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Processos de construção identitária em relação com o lugar: o caso do Sítio Engenho Velho

No documento Sociabilidades Urbanas (páginas 69-79)

Identity construction processes in relation to the place: the case of comunnity of Engenho Velho

Verônica Rodrigues da Silva

Resumo: O presente trabalho aborda o processo de construção identitária na localidade de Engenho Velho, em João Pessoa, oficialmente área rural, mas inserida na malha urbana entre um bairro residencial e outro industrial, o lugar configura-se como uma das poucas comunidades rurais existentes no município. Na década de 1980 esta localidade, em função de um conflito agrário, vivenciou um processo de desapropriação que trouxe uma nova configuração ao local – com a venda e divisão dos antigos sítios e a chegada de novos moradores, além da implantação de um grande empreendimento habitacional às suas margens. Este processo se revelou um mote fundamental para os antigos moradores iniciarem uma construção identitária como distinta e oposta em relação aos mais novos do lugar. Assim, abordando especificamente os moradores antigos, buscou-se entender quais elementos são pensados e construídos como relevantes nesta contraposição, percebendo, e então focalizando, a relevância de um sentimento de pertencimento ao lugar. Foi verificado que a nova configuração espacial e seu consequente processo de diferenciação possibilitam também espaços físicos e sociais de interação, com limites que são acionados situacionalmente, através da eleição de valores que definem uma comunidade moral. Esse processo de diferenciação está vinculado não diretamente a disputa do território, mas envolve uma disputa simbólica acerca do que os novos moradores podem significar em termo de mudanças não desejadas, segundo o imaginário dos moradores antigos, em relação aos aspectos considerados importantes como característica do lugar. Palavras-chave: rural, pertencimento, comunidade moral, processo identitário

Abstract: The present work presents the process of identity construction in the district of Engenho Velho, inserted in João Pessoa city, officially a rural area, but inserted in the urban mesh between a residential neighborhood and one industrial area; the place is one of the few rural communities in the County. In the 1980s this locality, due to an agrarian conflict, experienced a process of expropriation that brought a new configuration to the place - with the sale and division of the old sites and the arrival of new residents, besides the implementation of a large housing development near to the community. This process has proved to be a fundamental motto for the old residents to start a construction of identity as distinct and opposite to the youngest of the place. Thus, addressing specifically the ancient residents, tried to understand which elements are thought and constructed as relevant in this contraposition, perceiving, and then focusing, the relevance of a sense of belonging to the place. It was verified that the new spatial configuration and its consequent differentiation process also allow physical and social spaces of interaction, with limits that are triggered situationally, through the election of values that define a moral community. This process of differentiation is not directly linked to the territorial dispute, but involves a symbolic dispute over what new residents may mean in terms of unwanted changes, according to the imagery of the ancient inhabitants, in relation to aspects considered

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Esse artigo tem como base a dissertação de Mestrado pelo PPGA/UFPB intitulada Processos de Construção Identitária: o caso do Sítio Engenho Velho em João Pessoa,orientada pela Profa. Dra. Alexandra Barbosa da Silva.

important as a characteristic of the place. Keywords: rural, belonging, moral community, identity process

O objetivo do presente artigo é apresentar a configuração de uma comunidade rural estabelecida dentro da malha urbana da cidade de João Pessoa e demonstrar como, a partir de um conflito pela terra, desenvolveu-se um processo identitário dos moradores antigos da localidade que tem por base o avivamento da memória como um reforço dos aspectos considerados fundamentais para a manutenção do seu modo de vida e a diferenciação com os novos moradores chegados ao lugar.

O Sítio Engenho Velho pertencente ao bairro de Gramame, está localizado na saída sul do município, possuindo como limites de um lado o Distrito Industrial da cidade e de outro um bairro residencial caracterizado como grande empreendimento imobiliário desenvolvido pelos poderes públicos municipal e estadual, sendo uma referência de impacto nessa política. Do lado sul tem como limite o Rio Gramame, que faz a divisa com o município do Conde.Expor sua localização não tem aqui apenas o sentido descritivo, mas de permitir uma visualização de como este lugar está plantado na malha urbana, se constituindo, mesmo assim, como um local desconhecido para os moradores da cidade de João Pessoa, referenciando sentimentos de estranhamento por parte dos moradores de outros bairros.

Aqui cabe destacar que o empreendimento imobiliário implantado em um dos limites da localidade de Engenho Velho, caracteriza-se como um conjunto habitacional, sendo que foi desenvolvido para que pudesse atender pessoas de baixa renda e foi habitado, através de uma grande operação pública municipal, que transferiu para o local pessoas de diversas ocupações urbanas, de terrenos e prédios públicos. Essa operação foi destacada pela imprensa local e mesmo pelo próprio poder público, considerado como uma solução para diversas famílias de baixa renda que não haviam conseguido, até então, possuir um imóvel próprio, constituindo-se como uma política pública habitacional exitosa. Ocorre que a chegada dessas famílias de lugares diversos da cidade, funcionou como uma espécie de marcador social para o bairro, configurando, na visão dos moradores antigos das localidades próximas, como um grupo homogêneo marcado negativamente pelo traço da marginalização. Esse fato, analisado mais adiante, foi um dos aspectos tomados na narrativa dos moradores antigos da localidade rural como uma justificativa que serviria de reforçoà imagem sobre os de fora, sendo inclusive ampliada a ideia da marginalidade mesmo para os novos moradores da área rural, que nenhuma relação direta possuíam com os moradores do bairro vizinho recém instalado.

A propriedade rural de Engenho Velho, antiga fazenda, foi desapropriada para fins de reforma agrária pelo Governo do Estado da Paraíba no ano de 1988, beneficiando à época as 90 famílias residentes. O número de 90 famílias referido na ação judicial, corresponde às divisões dos lotes para efeito de desapropriação, e não exatamente ao número de famílias, pois em um mesmo lote residiam na verdade grupos domésticos (BARBOSA DA SILVA; MURA, 2011), mas foi considerado como uma mesma família, tomado o nome do chefe ou chefa da família como referência.

Vale a pena ressaltar aqui que a denominação de Sítio Engenho Velho relaciona- se à área total do lugar, com os seus 321,888 hectares, o que correspondia antes da desapropriação a uma mesma propriedade. Após essa, ocorreu a divisão em lotes menores, de cerca de três hectares por família, sendo que estes também são denominados de ―sítios‖ pela população local. Essa referência espacial é fundamental na vivência rural na região nordeste do país. Ela, inclusive, é o termo que marca a

diferença entre o morador sujeito sem sítio e o com sítio, analisado por Palmeira (2009) e Garcia Junior (1989), entre outros autores.

Alguns dos atuais moradores do sítio Engenho Velho lá residem há mais de 50 anos e se viram diante de uma nova conformação de organização do espaço e das relações sociais após o processo de desapropriação. Essa conformação foi caracterizada pela venda de lotes e a consequente introdução de novas pessoas que chegaram para morar no lugar. Percebe-se que entre os moradores, esse processo deflagrou e evidenciou conflitos expressos ou silenciados, além de ter reforçado uma dinâmica de identificação interna entre os mais antigos que, pela diferenciação com os novos, desenvolveram um fortalecimento de suas redes internas e a reiteram entre si através de discursos acerca dos novos moradores.

Para as análises apresentadas foi fundamental o trabalho de Barth (2000) na qual o autor usa a ideia de fronteira para refletir de maneira processual e dinâmica sobre a construção das identidades e diferenças. Embora o autor enfatize essa conformação sobre grupos etnicamente diferenciados, as dinâmicas sociais de construção de fronteiras percebidas em campo, com seleção de elementos de pertencimento e exclusão, de acordo com os contextos de interação, coadunavam com a proposta do autor, servindo para pensar analítica e metodologicamente esse processo identitário. Igualmente observou-se o estabelecimento de um modo de vida, através de elementos que configuram uma comunidade moral nos termos de Bailey (1971 apud COMERFORD, 2014, p. 25) através da seleção de determinados valores entre as pessoas do lugar que constituem os chamados ―antigos‖ moradores.

Porém, se faz necessário enfatizar que essas fronteiras entre os dois grupos de antigos e novos moradores, os processos que definem ―quem é do lugar‖ e quem são ―os de fora‖, mais do que a identificação meramente territorial agrega aspectos diferenciais permeáveis e que ora se expandem, agregando outras pessoas, ora se restringem às famílias que compartilham dos mesmos conhecimentos, experiências e valores. Mas essas delimitações apesar de fazerem referência ao lugar, Engenho Velho, não podem ser confundidas com uma delimitação espacial rígida do território que a localidade ocupa; antes, agrega sempre uma avaliação de outros aspectos que não são apenas territoriais. Isto se apresenta, no meu entender, principalmente pela acusação de que os novos não se integram nas atividades, ou que não vivem no local.

Assim esses aspectos conformariam padrões de moralidade, que orientam as relações de pertencimento e exclusão de determinada comunidade que é mais imaginada do que efetiva, como visto. A noção de comunidade moral, proposta por Bailey, se reforçaria, além do modo entendido e referido acima por Comerford – no seguinte sentido:

Eles compartilham a mesma perspectiva de vida; querem os mesmos tipos de coisas; têm os mesmos modos de ‗nomear‘ (wording) o mundo; compartilham um alusivo, lacônico e econômico sistema de sinalização e concebem-se a si mesmos como uma entidade, regida por leis e regularidades e padrões de moralidade, e posicionada contra um mundo externo imoral. (BAILEY, apud BARBOSA DA SILVA, 2007, p. 231).

