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Escola Surda Sugerida X Escola Regular

4.4 Processo de Aprendizagem

Weiss (2008, p.27) destaca a idéia básica de aprendizagem como:

Um processo de construção que se dá na interação permanente do sujeito com o meio que o cerca. Meio esse expresso inicialmente pela família, depois pelo acréscimo da escola, ambos permeados pela sociedade em que estão Esta construção se dá sob a forma de estruturas complexas.

“Toda a aprendizagem da criança na escola tem uma pré-história.” (WEISS, 2008, p.27).

Narrativas Atuais – Opiniões

Mantém-se o mesmo padrão utilizado no subitem 4.3.2 - Narrativas Atuais – Pesquisa sobre a Escola Regular Ano 2010.

1) Questionário: Item III – Educação de Surdos – Pergunta 07

Como acha que deve ser o processo de ensino/aprendizagem para os alunos surdos, na Escola Regular?

P1: “A visão é o sentido mais importante, é por meio dela que o surdo entende o mundo, isso torna imprescindível no processo de aprendizagem, deve haver muitas ilustrações, maquetes, pôsteres, cartazes, etc.”;

P2: “Não respondeu”;

P3: ”Com professores fluentes em Libras e com o auxílio de um instrutor surdo”;

P4: “Como o trabalho do fonoaudiólogo na escola é orientar equipes e professores quanto ao processo de ensino/aprendizagem, cabe também orientar quanto às dificuldades encontradas nas crianças surdas e nas dificuldades específicas de cada criança”;

P5: “Deveria ser em turno regular com intérprete”;

P6: “Ter libras (se puder), se não tomar o cuidado para que este aluno compreenda o tema abordado, tomando cuidado em esclarecer significado das palavras no seu contexto”;

P7: “Através de figuras e palavras”;

P8: “(...) não sou a favor da inclusão, então na escola regular, deve oferecer uma sala para alunos surdos de acordo com a série, com o professor especializado na área da educação de surdos. E também a escola deve oferecer cursos de Libras para os seus funcionários e aula de disciplina de Libras para os alunos interessados”;

P9: “A inclusão de professores surdos qualificados de ensino para surdos”;

P10: “Não penso que deveria ser inclusão, e sim interação, onde os alunos iriam dividir compartilhar momentos juntos, porém suas necessidades específicas seriam atendidas”;

P11: “Deve haver a troca entre professores e alunos, assim também como deveria ser com os alunos ouvintes”;

P12: “Com uma sala onde todos os alunos sejam surdos e as aulas sejam ministradas em língua de sinais, inclusive as avaliações. Que o professor saiba língua de sinais e entenda sobre especificidades da surdez, em vez de olhá-los pela perspectiva clínica”;

P13: “Em minha opinião poderia ter profissionais surdos que ajudariam bastante. Também usar materiais visuais para facilitar a aprendizagem dos alunos surdos”;

P14: “Com professores que dominem o idioma usado pelos surdos – Libras e que usem estratégia que atendam essa especificidade”;

P15: “Professores surdos, alteração do currículo escolar, salas especiais com professor surdo, etc.”;

P16: “Um ensino pautado na diferença funcional linguística apresentada por esse aluno. Onde sua L1 fosse respeitada como língua de instrução e sua L2, que é a língua portuguesa fosse somente língua escrita, não tendo o mesmo peso que tem para os alunos ouvintes”;

P17: “Os alunos surdos deveriam ter a mesma, ou melhor, formação que é dada aos alunos ouvintes. Eles têm apenas uma diferença lingüística que vira diferença em termos de rendimento e desenvolvimento cognitivo por não terem, muitas vezes, acesso a uma língua que faça sentido. Fundamento minha resposta na neuropsicologia”;

P18: “Como já mencionei anteriormente, aprendizagem significativa para surdos, em qualquer tipo de escola, depende de algumas condições: ambiente favorável à aquisição de língua de sinais: professores proficientes nessa língua: presença de intérpretes com boa proficiência na Libras; projetos pedagógicos elaborados com base nas especificidades dos aprendizes surdos: material didático que contemple as estratégias visuais utilizadas por surdos em seus processos de aprendizagem: contato da escola com pessoas da comunidade surda; orientação às famílias, etc. Creio que estamos um pouco longe de verificarmos essas condições nas escolas em geral”.

Narrativas Atuais – Opiniões

2) Questionário: Item III – Educação de Surdos – Pergunta 09

“Pode-se afirmar que o aluno surdo tem uma aprendizagem significativa, na Escola Regular?”

