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O material oriundo dos dados coletados pelas fontes apresentadas anteriormente foi organizado em 3 (três) cadernos distintos, um para cada técnica de coleta:

1) Questionários:

A) Q1 – refere-se à ficha perfil;

B) Q2 – refere-se ao questionário para averiguar as opiniões dos professores em relação ao curso;

C) Q3 – refere-se à avaliação processual da EAPE; D) Q4 – refere-se à avaliação final da EAPE;

2) Documentos produzidos no curso:

A) interações no AVA: documentos pessoais escritos e disponibilizados nos fóruns;

B) interações no WhatsApp: fotos, vídeos de aulas dos professores, registro escrito;

C) atividades dos eixos temáticos: imagens, gravações, fóruns no AVA e registros encaminhados por e-mail;

3) Observação participante:

A) o material produzido pelos alunos foi complementado pelas minhas observações pessoais, o que gerou um Diário de Campo.

Inicialmente, foi feita uma cópia de todo o material disponível no AVA. Esse material corresponde às letras das paródias, aos Q1, Q2, Q3, Q4, às reflexões dos fóruns e aos depoimentos e reflexões no WhatsApp enviados para o meu e-mail. Todos os dados foram organizados no programa Word, com fonte Times New Roman, tamanho 12. A impressão resultou em 123 (cento e vinte e três) páginas numeradas.

Quanto às aulas presenciais, elas foram planejadas aula por aula e registradas em uma agenda. No final de cada encontro, as alterações e ajustes ocorridos foram registrados para posterior análise; então, planejava-se o encontro seguinte. As anotações de todos os encontros foram descritas em um diário de campo, pois nem todas as reflexões dos professores foram gravadas, devido à dinâmica do curso. Assim, foram registrados 26 (vinte e seis) encontros.

As fotos e vídeos das aulas foram salvos em quatro pastas: 1) fotos e vídeos de atividades do VM; 2) fotos e vídeos de aulas desenvolvidas pelos professores/cursistas na sua sala de aula; 3) fotos e vídeos das atividades socializadas por eles no curso; 4) fotos de novos instrumentos criados por eles. Esse material encontra-se em arquivo particular e no acervo privado do AVA da EAPE.

4.6.2 Análise dos dados

Refletir sobre o processo desta pesquisa, regulada por uma abordagem qualitativa, me possibilita, como lembra Bresler (2000, p. 6), dar ênfase à descrição e interpretação, e, ainda, incluir “aspectos internos, percepções e perspectivas”. Nessa abordagem, Geertz (1973), citado por Bresler (2000, p. 6), percebe que o pesquisador “é um animal suspenso nas teias de significado que ele próprio teceu”. O curso VM apresenta significados tecidos pelos

professores/cursistas de tal forma que eu me vi entrelaçada por eles no processo de compreensão das ações formativas do curso. Eis o motivo do “olhar” para os professores como um todo, ou seja, todos os professores/cursistas são sujeitos desta pesquisa. Em consequência, muitos dados foram gerados nesse processo, o que me levou a analisá-los e a sintetizá-los de forma contínua, a partir dos primeiros dados colhidos no curso de 2015. Apesar dessa síntese contínua, a abrangência dos dados me provocou a iniciar um processo de redução.

A Análise de Documentos, gravações, letras das paródias e fóruns, lidos e analisados durante o curso, foram os primeiros dados a serem interpretados. Em seguida, foi realizada a leitura dos questionários obedecendo a sua ordem de aplicação: Q1, Q2, Q3 e Q4. Durante as leituras preliminares, as questões abertas se destacaram com contribuição singular para o trabalho e possibilitaram conhecer as opiniões dos professores/cursistas; assim, as questões fechadas ficaram limitadas às informações sobre o perfil destes. Por último, foram analisadas as observações e relatos do diário de campo.

A análise, segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 234), envolve a procura de regularidades de palavras, frases e concepções, preferencialmente as não familiares, tendo como base os objetivos da pesquisa e o referencial teórico. A partir das leituras, foram identificadas categorias de códigos, agrupados, inicialmente, em três categorias mais abrangentes: 1) o curso VM; 2) os professores; 3) o ensino e a aprendizagem. Por sugestão dos autores, a essas categorias foi incorporado “um vasto leque de atividades, atitudes e comportamentos” (p. 234), identificados como subcategorias.

Para cada categoria, foi criado um código numérico, que orientou as leituras seguintes e facilitou a identificação das categorias no texto. Após muitas leituras, ficou perceptível que alguns subcódigos se complementavam, o que reduziu os 45 (quarenta e cinco) subcódigos iniciais para 21 (vinte e um). Nesse processo, as três categorias de codificação iniciais, mais abrangentes, se transformaram em cinco: 1) Olhar-me no espelho com o outro: a interação no curso “Vivências com a Musicalização”; 2) o curso em ação: a experiência direta com a música; 3) a ação pedagógica no VM e as impressões dos professores sobre o curso; 4) o desenvolvimento profissional e pessoal dos professores/cursistas; 5) sugestões para o curso. Dessas cinco categorias abrangentes, emergiram 21 (vinte e uma) subcategorias.

