Norma de atuação da equipa de enfermagem perante uma paragem cardiorrespiratória
4. Procedimento de Enfermagem
Procedimento Justificação
a) O 1º elemento da equipa que identifica uma criança ou
adolescente com insuficiência ou ausência de ventilação e/ou de circulação deve:
Transportar a
criança/adolescente para a sala de reanimação e acionar o sistema de emergência (campainha localizada na sala de reanimação);
b) O líder e os enfermeiros,
previamente identificados como elementos 1, 2 e 3 (e eventualmente um elemento 4), deslocam-se de imediato para o local onde se encontra a criança e dão início às manobras de reanimação de acordo
A PCR é uma situação extrema de vida. A identificação e reanimação de uma criança em paragem respiratória mas ainda com circulação espontânea, resultam numa sobrevida a longo prazo de 50-70%, com uma boa função neurológica, enquanto a sobrevivência sem sequelas neurológicas de uma criança em paragem cardio-respiratória assistólica é inferior a 15% (ERC, 2010).
O líder deverá ser um médico pediatra ou o profissional mais experiente em reanimação pediátrica;
Os enfermeiros devem ser distribuídos no início de cada turno na escala de distribuição de funções de turno e de
com as funções que lhes estão atribuídas. reanimação. Funções do líder: a) Supervisiona e coordena a reanimação;
b) Garante a segurança, quer da criança, quer dos enfermeiros;
c) Emite as ordens;
d) Está atento à realização das suas ordens por parte da equipa;
e) Seleciona quem acompanha a criança/adolescente caso esta necessite de efetuar outros exames e meios complementares de
diagnóstico (EMCD) fora do SUP;
f) Organiza os cuidados pós-
reanimação e a transferência para a UICD ou para a UCIP.
g) Deve reunir com toda a equipa que esteve presente na reanimação para efetuar uma reunião de debriefing.
O líder deve ser o único a dar ordens, para evitar a confusão.
As ações devem ser repetidas por quem as recebe e após serem efetuadas devem ser reportadas ao líder, para garantir que se entendeu a ordem dada e efetuada;
É o líder quem decide quando
abandonar a tentativa de reanimação. Esta reunião permite identificar as limitações sentidas pela equipa, identificando-se estratégias para as ultrapassar.
Funções do elemento 1
a) Posiciona-se à cabeceira da criança/adolescente
b) Mantem a permeabilidade das vias aéreas e ventilação:
Posicionar em decúbito dorsal; Em crianças com menos de 1
ano colocar a cabeça em posição neutra;
Em Pediatria, o restabelecimento da via aérea e da respiração é muitas vezes suficiente para reverter a paragem respiratória.
Permite a abertura das vias aéreas e as compressões torácicas;
Em crianças pequenas a cabeça é proporcionalmente maior que o resto do corpo e o pescoço curto, o que condiciona a flexão do pescoço e o estreitamento da via aérea. A face e a mandíbula são pequenas, e a língua é relativamente grande, não só
obstruindo a via aérea, como também dificultando a visualização da mesma durante a laringoscopia. O pavimento da boca é facilmente compressível pelo que se deve ter especial cuidado
Em crianças com mais de 1 ano de idade fazer a extensão do pescoço com elevação do queixo e protusão da mandíbula;
Em caso de suspeita de lesão da coluna cervical deve ser
realizada somente protusão da mandíbula;
Verificar a presença de corpos estranhos e removê-los
cuidadosamente se forem acessíveis;
Se necessário, colocar tubo de Guedel após posicionamento da cabeça e pescoço;
Se necessário, aspirar secreções naso e/ou orofaríngeas;
Iniciar ventilação com máscara e insuflador
Administrar O2 a 15l/min; Avaliar expansão torácica e
coloração da pele e mucosas.
c) Colabora com o médico na entubação endotraqueal:
aquando da colocação dos dedos para manipulação da mandíbula.
A traqueia é curta e mole e a hiperextensão do pescoço, assim como a sua flexão excessiva pode causar compressão da traqueia. Devido ao risco de agravar a possível lesão.
