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CAPÍTULO I – TUBERCULOSE: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA DOENÇA 14

CAPÍTULO 1 METODOLOGIA 51

1.4. PROCEDIMENTOS 54

1.4.1. Método de recolha de dados

Utilizámos para a recolha de dados a técnica da entrevista, porque no âmbito da investigação social, permite-nos a “aplicação dos processos fundamentais de comunicação e de interacção humana” (QUIVY, 1998: 191). De acordo com o mesmo autor (1998: 192), este método “caracteriza-se por um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores e por uma fraca directividade por parte daquele”. É uma técnica em que se assiste a “ (…) uma verdadeira troca, durante a qual o interlocutor do investigador exprime as suas percepções de um acontecimento ou de uma situação, as suas interpretações ou as suas experiências (…)” (QUIVY, 1998: 192). Este método de recolha de informações, é “ (...) bastante adequado para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes” (GIL, 1989: 113 ao citar Selttiz et al., 1967). Privilegiámos a Entrevista semidirectiva, também designada por semi-estruturada porque de acordo com RUQUOY (1997: 87), permitimos que “o próprio entrevistado estruture o seu pensamento em torno do objecto perspectivado”.

Segundo CARMO (1998: 138) ao citar Grawitz (1993) este tipo de entrevista, “é característica dos estudos exploratórios (…)” e estruturada “em torno de temáticas específicas (…)”. Também a este propósito GHIGLIONE e MATALON (2005: 64) referem que neste tipo de entrevista “o entrevistador conhece todos os temas sobre os quais tem de obter reacções por parte do inquirido, mas a ordem e a forma como os irá introduzir são deixadas ao seu critério, sendo apenas fixada uma orientação para o inicio da entrevista”. De acordo com QUIVY (1998: 192), “o investigador dispõe de uma série de perguntas-guia, relativamente abertas, a propósito das quais é imperativo receber uma informação da parte do entrevistado”.

Neste sentido, para uma melhor condução da entrevista e para não nos afastarmos dos objectivos a que nos propusemos, elaborámos um guião constituído por quinze (15) perguntas abertas e doze (12) variáveis de caracterização dos participantes (Anexo I). A colheita de dados realizou-se de Abril a Julho de 2005, período que nos pareceu alargado, visto que em média foi realizada uma entrevista e meia por semana. Consideramos que tal facto, teve a ver com a nossa inexperiência na realização de

estudos de investigação e também com a dificuldade em conciliar a nossa disponibilidade, com a dos entrevistados.

As entrevistas ocorreram na sua maioria (24) nas instalações do Centro de Saúde, no dia e hora indicada, pelos participantes do estudo. Apenas uma entrevista, decorreu em casa de um dos participantes, porque este se encontrava em fase de contágio, estando por isso a efectuar o tratamento em casa.

No decorrer das entrevistas foram respeitados seguintes princípios defendidos por QUIVY (1998: 77):

¾ “Fazer o mínimo de perguntas possível; ¾ Intervir da forma mais aberta possível;

¾ Abster-se de se implicar a si mesmo no conteúdo;

¾ Procurar que a entrevista se desenrole num ambiente e num contexto adequados; ¾ Gravar as entrevistas”.

Antes de iniciar a entrevista foram tidos em conta todos os princípios éticos exigidos por qualquer investigação (FERREIRA, 1998: 265), dos quais salientamos, a informação aos participantes dos “ (…) resultados da investigação” e a garantia da “confidencialidade da informação obtida (…)”.

Após a gravação áudio das entrevistas, estas foram transcritas na íntegra, passando a constituir o corpus de análise.

1.4.2. Tratamento dos dados

Tendo em conta os objectivos a que nos propusemos, demos início ao tratamento dos dados. Utilizámos a técnica de análise de conteúdo das entrevistas transcritas, uma vez que segundo vários autores é a forma mais adequada.

A análise de conteúdo é “uma técnica de investigação que permite fazer uma descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tendo por objectivo a sua interpretação” (FERREIRA, 1998: 251 ao citar Berelson, 1952 e 1968).

Também BARDIN (1977: 38) é da opinião que análise de conteúdo se refere a “um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens”.

A propósito da análise de conteúdo VALA (1986: 107), refere-nos que “tem uma enorme vantagem de permitir trabalhar sobre a correspondência, entrevistas abertas,

mensagens dos mass-media, etc. fontes de informação preciosas e que de outra forma não poderiam ser utilizadas de maneira consistente pela história, a psicologia e a sociologia”.

Optámos por efectuar a análise categorial, porque de acordo com BARDIN (1988: 37), este tipo de análise “pretende tomar em consideração a totalidade de um texto passando-o pelo crivo da classificação e do recenseamento, segundo a frequência ou ausência de itens de sentido”. Acrescenta ainda a mesma autora (1977: 37) que “É o método das categorias que permitem a classificação dos elementos de significação constituídos da mensagem”.

Também FORMARIER (1988: 102), ao citar Unrig (1974), considera a análise categorial, “…uma reorganização sob a forma resumida do que é dito... sendo as etapas:

1) – Identificação de temas considerados importantes, 2) – o seu reagrupamento em categorias,

3) – a eventual enumeração dos elementos que compõem estas categorias em função das variáveis.

Mas para tratar o material de análise é necessário codificá-lo. Para Holsti (1969) citado por BARDIN (2004: 97), “A codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exacta das características pertinentes do conteúdo”.

Para a codificação é necessário ter em consideração as unidades de registo e de contexto. Para BARDIN (2004: 98), a unidade de registo “ corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorização e a contagem frequencial”.

Segundo a mesma autora (2004: 100), “ A unidade de contexto serve de unidade de compreensão para codificar a unidade de registo e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores às unidades de registo) são óptimas para que se possa compreender a significação exacta da unidade de registo. Acrescenta ainda que pode “ser a frase para a palavra e o parágrafo para o tema” (BARDIN, 2004: 101).

Neste estudo vamos considerar como unidade de registo o tema. “Fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem a comunicação e

cuja presença ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para o objectivo analítico escolhido” (BARDIN, 2004: 99).

No sentido de concretizar o que já foi dito, demos inicio à análise das entrevistas, através de uma leitura flutuante das 25 entrevistas transcritas. Em seguida passámos à análise de cada uma das entrevistas para termos uma ideia mais consistente das mesmas, sob orientação das questões de investigação. Concordamos com BARDIN (2004: 95), quando considera “esta fase, longa e fastidiosa (…)”, principalmente quando os procedimentos são efectuados manualmente.

Elaborámos para a análise das nossas entrevistas uma grelha de análise, (anexo II), sendo todas as categorias e subcategorias definidas à posteriori e tendo como referência o significado atribuído aos segmentos de texto.

CAPÍTULO 2 – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS