• Nenhum resultado encontrado

Introdução

Neste capítulo, estudaremos os procedimentos especiais (previstos no Livro I, Título III, Parte Especial do CPC), os quais se classificam em procedimentos especiais de jurisdição contenciosa e de jurisdição voluntária.

Em seguida, compreendermos a diferença entre ambos, analisaremos os prin-cipais procedimentos especiais nessas categorias previstos no CPC. Dentre os con-tenciosos, merecem destaque a consignação em pagamento, as ações possessórias, os embargos de terceiro e a ação monitória; quanto aos voluntários, verificaremos o inventário e a partilha, assim como a separação e o divórcio consensual.

Por fim, examinaremos a usucapião que, no pretérito CPC de 1973, fazia parte dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa com previsão do artigo 941 ao artigo 945 (Da ação de usucapião de terras particulares). Entretanto, com a edição da nova norma processual civil, em seu livro complementar, disposições finais e tran-sitórias, implementou-se, através do artigo 1.071, a possibilidade da usucapião extra-judicial, com a alteração na lei de Registros Públicos, através do acréscimo do artigo 216–A, sem prejuízo ao reconhecimento da usucapião pela via judicial.

OBJETIVOS

• Diferenciar os procedimentos especiais contenciosos dos procedimentos especiais voluntários;

• Compreender a estrutura dos procedimentos especiais no CPC;

• Entender as hipóteses de utilização do procedimento da ação de consignação em pagamento;

• Analisar a especificidade da ação de exigir contas;

• Relembrar a diferença de esbulho, turbação e interdito proibitório;

• Compreender a importância das ações possessórias e sua natureza dúplice;

• Analisar as ações possessórias como procedimento especial e diferenciar do processo de conhecimento;

• Compreender a finalidade dos embargos de terceiros;

• Estudar o procedimento da ação monitória;

• Estudar os principais institutos processuais da jurisdição voluntária;

• Compreender o procedimento de jurisdição voluntária, separação consensual, divórcio con-sensual, inventário e partilha.

Procedimentos especiais

Introdução

Os procedimentos especiais estão disciplinados na Parte Especial do CPC, Livro I, Título III.

O CPC de 2015 manteve a divisão prevista pela antiga lei de ritos, que classi-fica os procedimentos especiais em dois grupos, quais sejam:

1. Jurisdição contenciosa;

2. Jurisdição voluntária.

No Livro I, Título I, Parte Especial, encontra-se o Processo de Conhecimento, com o procedimento comum (art. 318), e no Livro I, Título III, Parte Especial, estão consagrados vários procedimentos especiais.

ATENÇÃO

Conforme estabelece a regra do parágrafo único do art. 318 do CPC, o procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.

Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei.

Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.

O antigo CPC de 1973 trazia em seu Livro IV os procedimentos especiais.

Muitos dos procedimentos previstos no CPC de 2015 já existiam na lei antig;

outros, como a oposição, foram aqui incorporados.

Perante o pátrio direito positivo há procedimentos especiais previstos no CPC, mas também em lei esparsas – por exemplo, a ação popular, o mandado de segurança, o mandado de injunção, a execução fiscal, entre outros.

Neste capítulo, estudaremos apenas alguns dos procedimentos especiais pre-vistos no CPC de 2015 (os de jurisdição contenciosa e os de jurisdição voluntária).

Como escreve Theodoro Júnior (2016):

Positivada, destarte, a realidade da insuficiência do procedimento comum, não consegue o legislador fugir do único caminho a seu alcance, que é o de criar procedimentos outros cuja índole específica seja a adequação às peculiaridades de certos direitos materiais a serem disputados em juízo. Os atos processuais são, aí, concebidos e coordenados segundo um plano ritualístico que tenha em vista unicamente a declaração e execução daquele direito subjetivo de que se cuida. Curva-se, portanto, a ordem jurídica processual ao dever de “guardar simetria com as regras do direito material”, promovendo o desígnio de uma adequada garantia de eficácia, dentro da finalidade do devido processo legal. A essa garantia fundamental, com efeito, correspondem atributos que se manifestam tanto no plano do direito processual como no do direito material, impondo, por consequência, o reconhecimento de uma automática e necessária correlação, no terreno do processo, com o procedimento adequado, entendendo-se como tal o que seja capaz de proporcionar a efetiva realização, in concreto, do direito material lesado ou ameaçado. Só assim se cumprirá, em realidade, a tutela jurisdicional garantida pelo art. 5º, inciso XXXV, da Constituição. Na visão contemporânea do Estado Democrático de Direito, incumbe à Justiça não apenas a proclamação dos direitos, mas, sobretudo, a prestação de uma garantia efetiva, somente realizável quando o processo disponibilize “formas de tutela ou de proteção que os direitos materiais reclamam quando violados ou expostos a violação”.

