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PROCESSAMENTOS DE MEDICAMENTOS EM ÁREAS ASSÉPTICAS O processamento asséptico é dividido em operações unitárias (por

VALIDAÇÃO DE OPERAÇÕES ASSÉPTICAS NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA: MEDIA FILL

3.3 PROCESSAMENTOS DE MEDICAMENTOS EM ÁREAS ASSÉPTICAS O processamento asséptico é dividido em operações unitárias (por

exemplo, esterilização do produto ou componentes, incluindo filtração estéril, montagem de componentes, manuseio e armazenamento de produtos esterilizados) e é necessário que as potenciais fontes de contaminação a partir de materiais, componentes, produtos, pessoal, instalações, equipamentos e utilidades, tais como sistemas de água devem ser considerados e minimizados.

Somente se todos os riscos de contaminação forem reconhecidos, quando possível minimizados, eliminados ou controlados e finalmente tiverem sido avaliados como aceitáveis, pode o controle do processamento asséptico ser considerado aceitável. É necessária a validação adequada dos elementos específicos do processamento asséptico. Assim, os estudos de simulação de operações são elementos essenciais (ISO, 2008).

O processamento asséptico deve ser realizado em áreas limpas e a entrada de pessoal para essas áreas deve ser realizada através de antecâmaras onde deve ser realizada a vestimenta adequada para entrada nessas áreas. As áreas devem ser mantidas dentro de padrões de limpeza adequados e devem conter sistemas de ventilação que utilizem filtros de eficiência e eficácia comprovada (BRASIL, 2010).

O processamento asséptico é uma atividade composta de várias operações unitárias que precisam ser combinadas de forma eficaz para manter a esterilidade. O propósito da definição do processamento asséptico é obter uma compreensão abrangente da integração dos diferentes elementos necessários.

A justificativa do uso do processamento asséptico deve ser documentada, pois a preferência é que seja realizada a esterilização terminal (ISO, 2010).

Segundo a Farmacopeia Brasileira 5ª edição, é necessária a certificação e a validação de todo o processamento asséptico e das instalações assépticas.

Assim, é possível realizar a qualificação e validação através da confirmação da eficiência dos sistemas de filtração, pelos procedimentos de monitoramento ambiental e microbiológico e através da Simulação de Enchimento Asséptico do produto, também conhecido como Media fill. Além disso, deve ser realizado o monitoramento da instalação asséptica que deve incluir o exame periódico de filtro ambiental, o monitoramento de rotina de material particulado e viável e o enchimento simulado com meio de cultura estéril (BRASIL, 2010a. USP, 2014).

4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho caracteriza uma pesquisa qualitativa por meio de um levantamento bibliográfico, tendo como fontes de consultas: o site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, Resolução RDC 658/2022; a Farmacopeia Brasileira e trabalhos científicos.

As pesquisas foram realizadas durante os meses de Agosto a Novembro de 2022. Os termos utilizados como palavras-chaves para pesquisas de normas e artigos para levantamento: Media Fill, Validação de Operações Assépticas, Controle de Qualidade, Boas Práticas de Fabricação, RDC 658/2022, Farmacopeia Brasileira, injetáveis, entre outros.

Primeiramente foi realizado o levantamento bibliográfico, em seguida foi feita uma análise a respeito dos aspectos teóricos abordados pelos autores, órgão e instituições, e então, foram selecionados os conteúdos pertinentes ao tema da pesquisa para elaboração deste trabalho.

5 DISCUSSÃO

A Farmacopeia é uma organização que desenvolve e publica normas para a fabricação de medicamentos com e sem receita médica, além de outros produtos para a saúde. Este é adotado oficialmente pelo País e, por se tratar de um documento oficial, todos os medicamentos produzidos no País, ou importa-los, são obrigados a adotá-la e seguir os seus procedimentos de controle de qualidade. A não adoção constitui-se em infração sanitária sujeita a penalidade legais (BRANDÃO,2001).

O controle de qualidade é considerado umas das mais importantes

funções dentro da indústria, pois são responsáveis por testar frequentemente todos os processos, ambientes, pessoas, matérias utilizados nos processos, a fim de garantir que os produtos finais estão eficazes e livre de contaminação.

Visando que qualquer contaminação no produtos final pode gerar grandes impactos negativos para indústria farmacêutica, possibilitando trazer risco a saúde do paciente ou consumidor, por conta de contaminação por microrganismos patogênicos, incluindo perda de pontos na BPF, gastos financeiros, redução de cliente por perda de confiança, entre outras consequências.

A Fabricação de medicamentos designados estéreis e rigorosamente controlada e regulamentada, sempre em constate avaliação e adaptações.

