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CAPÍTULO II À DESCOBERTA DO PROBLEMA

3. PROCEDIMENTOS

Este estudo tem como contexto o domicílio dos participantes, mas para privilegiarmos este contexto, tivemos necessidades de ter como ponto de partida os cuidados de saúde primários, através dos centros de saúde, como já referido.

Recorreremos a um grupo de pessoas que posteriormente foi alvo da nossa intervenção e a um grupo de controlo, com idênticas características. Face à dispersão geográfica e à necessidade da investigadora manter as suas funções como docente, delimitámos a nossa intervenção às pessoas com DPOC em tratamento com OLD do concelho de Viana do Castelo, cuja área de abrangência se situou nos CS de Viana do Castelo e Darque, sendo que o grupo de controlo foi delimitado ao concelho de Ponte de Lima.

A seleção das amostras assentou nos seguintes critérios de inclusão:

- Mini-Mental State Examination com valores superior a 18 e a 23 pontos, conforme ausência ou presença de escolaridade

- Pessoas com DPOC em tratamento com OLD, em estadio III e IV

- Pessoas com idade até 75 anos

- Pessoas que nunca foram alvo de reabilitação respiratória

A investigadora e a colaboradora da prática clínica, enfermeira especialista de reabilitação, procederam à 1ª fase de recolha de dados (outubro e novembro de 2009), correspondendo à avaliação do estado cognitivo e ao 1º momento de avaliação, de todos os elementos que obedeciam aos critérios de inclusão, através do Questionário Sociodemográfico e Clínico, o Questionário Hospital Saint George na Doença Respiratória (SGRQ), o Índice de Barthel e a Escala de Atividade de Vida Instrumentais de Lawton. Os dados foram sujeitos a uma análise quantitativa usando o Programa Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 19.0, com recurso a estatística descritiva (média e desvio padrão) e inferencial (teste t para amostras independentes, e qui- quadrado, com p≤0,05) e à base de dados Excel, para determinação dos scores do SGRQ, conforme recomendação dos autores do mesmo.

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A fidelidade foi avaliada através do coeficiente alfa de Cronbach, pois permite avaliar se o grau de variância total dos resultados do teste, se associa ao somatório da variância item a item. Segundo Pestana e Gageiro (2008) um alfa inferior a 0,6 é inadmissível, de 0,7 a 0,8 é razoável, 0,8 a 0,9 é bom e superior a 0,9 muito bom.

Procedemos em simultâneo à análise qualitativa, no que se refere essencialmente aos sintomas e atividades básicas e instrumentais com base nos relatos espontâneos dos doentes, com recurso à análise de conteúdo baseada em Bardin (2000) que consiste num conjunto de técnicas de tratamento das informações contidas nas mensagens, de forma a conhecer as reais necessidades dos participantes, para se prever o PRR de acordo com a individualidade de cada um.

Os relatos dos participantes e restantes notas de campo, registadas no portefólio do investigador, foram analisados qualitativamente, pela investigadora principal, no sentido de garantir uma maior uniformidade e rigor na análise de todos os registos efetuados.

Nesse sentido, privilegiámos todos os testemunhos/relatos que nos foram transmitidos, de forma espontânea pelos participantes do grupo de experiência (GE), não existindo como ponto de partida nenhuma questão específica, mas escutando as suas histórias e valorizando-as como algo de muito importante para a compreensão dos factos e da forma como cada um lidava com a sua doença.

Parker e Wiltshire (2005) referem que a enfermeira investigadora “recolhe histórias”, mas que lhe dá forma numa “narrativa””, isto porque a história curta (relato, testemunho) vai permitir uma reflexão que conduz a uma melhor compreensão da situação. Também, no entender destes autores a narrativa “… envolve o desocultamento ou criação de significado no contexto da experiência” (p. 113).

Analisamos estas narrativas numa fase inicial da investigação, para desta forma e em conjunto com a análise dos outros dados obtidos, dar contributos para uma contextualização mais consistente do problema e permitir a construção de um PRR mais adaptado a cada pessoa.

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Como técnica de tratamento da informação utilizamos a análise de conteúdo, que segundo Bardin (2000), é uma técnica que oscila entre dois polos, o do rigor e objetividade e o da subjetividade. Assim, face ao conteúdo das narrativas, procedemos à sua análise não perdendo de vista as linhas orientadoras do estudo. Lemos e relemos cada narrativa de forma a obtermos o sentido do todo. Durante as leituras fomos sublinhando as frases que poderiam apresentar-se como unidades de análise e os potenciais temas em que poderiam ser inseridas. Passámos a uma leitura mais pormenorizada e atenta à procura de “descobrir e estabelecer unidades de análise” (Goetz e Le Compte, 1988,p. 1761), que foram representados por siglas, atribuídas a cada um dos participantes (ex. vc1, vc2, … vc30) de modo a percebermos quais os reais problemas de cada um dos participantes e nos permitir posteriormente adequar a intervenção às necessidades expressas.

Seguidamente, confrontamos as diversas unidades significativas de cada narrativa, procurando semelhanças e diferenças. Posteriormente passou-se à identificação das sub-análises dentro das anteriormente estabelecidas.

Recorreremos, ainda, à triangulação de dados, pois esta estratégia permite a “ (…) comparação dos dados obtidos com a ajuda de dois ou vários processos distintos de observação, seguidos de forma independente no seio do mesmo estudo.” (Fortin, 2003, p. 322). A mesma autora salienta que a triangulação provoca um discurso científico interessante, permitindo estabelecer uma finalidade de investigação que satisfaz quer a diversidade quer a complexidade dos fenómenos em estudo.

Consideramos que com a utilização de diversificadas estratégias chegaremos à melhor compreensão da dimensão do problema em estudo, que nos conduzirá à elaboração do “Manual de Boas Práticas de Cuidados de Enfermagem Respiratórios para a Pessoa com DPOC, em tratamento com OLD”.

Durante este percurso foram realizadas diversas reuniões, com carácter periódico entre a investigadora principal e os restantes colaboradores. Procedeu-se ao registo no portefólio do investigador de relatos espontâneos dos participantes, reflexões, anotações das reuniões e outras situações consideradas importantes para o desenvolvimento do estudo.

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