Nessa ordem de ideias, os procedimentos especiais não podem ser vistos como simples capricho legislativo, já que, quando bem concebidos e estruturados, correspondem a exigência de plena e eficaz tutela aos direitos subjetivos materiais. Assim, como anota José Alberto dos Reis, a criação de procedimentos especiais obedece ao pensamento de ajustar a forma ao objeto da ação, de estabelecer correspondência harmônica entre os trâmites do processo e a configuração do direito que se pretende fazer reconhecer ou efetivar. É a fisionomia especial do direito que postula a forma especial do processo.

CURIOSIDADE

O antigo CPC (1973) trazia também como procedimentos especiais as ações de depósito, de anulação e substituição de títulos ao portador, de nunciação de obra nova, de usucapião e de oferecimento de contas. O CPC de 2015 não prevê nenhuma dessas ações, mas nem por isso elas deixaram de existir; por isso, serão processadas segundo o procedimento comum.

Como mencionado, os procedimentos especiais se classificam em: de jurisdi-ção contenciosa e de jurisdijurisdi-ção voluntária.

Jurisdição significa a ação de dizer o direito, que resulta da soberania do Estado. Conforme estudado em Teoria Geral do Processo, jurisdição é a atividade estatal que tem por fim a atuação da vontade concreta da lei, substituindo a ativi-dade do particular pela intervenção do Estado (Giuseppe Chiovenda1). Segundo Francesco Carnelutti (2000), a jurisdição é a função do Estado que busca a justa composição do conflito (lide).

A jurisdição contenciosa e a voluntária estão previstas como uma das espécies de jurisdição.

Entende-se por jurisdição contenciosa aquela exercida quando há conflito de interesse, lide, isto é, quando existe controvérsia entre as partes. Na jurisdição voluntária não há conflito de interesse; o Estado Juiz apenas homologa a vontade dos interessados.

CURIOSIDADE

Sobre a jurisdição voluntária, escreve Pinho (2015):

A doutrina nacional majoritária afirma que a jurisdição voluntária não constituiria típica função jurisdicional, nem ao menos seria voluntária, eis que sua verificação decorreria de exigência legal, com o intuito de conferir validade a determinados negócios jurídicos escolhidos pelo legislador.

Nesse sentido, ela é definida como “administração pública de interesses privados”.

A inexistência de voluntariedade na jurisdição voluntária é aceita tanto pela teoria admi-nistrativista quanto pela revisionista, em razão de se tratar de atividade necessária. A contro-vérsia entre tais teorias reside em ser a jurisdição voluntária autêntica atividade jurisdicional ou atividade meramente administrativa.

1 MACEDO, Elaine Harzheim ; BRAUN, Paola Roos Braun. Jurisdição segundo Giuseppe Chiovenda versus Jurisdição no paradigma do processo democrático de direito: algumas reflexões. 2014. Disponível em: https://goo.gl/728qNE.

Acesso em: 01 maio 2017.

[...]

Por outro lado, vem avançando na doutrina a teoria revisionista. Tal teoria tem recebido a adesão de consagrados processualistas, que entendem ser a jurisdição voluntária verdadeiro exercício da função jurisdicional. (PINHO, 2015.)

Nessa mesma linha de raciocínio, escreve Theodoro Júnior (2016):

A designação “jurisdição voluntária” tem sido criticada porque seria contraditória, uma vez que a jurisdição compreende justamente a função pública de compor litígios, o que, na verdade, só ocorre nos procedimentos contenciosos. Na chamada “jurisdição voluntária”, o Estado apenas exerce, por meio de órgãos do Judiciário, atos de pura administração, pelo que não seria correto o emprego da palavra jurisdição para qualificar tal atividade.

