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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A INTERVENÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NO

PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

SURDOS, NA ESCOLA REGULAR

ANA MARIA MACHADO DOS SANTOS

ORIENTADORA SIMONE FERREIRA

Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A INTERVENÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NO

PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

SURDOS, NA ESCOLA REGULAR

Rio de Janeiro 2010

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares e amigos pelo apoio; ao meu primo Sérgio: companheiro no tema da surdez, por compartilhar comigo seu material didático e suas idéias; a todos, que participaram respondendo ao questionário, gentilmente e com seriedade; ao apoio da professora e orientadora Simone Ferreira, do IAVM; à natureza e às energias positivas, que nos meus momentos difíceis conspiram a meu favor.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa pesquisa aos meus pais (in memoriam): Indayá Machado dos Santos e Nazareno José dos Santos, por nossas vidas, cumplicidades, afeto, as boas recordações e o amor que me comove...

À minha pessoa, com carinho e proteção, por acreditar que sou especial e capaz.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo evidenciar o processo de aprendizagem dos alunos surdos na escola regular. Observou-se, após leituras e pesquisas bibliográficas de autores renomados na área da educação de surdos, a necessidade de transformações do modelo atual da escola regular para um modelo mais apropriado de uma escola para surdos. Tomou-se como exemplo, o modelo de escola para surdos, sob a descrição da Professora e Pesquisadora Ronice Müller de Quadros. Para ratificar a necessidade de mudança no perfil da escola regular, acrescentou-se, também, os depoimentos obtidos, em forma de questionário, de diversos profissionais e alunos graduandos do Curso de Pedagogia Bilíngue, do DESU/INES e do Curso de Letras/Libras, à distância, da UFSC - Pólo INES, que contribuíram, espontaneamente, transmitindo suas experiências vivenciadas em suas práticas diárias com alunos surdos, pertencentes a diversas séries escolares. A escola regular precisa mudar seu paradigma atual, conforme o princípio da inclusão. O surdo é capaz de aprender, desde que lhe ofereçam apoio e suporte específicos. O sistema educacional atual, baseado na oralidade da língua portuguesa, está inapropriado para este tipo de público. A escola atribui-lhe a responsabilidade sobre o seu fracasso em não apreender os conteúdos pedagógicos de um currículo planejado, com base numa política educacional que, até então, nunca o incluiu. A Psicopedagogia na sua função de avaliação e intervenção das dificuldades de aprendizagem poderá contribuir esclarecendo e orientando ao aluno, aos pais, responsáveis, familiares, professores, gestores escolares, profissionais e demais pessoas interessadas na educação de surdos, que a sua diferença sensorial não implica numa deficiência intelectual, mas necessita de um trabalho de equipe interdisciplinar com o uso sistemático de recursos e estratégias específicos a serem adotados neste processo. É preciso recriar uma nova escola para se conviver com as

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diferenças, buscando dentro do possível e da condição cognitiva deste aluno proporcionar-lhe uma aprendizagem mais significativa.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada fundamenta-se na leitura de autores bibliográficos que se dedicam ao tema sobre a surdez e a educação de surdos. Os principais autores utilizados na realização deste trabalho foram a professora Ronice M.de Quadros, na abordagem sobre a aquisição de linguagem; a professora Sueli Fernandes, sobre a prática de letramento na educação bilíngue; Carlos Skliar, no tocante ao olhar o surdo sobre as diferenças; Márcia Goldfeld, que enfoca a criança surda numa perspectiva sociointeracionista e a leitura obrigatória de Vygotsky, em seu livro sobre Pensamento e Linguagem, entre outros autores.

Para que se chegasse a uma visão mais atualizada da situação de inclusão do aluno surdo na escola regular e o seu processo de ensino-aprendizagem optou-se pela formulação de perguntas, pertinentes a estes assuntos que foram respondidas, através de questionários, no período de maio a agosto de 2010, cujo modelo encontra-se compondo o Anexo I, deste trabalho.

Das vinte cópias de questionários distribuídas, dezoito foram devolvidas, sendo: dez cópias entregues via Internet e oito cópias entregues pessoalmente, devidamente respondidas, espontaneamente, por um público constituído em sua maioria por alunos graduandos do Curso de Pedagogia Bilíngue do DESU/INES- Departamento de Ensino Superior, do Instituto Nacional de Educação de Surdos, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro; de graduandos do Curso de Letras/Libras, à distância, da UFSC - Pólo INES, Rio de Janeiro e professores e profissionais fonoaudiólogos que lidam com alunos surdos, em suas práticas diárias, localizados na cidade do Rio de Janeiro. Para o aproveitamento destas respostas, na íntegra, foram criados os subitens denominados “Narrativas Atuais – Pesquisa sobre a Escola Regular, Ano 2010”, em forma de depoimentos, apresentados no Capítulo 4.

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Efetuou-se, também, quando necessárias as consultas às legislações pertinentes à Educação Especial, ao Decreto que regulamentou a Lei da Língua de Sinais – Libras, à citação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, à Constituição Federal do Brasil, de 1988, além de consultas aos sites nacionais, referentes ao assunto que norteou este trabalho, ou seja, a Intervenção da Psicopedagogia no Processo de Aprendizagem dos alunos surdos, na Escola Regular.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I EDUCAÇÃO INCLUSIVA 12 CAPÍTULO II A SURDEZ NO BRASIL 30 CAPÍTULO III EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL 63

CAPÍTULO IV O ALUNO SURDO NO CONTEXTO DA ESCOLA REGULAR 85

CONCLUSÃO 129 BIBLIOGRAFIA 132 ANEXOS 141 ÍNDICE 149

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa aborda o tema sobre o processo de aprendizagem do aluno surdo, na Escola Regular. Trata-se de um questionamento inevitável para àquelas pessoas que não conseguem ter um olhar indiferente para a educação de crianças surdas, no Brasil.

Pergunta-se, insistentemente e com certo ar de descrédito, se o aluno surdo aprende/apreende, significativamente, os conteúdos da série escolar na qual está inserido no Sistema de Ensino Regular. Para ter-se uma resposta mais próxima da realidade, faz-se necessário conhecer a história do INES-Instituto Nacional de Educação de Surdos, no Rio de Janeiro; ler as obras bibliográficas de diversos autores estudiosos sobre os temas: Surdez, Pensamento, Linguagem e Educação e não ter um olhar preconceituoso para o “diferente”.

Os objetivos da proposta desta pesquisa são os seguintes:

No Capítulo 1 deste trabalho será feita uma abordagem geral sobre a Educação Inclusiva, no Brasil; as legislações pertinentes e quais as pessoas que estão consideradas dentro desta denominação e protegidas pela lei.

