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4 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS DIFERENTES TIPOS DE EMBARQUE

4.2 PROCESSO DE EMBARQUE COM GRABS

Terminais graneleiros podem apresentar dimensões consideráveis e diversos arranjos portuários. Especialmente no Brasil, os terminais de granel sólido são, na maioria, voltados para exportação, assim como seus arranjos, já que o país possui grande produção de grãos e de minério de ferro. Nesse sentido, a movimentação e o armazenamento das cargas tendem a ser altamente especializados e dotados de equipamentos modernos com elevada produtividade, conforme descrito na seção 4.1 (FIGUEIREDO, 2016).

Todavia, para Moura (2016), em terminais menores podem ser utilizadas garras (grabs) acopladas em guindastes para movimentar os grãos. Estes equipamentos são mais comuns para o desembarque de granéis sólidos vegetais ou embarque de minérios, contudo, é possível verificar o seu uso para embarque da soja. O processo de embarque com grabs consiste no carregamento dos navios a partir de determinada área no cais onde a carga se encontra. Assim, suas principais características são descritas nas próximas seções.

4.2.1 Descrição do processo e aspectos a serem considerados

Assim como o processo com correias e shiploaders, no processo com grabs o produto é embarcado em navios graneleiros. Contudo, ao invés da carga ser embarcada diretamente do armazém para o navio, ela permanece por um período no cais, conforme expõe a Figura 17.

Figura 17 – Embarque de soja com grabs no Porto de Imbituba

Fonte: FRIENDSHIP (2021)

Segundo Costa (2013), antes do início da movimentação com grabs deve ser instalada alguma proteção entre o navio e o cais, por exemplo lonas (vide Figura 18), evitando que qualquer despejo de material alcance o mar.

Figura 18 – Lona de proteção entre navio e cais

Fonte: CSA... (2014)

Assim, o processo inicia com a chegada de caminhões basculantes que despejam a carga em uma área delimitada pela autoridade portuária, às vezes em espécies de piscinas. Então, se necessário pás carregadeiras são utilizadas para formar pilhas para que o guindaste com o grab colete o material e deposite nos porões do navio (NUNES FILHO, 2016; CSA... 2014).

Em vista da elevada demanda nos terminais graneleiros um dos questionamentos associados a este processo é como garantir a máxima eficiência com um baixo custo por tonelada movimentada. Nesse sentido, a produtividade da operação está vinculada com à produtividade do grab. Dessa forma, a taxa de carregamento varia conforme o tamanho do grab e os parâmetros do guindaste ao qual está acoplado (MOURA, 2016; BULK TERMINALS INTERNATIONAL, 2018).

Nesse contexto, a revista Bulk Terminals International (2018) coloca que os grabs possuem um “peso morto” e uma carga útil, e quanto menor for o primeiro, maior será o segundo e, portanto, maior será a produtividade. A mesma fonte explica ainda que, no que tange à produtividade, o tempo de abertura e fechamento do grab também deve ser considerado, influenciando no número de ciclos por hora6 (BULK TERMINALS INTERNATIONAL, 2018).

Ademais, frente ao exposto é fundamental que os grabs sejam escolhidos adequadamente conforme a carga que será embarcada, bem como devem ser mantidos em condições adequadas a fim de reduzir a geração de poeira e garantir a segurança da operação (BULK TERMINALS INTERNATIONAL, 2017).

A próxima seção irá descrever algumas características e indicadores do embarque com grabs no Porto de Imbituba.

4.2.2 Indicadores de desempenho do processo de embarque da soja com grabs Conforme mencionado anteriormente, o processo com grabs é mais utilizado para embarque de minérios ou desembarque de produtos agrícolas, contudo, no Porto de Imbituba, no estado de Santa Catarina, esta operação pode ser observada para embarque do grão e do farelo de soja.

4.2.2.1 Porto de Imbituba

No Porto de Imbituba (vide Figura 19), a movimentação de granéis agrícolas representa 24% de toda a movimentação portuária. A soja chega pelo modal rodoviário, com origem nos estados do Mato Grosso, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e é exportada para países como Rússia e China (BRASIL, 2017c; PORTOS E NAVIOS, 2021).

6 O número de ciclos por hora é resultado do tempo de içamento e giro dos guindastes mais o tempo de abertura e fechamento do grab (BULK TERMINALS INTERNATIONAL, 2018).

Figura 19 – Navio graneleiro atracado no Porto de Imbituba

Fonte: Farias (2020)

A operação com grãos e farelo de soja ocorre em três berços do porto e utiliza caminhões, que trabalham em um sistema carrossel, para o transporte entre a área de armazenagem e o cais, bem como caixas metálicas, ou piscinas, para auxílio no carregamento, o qual é realizado por guindastes MHC ou por guindastes de bordo (BRASIL, 2017c; CARREGANDO... 2016). A Tabela 9 exibe os indicadores operacionais para embarque da soja, considerando os 3 berços de atracação para a soja em grão e os berços 1 e 2 para o farelo.

Tabela 9 – Indicadores operacionais de embarque nos berços do Porto de Imbituba Indicadores operacionais do Porto de Imbituba

Indicador Soja em Grão Farelo de Soja

Lote médio (t/embarcação) 34.185 17.320

Lote máximo (t/embarcação) 70.738 43.630

Produtividade média (t/ h de operação) 247 168

Tempo médio de operação (h) 149,6 106,4

Tempo inoperante médio (h) 10,7 10,1

Tempo médio de atracação (h) 160,3 116,4

Fonte: Brasil (2017c)

No Porto de Imbituba um dos arrendatários que utiliza esse processo é a Fertisanta. Segundo a empresa, em julho de 2020, houve um recorde de produtividade no embarque do navio Greek Seas, que atracou no berço 1 para o embarque de soja a granel, o qual ocorreu em 24 horas e foi de, aproximadamente, 23.066 toneladas (FERTISANTA, 2020).

Ainda segundo a empresa, a expectativa para a safra de 2020/2021 é o embarque de oito navios entre março e maio de 2021, com as operações sendo realizadas pela empresa Granéis Imbituba (FERTISANTA, 2021).

4.2.3 Tendências para a utilização do processo de embarque com grabs

Nos terminais graneleiros, com a expectativa de receber navios maiores, a produtividade das operações é cada vez mais importante. Portanto, o desempenho dos grabs e dos guindastes precisa ser otimizado e tem potencial para tal (BULK TERMINALS INTERNATIONAL, 2017).

Assim como os guindastes, os grabs continuam em desenvolvimento, buscando maior flexibilidade, tecnologia, segurança e sustentabilidade, o que implica em um custo considerável. Contudo, diversas pesquisas recentes têm estudado novos projetos e soluções para esses equipamentos (BULK TERMINALS INTERNATIONAL, 2017).

Apesar das iniciativas, é evidente que a geração e o acúmulo de resíduos durante o processo ainda é um desafio a ser trabalhado nesse tipo de operação (BULK TERMINALS INTERNATIONAL, 2019).

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