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1 INTRODUÇÃO

1.2 MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO

1.2.2 Processo de análise da realidade objetiva do objeto

Após expor o processo em que foi definido o caminho metodológico da pesquisa, avançamos nesse item em detalhar como tratamos a realidade objetiva da produção do conhecimento lazer, considerando que esta vem sendo elaborada a partir de pesquisas stricto sensu produzida na pós- graduação no Brasil. Essa produção tendo uma existência social e histórica é determinada pelas relações que alicerçam a formação econômica capitalista, em vista que nas relações fundamentais que a consciência acumula com o ser humano concreto (individual e social), o conhecimento em geral que é sempre um fenômeno que se desenrola em estreita articulação com a existência social real, com o viver concreto dos homens e mulheres.

O reconhecimento do primado da realidade objetiva sobre os estudos do lazer que buscamos identificar, no que diz respeito a toda a problemática da

gnosciologia e da epistemologia36, em geral, não nos impôs apenas o estabelecimento da existência material do objeto refletido e do seu caráter determinante na reflexão, mas nos obrigou a ter dialeticamente em conta as condições concretas em que o próprio processo de conhecimento teve lugar nos cursos de pós-graduação nas universidades.

Realizamos o esforço em identificar a realidade objetiva da produção da práxis social do lazer, adotando no processo investigativo o reconhecimento das diversas orientações teóricas e metodológicas, recaindo numa tendência de realizar um estudo pautado em análises mais gerais e descritivas de críticas dos processos de conhecimento humano que têm elementos aplicados à pesquisa científica. Esse procedimento nos permitiu levantar questionamentos e análises constantes sobre a atividade fundamental da pesquisa que promove o desenvolvimento da ciência.

O conhecimento em geral é reflexo subjetivo da realidade objetiva. Ou seja, o caráter necessariamente subjetivo do reflexo não anula nem afasta o lugar determinante que a realidade objetiva pertence no ato de conhecer, mas muito pelo contrário, reclama-o e supõe-no indispensavelmente. Na

36 Para Sánches Gamboa (1996, p. 47) “os estudos epistemológicos procuram na filosofia seus

princípios e na ciência seu objeto e têm como função não só abordar os problemas gerais das relações entre a tradição filosófica e a tradição científica, mas também serve como ponto de encontro entre eles”. Esse encontro só é possível em uma prática concreta. Segundo Kosik (1995, p. 13) “a realidade não se apresenta aos homens, à primeira vista, sob o aspecto de um objeto que cumpre intuir, analisar e compreender teoricamente, cujo pólo oposto e complementar seja justamente o abstrato sujeito cognoscente, que existe fora do mundo e apartado do mundo; mas, apresenta-se como o campo em que se exercita a sua atividade prático-sensível, sobre cujo fundamento surgirá a imediata intuição prática da realidade. No trato prático-utilitário com as coisas – em que a realidade se revela como mundo dos meios, fins, instrumentos, exigências e esforços para satisfazer a estes – o indivíduo „em situação‟ cria suas próprias representações das coisas e elabora todo um sistema correlativo de noções que capta e fixa o aspecto fenomênico da realidade”. Sánches Gamboa (apud Chaves, 2005, p. 26) expõe a relação entre tipos de abordagens metodológicas e interesses humanos, os quais estabelecem três enfoques de abordagem que se fundamenta na tese da inseparabilidade do pensamento humano das três dimensões fundamentais da vida humana: Empírico analítico (interesse técnico de controle), histórico hermenêutico (interesse lógico, consensual e crítico- dialético (interesse crítico emancipador). Chaves (2005, p. 19) destaca os estudos que vêm sendo realizados e que despontam com grandes contribuições e que podem ser reconhecidos na produção acadêmica de teses, dissertações, relatórios de pesquisa, monografias, em todo o Brasil. Dentre os estudos ressalta: Sánches Gamboa (1987, 1989, 1996), analisou a produção em educação e Souza e Silva (1990, 1997) a produção acadêmica em Educação Física no Brasil. E cita, ainda, outros pesquisadores da área de Educação Física, como Faria Jr. (1991), Moreira (1992), Sérgio (1994), Torjal (1994), Gaya (1993, 1994), Tani (1998), Bracht (1999) Fensterseier (2001) e Betti (2002), que focam suas pesquisas em importantes referências aos estudos das tendências epistemológicas, das abordagens teórico-metodológicas e dos paradigmas científicos da Educação Física e das Ciências do Esporte no Brasil.

consciência do pesquisador é a realidade objetiva – independentemente do sujeito – que é refletida e apercebida, segundo as formas próprias do sujeito que as conhece; estas, por sua vez, ao longo de todo um processo histórico de formação, difusão e assimilação são determinadas e apuradas a partir do real.