O Capítulo 2, já mais específico, aborda a Surdez no Brasil, oferece um panorama sobre as Instituições que dão apoio aos Surdos, seja na Educação Especializada e, também, na sua integração na Sociedade e no Mercado de Trabalho. Ainda, este capítulo, mostra as dificuldades de comunicação dos Surdos e comenta sobre o uso da Libras, a Língua Brasileira de Sinais.

Pretende-se no Capítulo 3 deste trabalho, baseado na leitura de Quadros (1997), apresentar a proposta do Bilinguismo na educação de surdos, bem como apresentar a aquisição de linguagem em crianças surdas e a aquisição de leitura e escrita em uma segunda língua-L2.

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Quanto ao aluno surdo, motivo deste trabalho, no Capítulo 4 apresenta-se o seu processo de aprendizagem, dentro da Escola Regular. Este necessita de suportes específicos e apoios diferenciados nas práticas pedagógicas, que ocorrem no cotidiano das salas de aulas, para que seja minimizada a distância na comunicação que ocorre entre o aluno surdo, seus professores e os outros alunos ouvintes, preservando o equilíbrio social, emocional, psicológico e cultural deste aluno que é “diferente”, realmente.

Deseja-se que este trabalho contribua para mudar o quadro de indiferença, despreparo, desconforto e dificuldades existentes na educação de surdos, no contexto das Escolas Regulares.

Espera-se o comprometimento dos pais, responsáveis, escolas, professores e educadores dos alunos surdos, para que juntos alcancem a colaboração e empenho, facilitando o atendimento e suporte aos alunos surdos que já estão ou àqueles que poderão chegar para uma inclusão, naquelas instituições.

Deseja-se que as Escolas Regulares tenham ações e atitudes educacionais e políticas, no sentido de promover uma inclusão de fato, com mudança de mentalidade, visando alcançar, mesmo que num tempo diferenciado, a qualidade do processo de ensino-aprendizagem do aluno surdo. Espera-se, também, que haja o incentivo à divulgação de Libras, como um instrumento facilitador da comunicação entre os alunos surdos, seus professores e colegas ouvintes, dentro da sala de aula e na escola.

Por fim, anseia-se que este trabalho mostre às pessoas interessadas na educação de surdos, a necessidade de um ensino diferenciado. Inclusão exige mais que um olhar. Exige ação, interação, comprometimento, persistência, vigilância, criatividade, empatia e afetividade.

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CAPÍTULO 1

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

EDUCAÇÃO

No fragmento do texto, extraído do livro Paulo Freire-Vida e Obra percebe-se o quanto importante, poderosa e transformadora é a Educação:

A Educação, parte integrante do universo social da cultura (...). Cabe a ela a tarefa de participar de todo o trabalho de criação de pessoas não apenas capacitadas para o trabalho produtivo segundo as leis do mercado, mas pessoas educadas para serem agentes críticos e criativos na criação de seus próprios mundos sociais. Sujeitos de suas vidas, atores de sua história (BRANDÃO, 2009, p.20)

No desejo de saber mais sobre a Educação, cabem as seguintes perguntas: O que é? Onde ela está? Qual a sua responsabilidade? Ela é democrática? Quais os benefícios que ela proporciona? Quem pode conhecê-la? De que forma pode-se chegar até econhecê-la? Certamente, mais e mais perguntas seriam elaboradas, por conta de querer compreendê-la no seu verdadeiro significado e importância.

Na busca por respostas que contribuam para os esclarecimentos e a compreensão sobre a Educação, encontra-se a seguinte definição:

A Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturaisde ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. (SITE:http://pt.wikipedia.org/wiki/Educação).

Observa-se que o processo de ensinar e aprender existe antes da escola e prosseguirá depois dela. A escola é a instituição que formaliza a

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educação, utilizando-se das teorias e práticas pedagógicas. Entram em cena o professor e o aluno desempenhando seus papéis descritos num roteiro para a execução do sistema de ensino-aprendizagem, que se espera ser desenvolvido com bases pautadas na ética, no conhecimento, respeito, humildade, afetividade, senso crítico e construtivo, para se obter um resultado final com qualidade.

Freire expressou que:

Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (FREIRE, 2009, p.23).

Sendo assim, deseja-se que o professor e o aluno estejam numa relação de interação e troca de conhecimentos.

Por lei, a educação é direito de todos e dever do Estado e da família. Será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho ”Título VIII, Da Ordem Social, Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, Artigo 205, da Nova Constituição Federal Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988” (MAZZOTTA, 2005, p.77)

No Brasil, a educação é regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9.394/96, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9.394/96, a educação no Brasil se divide em:

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§ Educação Infantil (antigo pré-escolar) § Ensino Fundamental (antigo primeiro grau) § Ensino Médio (antigo segundo grau)

§ Ensino Superior

§ Educação de Jovens e Adultos (antigo supletivo) § Ensino Técnico

O Governo Federal organizou o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE cuja principal meta é a manutenção de uma educação básica de qualidade. Para que isso ocorra deve-se investir na educação profissional e na educação superior e contar com o envolvimento de todos: pais, alunos, professores e gestores, em busca da permanência do aluno na escola. O PDE foi editado no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal e este por premissas à visão sistêmica da educação, a sustentação da qualidade do ensino e a prioridade a educação básica.

O Ministério da Educação-MEC, através dos resultados do PDE, pretende mostrar tudo o que se passa dentro e fora da escola e realizar uma grande prestação de contas. As iniciativas do MEC devem chegar à sala de aula para beneficiar a criança e para atingir a qualidade que se deseja para a educação brasileira.

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INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO

Pode-se citar como um dos conceitos:

Educação Inclusiva é ser um processo em que se amplia a

participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística e democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.(SITE:

http://www.wikipedia.com.br)

O processo de inclusão nas escolas regulares, ainda hoje, é uma inovação que causa polêmicas, divergências de opiniões e provoca mudanças desafiadoras para àquelas pessoas que estão envolvidas neste processo. Os professores e gestores não estão preparados para receber os alunos incluídos, com necessidades educacionais especiais, as escolas, também, não estão adaptadas. Considera-se que se vive e participa-se de uma sociedade que não é inclusiva. Não se tem o olhar da alteridade.

Carece perguntar: “Por que antes da inclusão ser imposta por lei, a escola não tomou nenhuma atitude? Por que precisou de uma lei para se pensar em inclusão? Todos os incluídos poderão ser beneficiados no seu desenvolvimento cognitivo e social?

1.1 Educação Inclusiva no Brasil

“Educação para Todos” - Um novo Paradigma

A frase “Educação para Todos” representa a política de inclusão adotada pelo governo brasileiro, em cumprimento às determinações de Organizações internacionais, com o objetivo de diminuir a taxa de analfabetismo no país e acabar com as exclusões sociais e educacionais de pessoas consideradas menos favorecidas, por necessitarem de atendimentos educacionais especiais.

