO PELO EGRÉGIO PLENÁRIO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: AOS RECURSOS INTERPOSTOS COM FUNDAMENTO NO CPC/2015 (RELATIVOS A DECISÕES PUBLICADAS A PARTIR DE 18 DE MARÇO DE 2016) SERÃO EXIGIDOS OS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL NA FORMA DO NOVO CPC. DECISÃO PROFERIDA E PUBLICADA SOB A ÉGIDE DO NCPC/2015, DETERMINANDO O DEPÓSITO DA QUANTIA DEVIDA. ÍNDICE ELETRÔNICO 000073 - QUE NÃO É ELENCADA EM NENHUM DOS INCISOS DO ARTIGO 1.015 DO NCPC. MATÉRIA QUE NÃO SE SUJEITA À PRECLUSÃO, PODENDO SER SUSCITADA EM PRELIMINAR DE APELAÇÃO OU ATÉ EM SEDE DE CONTRARRAZÕES, CONFORME DISPÕE O ARTIGO 1.009,

§§ 1º E 2º, DO NCPC/2015. DOUTRINA. PRESSUPOSTO INTRÍNSECO DE ADMISSIBILIDADE. CABIMENTO. AUSÊNCIA. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE INAPLICÁVEL. PRECEDENTES DO TJRJ. RECURSO NÃO CONHECIDO.

Cabe esclarecer que, quando narrada a questão preliminar em contrarrazões de apelação, o apelante será intimado a, no prazo de 15 dias, manifestar-se sobre tal questão (art. 1.009, § 2° do CPC).

Quanto à sua forma, para a elaboração da peça prático-profissional do recurso de apelação, deve-se ficar atento à regra contida no art. 1.010 do Novo CPC, que disciplina que o recurso será dirigido ao próprio juízo que proferiu a decisão em primeiro grau de jurisdição contendo: os nomes e a qualificação das partes; a exposição do fato e do direito; as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; e o pedido de nova decisão. Após o magistrado intimar o apelado a oferecer em 15 dias as contrarrazões (art. 1.010, § 1°, do CPC), o processo seguirá para o tribunal onde será julgado.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;

II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

IV - o pedido de nova decisão.

§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.

Efeitos

No que tange aos efeitos, a regra do recurso de apelação é que ele será recebido no duplo efeito, isto é, devolutivo (art. 1013, caput, do CPC) e suspensivo (art.

1.012, caput, do CPC) – efeito suspensivo automático. Quando o recurso de ape-lação for recebido no duplo efeito, a sentença à qual foi interposto o recurso (aqui apelada) poderá desde já produzir efeito, permitindo desse modo o seu cumpri-mento provisório (art. 1.012, § 2°, do CPC), como veremos a seguir.

Contudo, o art. 1.012, § 1o, do CPC enumera as hipóteses em que o recurso será recebido apenas no efeito devolutivo. A redação desse parágrafo afirma que,

“além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediata-mente após a sua publicação a sentença que”: homologar a divisão ou demarca-ção de terras; condenar a pagar alimentos; extinguir sem resoludemarca-ção do mérito ou julgar improcedentes os embargos do executado; julgar procedente o pedido de

instituição de arbitragem; confirmar, conceder ou revogar tutela provisória; ou decretar a interdição.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:

I - homologa divisão ou demarcação de terras;

II - condena a pagar alimentos;

III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;

IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;

V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

VI - decreta a interdição.

CURIOSIDADE

No CPC de 1973, o recurso de apelação também tinha como regra ser recebido no duplo efeito, isto é, devolutivo e suspensivo (art. 520, caput, primeira parte). Porém, o próprio artigo enumerava as hipóteses (rol exemplificativo) em que o recurso de apelação só seria recebido no efeito devolutivo, a saber: homologar a divisão ou a demarcação; condenar à prestação de alimentos; decidir o processo cautelar; rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem; confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.

CPC/1973 - Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo.

Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:

I - homologar a divisão ou a demarcação;

II - condenar à prestação de alimentos;

III – revogado;

IV - decidir o processo cautelar;

V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes;

VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.

VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela;

Nas hipóteses em que o recurso será recebido apenas no efeito devolutivo, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publi-cada a sentença.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

[...]

§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença.

Nas causas em que o recurso de apelação só será recebido no efeito devo-lutivo (homologação de divisão ou demarcação de terras; condenação em ali-mentos; extinção sem resolução do mérito ou julgamento improcedente dos embargos do executado; julgamento procedente do pedido de instituição de arbitragem; confirmação, concessão ou revogação de tutela provisória; além da hipótese de decreta a interdição), poderá o apelante requerer ao desem-bargador relator a concessão do efeito suspensivo (conforme preceitua o § 3o do art. 1.012 do CPC), desde que demonstre a probabilidade de provimento do recurso ou que haja risco de dano grave ou de difícil reparação (sendo relevante a sua fundamentação).

Art. 1.012 [...]

§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

Teoria da Causa Madura

Para encerrarmos o tema sobre o recurso de apelação e iniciarmos o estudo do recurso de agravo de instrumento, analisaremos a Teoria da Causa Madura, im-portante instrumento processual que já tinha previsão no CPC anterior, de 1973.

A redação do art. 1.013, § 3°, do CPC permite ao tribunal decidir, desde logo, o mérito do recurso de apelação, quando este reformar sentença fundada nas cau-sas enumeradas no art. 485, isto é, nas hipóteses de extinção do processo sem reso-lução do mérito, ou ainda quando o tribunal decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir, ou ainda, quando constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá

A redação do art. 1.013, § 3°, do CPC permite ao tribunal decidir, desde logo, o mérito do recurso de apelação, quando este reformar sentença fundada nas cau-sas enumeradas no art. 485, isto é, nas hipóteses de extinção do processo sem reso-lução do mérito, ou ainda quando o tribunal decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir, ou ainda, quando constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá

Documentos relacionados