P1: “Não, nesse modelo que encontramos é difícil”. Outros Comentários:

“Nenhuma técnica ou estratégia de ensino é eficaz a não ser que práticas sólidas de ensino estabeleçam os fundamentos de sua sala de aula. A verdade é que a maioria dos alunos, mesmo os especiais, aprende a crescer

em sua sala de aula em que o professor usa estratégias eficazes que alcançam êxito com todos os alunos. Lembre-se que ser justo não quer dizer fazer a mesma coisa para todos, mas fazer o que cada um precisa”;

P2: “Sim, desde que com apoio específico, como também acontece com vários alunos, com deficiência ou não”;

P3: “Acredito que não. A idéia da inclusão não é de tudo ruim, porém há muito que mudar”;

P4: “É relativo, pois cada criança surda tem uma capacidade de compreensão, percepção, discriminação, interpretação, etc. A linguagem adquirida no ambiente familiar, o conhecimento e a experiência de vida é muito importante para uma aprendizagem significativa. O maior impedimento, muitas vezes, vem exatamente da família que demora a diagnosticar a surdez e, consequentemente, a estimulação, que quanto mais tarde ocorre, mais prejuízos a criança apresenta”.

Outros Comentários:

“Quanto mais conhecemos e convivemos com crianças surdas, mais nos envolvemos e nos comovemos com as aprendizagens. Um surdo aprender a falar, fazer inferências, abstrair, e compreender essa sociedade ouvinte é um verdadeiro milagre. Omitir essa possibilidade é um pecado. Quando questionada se não é egoísmo e comodismo exigirmos de um surdo a oralização, eu respondo que é, acima de tudo, muito amor. Cabe ao surdo o livre arbítrio para usar somente a Libras ou também fazer uso da fala oral”.

P5: “Caso ele tenha a sorte de ter uma professora que saiba libras sua aprendizagem será boa”.

Outros Comentários:

“Trabalho em uma escola particular para surdos que aceita ouvintes. Todos os professores sabem Libras. “As crianças surdas têm o atendimento de “fono”, semanalmente”.

P6: “Depende do que quer dizer significativo e também depende de aluno para aluno, se não tem outros complicadores, além da surdez, se a família trabalhe junto com a equipe, escola, professor e família. Se tudo estiver a contento o aluno aprende”.

Outros Comentários:

“Muito cuidado com o que se chama de “inclusão” principalmente em escolas particulares, às vezes com vontade de acertar (que o aluno aprenda) acaba excluindo-se este aluno de forma imperceptível Ex: o surdo frequenta algumas aulas com o grupo de colegas e em outras, nas quais têm dificuldades ele é separado para uma aula, digamos “particular”, preferiria que ele mesmo com dificuldade estivesse com os colegas e depois trabalharia a dificuldade. Ainda é muito cedo para se ter certezas, métodos infalíveis, profissionais conscientes. É acerto e erro, cada caso é um caso, o que usa com uma criança pode não dar certo com outra”.

P7: ”Não. Existe muito vocabulário que é naturalmente usado no universo do ouvinte que seria quase impossível criar uma forma de expressar esse vocabulário. O ritmo de ensino não tem como se comparar porque os desafios são diferentes. O aluno ouvinte passa por um processo de aprender as idéias e os conceitos, enquanto o surdo precisa, antes de tudo, aprender a língua, compreender o vocabulário para então captar as idéias e os conceitos”; P8: “Pode acontecer caso os alunos possam ser atendidos de acordo com sua especificidade linguística e recebam recursos que possam contribuir para a qualidade do seu aprendizado”;

P9: “O aluno surdo tem a facilidade para aprendizagem pela língua de sinais em relação da Língua Portuguesa”.

Outros Comentários:

Os surdos devem aprender a língua portuguesa com a 2ª língua, para produzir o acesso das relações da comunicação com ouvinte, podem ser

feitos nas escritas ou em oral, através da leitura labial. “Se treinam com professores da língua portuguesa e com fonoaudiólogos”.

P10: ”Particularmente penso que não, pois há muitas outras dificuldades que não são atendidas e esta é somente uma forma de mascarar as verdadeiras necessidades”;

P11: ”Não. Faltam professores qualificados para receber não só os alunos surdos, mas todos os alunos; Na falta desta qualificação, intérpretes de Libras, caso aquela escola tenha alunos surdos usuários desta língua; professores surdos formados e atuantes no trabalho com os professores ouvintes ou não. Como estes alunos terão troca?”

Outros Comentários:

“Creio que esta pesquisa seja de grande relevância e deve ser aprofundada, para que juntos possamos encontrar um melhor caminho para a educação como um todo, não só para surdos, mas também para ouvintes, que muitas vezes enfrentam grandes dificuldades, e não são notadas”.