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“Todos” os brasileiros têm garantido por lei o direito à educação básica, preferencialmente, na rede regular de ensino.

A Inclusão educacional no Brasil faz parte de um tema de expressiva repercussão mundial, com caráter político e social, defendido por Organizações internacionais, que monitoram as ações e as criações de políticas púbicas brasileiras, avaliando o empenho e os resultados alcançados para a redução da taxa de analfabetismo e a inclusão social, no país.

Faz-se necessário apresentar algumas leis e documentos de igual valor, que defendem a educação inclusiva e a Educação Especial, conforme a seguir:

1.1.1 A Nova Constituição Federal do Brasil

No final do século XX, no Brasil, parecia óbvio o direito de todos os brasileiros à educação, pois está assegurado, por lei, conforme descrito em (Mazzotta, 2005, p.77) no Título VIII - Da Ordem Social, No Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto, Artigo 205, da Nova Constituição Federal, de 1988:

A educação é direito de todos e dever do Estado e da família. Será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Artigo 208: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

“I- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a este não tiveram acesso na idade própria;

“II- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

“III- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (...); “VII- atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”.

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1.1.2 Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA

Descrito em (Oliveira, 2004 p.17) no Título II – Dos Direitos Fundamentais, Capítulo IV- Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, Artigo 53, da Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente:

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II- direito de ser respeitado por seus educadores;

III- direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV- direito de organização e participação em entidades estudantis;

V- acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência.

1.1.3 Declaração Mundial de Educação para Todos- Jomtien

Ainda em 1990, enquanto no cenário mundial há mais de 40 anos as nações do mundo afirmaram na Declaração Universal dos Direitos Humanos que “toda pessoa tem direito à educação”, apesar dos esforços realizados por países do mundo inteiro para assegurar o direito à educação para todos, persistiam os grandes números de analfabetismo.

Em conseqüência, finalmente, nos dias 5 a 9 de março de 1990, em Jomtien, na Tailândia, a UNESCO realizou a Conferência Mundial de Educação para Todos, da qual resultaram a Declaração Mundial de Educação para Todos e o Plano de Ação para a Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem.

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As agências promotoras decidiram congregar os esforços nos 9 (nove) países mais populosos e com maior número de analfabetos do planeta, o Brasil estava incluído, além da China, México, Índia, Paquistão, Bangladesh, Egito, Nigéria e Indonésia, constituindo o EFA-9 “Education For All”.

A Conferência de Jomtien objetivava a redução das taxas de analfabetismo e o envolvimento da sociedade.

1.1.4 Plano Decenal de Educação para Todos - Brasil

O Brasil como resposta ao compromisso firmado entre os países, organismo intergovernamentais e não governamentais, na Conferência Mundial de Educação para Todos criou o “Plano Decenal de Educação para Todos” para a década de 90 (1994-2003), destinado a satisfazer às necessidades básicas de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos.

A educação no Brasil tomava outro rumo, existia um compromisso do governo brasileiro, sendo um dos países signatários da Declaração, em cumprir metas estabelecidas por organizações internacionais e uma cobrança política pelos resultados. O Brasil precisava reformular sua política educacional e criar novos planos e medidas mais eficazes para a redução do analfabetismo, no país.

1.1.5 Declaração para a Estrutura de Ação em Educação Especial- Declaração de Salamanca

Na Espanha, entre os dias 7 e 10 de junho de 1994, na cidade de Salamanca, assinava-se a Declaração para a Estrutura de Ação em Educação Especial, adotada pela Conferência Mundial em Educação Especial organizada pelo governo da Espanha, em cooperação com a UNESCO. Seu objetivo é informar sobre políticas e guias ações governamentais, de organizações

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internacionais ou agências nacionais de auxílio, organizações não governamentais e outras instituições na implementação da Declaração de Salamanca sobre princípios, política e prática em Educação Especial.

Alguns trechos da Declaração de Salamanca - UNESCO, 1994, traduzidos. (SASSAKI, 1997):

1) Educação Inclusiva: Capacitar escolas comuns para atender os alunos, especialmente aqueles que têm necessidades especiais;

2) Princípio da inclusão: Reconhecimento da necessidade de se caminhar rumo à escola para todos, um lugar que inclua todos os alunos, celebre a diferença, apóie a aprendizagem e responda às necessidades individuais;

3) Toda pessoa tem o direito fundamental à educação e a ela deve ser dada a oportunidade de atingir e manter um nível aceitável de aprendizagem;

4) Todo aluno possui características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que são singulares. Os sistemas educacionais devem ser projetados e os programas educativos implementados de tal forma a considerar a ampla diversidade dessas características e necessidades;

5) As escolas devem acomodar todos os alunos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. O desafio para uma escola inclusiva é o de desenvolver uma pedagogia

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centrada no aluno, uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos os alunos, incluindo aqueles com deficiências severas;

6) O princípio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as pessoas devem aprender juntos, onde quer que isto seja possível, não importam quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. Escolas inclusivas precisam reconhecer e responder às necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias com suas comunidades;

7) Os currículos devem ser adaptados às necessidades dos alunos e não o inverso. As escolas devem, portanto, oferecer oportunidades curriculares que se adaptem a alunos com diferentes interesses e capacidades;

8) A fim de acompanhar o progresso de cada aluno, os procedimentos de avaliação devem ser revistos;

9) Aos alunos com necessidades educacionais especiais devem ser oferecidas diferentes formas de apoio, desde uma ajuda mínima em classes comuns até programas adicionais de apoio à aprendizagem na escola, bem como a assistência de professores especialistas e de equipe de apoio externo.

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1.1.6 A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB

A Educação Especial teve também a sua inclusão, na lei que mudou o rumo da educação brasileira, a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDBN, Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, em seu Capítulo V- Da Educação Especial, Artigo 58, entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59º. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

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III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

A Nova LDB apresenta reformas institucionais, amplia o enfoque da educação considerando-a em seus diferentes espaços: familiar, convivência humana, trabalho, institutos de pesquisa e organizações da sociedade civil. Ultrapassando os limites do espaço escolar, o valor da experiência adquirida na prática social e no mundo do trabalho passa a ser reconhecido. As mobilizações sociais por educação devem ocupar-se em desenvolver uma ação articulada que vincule os vários espaços educativos em torno de objetivos claramente definidos. (MEC/INEP, 2000).

O ato de incluir não é, simplesmente, colocar o aluno com necessidades educacionais especiais, dentro da sala de aula. Deve-se estar atento para que não haja uma idéia incorreta de que a escola que inclui, é democrática. Dependendo de como a inclusão for considerada, poderá representar uma segregação. A escola será tanto mais democrática à medida que acolher, educar e ensinar a todos, ao mesmo tempo em que respeite as diferenças individuais, estimulando em especial o desenvolvimento da capacidade do aluno de aprender.