A remoção deve ser efetuada cautelosamente de forma a não traumatizar a mucosa oral, nem a empurrar ainda mais o objeto, agravando a obstrução.
Não devem ser colocados em crianças conscientes por poder causar vómito e/ou laringospasmo.
Aumenta a permeabilidade da via aérea.
Conectar a máscara com insuflador a uma rampa de O2.
Para hiperoxigenar a atmosfera insuflada.
Garante eficácia da técnica de ventilação.
Método mais seguro e eficaz de permeabilizar e manter a via aérea. Permite manter um controlo ótimo das pressões de ventilação, evita a
distensão gástrica, a aspiração de conteúdo gástrico e permite manter compressões torácicas ininterruptas durante a ventilação.
Aspirar secreções da cavidade oral;
Efetuar manobra de Sellick;
Administrar O2 no intervalo de cada tentativa de entubação e após entubação efetuada; Fixar o tubo endotraqueal; Aspirar secreções orotraqueais; Observar as funções vitais –
função cardíaca, função respiratória, oximetria, tensão arterial (TA) e
electrocardiograma (ECG); Observar reflexo pupilar;
Avaliar o estado de consciência.
Facilita a introdução e progressão do tubo.
A compressão da cartilagem cricoide contra a 6ª vertebra ocluindo o esófago evita a distensão gástrica, o reflexo e a aspiração pulmonar de conteúdo gástrico.
Diminuindo-se a hipoxemia durante o processo de entubação.
Com fita de nastro ou adesivo. Melhora a permeabilidade da via aérea.
Avaliar o diâmetro e reação. Numa primeira abordagem deve utilizar-se:
A (Alert) – Alerta
V (Voice) – Responde à voz P (Pain) – Responde à dor
U (Unresponsive) – Não responde. Para uma avaliação mais detalhada, utilizar a Escala de Coma de Glasgow.
Funções do Enfermeiro 2
a) Coloca os elétrodos, oxímetro e braçadeira da TA;
b) Prepara o desfibrilhador e
pacemaker externo, se necessário;
A monitorização do ECG permite identificar os diferentes ritmos e promover o seu tratamento;
c) Abre o carro de reanimação;
d) Assegura pelo menos um acesso venoso periférico;
e) Colhe sangue para análises;
f) Administra a terapêutica solicitada pelo médico;
g) Administra sangue e hemoderivados;
h) Coloca a sonda nasogátrica, exceto se suspeita de traumatismo crâneo- encefálico por risco de falsos trajetos;
i) Colabora com o médico na
introdução de cateteres e drenos;
j) Algalia, se necessário;
k) Pesquisa e colabora no tratamento de eventuais lesões e fraturas. Nota: Caso haja necessidade de
compressões torácicas estas são
iniciadas pelo enfermeiro 3, mas este troca com o enfermeiro 2 a cada 2
minutos.
Se possível, deverá ser puncionado um segundo acesso venoso.
Diminui o risco de aspiração de conteúdo gástrico.
Para controlo da diurese.
Funções do enfermeiro 3
a) Posiciona-se ao lado da criança/adolescente;
b) Colabora a despir a criança/adolescente;
c) Identifica os tubos de colheita e providencia o seu encaminhamento para o laboratório;
Facilita a execução de procedimentos e despiste de eventuais lesões.
Solicita a uma auxiliar de ação médica que transporte os tubos até ao
d) Prepara a terapêutica solicitada pelo médico, fornecendo-a ao enfermeiro 2 que a administra;
e) Guarda todas as ampolas utilizadas para efetuar o registo da terapêutica administrada;
f) Prepara o material necessário para transportar a criança/adolescente a efetuar EMCD;
g) Recolhe toda a informação pertinente, junto dos
acompanhantes ou tripulantes de ambulância;
h) Efetua os registos de enfermagem.
i) Repõe todo o material utilizado na sala de reanimação e providencia a limpeza da mesma o mais
brevemente possível. Na
impossibilidade de realizar estas atividades no seu turno, deverá registá-las em ata e transmiti-las ao chefe de equipa do turno seguinte, ficando este responsável pela sua realização.
