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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DOS ESTUDOS-PILOTO

4.1 Resultados dos estudos de caso-piloto

4.1.2 Principais resultados do estudo-piloto no INIA

No caso-piloto espanhol (INIA), por meio de entrevistas, conforme detalhamento no item 3.5 (coleta de dados), buscou-se um melhor entendimento do campo de estudo, para tanto, a pesquisa-piloto na Espanha apresentou os seguintes resultados:

a) Entender o processo de formação da cooperação interorganizacional – os entrevistados, pessoas-chave no INIA são o(a) chefe e um técnico do Departamento de Relações Multilaterais, ressaltaram que em cada projeto há um tipo de relação, não há uma coisa fixa. Essa formação se dá por meio de um pesquisador que entra em contato com pesquisadores em outras instituições, em congressos, em contatos interpessoais, sendo que as formas são variadas. Também, essas empresas podem entrar em contato diretamente com os pesquisadores e vice- versa. A partir desse ponto, se eles têm um programa, metodologia ou linha de investigação comum, fazem um projeto de pesquisa conjunto, para uma convocatória (chamada) nacional, executada por meio do INIA, que está vinculado ao Ministério de Economia e Competitividade, ou por meio do próprio ministério de economia e competitividade. Ou, ainda, em chamadas de projetos da União Europeia.

Porém, não necessariamente existe uma rede prévia. A rede pode existir, mas não é necessário que tenha uma rede nos projetos submetidos. Há projeto de duas ou mais organizações cujas partes (do projeto) são divididas entre elas para que todas possam beneficiar-se. Tampouco, a rede precisa ser formal, às vezes essas redes são mais informais.

A respeito das motivações para que ocorram relações interorganizacionais nos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, os respondentes destacam que essas razões devem-se aos interesses comuns das organizações em desenvolver e investigar algo do mesmo campo/área.

b) Características e determinantes do funcionamento dos projetos (redes) interorganizacionais – na identificação sobre as chamadas para submissão de projetos e se a formação de rede é pré-requisito ou uma diretriz para a elaboração do projeto, os(as) respondentes alertaram que a rede entre organizações não é um fato que se exige para aprovação de um projeto de pesquisa. Além disso, sobre as chamadas, as convocatórias são anuais, publicadas pelo Boletim Social do Estado Espanhol, que dá acesso a informações sobre as

condições para que os pesquisadores possam realizar as submissões de seus projetos.

Relativo ao tempo limite de duração dos projetos, há convocatórias com duração de um, dois ou três anos. Entretanto, depende da chamada do projeto. Quando o projeto termina, geralmente esse grupo de pesquisa faz a submissão de outro projeto para continuidade da pesquisa e desenvolvimento, pois o tempo para o melhoramento da uma variedade (cultivar) é maior que a duração de um projeto. Contudo, na submissão de outro projeto, não há o porquê ele ser submetido com o mesmo grupo ou organizações que fizeram parte do primeiro projeto, para os(as) entrevistados(as), por exemplo, “depois de três anos, se há o desejo de outro projeto para prosseguir com a linha de pesquisa, então, pode ser feita uma continuação com outros atores”.

Os tipos de organizações que geralmente estão contidos nas redes interorganizacionais de pesquisa, no âmbito dos projetos interorganizacionais, são as universidades, os conselhos de pesquisas científicas, organismos de pesquisa de grande porte e outros de menor porte. Ademais, a quantidade média de organizações contidas nos projetos gira entre 1 a 5, na maioria dos casos.

Eles informaram que, de forma mais holística, as organizações (rede) que participam desses projetos estão situadas em toda a Espanha, ou seja, são dispersas geograficamente. Nas convocatórias nacionais, somente podem participar as organizações espanholas e, nas convocatórias da União Europeia, estão contidas nos projetos, frequentemente, organizações de distintos países.

No que tange à coordenação das redes proponentes nos projetos, ela ocorre geralmente por meio de uma reunião anual, são aproveitados os congressos de temas específicos convergentes à investigação do projeto e, também, ocorre por e-mail, por Skype e por telefone.

Sobre a frequência das relações no contexto da rede, há uma heterogeneidade entre os projetos, ou seja, há redes que são muito ativas, com muita intensidade nos contatos, e outras que são mais passivas, cujo contato é menos frequente.

De acordo com os(as) entrevistados(as), nessas redes há organizações de diversos elos da cadeia, ou seja, as redes não são compostas exclusivamente de instituições do mesmo setor. Outra característica destacada nessas redes é que a capacidade de tomar decisões está centralizada em uma organização líder. Além disso, referente à formalidade da rede, ela inclui, tanto organizações que cooperarão de maneira formal quanto informal, como algumas que estão no projeto subsidiado pelo ministério e outras que colaboram simplesmente por terem interesses comuns, mas que não são apoiadas no âmbito do projeto, logo, são informais.

c) Recursos nas redes derivadas de projetos – na identificação dos tipos de recursos (tangíveis e intangíveis) que as empresas participantes da rede de cooperação buscam compartilhar, os(as) entrevistados relataram que muitas vezes as equipes técnicas visam a um complemento a sua pesquisa como, por exemplo, em um projeto, enquanto uma equipe se encarrega de fazer uma formulação de um inseticida, a outra equipe se encarrega de estudar a fórmula e verificar se há uma ação para uma determinada praga. São projetos (ações) complementares. Além disso, há o conhecimento compartilhado com outra organização que ainda não o detinha. Outro caso é sobre, por exemplo, uma praga que está em uma localidade da Espanha, assim, pode-se formar uma rede para que uma equipe de pesquisa estude essa praga em outra região que não contenha esse ser nocivo.

Concernente à existência de recursos que são combinados para potencializar a geração de inovações no âmbito do projeto, os(as) respondentes ressaltam que há uma variedade muito grande de recursos, por isso, não sabem especificar exatamente quais seriam os principais. Contudo, destacam que o currículo da equipe de pesquisa, ou seja, a composição de especialistas (conhecimento acumulado e provado por participação em projetos e publicações) é um dos fatores mais relevantes no momento de submissão dos projetos de pesquisa, pois um equipamento pode ser comprado, mas uma equipe que funcione bem e que publique em quantidade e qualidade, isso não se pode comprar.

d) Desempenho da inovação – perguntou-se aos entrevistados se, na percepção deles, há um tipo de rede mais propensa a gerar inovações. Para eles, independente do tipo de rede, a inovação está relacionada com o funcionamento da rede, isto é, uma rede que funcione bem está mais propensa a gerar inovações.

Em seguida, quando perguntado sobre a utilização de indicadores de desempenho, foi destacado o número de publicações, de apresentações em congressos, número de livros, patentes, jornadas divulgativas e os relatórios (informes) com as atividades desenvolvidas que justificassem economicamente os gastos do projeto.

Ao serem questionados sobre quais seriam os indicadores utilizados para avaliar as inovações, responderam que esses indicadores, de maneira geral, também estimam os processos inovativos, destacando como outro indicador os objetivos contidos nos projetos aprovados. Como

exemplo de objetivos têm-se: alcançar uma nova variedade vegetal ou analisar a biologia de um patógeno. Assim, não há um indicador que valha para todo o projeto, pois ele pode se adaptar conforme as características da pesquisa em curso. Por último, citaram como indicador o relatório final (confidencial) do término do projeto, que informa os resultados alcançados.