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Cada aluno, deficiente ou não deficiente, terá a oportunidade de vivenciar a riqueza que a diferença oferece e representa, desenvolvendo com isso o sentimento de solidariedade.

Cabe ao profissional envolvido neste processo o comprometimento com a sua prática pedagógica e com a sua responsabilidade no processo de aprendizagem.

A educação no Brasil passa por mudanças estruturais e a preocupação se desloca das deficiências ou inadaptações do indivíduo para a valorização das suas potencialidades, oferecendo-lhe meios de desenvolvê-las ao máximo. É necessário que estes meios existam e que os profissionais da escola recebam capacitação adequada e estejam dispostos a oferecê-los.

No Brasil, o sistema de educação inclusiva é incipiente e polêmico. As escolas de ensino regular, em sua maioria, estão despreparadas. Faz-se necessário reformular os métodos de ensino, investir em capacitação dos professores, desenvolver o olhar para a inclusão de alunos, com necessidades educacionais diferentes. A educação inclusiva exige e carece de comprometimento integrado nas parcerias dos governos, das famílias, das escolas e da sociedade civil, principalmente, com mudanças de pensamentos e comportamentos inclusivos; a criação de políticas públicas e ações sociais inclusivas e transformadoras; adaptações curriculares; a aplicação de práticas pedagógicas inclusivas, dentro e fora de sala de aula, bem como, o cuidado constante com a interação social no âmbito da escola e fora dela, com o devido empenho para a obtenção de resultados satisfatórios e com qualidade.

Programas voltados para a capacitação de professores, gestores e alunos, referentes à Educação Inclusiva, que recebem recursos financeiros do Governo Federal, Ministério da Educação e Cultura - MEC, sob a responsabilidade administrativa da Secretaria de Educação Especial – SEESP, através do FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - Plano

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de Metas Compromisso Todos pela Educação, Guia de Programas, publicado em Brasília, junho de 2007, para os seguintes programas:

1) ”Programa Educar na Diversidade” é um projeto que forma professores de classes comuns no ensino regular para o uso de práticas inclusivas. Tem o objetivo de apoiar a formulação de políticas, culturas e práticas inclusivas nas escolas públicas como forma de estimular a inclusão de pessoas com necessidades educacionais na vida escolar e social, garantindo, desta forma, o seu desenvolvimento pleno. Destina-se a alunos, professores e gestores;

2) ”Programa Educação Inclusiva” é um programa destinado a disseminar a educação inclusiva em todos os municípios brasileiros. Objetivo é disseminar a educação inclusiva, garantindo o acesso, a permanência na rede regular de ensino, dos alunos com necessidades educacionais especiais. Destina-se aos Gestores e educadores do sistema de ensino público. O programa, além apoiar com recursos financeiros a formação de gestores e educadores, também apóia com suporte pedagógico.

A educação Inclusiva, no Brasil conta, também, com atuação fiscalizadora da Organização “Todos Pela Educação”: um movimento que tem como objetivo contribuir para que o País consiga garantir Educação de qualidade para todos os brasileiros.

O “Todos pela Educação” não é um projeto de uma organização específica, mas sim um projeto de Nação. É uma união de esforços, em que cada cidadão ou instituição é co-responsável e se mobiliza, em sua área de atuação, para que todas as crianças e jovens tenham acesso a uma Educação de qualidade.

A atuação do movimento inclui o monitoramento da Educação, por meio do acompanhamento de suas 5 Metas e da divulgação de pesquisas, dados e informações relacionadas ao tema, à maior e melhor inserção da

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Educação na mídia, a articulação, o fomento ao debate e a mobilização da sociedade.

Para alcançar a Educação que o Brasil precisa, foram definidas 5 Metas específicas, simples, compreensíveis e focadas em resultados mensuráveis, que devem ser alcançadas até 7 de setembro de 2022:

Meta1- Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola; Meta2- Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos; Meta3- Todo aluno com aprendizado adequado à sua série;

Meta4- Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos; Meta5- Investimento em Educação ampliado e bem gerido.

As Metas, acompanhadas constantemente, servirão como direcionamento para que todos os brasileiros participem e cobrem melhorias na Educação.(SITE: http://www.todospelaeducacao.org.br).

Espera-se uma maior mobilização das escolas e da sociedade na aplicação das leis de inclusão social e na educação para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e sem discriminação.

A educação numa democracia é o principal meio de Instrumentalização do indivíduo para o exercício de suas funções, na sociedade. Logo, é de vital importância que as diretrizes norteadoras da política nacional de educação contemplem todos os alunos, sem exceção, desde que a inclusão seja viável, resultando em benefícios para o aluno.

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EDUCAÇÃO – UM NOVO PERFIL

Para que a Educação exerça a tarefa de participar de “todo” o trabalho de criação de pessoas melhores é necessário que ela mude o seu perfil:

1) seja maior que o tamanho do Brasil, figurativamente comparando; 2) tenha os braços gigantes e estendidos para que envolvam todas as pessoas que necessitam de educação; 3) um coração generoso e democrático que predomine a afetividade na sua atuação; 4) tenha olhos abertos e atentos às desigualdades sociais, às diversidades regionais e culturais, à opressão e às diferenças; 5) tenha um ouvido capaz de escutar as pessoas que, direta ou indiretamente, estão a ela vinculadas: sociedade civil, escolas, professores, educadores, pais, alunos e outros; 6) tenha uma boca que articule a linguagem dos diálogos; 7) tenha um cérebro pensante e inteligente, sustentado pela sua plasticidade, estimulado para novas conexões, capaz de problematizar; criar; inventar soluções, estratégias e práticas pedagógicas contribuindo para que a educação torne-se, de verdade, um direito de todos os brasileiros; 8) preserve a essência e o princípio do novo paradigma: ”Educação para Todos”.

1.2 – Legislações Pertinentes

Legislação que regulamenta a Educação Especial no Brasil 1) Constituição Federal, de 05/10/1988 - Educação Especial;

2) Lei nº 7.853/89 - CORDE(Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência) - Apoio às pessoas portadoras de deficiência;

3) Lei nº 8.069, de 13/07/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - Educação Especial (capítulo V);

4) Lei nº 8859/94 - Estágio – garante aos alunos de ensino especial a participação em estágio;

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5) Lei nº 10.098/94 - Acessibilidade – esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação;

6) Lei n.º 8.899, de 29/06/94 - Passe Livre;

7) Lei nº 9.424 de 24 /12/96 - FUNDEF (distribuição);

8) Lei nº 9.394/96 –20/12/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBN - Educação Especial;

9) Lei nº 10.216 de 04/06/01 - Direitos e proteção às pessoas acometidas de transtorno mental;

10) Lei nº 10.436, de 24/04/02 – LIBRAS- Língua Brasileira de Sinais, regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005;

11) Lei nº 10.845, de 05/03/04 - Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência;

12) Plano Nacional de Educação - Educação Especial (capítulo 8 – diagnóstico, diretrizes, objetivos e metas). (SITES: http://pt.wikipedia.org/wiki/educação e http://portal.mec.gov.br).

