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Capítulo I – Enquadramento Teórico

1.2. Fundamentação da Metodologia

1.2.3. Pressupostos pedagógicos que sustentam a intervenção pedagógica

delimitar a ação educativa. Oliveira-Formosinho (2007a), menciona ao longo da sua investigação que um modelo pedagógico assenta “[…] num referencial teórico para conceptualizar a criança e o seu processo educativo e constitui um referencial prático para pensar antes da acção, na acção e sobre a acção” (p. 34). Mesquita-Pires (2007) corrobora esta afirmação e acrescenta que os modelos pedagógicos baseiam-se num “conjunto de pressupostos sobre os recursos e as estratégias que possibilitam a apropriação do conhecimento, bem como nos saberes mais necessários e importantes da aprendizagem das crianças” (p. 62).

Deve-se ter presente que há uns modelos pedagógicos que se caraterizam por serem behavioristas e outros construtivistas. Na aceção de Oliveira-Formosinho (1996, p. 27) “os programas behavioristas centravam-se nas competências académicas, entre

outras coisas, ao passo que os programas construtivistas se centravam no desenvolvimento dos processos cognitivos”. Todavia, independentemente do modelo que se considere pertinente adotar, deve-se ter em conta a utilização de metodologias apropriadas para planificar as aulas.

No decurso do estágio realizado no 1.º CEB, para proporcionar uma aprendizagem significativa e de qualidade, optou-se por utilizar diversas estratégias de ensino e a metodologia de aprendizagem participativa e construtiva. Deste modo, para conseguir desenvolver competências, atitudes e habilidades usou-se estratégias que iam ao encontro dos interesses, das necessidades e da cultura do meio envolvente, isto porque o intuito era promover uma intervenção pedagógica de qualidade marcada pela inovação.

Refira-se que a licenciatura e o mestrado proporcionaram adquirir vastos conhecimentos no âmbito de diversos pressupostos pedagógicos, o que possibilitou, ao longo do processo de estágio, conjugá-los de forma a reajustar a ação educativa. Considero que estes saberes foram basilares e permitiram edificar, de forma gradual, a práxis para que os alunos aprendessem fazendo.

É importante salientar que antes de adotar qualquer pressuposto pedagógico é indispensável ter em conta a orientação da ação educativa do professor cooperante, pois o estagiário não deve quebrar de forma súbita a metodologia usada pelo cooperante. Deve antes dialogar com o orientador científico e com o docente cooperante, para que, de forma gradual, introduza as alterações que considere relevantes, e assim modifique os pressupostos pedagógicos em vigor e adapte a sua práxis ao contexto e às necessidades e aos interesses dos alunos.

No estágio desenvolvido no 1.º CEB, a professora cooperante baseava a sua práxis em várias metodologias. Quanto a mim também não adotei uma metodologia em particular, tive sim, o cuidado de oferecer uma aprendizagem ativa e diversificada. Para alcançar este propósito, ao longo da intervenção utilizei alguns pressupostos do Movimento da Escola Moderna (MEM) e da Pedagogia de Participação conjugados com diversas opções pedagógicas que permitiram oferecer uma aprendizagem dinâmica, participativa, cooperativa e interdisciplinar. Note-se que tive também em conta as diretrizes postadas no livro Organização Curricular e Programas - 1.º Ciclo do Ensino Básico (Ministério da Educação (ME), 2004) e no perfil específico de desempenho profissional do professor do 1.º CEB.