Elas surgiram no processo de análise contínua, da reflexão com a literatura e das interpretações baseadas em minhas perspectivas como investigadora da pesquisa. Referente a esse processo, Bogdan e Biklen (1994, p. 229) reconhecem que os valores sociais e as

maneiras como investigadores dão sentido ao mundo podem influenciar nos processos, nas atividades, nos acontecimentos e nas perspectivas que consideram importantes para codificar.

O VM é visto como um espaço social cujo ambiente é formado por seres humanos criativos, que interagem e são detentores de saberes prévios. Nesse sentido, as minhas interpretações podem, de acordo com a perspectiva de Bogdan e Biklen (1994), atribuir novos valores às análises. Tal reflexão me remete a Stake (2011, p. 149) pois, para ele, “parte do trabalho de nossa pesquisa é sistemática, e poderia ser mais, mas é deliberadamente original”. Essa atitude permite considerar que, na análise de dados, como argumenta Bresler (2000, p. 7), “[...] a orientação dos acontecimentos e os seus pontos de convergência emergem frequentemente durante a recolha de dados. O todo adquire forma à medida que as partes vão sendo examinadas.” Nesse processo minucioso de interpretação e (re)interpretação das partes é que o todo da análise desta pesquisa se concretizou.

4.6.3 Apresentação dos dados

Os dados são apresentados de acordo com a natureza dos instrumentos de coleta. Assim, em alguns momentos da apresentação dos resultados, os professores/cursistas são identificados pelos seus nomes e, em outros, pelo código dos questionários Q1, Q2, Q3 ou Q4. Quando identificados pelo nome, subentende-se que o instrumento de coleta é “documental”: paródias, fóruns de discussão no AVA e depoimento final: “Eu, antes e depois do curso ‘Vivências com a Musicalização’”.

4.6.4 Os procedimentos éticos

A pesquisa-ação requer cuidados éticos essenciais, que preservem a integridade pessoal e a confiabilidade dos seus participantes. Contudo, Bresler (2000, p. 20) lembra que “as posturas éticas implicam dois rumos de compromissos: em relação aos participantes do estudo e em relação à comunidade de leitores”. Quanto aos participantes, os professores/cursistas foram comunicados sobre a pesquisa desde o primeiro encontro. Alguns fatores possibilitaram que a coleta de dados ocorresse de forma muito natural, não interferindo na condução do curso: 1) filmar as atividades – foi gerado pela própria iniciativa dos professores; 2) AVA – fazia parte da própria sistematização do curso; 3) Q3 e Q4 – foram aplicados na própria sistematização institucional da EAPE. Diante da consciência prévia da abrangência de dados, apenas o Q2 foi elaborado especialmente para esta pesquisa.

Em relação aos leitores, o meu compromisso foi de reproduzir da forma mais fiel e literal a fala dos professores/cursistas.

Dentre os cuidados/providências tomadas, foram assinadas cartas de cessão de direitos das imagens, dos vídeos e documentos escritos e um termo de autorização de uso de nome (Apêndice C). Os professores foram informados da liberdade de participar ou não da pesquisa, assim como de optarem ou não por nomes fictícios. Por fim, a estreita e confiante relação com os professores/cursistas – competência que Bresler (2000) considera necessária a todo investigador qualitativo – foi criada e mantida durante todo o processo do curso, gerando vínculos de amizades que, provavelmente, não serão desfeitos.

5 O CURSO “VIVÊNCIAS COM A MUSICALIZAÇÃO”

Só não posso dizer que esse Curso é a realização de um sonho, pois jamais ousei pensar que um dia teria essa oportunidade. É um curso completo. Permite que eu seja EU COMPLETA: posso ser durante três horas semanais corpo, alma e espírito... [...] nas aulas, tenho total permissão para ser desengonçada, estar fora do ritmo e rapidamente me encontrar. É no pé, na mão que sinto o pulsar, o ritmo. Com as mãos e ouvidos, conheço novos instrumentos. E pensando na minha alma... Ah que delícia é cantar, tocar flauta... (ROMINA).

A fala registrada sintetiza, de forma articulada, os diversos elementos que norteiam a concepção e a proposta do curso VM.

Inicialmente, a Romina se refere ao curso como uma oportunidade que, nesse caso, só é possível de ser concretizada devido à existência da EAPE. Ela cita, dentre outras coisas, questões relacionadas à estrutura do curso – três horas semanais – e seus princípios – liberdade para vivenciar a música. Apresenta, ainda, algumas atividades que constituem o plano de curso: percussão corporal, locomoção, canto, manuseio de instrumentos de percussão e flauta doce. Subentende-se, na sua fala, uma dinâmica que possibilita alcançar os objetivos do curso VM.

O contexto do curso será apresentado de forma mais detalhada neste capítulo. Inicialmente, eu situo o leitor sobre o campo empírico desta pesquisa e apresento os professores/cursistas de 2015. Em seguida, na estrutura do curso, serão destacados 1) carga horária, 2) público-alvo, 3) material de apoio e 4) planejamento temático.

No tópico 5.4 apresento os princípios, objetivos e o processo do curso VM para a mobilização de saberes pedagógicos musicais. Por último, apresento os instrumentos de avaliação utilizados para (re)pensar o curso continuamente.

5.1 CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO