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Fluxograma 1 Análise dos pareceres emitidos pelo Conselho de Educação do Distrito

3.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Como primeiro passo para a coleta dos dados foi realizado o contato com o CEDF. Em seguida foram apresentados os objetivos da pesquisa e, com a devida autorização da instituição, realizadas as observações e acessado o site em que se encontram os pareceres deliberativos. Também foi disponibilizado aos participantes o termo de consentimento livre e esclarecido.

A observação foi realizada em cinco sessões deliberativas do CEDF. Após o acesso ao

site do CEDF, os pareceres foram lidos em sua íntegra e organizados usando-se uma

categorização temática. Feito isso, procedeu-se à análise dos pareceres mais representativos para a pesquisa em tela a fim de ser possível a análise do conteúdo desses documentos e posterior discussão das categorias elencadas.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste estudo, o eixo central é a análise dos pareceres emitidos pelo CEDF nos anos de 2011 e 2012. Desse modo, ganha status privilegiado a análise do conteúdo, uma vez que se busca – com base na redação dos pareceres – identificar as categorias que emergem da mensagem contida nesses pareceres. Ao se assentar em mensagens, a análise do conteúdo, a fim de ser legitimada como instrumento científico, solicita do pesquisador uma clara conceituação do que seja linguagem, inferência, significado e sentido.

Franco (2008) define a linguagem como uma elaboração concreta e real de uma sociedade e, por extensão, de um grupamento humano, ao qual comumente chamamos de ‘sociedade’. A linguagem, nessa perspectiva, é instrumento no qual e pelo qual o ser humano se representa e estabelece sua interação e construção de fatos históricos e, por consequência, estabelece sua humanidade, aqui entendida como sua singularizarão em um corpus social. Franco (2008, p. 13) assevera ainda que a linguagem deve ser entendida em uma concepção não formalista, na qual se deve levar em conta também “[...] a hermenêutica e toda a complexidade que acompanha a diferença que se estabelece entre significado e sentido” (grifo da autora).

O significado de um objeto está ligado às suas características estruturais, ao que o define, e desse modo pode ser compreendido. O significado em uma acepção mais coletiva, uma vez que se trata de algo produzido a partir da relação do indivíduo com o meio social e, principalmente, histórico. Desse modo, o significado possui um corpus mais estabilizado, que ‘desaguará’ nos sentidos (FRANCO, 2008).

Partindo desse pressuposto, a palavra ‘cidadania’ possui um significado mais ou menos estável, determinado por um grupo social em um dado momento histórico. Esse significado, portanto, reveste-se de uma conceituação mais generalizada, representando a ideia que um grupo sócio-histórico tenha a respeito desse signo. A partir do momento em que, dentro de um grupo maior, grupamentos específicos, em virtude de suas interações com o conceito de ‘cidadania’, por exemplo, atribuírem ‘gradações’ à representação desse significado, passa-se a ter a atribuição de um sentido a um determinado significado.

O sentido, portanto, apresenta-se como uma particularização do significado. Essa particularização é fruto de uma visão pessoal (que pode ser individual ou de microgrupos dentro de um macrogrupo) acerca do significado. A partir dessa visão mais particularizada

abre-se espaço para a concretização dos sentidos em uma prática social (FRANCO, 2008). Partindo-se mais uma vez do exemplo da palavra ‘cidadania’, é perfeitamente aceitável a presença de um significado que represente uma visão ampla, de um macrogrupo. Contudo, o modo como cada pessoa – ou cada microgrupo – se relaciona com o conceito de ‘cidadania’ levará, fatalmente, à atribuição de sentidos diferenciados a esse mesmo signo.

Bardin (2 11, p. 44) apresenta que “A intenção da análise de conte do é a inferência

de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)” (grifo da autora). Partindo-

se desse pressuposto, a inferência assume um papel fundamental na análise do conteúdo de mensagens produzidas que servirão de base para a discussão de questões relevantes – no caso desta pesquisa, os pareceres do CEDF.

Essa inferência, porém, deve ser uma dedução lógica de conhecimentos provenientes da mensagem que está sendo analisada. A proposição suscitada nesse procedimento deve ter uma ligação lógica com outras proposições ligadas à análise em questão e que são tidas com verdadeiras. Ou seja: a inferência de uma determinada categoria, advinda de um discurso emanado de um documento, por exemplo, deve estar embasada, argumentada em um conceito discutido e validado anteriormente e que, por isso, estará embasada empiricamente.