1.2.3.1. Movimento da Escola Moderna.

O MEM, de acordo com Niza (1999), segue a abordagem construtivista e orientação cognitivo-desenvolvimental em que os alunos desempenham um papel ativo na construção do seu conhecimento. Este modelo alberga na sua essência pressupostos pedagógicos desenvolvidos por Freinet, bem como propósitos das teorias sócio- construtivistas baseadas na perspetiva de Vygotsky. Este modelo pedagógico tem como noções basilares a comunicação, a cooperação e a participação democrática (Grave- Resendes & Soares, 2002). Note-se também que nesta metodologia a turma é vista como um grupo dinâmico que gere o currículo e as suas aprendizagens simultaneamente com o docente. E as aprendizagens, na perspetiva de Grave-Resendes e Soares (2002), devem ter sempre em conta as necessidades e as aptidões dos alunos, tendo o cuidado de “[…] ao mesmo tempo expô-los a um ambiente que os estimula à descoberta, à resolução de problemas, ao trabalho de grupo e ao saber viver em grupo” (p. 42).

Acresce dizer que Folque (1999) declara que esta metodologia conceptualiza a turma como um grupo que se organiza em torno de experiências de democracia direta e dá especial ênfase à comunicação, à negociação e à cooperação.

No MEM, o professor desempenha um papel ativo na promoção de uma organização participativa e democrática, isto porque os docentes são considerados “[…] agentes do conhecimento e impulsionadores do desenvolvimento” (Moniz, 2009, p. 50) e são responsáveis pela elaboração do projeto pedagógico, “[…] os organizadores do processo de ensino aprendizagem, os mediadores entre as crianças. O adulto é um elemento do grupo que, simultaneamente, desafia e apoia” (Moniz, 2009, p.50).

Nesta linha de pensamento, ao longo da minha intervenção prática achei pertinente promover momentos de trabalho cooperativo, a liberdade de expressão, o pensamento crítico, a autonomia e o sentido de interajuda (Niza, 1998a). Saliente-se também que o docente, simultaneamente com os alunos, deverá “promover o desenvolvimento intelectual, moral e cívico com uma forte ligação no quotidiano” (Folque, 1999, p. 5). Deverá ainda, proporcionar aprendizagens significativas através de desafios fundamentados nas dificuldades dos alunos e da comunidade.

1.2.3.2. Pedagogia de Participação.

A pedagogia de participação encara o aluno como a figura central do seu processo de ensino-aprendizagem. Nestas situações, o professor não ensina na forma convencional, desenvolve sim ferramentas e estratégias e produz ainda, juntamente, com os seus alunos, um clima incentivador à aprendizagem. Esta pedagogia, de acordo com Pereira (2003) elogia o aluno como um ser ativo, favorecendo o processo de aprendizagem do saber e não apenas o mero resultado.

Saliente-se que Bruner (2000) assevera que os alunos são seres pensantes e que estes são também seres ativos no seu processo de aprendizagem. O professor tem a tarefa de “perceber o que a criança pensa e como chega àquilo em que acredita [...] exercer a pedagogia é ajudar a criança a entender melhor, mais consistentemente, menos unilateralmente” (Bruner, 2000, p. 85).”

No decurso do estágio pedagógico, tentei sempre utilizar uma pedagogia de participação, isto porque possibilitava-me usar diversas perspetivas construtivistas, de acordo com Oliveira-Formosinho (2007b). Esta opção permitiu a articulação de conteúdos, a interdisciplinaridade e a criação de atividades integradas. Esta pedagogia, no entendimento de Oliveira-Formosinho (2007b), possibilita “a criação de espaços- tempos pedagógicos onde as interações e relações sustentam actividades e projectos [...] que permitam às crianças co-construir a sua própria aprendizagem” (p. 8). Neste sentido consegui dar a oportunidade de os alunos terem um papel mais ativo no seu processo de ensino-aprendizagem e que este lhes fosse significativo.

Nesta mesma linha de ideias, considerei fundamental durante a práxis o diálogo, a observação, a pesquisa, a análise, a reflexão, os jogos e os materiais manipulativos para os alunos desenvolverem a sua aprendizagem. Assim sendo, dei também realce à aprendizagem pela descoberta e ao aprender-fazendo e parti dos seus conhecimentos e dos seus interesses. Esteve ainda presente na ação pedagógica o trabalho cooperativo, o trabalho em pequeno e em grande grupo, a interação com as família e com a comunidade educativa e a interdisciplinaridade.