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1.3 Pessoas que deverão ser Incluídas

O modo como se entende inclusão hoje, no âmbito escolar, vem sendo legislado, gestado, proclamado, declarado há muito tempo. Para entender os movimentos e os significados atuais, não se pode prescindir daquilo que foi discutido e acordado na Declaração Mundial sobre Educação para Todos, que aconteceu em Jomtien, na Tailândia, em 1990. O que foi proclamado nesse encontro deu condições para desdobramentos no cenário educacional escolarizado, afetando o funcionamento das escolas e a vida de muitas pessoas que até então não eram chamadas a estar na escola. Nem a escola era tão fortemente chamada a tê-las consigo, no afã de “universalizar o acesso à educação e promover a equidade”. (ROOS, 2009, p.15)

Na atualidade, para Roos (2009), deve-se vincular ao tema inclusão a importância dos movimentos organizados para a defesa dos direitos ao acesso à educação para todos, que contribuíram com o surgimento dos seguintes documentos:

A “Declaração Mundial sobre Educação para Todos – 1990”, que em seu Artigo 3º cita a garantia de igualdade e acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência; a “Declaração de Salamanca – 1994”, esta acreditava e proclamava que as pessoas com necessidades educacionais especiais deveriam ter acesso à escola regular e a “Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional – LDBN, 1996”, que mantém o foco nos educandos com necessidades educacionais especiais.

Entende-se que a denominação ”educação especial”, para fins de efeitos legais, conforme o Artigo 58º, da LDBN, corresponde à modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

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Pessoas que deverão ser incluídas: (ROOS, 2009, p.15)

• Todas as crianças, jovens e adultos; • Meninas e mulheres;

• Grupos excluídos; • Os pobres;

• Meninos e meninas de rua ou trabalhadores; • População de periferias urbanas e zonas rurais; • Nômades;

• Trabalhadores migrantes; • Povos indígenas;

• Povos submetidos a um regime de ocupação;

• Pessoas portadoras de deficiência, que requerem atenção especial;

• Abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais.

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CAPÍTULO 2

Em 05 de outubro de 1988 é promulgada a Nova Constituição Brasileira. (...) Título VIII, Da Ordem Social. No Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, Artigo 205: “A Educação é direito de todos e dever do Estado e da família (...)” (MAZZOTTA, 2005, pp 76, 77)

A Surdez no Brasil

No conceito da denominação “todos”, mencionada no texto do Artigo 205, da Nova Constituição Federal Brasileira (1988), considera-se, também, incluídos os grupos de pessoas com deficiências.

Convêm citar Monteiro (1998, p.73), em suas considerações sobre os estudos de Vygotsky, referentes à educação especial:

Vygotsky focalizou o desenvolvimento do portador de deficiência a partir dos pressupostos gerais que orientavam a sua concepção do desenvolvimento de pessoas consideradas normais: desses pressupostos ele destacou os aspectos qualitativamente diversos desses indivíduos, em virtude, não apenas de suas diferenças orgânicas, mas, das peculiaridades de suas relações sociais – fatores que fazem com que o portador de deficiência seja não simplesmente menos desenvolvido em determinados aspectos que seus companheiros, mas um sujeito que se desenvolve de outra maneira.

Para fins deste estudo, é importante destacar daqueles grupos as pessoas com deficiência auditiva.

No que diz respeito à educação escolar destas pessoas é necessário haver a utilização de suporte e apoio adequados às suas diferenças funcionais e especificidades lingüísticas, para que possam desenvolver-se pedagogicamente, preferencialmente na rede regular de ensino, conforme consta do Título VIII, Da Ordem Social, Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, Artigo 208, Inciso III, da Nova Constituição Brasileira. (MAZZOTA, 2005, p.77).

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Destaca-se, a importância da escola, no desenvolvimento e aprendizagem das pessoas com deficiências:

A escola, espaço interativo por excelência, tem um importante papel no desenvolvimento, oportunizando a integração social, impulsionando a aprendizagem, criando zonas de desenvolvimento proximal, propiciando as compensações às deficiências. (MONTEIRO, 1998, p.77)

DEFICIÊNCIA – Definição da OMS

Em 1997, a OMS – Organização Mundial de Saúde reapresentou uma nova Classificação Internacional das Deficiências, Atividades e Participação – CIDDM-2, trata-se de um manual da dimensão das incapacidades e da saúde.

O documento fixa princípios que enfatizam o apoio, os contextos ambientais e as potencialidades, ao invés da valorização das incapacidades e das limitações.

O CIDDM-2 concebe a deficiência como: “uma perda ou anormalidade de uma parte do corpo (estrutura) ou função corporal (fisiológica), incluindo as funções mentais”. (Política Nacional de Saúde da

Pessoa Portadora de Deficiência. (SITE:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual2.pdf).

No Brasil, a cultura vigente e a definição legal, consideram pessoas com deficiência àquelas pertencentes aos segmentos com déficit mental, motor, sensorial e múltiplo.

O novo significado de “deficiência” apresentado, pela OMS, implica em novos conceitos sob os aspectos: filosóficos, políticos, sociais, econômicos e educacionais à medida que propõe uma nova forma de se encarar as pessoas com deficiências e suas limitações para o exercício pleno das

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atividades, conforme as suas condições. Provoca o pensar e repensar das práticas relacionadas com a reabilitação e a inclusão social dessas pessoas.

Para fins estatísticos, consideram-se os dados contidos no relatório de ações de Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência: é difícil dimensionar a deficiência no Brasil tanto em termos qualitativos quanto quantitativos, em razão da inexistência de dados e informações precisos e confiáveis, de abrangência nacional, produzidos sistematicamente, que retratem de forma atualizada a realidade do País.

A OMS estima que cerca de 10% da população de qualquer país, em tempo de paz, é portadora de algum tipo de deficiência. Com base nesses percentuais, estima-se que no Brasil existam 16 milhões de pessoas com deficiência.

Os resultados do Censo de 1991, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE indicam um percentual de 1,14% de pessoas com deficiência na população brasileira. (SITE: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual2.pdf).

DEFICIÊNCIA AUDITIVA

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, um dos órgãos oficiais que elaboram o censo demográfico, no ano de 2000, estimou que o número total de surdos brasileiros fosse de 5,7 milhões, entre surdos

profundos e deficientes auditivos.

