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3 PARTE 2: PERCEPÇÃO DOS AGENTES QUE INTEGRAM A CADEIA

3.2 Pesquisa qualitativa

3.2.3 Principais tendências do setor de tecnologia da informação

É consensual, entre os entrevistados, a opinião de que a computação em nuvem e os processos de reorganização societária das empresas são as principais tendências do setor de Tecnologia da Informação. Relacionado às novas tendência, os entrevistados chamam a atenção para uma característica marcante do setor de TI: a rapidez das mudanças e a necessidade de as empresas se atualizarem para se manterem no mercado.

“Felizmente ou infelizmente, no ambiente de informática tem mudança demais, o cenário tecnológico muda muito. Tudo que foi construído está tendo que ser construído de novo. Muitas empresas estão perdendo força e espaço por não saber se adequarem às novas tecnologias, principalmente a tecnologias móveis como celulares com múltiplas funções”.

O representante da FUMSOFT explica que, com a internet, o Brasil acompanha todas as tendências mundiais em tempo real e as novidades chegam aqui ao mesmo tempo em que chegam em outros países, de forma que não faz sentido falar de tendências diferentes para o mundo e para Belo Horizonte. Para ele, o setor de TI de Belo Horizonte tem capacidade para desenvolver produtos e participar de forma

protagonista no cenário das novas tendências tecnológicas, apesar de existir pouco investimento em pesquisa no Brasil.

“Não existe mais fronteira na informática, então o que é tendência no mundo é tendência no Brasil, em Minas e em BH. Em termos de acesso, nós não estamos de fora, o que se pode discutir é pesquisa, da produção da pesquisa que no Brasil é menor, os grandes players estão lá fora.”

Em relação à computação em nuvens, os entrevistados afirmam que essa tendência é mundial e o Brasil e Minas Gerais já têm presença marcante nessa nova perspectiva. Para o representante da FUMSOFT a computação em nuvem irá revolucionar o mercado e hoje não existem fronteiras para o seu crescimento. Para o representante da SUCESU, essa modalidade de serviço é percebida como o futuro da informática moderna. Já para o representante da ASSESPRO/MG a computação em nuvens é mais que uma tendência: é uma realidade.

“Hoje quando se fala em tendência, tem que falar em computação em nuvem, que é você precisar de um serviço e pagar só pelo uso do serviço, você não precisa comprar um programa e instalar na sua máquina. Quando você precisa do serviço, você entra na internet e obtém o serviço, isso é computação em nuvem”

Ainda sobre a computação em nuvens, os entrevistados ponderam que o serviço ainda apresenta incertezas quanto a sua segurança e precisa ser fortalecido como uma modalidade que irá modificar a realidade atual. Para o representante da ASSESPRO/MG, existem limitações no perfil do mercado consumidor de Minas Gerais – mais conservador e com resistência a incorporar novas tecnologias – que impedem as empresas mineiras de direcionar todas as suas forças produtivas para a tecnologia em nuvem.

“Eu acho que a computação em nuvem (...) falta mais segurança de uma forma geral. Segurança no sistema, de transmissão, de armazenamento. E também segurança das pessoas, de manter as informações lá.”

A outra tendência percebida pelos entrevistados está relacionada a processos de fusão e incorporação, em um movimento em que as grandes empresas adquirem as pequenas e as médias. Acontece também a compra das empresas locais por empresas maiores de outras localidades, inclusive internacionais. Segundo os entrevistados, esse fato ocorre por vários motivos, quais sejam: as maiores têm mais facilidade de acesso a crédito; as empresas buscam com as fusões uma melhor competitividade e inserção no mercado; ou ainda porque essa é uma tendência da economia moderna, em qualquer setor.

“A fusão hoje é assim, tem muitas empresas que querem chegar, e até por falta de braço, vão comprar empresas ou fazer associações. Como nós só temos pequenas e médias empresas, ou elas vão ser compradas ou vão acabar.”

Diante desse cenário, o representante da FUMSOFT acredita na necessidade de ampliar a capacidade de investimento e de ações como, por exemplo, a constituição de consórcios e parcerias, fortalecendo as empresas locais, para a competitividade.

“Às vezes falta capacidade de investimentos, fazer mais consórcio de empresas, fusão de empresas, para se fortalecer no mercado. Se nós estamos falando que não tem fronteiras, se nós não desenvolvermos um padrão internacional, nós além de não conseguir exportar, nós vamos perder o mercado interno”.

Para o presidente da SUCESU, o perfil predominante das empresas de Belo Horizonte (pequenas e médias) torna o mercado local mais sujeito a processos de fusão e compra das empresas, mas acredita que a competência dos produtos e profissionais de Belo Horizonte é um aspecto positivo que diminui o impacto dessa tendência.

“Existe também a tendência de fusão de empresas, e isso vai acontecer em todos os segmentos. Você tem um grande e um monte de pequenos, o grande vai engolir os pequenos, seja de um jeito ou de outro. A gente da área de TI nós não temos nenhuma empresa que é grande, somos pequenas e médias e isso faz da gente um mercado frágil. Essas grandes empresas estão concentradas basicamente em São Paulo e Brasília, e as nossas empresas sofrem um assédio muito grande.”

