6 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA PARA UTILIZAÇÃO DE
6.4 Problema de custos elevados ou acima da meta em sistemas de saúde
A FIG. 18 apresenta a metodologia para abordagem do problema de custos elevados ou acima da meta em sistemas de saúde.
1 - Problemas
• Custos elevados ou acima da meta em sistemas de saúde
2 - Objetivos
• Estabelecer medidas para controle e redução de despesas em sistemas de saúde
3 –Técnicas de Solução
Sugeridas
• Simulação à Eventos Discretos
• Dinâmica de Sistemas
4 –Inputs necessários
•Demanda por internação (consulta e exames)
•Política de remuneração dos planos de saúde ou do sistema público para cada tipo de internação, consulta, e ou exames
•Custos operacionais, custos fixos de manutenção de infraestrutura, custos com pessoal e custos variáveis, para atendimento de cada tipo de internação, consulta e/ou exames
•Tempo de internação para tipo de especialidade
•Procedimento realizado para cada tipo de especialidade e probabilidade de ocorrência
6 –Outputs gerados
•Custo total médio por paciente para cada tipo de internação
•Custo total médio de cada setor para atendimento da demanda corrente
5 –Principais Variáveis de Desempenho
•Custo médio para o hospital para cada tipo de internação
FIGURA 18 - Metodologia proposta para problema de custos elevados ou acima da meta em sistemas de saúde
Fonte: elaborado pelo autor (2014).
obra qualificada, procedimentos e equipamentos que envolvem alta tecnologia e a crescente pressão para atendimentos cada vez mais efetivos fazem com que a racionalização de recursos seja uma prioridade. O uso de ferramentas para análise dos processos pode auxiliar na análise de utilização dos recursos envolvidos, buscando aumentar a eficiência das equipes de saúde, otimizando o uso de salas, departamentos e equipamentos, liberando, dessa forma, recursos para investimentos em áreas prioritárias.
Com demandas tão variadas e complexas, não é pouco frequente verificar hospitais e unidades de saúde (sejam as geridas pelo setor público, pelas instituições filantrópicas ou pelos conglomerados empresariais), passando dificuldades para gerir suas finanças. Desta forma, o objetivo de estabelecer medidas para controle e redução de despesas em sistemas de saúde é uma constante.
Neste estudo, técnicas oriundas das áreas de finanças, contabilidade e correlatas não serão exploradas. Aqui, o uso das técnicas de SED e de DS serão propostas com o objetivo de buscar melhorias de processo, sejam operacionais ou mais estratégicas.
Para o uso efetivo dessas ferramentas, alguns dados iniciais precisarão ser levantados, tais como a Demanda por internação (consulta e exames), a política de remuneração dos planos de saúde ou do sistema público para cada tipo de internação, consulta, e ou exames, os custos operacionais, custos fixos de manutenção de infraestrutura, custos com pessoal e custos variáveis, para atendimento de cada tipo de internação, consulta e/ou exames, o tempo de internação para tipo de especialidade e o procedimento realizado para cada tipo de especialidade e probabilidade de ocorrência.
Um ponto chave para racionalização das despesas em uma unidade de saúde está em estabelecer uma política de remuneração adequada por parte dos planos de saúde e do sistema público de saúde. Muitas vezes, o valor recebido não é suficiente para cobrir as despesas e geram um problema de caixa que contribui para o desequilíbrio do orçamento.
De posse dessas informações (ou pelo menos em parte dela), uma série de análises podem ser realizadas. Por exemplo: redesenhos de layout/rearranjos físicos; remanejamento de equipes; novas frentes de atuação; e redesenhos na grade de funcionamento da unidade. Essas configurações são testadas em cenários computacionais com o apoio das técnicas selecionadas (sejam essas ações de ordem mais operacional ou também de cunho mais estratégico).