Nota: Caso haja necessidade de
compressões torácicas estas são
iniciadas pelo enfermeiro 3, mas este troca com o enfermeiro 2 a cada 2
minutos.
Mala de transporte, fármacos, máscara e insuflador, bala de O2, maca de transporte e outro material indicado pelo médico.
Caso exista um elemento 4 é este que recolhe a informação.
Perante a existência de um enfermeiro 4, este:
a) *Permanece junto da família, recolhendo toda a informação pertinente para a prestação de cuidados e apoiando a família,
A informação transmitida aos pais deve ser honesta, empática e frequente. Se a equipa concordar, a família poderá permanecer junto do filho no decorrer
explicando-lhe que tipo de
intervenções estão a ser executadas pela equipa e quais as suas
finalidades.
da reanimação, desde que
devidamente acompanhada e que a sua presença não prejudique o decorrer da reanimação.
Bibliografia:
* European Resuscitation Council (2010). Suporte de Vida Pediátrico Europeu.
Recomendações ERC 2010. Bélgica: European Resuscitation Council
* Godinho, N. (2014) – Guia Orientador para a Elaboração de Trabalhos Escritos,
Referências Bibliográficas e Citações. Lisboa
* Grupo de Reanimação Pediátrica (2006). Curso Europeu de Suporte de Vida
Pediátrico. 3ª Ed. Porto: Editorial Board
* Hockenberry, M. J., Wilson, D., Winkelstein, M (2006). Wong Fundamentos de
Enfermagem Pediátrica. (7ª Ed.), Rio de Janeiro: Elsevier
* Howard, P., Steinmann, R. (2011). Enfermagem de Urgência da Teoria à Prática.
(6ª Ed.), Loures: Lusociência
* Madeira, S., Porto, J., Henriques A., Nieves, F., Pinto, N., Henriques, G. (2011).
Manual de Suporte Avançado de Vida. (2ª ed.) Lisboa: Instituto Nacional de
Emergência Médica
* Manuila, L., Manuila, A., Lewalle, P., Nicoulin, M. (2004). Dicionário Médico. (3ª Ed.). Lisboa: Climepsi Editores
* Nolan, J. P., Soar, J., Zideman, D. A., Biarent, D., Bossaert, L. L., Deakin, C., Bottinger, B. (2010). European Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation
2010. Porto: Conselho Português de Ressuscitação
* Sayre, M. … Hoek, T. (Col.) (2010). Guidelines PCR. American Heart
Association. Texas: Mary Fran Hazinski.
* www.aap.org/en-
us/search/pages/results.aspx?k=guidelines%20presence%20parents%20resuscit ation
Apêndice 10: Procedimento sobre a atuação dos enfermeiros no decorrer da
Logotipo do Hospital Grupo I de Lisboa Procedimento – PR Protocolo – PT Instrução de Trabalho – IT X Transversal Departamental Específico X Documento.Nº/Aplicação.Códig(Tipo de o Emissor)
Título: Atuação dos enfermeiros no decorrer da
reanimação pediátrica Emissor Código N.º Versão Emissor: Urgência Pediátrica ABCDE 0000 00
Elaborado Revisto Aprovado Próxima
Revisão Pág. 03/02/2014 Marta Escudeiro/Enfermeira dd/mm/aaaa Comissão de Reanimação mm/aaaa 1 de 14 Assinatura Assinatura 1. Objetivo
Uniformizar a atuação dos enfermeiros em situações de reanimação;
Contribuir para uma maior eficácia na atuação dos enfermeiros em situações de reanimação; Incluir e apoiar a presença dos pais no decorrer da reanimação, sempre que estes manifestem vontade;
Identificar os enfermeiros I, II e III que intervêm em situações de reanimação;
Definir as funções dos enfermeiros I, II e III que intervêm nas situações de reanimação.
2. Âmbito
Enfermeiros da Urgência Pediátrica