P12: “Não. Os relatos que vi de surdos que estudaram em escolas assim não são felizes. Os surdos apenas copiavam a matéria, se esforçando para fazer leitura labial ou entender sinais que não são realizados respeitando a estrutura da Libras (português sinalizado) e por isso não fazem sentido. Muitos deles se viram sozinhos, estando presentes fisicamente, mas sem participação efetiva das aulas. O resultado é alunos que chegam à faculdade sem ter noção de conhecimentos básicos que já deveriam estar claros”;

P13: ”Depende dos surdos, como eu sempre estudei com a inclusão foi bom para mim, porque aprendi muita coisa, mas prefiro os surdos estudarem na escola especial, porque ajudar a língua Libras”.

Outros Comentários:

“Os surdos são inteligentes o que prejudica a aprendizagem deles é a falta da língua Libras, como foi aceita em 2002 pela Lei. “Então é importante utilizar Libras para os surdos”.

P14: ”Não, na maioria das vezes o surdo não consegue entender o que a professora fala, o que o livro didático diz e qual a sua obrigação, enquanto aluno”.

Outros Comentários:

“A Libras é a língua natural do surdo, então é necessário que a educação de surdo se dê nesse idioma e todas as adequações que se fazem necessárias ao uso desse idioma tem que ser feita; habilitar professores, uso da imagem em mais vezes, turma com um grupo de surdo para que esse sujeito se identifique”.

P15: ”Não”;

P16: “Vejo com muitos déficits em relação à aprendizagem de alguns alunos ouvintes”.

Outros Comentários:

“Em minha opinião, temos que pensar primeiro na questão cognitiva do aluno surdo. Se ele está sendo instruído em uma língua que não é a sua, essa cognição sofrerá uma perda, que poderá perpetuar durante muito tempo em sua vida escolar. Encontramos essas lacunas quando trabalhamos com sujeitos surdos adultos. O que vemos é um conhecimento até de mundo que falta muita informação”.

P17: “De forma genérica não podemos afirmar nada, que o aluno surdo? Existem várias formas de viver e conviver com a surdez. O que podemos dizer é que dadas as atuais condições da escola pública, ninguém que tenha uma especificidade consegue ter uma aprendizagem significativa no sentido do que é valorizado cientificamente”.

Outros Comentários:

“Não sou contrária à inclusão, pois entendo que a modalidade da inclusão depende das características dos alunos. O que deve nortear essa escolha é o aluno, nada diferente disso. Para que exista de fato uma interação social, os alunos surdos ou com qualquer outra especificidade, não deveriam ficar isolados nas suas escolas adaptadas, mas ocupar os vários espaços da sociedade. Deveria haver de fato ações que diminuíssem cada vez mais o preconceito contra os surdos. Dependendo da situação o aluno poderia ingressar numa escola regular ou na escola regular existir turmas para surdos, mas com uma organização que atendesse suas especificidades. É preciso incluir também os professores surdos como um grupo que precisa ser atendido nas suas especificidades, e consideradas as suas habilidades e não a falta da audição”.

P18: “Como já mencionei anteriormente, aprendizagem significativa para surdos, em qualquer tipo de escola, depende de algumas condições: ambientes favorável à aquisição de língua de sinais; professores proficientes nessa língua; presença de intérpretes com boa proficiência na Libras; projetos pedagógicos elaborados com base nas especificidades dos aprendizes surdos; material didático que contemple as estratégias visuais utilizadas por surdos em seus processos de aprendizagem; contato da escola com pessoas da comunidade surda; orientação às famílias, etc. Creio que estamos um pouco longe de verificarmos essas condições nas escolas em geral”.

Complementa-se este subitem citando Machado (2006, pp.49 e 50):

Perlin e Quadros (1997) advertem sobre as condições desiguais oferecidas aos alunos surdos em relação à apropriação do saber, quando comparadas àquelas oferecidas aos ouvintes.

As necessidades do aluno surdo frente ao processo educacional não são observadas e, consequentemente, tampouco supridas. Assim sendo, não lhes são viabilizadas condições capazes de possibilitar o seu pleno desenvolvimento, como acontece com os alunos em geral. O aluno surdo não pode apreender um conteúdo transmitido em uma língua que ele não domina fato que restringe a sua aprendizagem a uma quantidade muito reduzida de conhecimento com qualidade questionável.

Evidencia-se as limitações do surdo, devido a um sistema educacional inadequado à sua particularidade.

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