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Para análise das relações institucionais no processo de implementação do Projeto Jaíba Etapa I, foi realizada pesquisa exploratória para compreender melhor o fenômeno e verificar a aplicabilidade da Teoria da Agência às relações intergovernamentais e/ou desenvolver uma nova compreensão para as relações estabelecidas por meio de convênios, o que também permite desenvolver conceitos e idéias. Considerou-se a abordagem adequada, pois há pouco conhecimento sobre o problema estudado. A pesquisa também tem características descritivas, em função do objetivo de identificar, compreender e descrever as categorias oriundas da Teoria da Agência.

Quanto aos meios, a pesquisa se caracteriza por bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica foi realizada visando a maior compreensão das diferentes interfaces da Teoria da Agência, que se centraliza na análise contratual ex ante e tem no seu modelo básico dois atores: o principal e o agente. De acordo com a teoria, a separação entre a propriedade (principal) e o controle de capital (agente) cria ambiente favorável ao surgimento de conflitos de interesses. Na pesquisa documental, realizada no período de fevereiro a maio de 2007, foram consultados os acervos da Ruralminas, da Codevasf e do Distrito de Irrigação Jaíba para identificar todos os convênios ou contratos firmados com o objetivo de implementar o Projeto de Irrigação Jaíba.

Foram identificados inúmeros convênios firmados entre, ou intra, os entes da Administração Estadual e Federal. Notou-se que em todos eles a Codevasf e Ruralminas se destacaram como agentes executores do Projeto, sendo a Codevasf (principal) responsável pelo fornecimento de capital e a Ruralminas (agente) pelo gerenciamento dos recursos. A partir de 1988, o Distrito de Irrigação Jaíba (agente) passou a figurar nos convênios, na qualidade de co-responsável pelo gerenciamento dos recursos. Dessa forma, optou-se por selecionar para o estudo apenas os convênios firmados entre os órgãos que se destacaram, visto que se tratavam dos principais responsáveis pelo processo de implementação do Projeto Jaíba.

Em todos os convênios analisados, foi observada a relação principal x agente, conforme apresentado no modelo teórico Teoria da Agência. Considerando que o objetivo do trabalho é analisar a implementação da Política Nacional de Irrigação e, ainda, considerando que o Projeto Jaíba foi concebido num período anterior à implementação da PNI, optou-se por selecionar apenas os convênios firmados a partir de 1984, ano em que entrou em vigor o Decreto nº 89.496, que regulamenta a referida política.

Dessa forma, foram selecionados para o estudo onze convênios, firmados entre o governo federal e estadual, envolvendo as entidades Ruralminas, Codevasf e Distrito de Irrigação Jaíba, com objetivo exclusivo de implementação do Projeto Jaíba.

Para facilitar a análise, os convênios foram divididos em grupos e foram codificados conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1. Apresentação dos convênios analisados.

Grupos Nº de Convênios Relação dos Convênios (Cód)

• Codevasf e Ruralminas Dois R1 e R2

• União e Estado Seis U1, U2, U3, U4, U5 e U6

• Codevasf e Distrito Três D1, D2 e D3

O primeiro grupo contempla os convênios firmados entre a Codevasf e a Ruralminas. O segundo se refere aos convênios firmados entre órgãos do Governo Federal (União) e do Estado de Minas, em que a Codevasf e a Ruralminas figuram como intervenientes. E, finalmente, o terceiro grupo, contendo os convênios firmados entre Codevasf e Distrito de Irrigação Jaíba. Em todos eles, a Codevasf manteve uma relação de permanência com o Governo de Minas, o que também contribui para classificá-la como principal no modelo da Teoria da Agência.

Para análise dos convênios, foi realizada primeiramente uma análise documental, que, segundo J.Chaumier apud Bardin (1977, p. 45), se trata de “uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo

de um documento sob uma forma diferente da original, a fim de facilitar num estado ulterior a sua consulta e referenciação”.

Posteriormente, foi aplicada a técnica de análise de conteúdo, que tem por objetivo identificar o que está sendo expresso sobre determinado assunto (VERGARA, 2005).

Na análise de conteúdo, os vários dados obtidos são classificados em algumas poucas categorias de conteúdo. Segundo Bardin (1977, p. 117), as categorias “são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos”.

A análise de conteúdo foi desenvolvida à luz da Teoria da Agência e os procedimentos foram realizados conforme demonstrado a seguir:

1) Caracterização e identificação dos atores (principal e agente), com base na Teoria da Agência.

2) Seleção dos convênios para análise. 3) Análise descritiva dos convênios.

4) Definição do tipo de grade e das categorias-eixo para análise, com base na Teoria da Agência.

5) Preparação do material (documentos). 6) Exploração do material.

7) Identificação das unidades de análise a partir do estudo empírico.

8) Agrupamento das unidades de análise em subcategorias, também definidas a partir do estudo empírico.

9) Agrupamento das subcategorias nas categorias previamente definidas. 10) Tratamento dos dados obtidos e interpretação.

11) Preparação do relatório.

Para a realização da análise, as categorias-eixo foram preliminarmente estabelecidas com base na Teoria da Agência, e estas se encontram apresentadas a seguir:

a) Fontes de interesses divergentes: ocorrem quando agentes e

b) Fontes de assimetria informacional: resultantes do acesso

diferenciado às informações ocultas ou ações ocultas e podem implicar comprometimento dos objetivos propostos pelas partes relacionadas ou por uma delas, quando da implementação de um projeto. Numa relação entre o principal e agente, a influência da assimetria pode ser percebida na medida em que o agente passa a fazer observações que não podem ser feitas pelo principal, mas, ainda assim, podem ser usadas pelo agente para tomada de decisão.

c) Monitoramento e controle: referem-se a mecanismo que tem como

finalidade avaliar e inibir a ação do agente e/ou estimular ações do agente para o alcance dos objetivos propostos pelo principal.

d) Controle de resultados não-pecuniários: mecanismos para

monitorar a ação do agente em relação a resultados não-pecuniários, comuns a projetos complexos, em termos de tamanho e abrangência, como é o caso do Projeto Jaíba.

As unidades de análise e subcategorias foram definidas a partir do estudo empírico e serão apresentadas junto aos resultados da pesquisa, que, por sua vez, serão apresentados por grupos de convênios e, posteriormente, nas considerações.