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Uma escola especializada para Surdos - Educação e Socialização

Os seres humanos são, eminentemente, seres sociais. Isto é, somos seres gregários, predispostos a viver na companhia de outras pessoas e por isso formamos sociedades. As pessoas precisam umas das outras para desenvolver suas personalidades e suas capacidades. (JUREMA, POGREBINSCHI, 2008, p12)

Como o ser humano constrói seu conhecimento?

Ao ler Davis (1994, p.36), observa-se que a concepção interacionista de desenvolvimento baseia-se na idéia de interação entre o organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo, durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido, passivamente, graças às pressões do meio.

Jean Piaget (1896-1980) formado em Biologia e Filosofia é o mais conhecido dos teóricos que defendem a visão interacionista de desenvolvimento, cuja curiosidade, transformada em investigação científica teve como objeto de estudo a construção do conhecimento humano. Piaget definiu o desenvolvimento cognitivo como um processo de equilibrações sucessivas, que embora contínuo é formado por diversas etapas.

As etapas investigadas por Piaget e citadas no parágrafo acima, também, são chamadas de estágios do pensamento e apresentam-se na construção da inteligência do ser humano, em idades diferentes, a saber:

Primeiro estágio: Sensório motor - na faixa de idade de 0 a 2 anos – inteligência prática;

Segundo estágio: Pré-operatório, - na faixa de idade de 2 a 7 anos – emergência da linguagem;

Terceiro estágio: Operatório Concreto – na faixa de idade de 7 a 12 anos;

Quarto estágio: Operatório Formal – na faixa de idade de 12 anos.

A partir do estágio operatório a criança com sete anos está preparada para as trocas intelectuais, num grau maior de socialização e com qualidade, devido à maturação de seu desenvolvimento mental considerando as etapas anteriores experimentadas, vivenciadas e internalizadas por ela. Nesta fase a criança deixa de ter uma visão egocêntrica e alcançará o que Piaget denomina de personalidade, conforme escrito em La Taille (1992, p.16) e citado a seguir:

A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros “eus” e refratário a socialização, mas é o indivíduo se submetendo voluntariamente às normas de reciprocidade e de universalidade. Como tal, longe de estar à margem da sociedade, a personalidade constitui o produto mais refinado da socialização. Com efeito, é na medida em que o “eu” renuncia a si mesmo para inserir seu ponto de vista próprio entre os outros e se curvar assim às regras da reciprocidade que o indivíduo torna-se personalidade (...). Em oposição ao egocentrismo inicial, o qual consiste em tomar o ponto de vistas próprio como absoluto, por falta de poder perceber seu caráter particular, a personalidade consiste em tomar consciência desta relatividade da perspectiva individual e colocá-la em relação com o conjunto das outras perspectivas possíveis: a personalidade é, pois, uma coordenação da individualidade com o universal.

Cabe esclarecer, para melhor entendimento desta pesquisa, que os termos “surdo e/ou surda e surdos e/ou surdas” mencionados no texto, a partir deste subitem representam a pessoa ou o grupo de pessoas, respectivamente, com deficiência auditiva leve até a mais profunda.

As crianças surdas estão sujeitas ao mesmo processo de desenvolvimento cognitivo definido por Piaget, conforme os estágios acima descritos, exceto a sua comunicação verbal que sofre um desvio por causa da

diferença linguística. Faz-se necessário, no início do processo de desenvolvimento, a intervenção das famílias na procura de informações e na mudança de atitudes, utilizando-se de suportes específicos e apoio diferenciado, que são importantes para estimular à comunicação e favorecer a integração social destas crianças, em conseqüência a adequada inclusão no processo de ensino-aprendizagem na escola.

A aquisição de uma língua desde os primeiros anos de vida pode acarretar sérias consequências no desenvolvimento cognitivo. É importante observar que há, também, um período crítico, isto é, favorável para a aquisição da linguagem (no sentido da língua) que se estende até os 12 anos de idade. Depois desse período, torna-se mais difícil o processo de aquisição (SILVA, 2007)

No cenário da educação de pessoas surdas, destaca-se o INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos, órgão do Ministério da Educação – MEC, localizado à Rua das Laranjeiras, número 232, na cidade do Rio de Janeiro.

HISTÓRICO

Fundado em 26 de setembro de 1857, durante o Império de D. Pedro II, pelo professor francês Hernest Huet, com o apoio do imperador recebeu o nome deImperial Instituto de Surdos Mudos”. Huet era surdo. Na época, o Instituto era um asilo, onde só eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todos os pontos do país e muitos eram abandonados pelas famílias

O INES tem como missão institucional a produção, o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo território nacional, bem como subsidiar a Política Nacional de Educação, na perspectiva de promover e assegurar o desenvolvimento global da pessoa surda, sua plena socialização e o respeito às suas diferenças. Atende em torno de 600 alunos, da Educação Infantil até o

Ensino Médio. A arte e o esporte completam o atendimento diferenciado do INES aos seus alunos. O ensino profissionalizante e os estágios remunerados ajudam a inserir o surdo no mercado de trabalho. O Instituto também apóia o ensino e a pesquisa de novas metodologias para serem aplicadas no ensino da pessoa surda, promove curso de Língua Brasileira de Sinais – Libras e ainda atende a comunidade e os alunos nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e assistência social.

O QUE FAZ O INES

Centro de Referência Nacional na área da surdez presta assessoria técnica nas seguintes áreas: prevenção à surdez, audiologia, fonoaudiologia, orientação familiar, orientação para trabalho e qualificação profissional, artes plásticas, dança, biblioteca infantil, Língua de Sinais, informática educativa, atendimento à múltipla deficiência, sempre aliada à surdez, prevenção às drogas, experiência educacional bilíngue, ensinos fundamental e médio e ações para a cidadania (palestras sobre temas atuais). Também promove anualmente, Seminário Nacional e Congresso Internacional sobre temas relevantes na área da surdez, além de publicações semestrais de revistas e periódicos de cunho técnico e científico.

No Centro de Referência, encontra-se o colégio de aplicação onde são atendidos alunos surdos, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Além de educação formal, os alunos recebem atendimento especializado nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e assistência social. Os cursos profissionalizantes e estágios remunerados capacitam os surdos para sua inserção no mercado de trabalho. O Projeto do Centro de Atendimento Alternativo florecer, atende alunos matriculados nos segmentos da escolaridade formal do CAP/INES que apresentam dificuldades de aprendizagem e/ou outros comprometimentos, como também a crianças e jovens com múltipla deficiência que procuram escolaridade. Arte e esporte completam o atendimento diferenciado do INES aos seus alunos.

O INES, através do Departamento de Ensino Superior – DESU oferece o Curso Bilingue de Pedagogia, às pessoas surdas e ouvintes.

As informações acima foram extraídas do (SITE: http://www.ines.gov.br).

2.3. A Feneis – Federação Nacional de Educação e Integração

dos Surdos

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