A principal variável de desempenho nesse problema será o custo médio para o hospital para cada tipo de internação. A título de exemplo, um caso comum de internação são os casos
internação, limitado a um número pré-fixado, dependendo da gravidade da doença (que pode ser caracterizada como Nível I, nível II e nível III). É um desafio para o hospital, prestar um serviço adequado, sem contudo, extrapolar o custo previsto para este tratamento.
Realizadas as modelagens, testes de cenário e de configurações, as mais viáveis podem ser levadas à prática, buscando racionalizar o uso dos recursos financeiros. São medidas que podem auxiliar os gestores da unidade de saúde em entender se as ações propostas foram suficientes para melhorar indicadores, tais como o custo total médio por paciente para cada tipo de internação e custo total médio de cada setor para atendimento da demanda corrente.
6.4.2 Referências complementares para auxiliar no desenvolvimento de trabalhos nesse tema específico
Alguns trabalhos já referenciados neste estudo e outros destacados em seguida podem auxiliar os analistas e gestores interessados na aplicação desta proposta, trazendo exemplos de aplicação com resultados satisfatórios e implementações em contextos bem variados.
Adam, Sy e Li (2011) relatam que equilibrar as receitas e despesas em sistemas de saúde é tarefa árdua, principalmente porque as despesas muitas vezes não são identificadas adequadamente e crescem em ritmo acelerado. Em estudo realizado em Cingapura, os autores utilizaram modelagem via DS para estudar em nível estratégico as políticas de saúde, visando identificar os sistemas e subsistemas existentes, bem como mapear suas complexas relações e suas influências no aumento dos custos.
O uso da técnica de simulação permite conhecer melhor o sistema e ainda identificar suas interações. Observou-se, por exemplo, que o aumento da expectativa de vida da população impacta diretamente no uso das unidades de saúde e na contratação de médicos, enfermeiros e equipamentos. Outra questão estratégica que pressiona os custos para cima é a necessidade de investimentos acima do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) destinado à saúde. Do ponto de vista operacional, uma fatia maior de investimento seria necessária para manter o sistema funcionando de maneira adequada (ADAM; SY; LI, 2011).
Ainda no estudo de Adam, Sy e Li (2011) apurou-se que alguns subsídios para classes mais pobres são utilizados indevidamente por pessoas que têm mais poder aquisitivo. Outro elemento identificado é a utilização do sistema pelos imigrantes em longo prazo, o que provavelmente irá acontecer no futuro quando estiverem mais velhos e, portanto, mais vulneráveis. O último fator identificado está na ocupação de leitos por pacientes já
saúde por mais tempo que o necessário, reduzindo a disponibilidade de leitos, equipes médicas e recursos para quem realmente precisa.
O uso de DS como técnica para melhorar o entendimento do sistema e ainda para testar a influência de alguns elementos nos custos em sistemas médicos de Cingapura foi muito consistente, porém, em virtude da complexidade do tema, outras técnicas poderão ser utilizadas em conjunto para identificar e implementar mecanismos para redução ainda mais das despesas (ADAM; SY; LI, 2011).
A necessidade de reduzir custos na área de saúde proporciona iniciativas para aumentar a eficiência operacional de forma sistemática. Guo, Wagner e West (2004) utilizaram em um hospital infantil em Cincinnati, Estados Unidos, SED e outros softwares para uma série de testes de cenários, buscando as melhores rotinas que permitiam conciliar a agenda dos profissionais de saúde (que também atuam em outras frentes além do atendimento no hospital), das demandas de atendimento da população e da capacidade de atendimento do centro de Oftalmologia.
Contribuindo nessa temática, Sinreich e Marmor (2004) desenvolveram uma modelagem via SED para o departamento de emergência de um hospital, envolvendo as equipes médicas e usando o recurso de animação para aumentar a confiança dos envolvidos nas ações para redução das despesas. A principal contribuição desse estudo foi propor uma modelagem geral que poderá ser levada para outras unidades de saúde e com pequenas adaptações ser utilizada.