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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Uma iniciativa de muito sucesso em termos de EaD no Brasil é a UAB, que foi criada em 2005, por iniciativa do MEC, através da extinta Secretaria de Educação a Distância – SEED em parceria com a CAPES. Desde 2007, as orientações do REFEaD (BRASIL, 2007) são seguidas também pela UAB em seus processos internos para atender a legislação vigente.

De acordo com Penterich (2009, p.186), a UAB tem como eixos principais:

a expansão pública da educação superior, considerando os processos de democratização e acesso; o aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino superior; avaliação da educação superior à distância; contribuições para a investigação da educação superior à distância no País; e financiamento dos processos de implantação, execução e formação em recursos humanos em EaD.

O sistema UAB foi criado e desenvolvido principalmente para formar e capacitar professores, permitir o acesso, a expansão e interiorização da educação superior no País, aperfeiçoar a EaD e fortalecer o relacionamento entre os entes federativos (União, Estados e Municípios) através das parcerias e criação dos pólos de apoio presenciais, que geralmente são criados e mantidos através de parcerias com as prefeituras municipais.

Os pólos de apoio presenciais, de acordo com o artigo 12º, inciso “X” alínea “c” do Decreto 5622/05 (BRASIL, 2005) são:

unidades operacionais para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados à distância, passando a ser considerados obrigatórios em instituições que ofertam graduação nessa modalidade.

O documento “Referenciais de qualidade para a educação superior à distância” elaborado pelo MEC (BRASIL, 2007), que será detalhado adiante, caracteriza os pólos de apoio presenciais, ao estabelecer padrões mínimos requeridos para o seu credenciamento e avaliações, visando à oferta de cursos superiores na modalidade à distância. Os polos de apoio presencial devem ser os locais de referência para as interações presenciais e exigidas por lei entre os alunos e as instituições, além de possuir infraestrutura física, tecnológica e humana capazes de dar suporte ao desenvolvimento do curso à distância e, ao mesmo tempo, serem sustentáveis.

Buscando atender a toda essa legislação emergente que regula a prática da EaD no Brasil, obter destaque e mesmo sobreviver no mercado, as instituições tanto públicas quanto privadas, têm procurado cada vez mais melhorarem seus processos de gestão, exigindo mais organização, planejamento e otimização de recursos, equipamentos, materiais e pessoas.

A melhoria dos processos de gestão nas IES passa também pelos polos de apoio presenciais e deve considerar todos os elementos e atores do sistema de EaD. Sob a ótica desse processo de gestão da EaD, há uma série de atores que interagem entre si e com o próprio sistema de EaD, integrando essa modalidade de ensino e impactando significativamente a forma de geri-lo. Dentre eles, destacam-se os tutores, os professores, os alunos, os monitores, os coordenadores, a equipe de suporte técnico-administrativa, as instituições ofertantes, o Governo, os pólos presenciais, a tecnologia e a infraestrutura.

Em função dessa diversidade de atores envolvidos, da complexidade e dinâmica desse sistema, o processo de gestão da EaD deve prever uma definição de papéis e ações de cada ator, enfatizando questões relacionadas, por exemplo, ao fluxo dos processos e aos procedimentos necessários para o atingimento dos objetivos propostos do curso ofertado. Para Masetto (2003), o detalhamento das ações de cada ator desse sistema deve priorizar o grau de importância, rotinas, estratégias e atividades acadêmicas e administrativas, devendo o projeto educacional ter por base uma concepção teórica que ofereça ao professor subsídios para sua ação educativa.

Dessa forma, é possível inferir que a capacitação de todos os atores também deve ser considerada como objetivo estratégico, levando em conta a qualidade do ensino, o foco no aluno e na autoaprendizagem, pois há uma série de questões novas que envolvem todos os que estão nesse processo, dentre elas: o próprio estudante de EaD, que se encontra diante de novas situações de aprendizagem, e que podem gerar expectativas, ansiedades e até mesmo frustrações; o professor, que também experimenta uma nova situação, onde o aluno passa a ser visto como o centro do processo de aprendizagem, cabendo a ele (professor) buscar a interação e o envolvimento dos alunos e tutores, com a finalidade de alcançar os objetivos do curso proposto e reduzir a apreensão causada pela nova situação; o tutor, os monitores, coordenadores, equipe de suporte, tecnologia e infraestrutura, que permeiam esse processo e que, apesar de coadjuvantes, são partes imprescindíveis de toda essa engrenagem; as instituições ofertantes e os próprios pólos presenciais, que ao mesmo tempo em que buscam atendimento à legislação, qualidade dos serviços e sobrevivência no mercado, enfrentam forte pressão por eficiência, custos e resultados.

Assim, diante desse contexto tão complexo e dinâmico, o trabalho pretende contribuir para um melhor entendimento do processo de gestão de cursos em EaD, tendo como base para o estudo os cursos de administração ofertados pela IPES, discutindo esta problemática com a intenção de responder ao seguinte questionamento:

“Quais são os principais desafios na gestão de cursos de administração à distância em uma instituição pública brasileira na percepção dos atores envolvidos?”

Devido às mudanças que estão ocorrendo nas instituições de ensino superior com o advento e a evolução da EaD no Brasil, além da farta legislação regulamentadora, um estudo relacionado aos principais desafios na gestão de cursos em EaD merece destaque, pois pode

produzir análises e reflexões que tencionam contribuir para o avanço da literatura e do conhecimento sobre o tema em questão.