Bardin (2011) alerta que a inferência pode se dar a partir da procedência ou a partir do destinatário de uma mensagem. No caso específico deste estudo, as inferências emanam da procedência, dos emissores das mensagens contidas nos pareceres do CEDF – nesse caso, o próprio CEDF como um microgrupo dentro de um espectro social mais amplo. Desse modo, torna-se possível a análise de uma estrutura semântica (representada na mensagem dos pareceres) aliada a uma estrutura sociológica que permitiu a constituição daquela mensagem.

É fundamental o resgate desses conceitos neste momento deste estudo, uma vez que, dentre os instrumentos de coleta de dados desenvolvidos, a análise de conteúdo dos pareceres produzidos pelo CEDF entre os anos de 2011 e 2012 tem vital importância. A partir disso busca-se inferir outra realidade (que não é a produzida pela mensagem) com base na mensagem contida nesses pareceres.

Ao se escolher a análise de conteúdo como modalidade de embasamento metodológico para a análise dos pareceres emitidos pelo CEDF em 2011 e 2012, deve-se ressaltar as etapas que possibilitaram tal análise neste estudo. Embasando-se em Bardin (2011), as etapas da análise de conteúdo empreendidas são as seguintes:

a) Pré-análise: trata-se da organização dos procedimentos que nortearão a análise em si. Nesta fase, foram definidos os documentos que seriam sujeitados à análise (no caso deste estudo, os pareceres emitidos pelo CEDF em 2011 e 2012). Realizada essa ‘definição’, procedeu-se a uma ‘leitura flutuante’ dos pareceres, procedimento que permitiu uma ‘interação’ com os documentos e sua ‘organização’ temática. Essa leitura foi baseada em uma regra de exaustividade (BARDIN, 2011), tendo em vista que foi realizada a análise de todos os pareceres emitidos, num total de 553. Terminada essa leitura, buscou-se a relação dos pareceres com as categorias (definidas a priori) balizadoras da análise: cidadania, participação social e democracia e qualidade na educação.

b) Exploração do material: realizada a etapa da pré-análise, passou-se ao processo de exploração do material, momento em que se tornou possível o estabelecimento das inferências pertinentes. Essas inferências, por sua vez, foram embasadas no escopo teórico apresentado na revisão de literatura desta pesquisa como forma de se tornarem válidas.

c) Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: após a exploração do material, obteve-se um resultado bruto em relação aos pareceres. Esse resultado bruto, por sua vez, foi analisado à luz da teoria e, refinado a partir das inferências, possibilitou a interpretação e a apreensão de sentido nas categorias definidas a priori.

Finda a análise de conteúdo, foi possível realizar um confronto entre as observações das reuniões do CEDF e as categorias estabelecidas, quadro que possibilitou uma análise ampla do caso pretendido neste estudo: o comparecimento dos conceitos de cidadania, participação social, democracia e qualidade na educação nas decisões do CEDF.

O fluxograma a seguir, inspirado em Bardin (2011), apresenta o desenvolvimento da análise desta pesquisa:

Fluxograma 1 - Análise dos pareceres emitidos pelo Conselho de Educação do Distrito Federal nos anos de 2011 e 2012

Fonte: Elaborado com base na análise dos pareceres disponíveis no site do CEDF (2011 e 2012) e em Bardin (2011)

PRÉ-ANÁLISE

DEFINIÇÃO DOS PARECERES EMITIDOS PELO CEDF ENTRE 2011 E 2012 COMO CORPUS DE ANÁLISE

LEITURA FLUTUANTE DOS PARECERES

INTERAÇÃO COM OS PARECERES

ORGANIZAÇÃO TEMÁTICA

CONFECÇÃO DE GRÁFICO COM BASE NA ORGANIZAÇÃO TEMÁTICA DOS PARECERES

EXPLORAÇÃO DO MATERIAL

ESTABELECIMENTO DE INFERÊNCIAS INICIAIS PERTINENTES

TRATAMENTO DOS RESULTADOS E INTERPRETAÇÕES

SÍNTESE E SELEÇÃO DOS RESULTADOS

INFERÊNCIAS