As áreas limpas são consideradas locais de apoio e funcionam como ambientes em que componentes não estéreis, produtos formulados, matérias em processamento, equipamento e recipientes/botoques são preparados, mantidos ou transferidos. Segundo a Farmacopeia brasileira, a certificação e a validação do processo e instalações assépticas são realizadas por meio da confirmação da eficiência dos sistemas de filtração; pelos procedimentos de monitoramento microbiológico do ambiente e pela simulação de enchimento asséptico do produto, empregando meio de cultura estéril, conhecido como Media fill (BRASIL, 2010).

O Media Fill e considerado um teste que desafia os parâmetros das operações assépticas visando garantir e assegurar que os processos são capazes de resultar em produtos estéreis. Com objetivo de avaliar o risco de contaminação do processo real de envase.

Um teste positivo inicial seria inválido apenas em caso em que o crescimento microbiano pode ser inequivocamente atribuído a um erro laboratorial. Apenas quando estudos conclusivos e documentados demostrarem a ocorrência de contaminação, um novo teste deve ser realizado (UNITED STATES OF AMERICA, 2004).

Todos os microrganismos encontrados devem ser identificados até o gênero e, preferencialmente, espécie. Deve ser realizada uma investigação para a determinação da possível fonte de contaminação (PIC/S, 2011).

Se o Processamento Asséptico falha, deve ser levado em consideração todos os produtos que foram fabricados durante o último teste de Media Fill satisfatório e o teste que falhou. Qualquer registro de desvio durante o teste de Simulação do Processo é importante para se permitir uma possível rastreabilidade da causa da contaminação e avaliação das consequências. A investigação deve apontar os lotes que poderiam ter sido afetados durante esse período, sendo necessário avaliar a disposição destes (PIC/S, 2011).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A validação de operações assépticas utilizando o método Media Fill é de extrema importância quando se trata de esterilização durante o processamento de medicamentos injetáveis, uma vez que a simulação de processamento asséptico pode garantir a qualidade sanitária dos produtos.

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou fornecer informações acerca da importância do controle de qualidade para a indústria, em especial para a indústria farmacêutica, destacando a relevância do método Media Fill para o processamento de medicamentos injetáveis, já que, se as operações assépticas forem utilizadas de forma consistente, é possível ter controle do procedimento de tal modo a garantir a segurança sanitária e os padrões de qualidade exigidos pela legislação brasileira.

7 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA. Instrução Normativa- IN Nº 35, de 21 de agosto de 2019. Dispõe sobre as Boas

Práticas de Fabricação complementares a Medicamentos Estéreis. Diário Oficial da União, Brasília, DF, de 22 de agosto de 2019, Seção 1, p 74.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA. Guias

Relacionados à Garantia de Qualidade - Revisão Periódica do Produto.

Brasília, DF, de 31 de outubro de 2006. Disponível em: www.anvisa.com.br.

Acesso em 17 de maio de 2022.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada-RDC 658, de 30 de março de 2022. Dispõe sobre as Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, de 31 de março de 2022, Seção 1, p 64.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA. Manual de Boas

Práticas de Fabricação Para Medicamentos, PE 009-14.1º de julho de 2018.

Disponível em: www.anvisa.com.br. Acesso em 18 de março de 2020.

ALMEIDA, Rinaldo L. Cuidados que a Indústria Farmacêutica Deve ter ao Fazer a Qualificação em Sistemas HVAC para Salas Limpas. Revista da Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação. N° 24, p. 35-41, mai./jun., 2006.

BRASIL. Farmacopeia Brasileira 5ª ed. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2010a.

BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia da Qualidade para Sistemas de Tratamento de Ar e Monitoramento Ambiental na Indústria Farmacêutica. 2013. Disponível em

<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d5d225804f8c

a88b81baf59a71dcc661/q ualidade_do_ar_final.pdf> acesso dia 07 de abril de 2022.

FLEURY, Luciana. Requisito fundamental para estéreis, 2017. Disponível em: https://www.sbcc.com.br. Acesso em 7 de maio de 2022.

GENNARO Alfonso R. Remington: a ciência e a prática da farmácia. 20 ed.

Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2004.

ISO – International Organization for Standard. Aseptic Processing of Health Care Products – Part 1: General Requirements. Geneva, 2008. (ISO 13408- 1:2008).

PDA – Parenteral Drug Association, Inc. Process Simulation for Aseptically Filled Products. Bethesda; 2011. (PDA - Techinical Report Nº 22, Revised 2011).

PIC/S - Pharmaceutical Inspection Convention. Pharmaceutical Inspection Co- Operation Scheme. Recommendation on the Validation of Aseptic Processes.

Geneva, 2011.

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Faculdade Metropolitana de Anápolis | https://www.faculdadefama.edu.br | Cadernos de Pesquisa | V. 1, Nº 3, 2023 | ISBN: 978-85-69676-29-4