Nesse sentido, o procedimento especial de jurisdição contenciosa nada mais é do que aquele em que o Estado-Juiz atuará para solucionar um conflito de inte-resse entre as partes, enquanto, no procedimento especial de jurisdição voluntária, o Estado-Juiz atua para ratificar a vontades das partes. Segundo Bueno (2016), trata-se de um “verdadeiro administrador dos interesses privados”.

Bueno (2016) faz uma crítica a esse entendimento, ao escrever que:

Tanto os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa como nos de jurisdição voluntária, a atuação do Estado-Juiz é (e deve ser) moldada desde o “modelo constitucional do direito processual civil”, sendo de pouca (ou nenhuma) importância a circunstância de não haver, no âmbito da chamada “jurisdição voluntária”, conflito, atual ou potencial, entre as partes ou, se o prezado leitor preferir, entre os interessados. Ausência está que, de resto, nem sempre se confirma.

A seguir, estudaremos os principais procedimentos especiais de jurisdição contenciosa.

Procedimentos especiais de jurisdição contenciosa Consignação em pagamento

Segundo Silva (1996), o vocábulo consignação deriva do latim consigna-tio, de consignare (dotar por escrito, depositar soma em dinheiro), e “possui, originariamente, o sentido de prova escrita, documento assinado, ou depó-sito feito”. Continua Silva a afirmar que, na linguagem jurídica, sempre se tem o sentido de entrega de alguma coisa, feita por uma pessoa a outra, para determinado fim.

Sua origem está consagrada no Direito Romano e lá era utilizada pelo devedor quando o credor não podia ou se recusava a receber o que lhe era devido.

A consignação em pagamento tem por conceito ser uma forma de ex-tinção da obrigação, com o pagamento indireto da prestação, sendo uma faculdade do devedor, e não um dever. A forma convencional de extinção da obrigação é o pagamento, mas a lei civil prevê outras formas atípicas – entre elas, a consignação em pagamento.

Segundo Neves (2016), a consignação em pagamento é “utilizada quando o pagamento não puder ser realizado em virtude de recusa do credor em recebê-lo ou dar quitação ou, ainda, quando existir um obstáculo eficaz”. Existe um direito do devedor em quitar a sua obrigação, a consignação em pagamento vem para evitar as consequências deste com a mora.

CURIOSIDADE

O Código Civil (CC) de 2002, em seu art. 335, admite cinco possibilidades de pagamento em consignação: se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

A lei civil ainda elucida que o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida é considerado o pagamento e a extinção da obrigação (art. 334 do CC/02).

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

No âmbito do Processo Civil, a consignação em pagamento é procedimen-to especial de jurisdição contenciosa, sendo disciplinado nos arts. 539 a 549 do CPC. É o primeiro procedimento especial previsto na pátria lei de ritos, assim como foi o primeiro procedimento de jurisdição contenciosa previsto no CPC de 1973 (art. 889 e seguintes).

Como disciplina a regra processual contida no art. 539 do CPC, nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

CURIOSIDADE

O CPC, além da ação de consignação em pagamento, também prevê a consignação extrajudicial nos §§ 1o a 4o do art. 539.

O procedimento extrajudicial da consignação determina que, nos casos de obrigação a ser cumprida ou pagamento de quantia em dinheiro ou entrega de coisa, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, situado no lugar do pagamento. Após o depósito, cabe ao devedor cientificar o credor por carta com aviso de recebimento.

Caso o credor aceite o valor consignado, deve levantá-lo. Se houver recusa, tem ele o prazo de 10 (dez) dias para se manifestar.

Transcorrido o prazo de 10 dias para a recusa do credor, contado do retorno do aviso de recebimento, se este se mantiver inerte (i. e., não apresentar a recusa), o devedor será liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.

Se a recusa for manifestada por escrito pelo credor ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta pelo devedor, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa.

Caso o devedor não proponha a ação nesse prazo, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.

Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.

§ 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.

§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa.

§ 4o Não proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.