(w.w.w.ibge.gov.br/espanhol/presidencia/noticias)

As novas pesquisas para a apuração do XII Censo Demográfico brasileiro encontram-se em andamento, desde o dia 01 de agosto de 2010, com previsão de três meses de duração, conforme o Site: (http://www.ibge.gov.br/censo2010/).

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DEFINIÇÃO:

Três diferentes definições de Deficiência Auditiva:

Perda total ou parcial da capacidade de ouvir manifesta-se como surdez leve, moderada, severa ou profunda. As pessoas com deficiência auditiva podem ser afetadas na sua aprendizagem e no seu desenvolvimento integral. (SITE: (http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual2.pdf).

Diferença existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI – 1989). Informações Básicas sobre deficiência auditiva. (SITE: http://www.profala.com/artaudio10.htm)

Perda bilateral, parcial ou total, de 41 (quarenta e um) decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000 Hz. (SASSAKI, 2006, p2).

2.1 A Surdez

Perda Auditiva e Hipoacusia

Os conceitos gerais sobre surdez, classificações, técnicas e métodos de avaliação da perda auditiva, características dos diversos tipos de surdez, etc. são fundamentais para compreender as implicações da deficiência auditiva.

O deficiente auditivo é classificado como surdo, quando sua audição não é funcional na vida comum e hipoacústico aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. A deficiência auditiva pode ser de origem congênita, causada por viroses materna, doenças tóxicas desenvolvidas durante a gravidez ou adquirida, causada por ingestão de

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remédios que lesam o nervo auditivo, exposição a sons impactantes, viroses, predisposição genética, meningite, etc.

As hipoacústicas classificam-se em função do grau da perda auditiva, sua ordem e localização. Quando a lesão se localiza no ouvido externo ou no médio é denominada como deficiência de transmissão ou deficiência mista dependendo da intensidade da lesão. Quando se origina no ouvido e no nervo auditivo é dita deficiência interna ou sensorioneural (estágio mais agudo da deficiência).

(SITE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Defici%C3%AAncia_auditiva)

SURDEZ – DEFINIÇÃO

A Surdez pode ser definida, sob o ponto de vista médico, educacional ou cultural:

Ponto de vista médico

Em termos médicos, a surdez é categorizada em níveis do ligeiro ao profundo. É também classificada de deficiência auditiva, ou hipoacúsia. Os tipos de surdez quanto ao grau de perda auditiva:

• Perda auditiva leve: não tem efeito significativo no desenvolvimento desde que não progrida, geralmente não é necessário uso de aparelho auditivo.

• Perda auditiva moderada: pode interferir no desenvolvimento da fala e linguagem, mas não chega a impedir que o individuo fale.

• Perda auditiva severa: interfere no desenvolvimento da fala e linguagem, mas com o uso de aparelho auditivo poderá receber informações utilizando a audição para o desenvolvimento da fala e linguagem.

• Perda auditiva profunda: sem intervenção a fala e a linguagem dificilmente irão ocorrer.

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Ponto de vista educacional

Desse ponto de vista, surdez refere-se à incapacidade da criança aprender a linguagem por via auditiva e ter um desempenho acadêmico. A partir da Lei 10.436/2002, o Governo brasileiro reconhece a Libras, como língua e os surdos têm o direito que nas instituições educacionais as aulas sejam ministradas em Libras , pelo menos com a presença de um intérprete. A surdez não interfere no desenvolvimento cognitivo.

Ponto de vista cultural

Em termos culturais, surdez é descrita como diferença linguística e identidade cultural, a qual é partilhada entre indivíduos surdos.

Os dados contidos nestas informações foram extraídos do SITE: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Defici%C3%AAncia_auditiva).

TIPOS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A deficiência auditiva tem classificações diferentes, devido às suas características:

DEFICIÊNCIA AUDITIVA CONDUTIVA: Qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA SENSÓRIO-NEURAL: Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução

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aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA MISTA: Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra, geralmente, limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea.

DEFICIÊNCIA AUDITIVA CENTRAL, DISFUNÇÃO AUDITIVA CENTRAL OU SURDEZ CENTRAL: Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).

GRAUS DE SEVERIDADE DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA

Os níveis de limiares utilizados para caracterizar os graus de severidade da deficiência auditiva podem ter algumas variações entre os diferentes autores. Segundo critério de Davis e Silverman, 1966:

Audição Normal - Limiares entre 0 a 24 dB nível de audição.

Deficiência Auditiva Leve - Limiares entre 25 a 40 dB nível de audição.

Deficiência Auditiva Moderada - Limiares entre 41 e 70 dB nível de audição.

Deficiência Auditiva Severa - Limiares entre 71 e 90 dB nível de audição.

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Indivíduos com níveis de perda auditiva leve, moderada e severa são mais freqüentemente chamados de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis de perda auditiva profunda são chamados surdos.

CAUSAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA CONDUTIVA

Cerume ou corpos estranhos do conduto auditivo externo.

Otite externa: infecção bacteriana da pele do conduto auditivo externo.

Otite média: processo infeccioso e/ou inflamatório da orelha média, que se divide em: otite média secretora; otite média aguda; otite média crônica

supurada e otite média crônica colesteatomatosa.

Estenose ou atresia do conduto auditivo externo (redução de calibre ou ausência do conduto auditivo externo). Atresia é geralmente uma malformação congênita e a estenose pode ser congênita ou ocorrer por trauma, agressão cirúrgica ou infecções graves.

Miringite Bolhosa (termo miringite refere-se à inflamação da membrana timpânica). Acúmulo de fluido entre as camadas da membrana timpânica, em geral associado a infecções das vias respiratórias superiores.

Perfurações da membrana timpânica: podem ocorrer por traumas externos, variações bruscas da pressão atmosférica ou otite média crônica supurada. A perda auditiva decorre de alterações da vibração da membrana timpânica. É variável de acordo com a extensão e localização da perfuração.

Obstrução da tuba auditiva Fissuras Palatinas

Otosclerose

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CAUSAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA SENSÓRIO-NEURAL

Causas pré-natais

De origem hereditária (surdez herdada monogênica, que pode ser uma surdez isolada da orelha interna por mecanismo recessivo ou dominante ou uma síndrome com surdez); e uma surdez associada a aberrações cromossômicas.

De origem não hereditária (causas exógenas), que podem ser:

Infecções maternas por rubéola, citomegalovírus, sífilis, herpes, toxoplasmose;

Drogas ototóxicas e outras, alcoolismo materno; Irradiações, por exemplo, Raios X;

Toxemia, diabetes e outras doenças maternais graves. Causas perinatais

Prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento; Trauma de Parto - Fator traumático / Fator anóxico;

Doença hemolítica do nascido (icterícia grave do recém-nascido).