Perseguimos, portanto na análise dos estudos produzidos, a propriedade comum do fenômeno da práxis social do lazer, isto é, como afirmamos anteriormente, por ser uma realidade objetiva, que existe para além da nossa consciência e que é refletida por ela nas relações estabelecidas pela formação econômica capitalista, em seu desenvolvimento.

A produção científica, que analisamos ao ser determinada por diversos interesses de linhas e áreas de pesquisas é a exposição de uma realidade concreta que tem um todo lógico-histórico determinado pelas condições de produção que são elaboradas nos centros de pesquisas das pós-graduações das universidades. Cada pesquisa configura uma totalidade concreta, um processo lógico de interesses de múltiplas determinações dadas objetivamente pela formação econômica capitalista, cuja essência buscamos reconhecer e identificar, pois é ela que determina a natureza do objeto.

Por reconhecermos que o conhecimento dialético da realidade não deixa intactos os conceitos no ulterior caminho do conhecer e que, portanto, não é uma sistematização dos conceitos que procede por soma, nos sustentamos em Kosik (1995, p. 50), quando ao falar da totalidade concreta, coloca que o conhecimento dialético da realidade “é um processo em espiral de mútua compenetração e elucidação dos conceitos, no qual a abstratividade (unilateralidade e isolamento) dos aspectos é superada em uma correlação dialética, quantitativo-qualitativo, regressivo-progressista”. (Grifo do autor). Para este filósofo, a compreensão dialética da totalidade significa que não só as partes se encontram em relação de interna interação e conexão entre si e com o todo, mas também que o todo não pode ser petrificado na abstração situada por cima das partes, visto que o todo se cria a si mesmo na interação das partes.

Considerando que a questão central da pergunta científica nos conduz a necessidade de identificar a realidade objetiva em que se apresentam os pressupostos ontológicos da produção do conhecimento da práxis social do

lazer na pós-graduação em Educação Física, nesta categoria ontológica, segundo Cheptulin (1982, p. 334), ao reproduzir a essência da formação material, tivemos a possibilidade de apreciar não somente o que representa essa ou aquela coisa em um momento dado, em suas relações dadas, mas igualmente qual pode ser seu comportamento em outro momento, em outras relações”.37

O primado do objetivo, do ser, da realidade objetiva da produção do conhecimento do lazer – histórico e social -, não anula a especificidade do subjetivo e das formas com que este se expressa na pós-gradução, mas pelo contrário, incorpora-as a si, sob certas condições, em função do que poderíamos denominar também de objetividade do pensamento. O pensamento verdadeiro que buscamos em nossas análises é subjetivo, no que diz respeito a sua forma ou modo de estruturação, e objetivo no que diz respeito à matéria.

Para revelar a lógica interna dos textos resumos das produções, isto é, para revelar a realidade explícita nos fatos, informações/dados, que têm uma propriedade objetiva do pensamento em geral produzido sobre lazer no Brasil, recorremos a um processo científico de indagações, apresentadas em uma ficha de análise, que teve como base os níveis de apropriação teórica dos objetos científicos, transformando-os em sínteses capazes de nos oferecer um substrato material e concreto dos traços da realidade objetiva a que se referem. Para esse procedimento metodológico elaboramos o instrumento - FICHA DE ANÁLISE DE RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES (apêndice D), que nos permitiu, a partir de uma determinada “lógica reconstituída”38

37 Para Cheptulin (1982, p. 339-340), do ponto de vista do materialismo dialético, “a realidade é

o que existe realmente e a possibilidade é o que pode produzir-se quando as condições são propícias”. Nesse fundamento, objetiva-se que: “Se a realidade representa o que existe realmente, não podemos distingui-la da possibilidade, porque a possibilidade também tem uma existência real. A possibilidade tem efetivamente uma existência real, mas somente como propriedade, capacidade da matéria de transforma-se em condições correspondentes, de uma coisa ou de um estado qualitativo em outro. Sob essa forma, isto é, como capacidade de transforma-se de um em outro, a possibilidade é um momento da realidade, como existência real.”

