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Capítulo I – Enquadramento Teórico

1.2. Fundamentação da Metodologia

1.2.2. Teóricos subjacentes à intervenção pedagógica

No decorrer do estágio pedagógico, senti a necessidade de investigar, de refletir e de aplicar alguns conhecimentos sobre a teoria do desenvolvimento de Jean Piaget, de Freinet, de Vygotsky, de Jonh Dewey, de Freire e de Ausubel.

No que concerne a Piaget, considero que a turma do 3.º B está no estádio das operações concretas. Piaget (1975) afirma que as crianças aprendem melhor quando contactam com os objetos. Partindo desta premissa, acredito que os materiais manipulativos proporcionam aos alunos aprendizagens significativas e eficazes e permitem ainda desenvolver, de forma gradual, a capacidade de abstração. Neste sentido, o aluno parte das suas experiências anteriores que o ajudam a acomodar os conhecimentos novos. Assim sendo, o aluno de forma ativa vai construindo, em contato com os objetos/materiais o novo conhecimento, pois como refere Piaget (1975, p. 388) “[...] a interação do sujeito e do objeto é tal, dada a interdependência da assimilação e da acomodação, que se torna impossível conceber um dos termos sem o outro”.

Na minha opinião, a perspetiva construtivista de Piaget é fundamental na compreensão da forma como se realiza o processo de aprendizagem cognitiva dos alunos. Note-se que o aluno é o principal sujeito da construção da sua aprendizagem. Deste modo, a aprendizagem ativa pauta-se por ser um processo dinâmico e interativo do aluno com o meio em que se insere (Sprinthall & Sprinthall, 1999).

Os alunos são seres sociais e como tal, estão em constante interação com outras crianças e com diversos adultos. Neste sentido, julgo que a teoria de aprendizagem socio construtivista, principiada por Vygotsky, é crucial para compreender os alunos e as explorações e as aprendizagens desencadeadas pelo relacionamento que estabelecem com os seus colegas, com os professores, com os familiares e com a restante comunidade educativa. Isto porque esta teoria preconiza a aprendizagem como fruto da relação entre vários componentes sociais. À ideia de Piaget que afirma que a relação da criança com o objeto fomenta o seu desenvolvimento, Vygotsky (1989, p. 33)

acrescenta então que “o caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social”. Ao criarmos momentos em que os alunos tenham espaço para interagir e trocar experiências uns com os outros e ao possibilitarmos situações de diálogo que os fazem questionar, esclarecer dúvidas, compartilhar saberes em que todos são livres de participar, errar e desenvolver a sua criatividade, independentemente das suas diferenças, estamos a ir ao encontro da perspetiva de Vygotsky.

Este autor acrescenta que o modo de aprendizagem é encarado como um processo de interação social constante e que a sociedade exerce um papel formador e edificador no desenvolvimento das crianças. A este processo Vygotsky chama de zona de desenvolvimento próximo ou potencial (ZDP) e tem como objetivo perceber a relação entre os processos de aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos (Vygotsky, 1984). Neste sentido, os alunos, no seu dia-a-dia realizam aprendizagens relevantes que são denominadas pelo autor como conhecimentos que advêm do desenvolvimento real, conhecimento este que nós, na escola, enquanto professores, devemos considerar para intervir na ZDP. Desta forma, temos o papel de ir desenvolvendo estratégias, tendo em conta esses conhecimentos prévios, adequando-as às especificidades dos alunos, sempre em interação consigo ou com os outros.

Em relação às teorias pedagógicas de Freinet e de Dewey, estas estão intrinsecamente ligadas, no sentido em que a pedagogia de projeto preconizada por Dewey é também privilegiada no MEM (baseado em Freinet). Partilho com estes autores, incluindo Vygotsky que se encontra na base desta metodologia, a ideia de que o aluno é o cerne da educação e por isso, os docentes devem utilizar os seus interesses espontâneos como ponto de partida para a prática educativa. O professor deve também dar ênfase à cooperação (trabalho realizado em grande/pequeno grupo e a pares), à partilha e à autonomia, tendo sempre em conta a felicidade, o bem-estar e os interesses e as necessidades dos alunos.

No que concerne ao pedagogo Paulo Freire, considero especialmente importante a sua perspetiva de crescimento pessoal, pois como futura docente faz-me refletir sobre a importância de estarmos, continuadamente, atentos às práticas pedagógicas desenvolvidas em contexto e todas as suas implicações pois, tal como refere Freire (1996, p. 39) “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.

Em relação a Ausubel, este afirma que a aprendizagem é um processo “[…] através do qual um determinado conceito […] se relaciona com a estrutura cognitiva de quem aprende, ficando integrada nela […] e é, também, um processo não arbitrário […], já que a interacção se dá com alguns aspectos especificamente relevantes” (Ausubel (s/d), citado por Valadares & Moreira, 2009, p. 35), isto porque estão na estrutura cognitiva.

Neste sentido, o pedagogo Ausubel, defende que a aprendizagem deve ser significativa e que os novos conceitos só são adquiridos se houver uma ligação com os conhecimentos anteriores dos alunos, tornando desta maneira, o novo saber assimilado nas estruturas mentais do conhecimento e que este tenha significado para o aluno. Deste modo, ao longo do estágio foi fundamental compreender os conhecimentos prévios dos alunos, quais as suas dificuldades e quais os seus interesses, com a finalidade de, tal como afirma Ausubel (2003), levar os alunos a desenvolverem-se cognitivamente, através de uma participação ativa e do aprender a aprender.

Em suma, considero que é pertinente ter um vasto conhecimento sobre as teorias da aprendizagem para que se possa melhorar e adequar a intervenção pedagógica e desenvolver ambientes que despertem a curiosidade e o desejo intrínseco de saber cada vez mais, e por conseguinte despoletem sensações abundantes a nível pessoal, cultural e social.

1.2.3. Pressupostos pedagógicos que sustentam a intervenção pedagógica.