Causas pós-natais

Infecções - meningite, encefalite, parotidite epidêmica (caxumba), sarampo;

Drogas ototóxicas;

Perda auditiva induzida por ruído (PAIR); Traumas físicos que afetam o osso temporal.

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FATORES DE RISCO

Antecedentes familiares de deficiência auditiva, levantando-se se há consanguinidade entre os pais e/ou hereditariedade;

Infecções congênitas suspeitadas ou confirmadas através de exame sorológico e/ou clínico (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e sífilis);

Peso no nascimento inferior a 1500g e/ou crianças pequenas para a idade gestacional (PIG);

Asfixia severa no nascimento, com Apgar entre 0-4 no primeiro minuto e 0-6 no quinto minuto;

Hiperbilirrubinemia com índices que indiquem exanguíneo transfusão;

Ventilação mecânica por mais de dez dias;

Alterações crânio-faciais, incluindo as síndromes que tenham como uma de suas características a deficiência auditiva;

Meningite, principalmente a bacteriana;

Uso de drogas ototóxicas por mais de cinco dias; Permanência em incubadora por mais de sete dias;

Alcoolismo ou uso de drogas pelos pais, antes e durante a gestação.

IDENTIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO

O diagnóstico das deficiências de audição é realizado a partir da avaliação médica e audiológica. Em geral a primeira suspeita quanto à existência de uma alteração auditiva em crianças muito pequenas é feita pela própria família a partir da observação da ausência de reações a sons, comportamento diferente do usual (a criança que é muito quieta, dorme muito e em qualquer ambiente, não se assusta com sons intensos) e, um pouco mais

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velha, não desenvolve linguagem. A busca pelo diagnóstico também poderá ser originada a partir dos programas de prevenção das deficiências auditivas na infância como o registro de fatores de risco e triagens auditivas.

O profissional de saúde procurado em primeiro lugar é, geralmente, o pediatra, o qual encaminhará a criança ao otorrinolaringologista, quando se iniciará o diagnóstico. Este profissional fará um histórico do caso, observará o comportamento auditivo e procederá ao exame físico das estruturas do ouvido, nariz e das diferentes partes da faringe. O passo seguinte é o encaminhamento para a avaliação audiológica.

No caso de adultos, em geral a queixa de alteração auditiva é do próprio indivíduo, e, no caso de trabalhadores expostos a situações de risco para audição o encaminhamento poderá advir de programas de conservação de audição.

Os dados contidos nestas informações foram extraídos do SITE: (www.profala.com/artaudio 10.htm)

PREVENÇÃO: TESTE DA ORELHINHA

A triagem auditiva neonatal, obrigatória por lei municipal nº 3028, de 17/05/2000, é um programa de avaliação da audição em recém nascidos, indicada por instituições do mundo todo para diagnóstico precoce de perda auditiva, uma vez que sua incidência, na população geral, é de 1 a 2 por 1000 nascidos vivos.

A Técnica utilizada é a de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs). O Exame é indolor, com a colocação de um pequeno fone na parte externa do ouvido, com a duração por um tempo médio de 3 a 5 minutos. (SITE: http://www.testedaorelhinha.com.br).

(41)

Deficiência Auditiva ou Surdez

Nomenclatura na área da surdez

Sassaki (2006, p.2) aponta sobre a diversidade existente nas nomenclaturas: surdez e deficiência auditiva. Esclarece que alguns surdos não gostam de ser considerados deficientes auditivos e algumas pessoas com

deficiência auditiva não gostam de ser consideradas surdas. A origem dessa

diversidade de preferência, está no grau da audição afetada.

A decisão quanto a usar o termo ”pessoa com deficiência auditiva” ou os termos “pessoa surda” e “surda”, fica por conta de cada pessoa. Informa que, geralmente, as pessoas com perda parcial da audição, isto é, com baixa audição, referem-se a si mesmas como tendo uma deficiência auditiva, enquanto, as que têm perda total da audição preferem ser consideradas

surdas.

Embora, sabendo-se que a “deficiência auditiva” tem o mesmo significado de “surdez”, convencionou-se mundialmente adotar o uso da expressão “deficiência auditiva” para assuntos formais e estatísticos.

Sassaki (2006, p.3) conclui que se deve usar, criteriosamente, cada um dos termos. Num contexto formal e estatístico o termo a ser utilizado será pessoas com deficiência auditiva, referindo-se ao grupo como um todo, especificando ou não os graus de perda auditiva e a quantidade de pessoas existentes em cada nível de surdez. E, em situações pessoais, informais, coloquiais fala-se e escreve-se surdos, pessoas surdas, comunicação entre os surdos, comunicação com os surdos, comunicação dos surdos, os sinais que os surdos utilizam, etc.

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SURDOCEGUEIRA

“A surdocegueira é a incapacidade total ou parcial de audição e visão, simultaneamente. Assim como no caso da surdez, a surdocegueira pode ser identificada com a cultura das pessoas que pertencem a este grupo”. (SITE:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Surdocegueira).

A surdocegueira é a deficiência, em diversos graus, dos sentidos de audição e visão; isto é, o surdocego pode ver ou ouvir em pequenos níveis, dependendo do caso.

Com base nos estudos de McInnes, afim de classificarmos alguém de surdocego é preciso que esse indivíduo não tenha suficiente visão para compensar a perda auditiva, ou vice-versa, que não possua audição suficiente para compensar a falta de visão.

Vários autores, tais como Writer, Freeman, Wheeler & Griffin, McInnes defendem a surdocegueira como única, não como a soma de dois comprometimentos sensoriais.

Segundo o ponto de vista sensorial de Miles e Riggio, surdocegos podem ser:

• indivíduos surdos profundos e cegos; • indivíduos surdos e têm pouca visão;

• indivíduos com baixa audição e que são cegos; • indivíduos com alguma visão e audição.

Causas de surdocegueira

Antigamente, pensava-se que a principal causa da surdocegueira seria a Síndrome da Rubéola Congénita. Hoje em dia, com a tecnologia mais avançada, sabe-se que as principais causas se relacionam com a

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prematuridade ou com várias anomalias congênitas, tais como: rubéola, síndromes (Down, Usher, Trissomia 13, entre outras), anomalias congénitas (associação de CHARGE, hidrocefalia, microcefalia, síndroma fetal alcoólico, abuso de drogas pela mãe, entre outras), prematuridade e disfunções pré-natais congénitas (SIDA, toxoplasmose, herpes, sífilis) e causas pós-pré-natais (asfixia, traumatismo craniano, encefalite, meningite).

Há, no entanto, estudiosos que acreditam que a principal causa é ainda desconhecida.

Ser surdocego

Acredita-se que cerca de 80 a 90% da informação é recebida pelo ser humano visual ou auditivamente; assim sendo, a privação destas duas capacidades provoca alterações drásticas no acesso da pessoa à informação e no seu desenvolvimento.