38 Segundo Sánches Gamboa (1996, p. 54) a “lógica reconstituída” é tratada a partir do modo

de “ver, decifrar, analisar e articular os elementos de uma determinada realidade”. Em sua tese de doutoramento, Sánches Gamboa (Idem, p. 54) desenvolve em sua análise de pesquisa um “Esquema Paradigmático” partindo da noção de paradigma, como estrutura lógica com propriedade de concretismo e seqüência analógica que envolve uma linguagem especializada anterior ao uso de teorias e métodos. Segundo o referido pesquisador, este instrumento foi elaborado a partir de uma adaptação e ampliação com base em estudos desenvolvidos por

reconhecer a totalidade concreta da realidade histórica que sustenta determinados pressupostos ontológicos que partem de fatos e conceitos que entram em movimento recíproco e se elucidam mutuamente.

Por histórico entendemos os processos de mudanças do objeto, as etapas de seu surgimento e desenvolvimento; portanto, buscamos entender o caráter histórico da construção científica; o lógico significa o meio através do qual o pensamento realiza a tarefa de apropriar-se do real em toda a sua objetividade, complexidade e contrariedade. Portanto, o lógico é o meio reflexo do histórico em forma teórica, ou seja, é a reprodução da essência do objeto e da história do seu desenvolvimento no sistema de abstrações (Kopnin, 1978, p. 183 – 184). A unidade estabelecida nas análises do lógico e o histórico foi premissa fundamental para a nossa compreensão do processo de movimento do pensamento dos pesquisadores sobre a criação da teoria científica das produções que investigamos.

A dedução (explicação), desde o princípio de partida dos pesquisadores nos estudos do lazer, considerando todos os aspectos que constituem a essência do objeto, supõe a análise do fundamento (do aspecto determinante da relação) em seu movimento de aparecimento e desenvolvimento, pois é precisamente no curso de seu desenvolvimento que o fundamento faz nascer e transformar outros aspectos e relações do todo (do fundamento) e assim, podemos recuperar na lógica reconstituída dos estudos, a essência do objeto tratado.

A representação da célula original do fundamento do todo estudado em movimento e desenvolvimento nos permitiu presumir a descoberta das

Bengoechea e outros. (1978), matriz denominada - Esquema para el analissis paradigmático -, que utilizaram para a construção de instrumento de análise dos grandes enfoques da teoria sociológica, os denominados genericamente: estrutural-funcionalista e marxista. A recuperação de elementos das produções pelo lógico reconstituído, enquanto possibilidade de apropriação da acumulação de conhecimento pelos pesquisadores nos permitiu reconhecer o conhecimento acumulado sobre as propriedade e ligações (leis) necessárias ao domínio estudado da realidade. Mediante esse processo, buscamos reunir todos os conhecimentos em um todo único e tratamos de considerar todos os aspectos (propriedades) e ligações (leis) necessárias do objeto em sua interdependência natural. A nossa reprodução, na consciência e no sistema de imagens concretas (conceitos) do conjunto dos aspectos e ligações necessárias próprios ao objeto, nos revelou o conhecimento de sua essência. Segundo Cheptulin (1982, p. 127), o movimento necessário em direção da essência do objeto começa com a definição do fundamento – do aspecto determinante, da relação – que desempenha o papel da célula original da tomada de consciência teórica da essência do todo estudado.

tendências contraditórias que lhe são próprias, na luta dos contrários que condiciona sua passagem de um estado qualitativo a outro.