Assim como previsto no procedimento extrajudicial de consignação em pagamento (art. 539, §1°, do CPC), a ação de consignação em pagamento deverá ser proposta no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente (art. 540 do Novo CPC).

Dessa forma, o critério de competência adotado pela norma é o terri-torial, ou seja, a ação de consignação em pagamento será ajuizada no lugar do pagamento.

Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente.

ATENÇÃO

Ainda quanto ao critério de competência na ação de consignação em pagamento, o Enunciado nº 59 do IV Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis (dez/2014) destaca: “Em ação de consignação e pagamento, quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra. A supressão do parágrafo único do art. 891 do CPC de 1973 é inócua, tendo em vista o art. 341 do Código Civil”.

O antigo CPC de 1973 fazia previsão expressa em seu art. 891, parágrafo único, que quando a coisa a ser consignada (devida) for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra.

CPC/73 - Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente.

Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra.

Na petição inicial, o autor deverá requerer o depósito da quantia ou da coisa devida, que deverá ser efetuado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimen-to (art. 542, inciso I do CPC). Caso não seja efetuado o depósideferimen-to nesse prazo, o processo será extinto sem resolução do mérito (art. 542, parágrafo único).

Também caberá ação de consignação em pagamento quando houver pres-tações sucessivas; nesse caso, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento (art. 541 do Novo CPC).

Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.

O procedimento especial da consignação determina que o réu, credor, será citado para que, caso concorde com o valor consignado pelo devedor, possa le-vantá-lo ou, não concordando, apresente sua contestação (art. 542, II, do CPC).

Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3o.

II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.

Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito.

Na contestação, o réu possui em sua defesa um rol limitado, determinado pelo art. 544 e seus quatro incisos. Determina a norma que o réu, na sua peça de bloqueio, poderá alegar que não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida, ou que foi justa a recusa, ou que o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento, ou ainda que o depósito não é integral, conforme determina o art. 544 do CPC.

Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que:

I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida.

II - foi justa a recusa.

III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento.

IV - o depósito não é integral.

Se a sentença julgar procedente o pedido do autor, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatí-cios. Também será extinta a obrigação e o réu condenado em custas e honorá-rios se o credor receber e der quitação à obrigação, tudo conforme a redação do art. 546 do CPC.

Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.

Contudo, se a sentença do magistrado concluir pela insuficiência do de-pósito do devedor, a decisão deverá determinar, quando possível, o montante devido. A sentença ainda valerá como título executivo, podendo o réu, credor, promover seu cumprimento (art. 545, § 2º, do CPC).

Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.

[...]

§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.

No que tange à elaboração da peça profissional da ação de consignação em paga-mento, a petição inicial deve observar a regra contida no art. 319 do CPC, destacando--se as regras inerentes à consignação, consagradas nos arts. 539 a 549 do CPC.

ATENÇÃO

Via de regra, o legitimado passivo da ação de consignação em pagamento é o credor da relação contratual. Contudo, pode ocorrer hipótese em que o autor, devedor, tenha dúvida a quem deva pagar a quantia em dinheiro ou entregar a coisa; nesse caso, o art. 547 do CPC estabelece que, havendo dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor deverá na sua petição, como litisconsórcio passivo necessário, requerer a citação de todos os possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.

Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.

Ação de exigir contas

Exigir contas é a segunda ação dos procedimentos especiais de jurisdição con-tenciosa prevista no CPC (arts. 550 a 553).

No antigo CPC, não havia ação com esse nome específico, mas, sim, a ação de prestação de contas (arts. 914 a 919), que era a quarta demanda prevista nos procedimentos especiais contenciosos.

Existe diferença substancial entre a ação de exigir contas prevista no atual CPC e a antiga ação de prestação de contas. Destaca Bueno (2016) que, entre essas diferenças, uma está no legitimado para agir, e a outra, na própria razão de ser da tutela jurisdicional. “Na prestação de contas, tanto aquele que se afirma no

Existe diferença substancial entre a ação de exigir contas prevista no atual CPC e a antiga ação de prestação de contas. Destaca Bueno (2016) que, entre essas diferenças, uma está no legitimado para agir, e a outra, na própria razão de ser da tutela jurisdicional. “Na prestação de contas, tanto aquele que se afirma no

Documentos relacionados