A dependência do surdocego aos outros é total, quer para ter acesso a objetos e à pessoas, quer para obter ajuda quanto à organização e à compreensão da informação acerca do meio que o rodeia, com o objetivo de se relacionar com o mundo, quebrando assim o isolamento.

O tato desempenha um papel crucial na comunicação e desenvolvimento com estes indivíduos.

Há quem defenda que diversos graus de surdez e deficiência visual gerem quadros específicos de comportamento e de adaptação educacional. Assim sendo, este conceito desencadeia a necessidade de de categorização dos surdocegos em dois níveis: o sensorial, e o educacional. Os comportamentos apresentados por surdocegos são decorrentes de como eles estabelecem contacto com o ambiente, de qual o recuso que usam para se comunicar e se conseguem fazer-se compreender e compreender os outros. A

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singularidade da surdocegueira prende-se ao prejuízo no processo de desenvolvimento devido à falta de comunicação e de interação social.

No que toca ao comportamento infantil, ressaltam-se dois grupos: um de crianças que apresentam comportamento hipoativo (distanciando-se do ambiente social, isolando-se, evitando comunicar-se), e outro de crianças com comportamento hiperativo (que nunca param, apresentam contato visual e apresentam defesa táctil). Pesquisadores afirmam que a privação sensorial, no caso das crianças, lhes limita as respostas aos indivíduos ou às atividades do seu ambiente, isto é, interagem de forma artificial, ou estereotipada. Afirmam ainda que essas crianças demonstram uma alteração significativa no desenvolvimento das habilidades de comunicação, mobilidade e acesso à comunicação. A criança surdocega pode apresentar os seguintes comportamentos:

• comportamento autista (movimentos estereotipados e/ou rítmicos; • comportamento social imaturo;

• inabilidade de comportamento afetivo.

Os dados contidos nestas informações foram extraídos do (SITE:http://pt.wikipedia.org/wiki/Surdocegueira).

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A SURDEZ

Trata-se de informações transmitidas, por profissionais da área médica, na especialização de otorrinolaringologia, que atuam na Liga de Prevenção à Surdez, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. De acordo com Fortes, et al. (2002):

1) Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a deficiência auditiva afeta cerca de 10% da população mundial, variando segundo o grau de desenvolvimento sócio-econômico e hábito local (estado nutricional, ocupação profissional, raça, cultura e principalmente o grau de informação sobre a prevenção);

2) O número de deficientes auditivos no Brasil é muito difícil de estimar, devido à escassez de dados estatísticos apurados, mas de acordo com estimativa da OMS, esse número deve estar ao redor de 15 milhões, sendo que destes, 350.000 nada ouvem;

3) A maioria dos deficientes auditivos tem capacidade intelectual preservada, portanto, está apta a adaptar-se à sociedade como indivíduos normais; porém, pela dificuldade de comunicação acabam marginalizados, isolando-se e não se adaptando ao mercado de trabalho;

4) A audição é uma das funções mais importantes para o desenvolvimento da linguagem e, portanto, para a comunicação, no entanto, vem recebendo pouca atenção por parte da sociedade, governo e profissionais de saúde;

5) A perda auditiva é prejudicial em qualquer etapa da vida, mas particularmente na infância, onde acaba levando a um atraso no desenvolvimento da linguagem (que ocorre fundamentalmente nos dois primeiros anos de vida) e biopsicossocial do indivíduo;

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6) Outro momento crucial é a faixa etária escolar e pré-escolar (entre seis e sete anos de idade), onde a deficiência impede a criança de acompanhar o desenvolvimento escolar, levando o indivíduo desde cedo a distúrbios de aprendizagem, problemas de atenção e comportamento e suas conseqüências sociais;

7) Quando bilateral e presente desde o nascimento, a deficiência acaba levando a criança a tornar-se dependente, com conseqüente ônus social e econômico para a família e a sociedade;

8) Existem muitas causas de disacusia profunda neurossensorial precoce infantil e que variam segundo o grau de desenvolvimento do país, sendo a infecção congênita, principalmente a rubéola, a mais prevalente no Brasil, embora seja a mais passível de prevenção;

9) Na população da terceira idade (principalmente acima dos sessenta e cinco anos), que está aumentando e cuja tendência demográfica tende a manter-se nos próximos anos, a deficiência auditiva pode ser a principal queixa e agrava a tendência ao isolamento do indivíduo;

10) Em todos os casos de perda auditiva há como melhorar a qualidade de vida do indivíduo, seja através de tratamento medicamentoso, cirúrgico ou através de orientação para o uso aparelhos de amplificação sonora ou implante coclear;

11) Devido à alta prevalência e gravidade das consequências que a disacusia pode causar, a prevenção assume importância fundamental, principalmente para a educação e orientação da população, como também o diagnóstico e tratamento precoce;

12) Com a finalidade de ajudar na prevenção da surdez, assim como no ensino e treinamento acadêmico, foi criada em 1997 a Liga de Prevenção à Surdez, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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UM OUTRO OLHAR SOBRE AS DIFERENÇAS

Tem-se como significado da palavra surdo, saber que identifica o indivíduo que tem perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala, através do ouvido.

É necessário olhar os surdos pelas suas potencialidades, pelo que ele é capaz de realizar.

A sua diferença funcional deve ser respeitada e não ser vista pelo aspecto do doente e incapaz. Certamente, existem limitações que são inerentes à sua especificidade. Para os surdos o mais importante não é frisar a atenção sobre a falta/ deficiência da audição. Os surdos se definem de forma cultural e linguísticamente, diferente do ouvinte, mesmo fazendo parte do mesmo meio social. O surdo vive numa sociedade que não é inclusiva, como se ser surdo, fosse ser menos. Quanto ao termo “surdo”, pode-se dizer que é o termo com o qual as pessoas que não ouvem, referem-se a si mesmas e a seus pares. Pode-se definir uma pessoa surda como: aquela que vivencia um déficit de audição que a impede de adquirir, de maneira natural, a língua oral/auditiva usada pela comunidade majoritária e que constrói sua identidade calcada, principalmente nesta diferença, utilizando-se de estratégias cognitivas e de manifestações comportamentais e culturais diferentes, da maioria das pessoas que ouvem.

A inclusão social dos surdos tem a proposta de enfatizar e respeitar a diferença, e não a deficiência porque “crer-se que é na diferença que se baseia a essência psicossocial da surdez”. O surdo não é diferente, unicamente, porque não ouve, mas porque desenvolve potencialidades psicoculturais diferentes das dos ouvintes. Seu jeito de ser é diferente. Informações contidas no (SITE:http://webcache.googleusercontent.com).

Referências

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