Perseguindo no levantamento de dados da lógica reconstituída dos estudos o conhecimento desenvolvido, colocando em evidência suas contradições próprias no fundamento do lazer, descobrimos a passagem do objeto de um estado qualitativo a outro, que se efetua mediante a negação dialética de certas formas do ser optar teoricamente no que é positivo ou negativo para reconhecer a preservação ou não sobre o que passou sobre uma nova base superior do conhecimento produzido historicamente pela humanidade. Assim, buscamos, à medida que descobrimos novas propriedade e ligações necessárias do objeto, conseguir reproduzir a elucidação teórica da essência. Esse procedimento nos levou ao levantamento e a elaboração de um sistema de conceitos por seu reflexo, que se tornou mais preciso e completo para compreender a lei do movimento dos conhecimentos científicos produzidos nas dissertações e teses que tratam do objeto lazer.

A necessidade de reconhecer a totalidade nas produções científicas de estudos do lazer ocorreu por conta de que estas se revestem de especial importância quando pretendemos reconhecer a categoria ontológica histórica , como princípio teórico e ao mesmo tempo, uma exigência gnosiológica realmente autêntica.

A unidade básica da análise levantada a partir do instrumento referido nos permitiu um processo de elaboração de conhecimento, que segundo Bengoechea e outros (1978 apud Sánches Gamboa, 1996, p. 54):

Todo processo de produção de conhecimentos é a manifestação de uma estrutura de pensamento - qualquer que seja o nível de estruturação e coerência interna – que inclui conteúdos filosóficos, lógicos, epistemológicos, teóricos, metodológicos e técnicas que implicam maneira de agir e de omitir.

Para dar conta do processo em que todos os fatos e conceitos entram num movimento recíproco e se elucidam mutuamente, tivemos que reconhecer que esses elementos são organizados em diferentes níveis nas produções das pesquisas, em vista aos estudos da produção do conhecimento, que são:

técnico-instrumentais, metodológicos, teóricos, epistemológicos39. Com base nesses níveis de articulação dos elementos que se apresentam nas produções

stricto sensu, passamos a reconhecer os grupos de pressupostos

gnoseológicos e ontológicos, que segundo Kopnin (1978, p. 60 - 61):

A relação do pensamento com o ser é o ponto de partida de todas as categorias filosóficas do materialismo dialético, ponto que desempenha simultaneamente a função quer de ontologia, quer de gnosiologia, não de maneira como se existissem isoladamente sistemas de categorias ontológicas e gnosiológicas, mas de forma a que todas as categorias do materialismo sejam ao mesmo tempo ontológicas (no sentido de que têm conteúdos tomados ao mundo objetivo, ao ser) gnosiológicas (de vez que nelas se resolve o problema da relação do pensamento como o ser e elas mesmas são degraus no movimento do pensamento). [...] Tomando como ponto de partida às leis do pensamento e as leis do ser, o materialismo dialético supera o agnosticismo. O pensamento atinge a verdade objetiva, coincide por conteúdo com o objeto que fora dele se encontra porque ele mesmo se movimenta segundo as leis do objeto.

Mediante as considerações destacadas acima, foi fundamental instituir no instrumento (Ficha de Análise de Resumo das Dissertações e Teses), em que levantamos a lógica reconstituída das produções, a elaboração de um roteiro de questões para que a análise das produções pudesse ser encaminhada, sobretudo para a realidade ontológica, em vista que, nos conceitos e categorias do materialismo histórico dialético, a realidade objetiva que desvendamos está representada em vista dos objetivos da atividade prática da práxis social do lazer dos homens e mulheres, numa etapa determinada da sua evolução na produção histórica da existência humana. Para Kopnin (1978, p. 64):

A compreensão das leis do desenvolvimento da sociedade é indispensável para a fundamentação da tese sobre a consciência enquanto propriedade da matéria e produto do desenvolvimento social, sobre a prática como fundamento e critério de verdade, etc. Sem o reconhecimento das leis do desenvolvimento da sociedade é impossível criar uma concepção dialética do desenvolvimento.

39

Nos estudos de Silva (1997, p. 135 – 146), já destacados anteriormente (nota 37), reconhecemos elementos que identificam o que caracteriza os níveis e pressupostos das pesquisas científicas, enquanto atividades socialmente condicionadas e historicamente situadas. Esses elementos (informações/dados) encontram-se nos textos das produções de pesquisas em estudos de lazer. Para o seu reconhecimento e identificação foi essencial o instrumento da ficha, que elaboramos para levantamento dos elementos essenciais de análise.

