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Procedimentos na aplicação da técnica e construção do consenso

CAPÍTULO 3 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES E METODOLOGIA

3.3 O MÉTODO DELPHI

3.3.2 Procedimentos na aplicação da técnica e construção do consenso

As fases envolvendo a aplicação da técnica Delphi, neste trabalho, são mostradas na figura 4, a seguir.

Figura 4 − Fases da aplicação da técnica Delphi Fonte: RIGGS, 1983, p.90

Na primeira etapa, antes da elaboração das questões, é preciso definir claramente o problema e os objetivos, o resultado desejado e o tempo necessário para sua execução. A segunda etapa passa pela determinação dos parâmetros na literatura especializada, que se traduzem em necessidades específicas de informação. Esses critérios e questões devem estar articulados com as respostas possíveis às hipóteses básicas do trabalho e os objetivos da pesquisa. A seguir, em uma terceira etapa, formula-se o questionário de acordo com as necessidades específicas do estudo, interagindo com especialistas do setor, para assegurar a correção técnica das questões formuladas. A elaboração das questões deve ser conduzida com cuidado, evitando ao máximo a ambigüidade. Nesta pesquisa, em paralelo foram sendo

Definição do problema

Determinar a perícia Selecionar peritos Preparar questionário

Distribuir questionário

Analisar as respostas dos Chegaram a um consenso?

Não

Providenciar informações requeridas e tabular respostas Preparar o próximo questionário

Compilar respostas finais e disseminar resultados (relatório final)

selecionados os especialistas que participaram do painel, os quais receberam o questionário por via eletrônica. Após cada rodada as respostas foram sistematizadas e procedeu-se à verificação do consenso entre os especialistas.

A técnica Delphi sugere que os questionários sejam distribuídos repetidamente, com informações dos questionários anteriores, que são analisados e reformulados pelo coordenador da pesquisa. Os dados podem ser descritos com métrica ou apresentados em forma de gráfico de respostas. Quando as respostas forem radicalmente diferentes, solicita-se a justificativa do respondente. O propósito é repetir o processo até se conseguir o consenso, de acordo com Massini (1993, apud LAND, 2006, p.2).

Com relação às respostas recebidas, deve-se tomar cuidado com o consenso artificial, segundo Lang (2006) e Giovinazzo (2001). Para evitar que isso aconteça, os painelistas devem ser contatados e motivados a participar em todas as rodadas e todas as respostas devem consideradas para não desestimular os que não concordam com a opinião da maioria. Em caso de respostas negativas dos painelistas, o questionário será reestruturado para uma próxima rodada. Caso a segunda rodada possibilite o consenso, compilam-se as respostas, analisa-se e se redige a proposição final, objeto deste trabalho.

A estruturação do questionário deve receber uma atenção especial, uma vez que pode causar grande impacto na continuidade do estudo. O ideal é pré-testar a primeira rodada do questionário Delphi, para assegurar o entendimento das questões por parte dos painelistas. Após o recebimento dos questionários as respostas são tabuladas e recebem um tratamento estatístico simples, no qual se define a mediana e o quartil – o primeiro quarto de respostas com maior incidência –, associando os argumentos às tendências das respostas. Esses resultados, juntamente com o questionário, são devolvidos aos respondentes para avaliar as respostas representadas nos gráficos com métricas e as justificativas dadas aos respondentes nas rodadas anteriores, conforme Wright e Giovonazzo (2000) e Lang (2006).

De acordo com Riggs (1983) e Woudenberg (1991) após o retorno das respostas, sistematizam-se os dados, analisa-se e promove-se a segunda rodada com as questões definidas. Com o retorno e a sistematização pode-se questionar se os painelistas já evidenciaram um consenso. Após a definição do consenso, elabora-se o relatório final e solicita-se a concordância dos painelistas quanto ao resultado obtido. A definição de um consenso é possível observar já na segunda rodada, mas o alto consenso não é necessário e nem condição suficiente para exatidão elevada. Ou seja, é mais provável observar-se um consenso do que exatidão nas respostas dos painelistas, porque a concordância entre os painelistas é resultado da pressão forte do grupo para a conformidade das respostas.

Neste trabalho, a técnica será utilizada como apoio para a tomada de decisão, tendo em vista a diversidade e incerteza dos cenários e dos sistemas complexos nas universidades. Optou-se pelo método Delphi por ser adequado a abordagens de previsão do futuro e preservar a heterogeneidade dos participantes. Ele é adequado também por ser um campo de pesquisa novo, em que o progresso depende de fatores sociais externos e fatores tecnológicos internos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, onde a heterogeneidade dos participantes será usada para obter idéias, planejar, fotografar ou criar um cenário.

A técnica Delphi virá acompanhada de outros estudos sobre a implementação de programas EAD em outras instituições do Brasil e do exterior, além das informações dos especialistas na área. Assim, os resultados obtidos contribuirão para a elaboração de uma proposição para a implementação da EAD nas universidades. A opção por aplicar esse método a especialistas de IES de Santa Catarina de caráter comunitário mostrou-se coerente porque essas instituições não apresentam estudos específicos sobre a tomada de decisão, e também porque apresentam características de funcionamento semelhantes entre si. Elas se configuram como organizações públicas de caráter privado, que oferecem ensino, pesquisa e extensão, tendo parte de seu funcionamento financiada por verbas públicas do Estado e do município. A maior parte do orçamento advém dos recursos dos alunos, o que se constitui num aspecto central para qualquer planejamento e tomada de decisão das universidades comunitárias de Santa Catarina.

Além disso, o acesso a opiniões de especialistas do núcleo de EAD possibilita um

feedback da caminhada das IES, o que permite realimentar os participantes com novos

conhecimentos, por meio das respostas dadas pelo grupo de especialistas. A sistematização dos dados é necessária para que os resultados possam ser alcançados e para isso foram tomados alguns cuidados, como a composição dos painelistas, os quais devem ser especialistas na área de EAD, com tempo comprovado e produções já publicadas na área, para tornar o resultado da pesquisa mais consistente, e a sistematização das informações, com a descrição do método estatístico utilizado.

O questionário foi enviado por correio eletrônico, por meio de um formulário e, posteriormente, as respostas foram organizadas em quadros e encaminhadas para uma planilha eletrônica Excel. Os especialistas foram contatados por telefone e por e-mail, e preencheram o questionário, que foi devolvido por correio eletrônico para o coordenador do projeto. A transposição dos fatores críticos será desenvolvida a partir da literatura consultada. A descrição do roteiro da pesquisa á apresentada na figura 5.

Figura 5 − Roteiro da pesquisa

Fonte: Elaborado por Pedroso, G. M, J., 2005. Aplicação da técnica Delphi e identificação dos FCS

Criação de uma proposição para as universidades implantarem EAD

Validação ou não do Tema: Organizações universitárias e universidades comunitárias, sistemas complexos, conceituação e características de EAD, fatores críticos de sucesso e o método Delphi

Pesquisa bibliográfica

CAPÍTULO 4 APLICAÇÃO DA TÉCNICA DELPHI E CRIAÇÃO DE UM