O presidente da ASSESPRO/MG caracteriza o processo de fusão entre empresas como uma tendência de consolidação das grandes empresas, que se reproduz no mercado de Belo Horizonte. Esse movimento se justifica, na opinião do entrevistado, pela busca de competitividade no mercado e condições de oferecer melhores preços nas concorrências que participam.

Ainda para o representante da ASSESPRO/MG, outra tendência do setor de TI, que se relaciona com a consolidação, é um processo de migração para novas tecnologias. As empresas que desenvolviam produtos em determinada linguagem necessitam agora migrar para outros mercados mais promissores como, por exemplo, a tecnologia usada na telefonia móvel. Mas, para ele, essa tendência está comprometida em Belo Horizonte pelo alto custo necessário para migrar de uma tecnologia para outra.

3.2.4 Principais tendências do setor de tecnologia da informação

A participação do setor de Tecnologia da Informação na economia de Belo Horizonte é descrita como bastante significativa pelos entrevistados, mas sua utilização é considerada inferior ao seu potencial.

“Agora falando de Belo Horizonte, eu não sei te falar precisamente, mas o TI é muito importante no PIB de Belo Horizonte.”

Segundo os participantes, embora o setor esteja crescendo na capital e em Minas Gerais, existem outros Estados nos quais o crescimento é maior. A avaliação do representante da SUCESU é que, nos últimos anos, o setor de TI mineiro cresceu, mas esse crescimento foi inferior ao percebido em grandes centros como Rio de Janeiro, Brasília, Recife e São Paulo. Tal diferença é imputada às políticas públicas existentes em outras localidades, que incentivam o crescimento, seja mediante redução de impostos, ou por meio de investimento em pesquisas de inovação tecnológica.

“Nos últimos 10 anos, o setor cresceu muito, mas as principais capitais, a gente não conseguiu acompanhar. BH é a capital de tecnologia do Brasil, mas Rio de Janeiro, se você pegar a história, de dois mil para cá, Rio de Janeiro cresceu numa velocidade gigantesca”.

“São Paulo (cresceu mais que MG). Isso porque lá se investe mais, o governo investe, em São Paulo, por exemplo, a Fapesp fomenta bastante a pesquisa, a inovação. Mesmo que você possa dizer que lá arrecada mais e por isso investe mais, não é verdade, porque proporcionalmente a gente investe menos.”

O presidente do SUCESU inicialmente reflete sobre a participação do setor de TI na economia nacional. O entrevistado enfatiza que, a despeito da expressiva participação de Minas Gerais no PIB brasileiro (em torno de 10%), ainda é pequena a participação do Estado no setor de TI nacional. Assim, conclui que o setor de TI de Minas ainda tem uma representatividade econômica inferior ao desejado e inferior a sua potencialidade. Em relação à economia de Belo Horizonte, o entrevistado afirma que o setor é muito significativo, devendo representar cerca de 10% da arrecadação.

O superintendente da FUMSOFT afirma que não dispõe de números precisos a respeito da participação do setor de TI na economia de Belo Horizonte, mas também considera que o setor tem uma participação que foi reduzida nos últimos 10 anos, reflexo da mudança para outros estados de diversas empresas importantes para a cadeia produtiva. Cita como exemplo a Telemar, que ao se tornar Oi, se mudou para o Rio de Janeiro, transferindo para esta cidade toda a estrutura de produção e de tomada de decisão.

“Se o estado é 10% do PIB do país, então nós do TI também tínhamos que ser isso, e não somos. (...). Mas isso se explica porque muito do TI é feito dentro de empresas e Minas perdeu muitas empresa, muitos bancos mudaram, muitas construtoras (...) Uma Telemar quando muda para o Rio de Janeiro, ela leva todos os analistas e programadores, levou todo o poder de decisão e de operação.”

O representante da ASSESPRO/MG, a partir de dados que afirma receber da Prefeitura de Belo Horizonte em relação à arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS), aponta que o setor de TI representa 4% da economia de Belo Horizonte, mas que o setor tem um crescimento bastante significativo, alcançando 40% em cinco anos (2004 a 2009), tanto em arrecadação quanto em geração de empregos. Segundo o entrevistado, o setor de TI precisa crescer mais, pois tem um diferencial que é a utilização de tecnologia de ponta, e que esse conceito deveria ser reconhecido pelo poder público.

“Há pouco tempo atrás a Prefeitura liberou esses dados. O numero que tenho aqui é só de ISS. (...) O nosso setor, em comparação com os outros, é o único que trabalha com alta tecnologia, que tem haver com a tendência do mundo. Se você for pensar, é o nosso setor que produz algo que vai ficar para sempre, que emprega profissionais de alta capacidade, tecnologia muito desenvolvida e todos os governos do mundo querem esse tipo de setor, porque tudo precisa de software, esse domínio dessa tecnologia é o prenuncio de que aquela cidade está na frente.”

3.2.5 Importância econômica (em %) do segmento de software, hardware, comércio e