O sujeito pesquisador de cada produção analisada, ao estabelecer uma ordem lógica para o tratamento metodológico do objeto, sob formas universais existentes, quando fez sua escolha, o fez pelo prisma das categorias que criou em sua consciência e, realizando uma síntese categorial, colocou em evidência propriedades e ligações próprias ao objeto tratado na pesquisa; em seguida, este colocou em evidência as formas específicas de sua manifestação em um domínio concreto da realidade da sociedade em que o objeto estabelece características qualitativas e quantitativas, em vista que as ligações de causa e efeito que lhes são próprias em uma dada formação econômica são advindas de leis geradas pelo funcionamento da sociedade e de seu desenvolvimento para atender a determinados interesses de classes.

Assim, buscamos a partir de pressupostos gnoseológicos e ontológicos tratados nas produções, identificar estruturas categorias que assegurassem o movimento do pensamento em direção à verdade, que é verificada em cada ação cognitiva e prática realizada pelos pesquisadores. Conseqüentemente, em virtude de repetições e de confirmações, na prática, podemos considerar o caráter de universalidade e de verdade científica (validação científica).

Segundo Sánches Gamboa (1996, p. 57), os pressupostos gnoseológicos se referem às “maneiras de tratar o real, o abstrato e o concreto no processo da investigação científica a qual implica em diversas maneiras de abstrair, conceptualizar, classificar, e formalizar [...]”. Já os pressupostos ontológicos nos permitem reconhecer as concepções de homem, de sociedade, de educação, de história, de trabalho e de lazer, que se articulam e que se referem a uma determinada concepção de realidade social, política e econômica. O trabalho, assim como o lazer são práxis da realidade social, cuja relação torna-se fundamental ser analisada nas produções da pós-graduação no Brasil.

Para estabelecer o processo operacional de tratamento as produções científicas (teses e dissertações), adotamos como ponto de referência de base para analisar o complexo conjunto de pesquisas - o nível teórico. Este nível nos permitiu reconhecer a realidade do tratamento do fenômeno lazer, seus núcleos conceituais básicos, os elementos críticos e acríticos mediante o

reconhecimento dos interesses de classes e projeto histórico de sociedade que explicita e implicitamente estão postos a partir de pressupostos ontológicos. Mediante os limites que nos impuseram o acesso das produções completas, depositadas e expostas em bancos de dados, explicitamos porque tivemos que recorrer a registros da leitura analítica de resumos da teses e dissertações. Para cada produção aplicamos individualmente uma ficha de análise, que foi numerada para contribuir com o processo de tipificação das produções, cuja forma expomos no capítulo V desse estudo. Este foi o processo que nos forneceu a lógica reconstituída do nível teórico dos estudos. A coleta de informações/dados extraída da Ficha de Análise recaiu sobre elementos contidos em cada produção, considerando: problema levantado, objetivo principal, hipótese, tipo de pesquisa, metodologia, resultados alcançados / conclusão; assim, buscamos identificar a totalidade concreta tratada sobre lazer nas produções, que são advindas de múltiplas determinações teóricas, que se apresentaram na condição de explicitação das mais simples para as mais complexas, que são expostas no quinto capítulo desse estudo. Na análise destes elementos buscamos reconhecer os pressupostos ontológicos (foco da nossa investigação)

A dialética da totalidade concreta que nos instrumentalizamos não é um método que pretende ingenuamente conhecer todos os aspectos da realidade em que se apresenta a práxis social do lazer nas produções analisadas, e que pudesse nos oferecer um quadro total da realidade na infinidade dos seus aspectos e propriedades, mas é uma teoria da realidade e do conhecimento que dela se tem como realidade, que segundo Kosik (1995, p. 44) pode ser entendida como concreticidade, que não sendo tratado caoticamente tem seu desenvolvimento, que vai se criando e cuja concepção de realidade decorre de certas conclusões metodológicas que se convertem em orientação heurística e princípio epistemológico para estudos, ou seja, tratamos da descrição, compreensão, lustração e avaliação de certas seções tematizadas da realidade, no que tange ao objeto teórico ou questões práticas