O aspecto simbólico dessa comunidade moral pode ser observado através da produção de narrativas sobre as famílias, as pessoas e as paisagens que apresentam significação para a constituição da história do lugar, constituindo diversos locais como lugares de memória, pela significação que assumem para a conformação da identidade do grupo. Essas narrativas apresentam as histórias muitas vezes através de conversas, mas também através da produção de músicas e poesias que referendam essas histórias e relacionam-se mutuamente. Constituem também a valoração de pessoas por colocá-las

num lugar de reconhecimento como portadoras de um saber importante para o enaltecimento do lugar e são parte da constituição das redes de relações sociais e dos lugares sociais atribuídos às pessoas a partir da sua vinculação e capacidade de produzir e contar narrativas.

Essas narrativas que reforçam aspectos da identidade do grupo dos antigos moradores são desenvolvidas na maior parte do tempo em contraposição aos novos moradores, sendo que o discurso acerca desses traz sempre em si uma valoração moral colocando-os como representação da insegurança, do diferente, aquele que não possui vínculo com o lugar e que representa risco à manutenção do modo de vida valorizado.

Assim, o objetivo central foi perceber e discutir esse processo de construção identitária de grupo que se redefine na relação direta com o espaço de vida e trabalho, entendendo que um não se contrapõe ao outro de modo radical ou exclusivo, mas, ao contrário, se encontram e entrecruzam através de atividades e rotinas cotidianas pelas quais o movimento da vida é entendido e expresso.

Como escolha metodológica, foi desenvolvido o trabalho junto aos moradores antigos da localidade posto que, ao longo do trabalho de campo, percebeu-se que estes detinham um acúmulo de experiência e conhecimentos sobre o lugar que poderiam conduzir rumo à apreensão de uma história e das configurações sociais mais densas sobre o local e as pessoas ali residentes. Ademais, estes encontravam-se de certo modo agrupados, formatando um discurso de pertencimento ao lugar, em contraposição aos novos moradores, que eram postos no lugar do diferente, dos de fora e que, nesse discurso, estariam excluídos da vida local. Os moradores antigos agrupavam-se em sítios, lotes de tamanhos variados, servindo como local de moradia e trabalho (por meio da produção agrícola ou criação de animais) que agregavam grupos domésticos de até quatro gerações. As configurações de distribuição dessas famílias nos sítios são diversas, de modo que encontram-se desde famílias nucleares em seus espaços exclusivos, bem como um grande número de sítios onde além da casa principal, habitada pelo casal mais velho, ou um de seus membros, foram construídas as casas dos filhos e filhas que formavam novas famílias no seu entorno.

Conforme observado, estando eles habitando o mesmo espaço (sítio), mesmo em casas separadas, há um modo de convivência no qual prevalece o mútuo apoio, em diversos aspectos. Situações corriqueiras como ficar com os sobrinhos ou netos enquanto os pais trabalham, preparar as refeições para mais de uma família nuclear (porque aquela apresenta algum impedimento), pagar por conserto de objetos da outra casa, utilizar os frutos da colheita produzidos no sítio de forma compartilhada, mesmo daqueles que não são frutos do seu trabalho direto, são aspectos que foram percebidos nos grupos familiares daquela localidade. Ou seja, mesmo residindo em moradias separadas e desenvolvendo estratégias de trabalho para o seu sustento que se referem a cada unidade familiar nuclear, mantém-se um vínculo marcado não só pelo fato de morarem no mesmo local, mas também sendo elaboradas e exercidas estratégias de colaboração, seja no aspecto material, seja no aspecto afetivo e cultural, que possibilitam a sua manutenção enquanto grupo doméstico. Nesse sentido, é importante considerar o que salientam Barbosa da Silva e Mura (2011) citando Wilk (1984; 1997) acerca dos grupos domésticos Kaiowa e Tabajara41:

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No caso dos Kaiowa, do sul do Mato Grosso do Sul, não há qualquer questionamento do fato de constituírem um grupo propriamente étnico. Já no caso dos Tabajara, do Litoral Sul da Paraíba, os autores destacam o processo histórico de silenciamento de uma identidade em termos étnicos. No entanto, para os dois casos, Mura e Barbosa da Silva apontam a centralidade do grupo doméstico como unidade de produção e reprodução econômica e social.

Assim, o grupo que vive numa residência é denominado pelo autor de ―unidade habitacional‖ (dwellingunit), enquanto um aglomerado (cluster) de unidades habitacionais, sob uma única direção, formaria uma ―household cluster”. (...) No segundo caso (loose [grupos domésticos de tipo flexível]), embora seus integrantes continuem cooperando entre si em algumas tarefas e estejam voltados a prover a unidade doméstica como um todo, podem também desenvolver atividades diferenciadas entre si (como envolver-se no comércio ou em trabalhos assalariados), fazendo com que cada unidade habitacional possa estabelecer estratégias de ação específicas, com certa autonomia (BARBOSA DA SILVA; MURA: 2011, p. 99).

Continuam os mesmos autores, observando que essa classificação oferecida por Wilk prioriza aspectos econômicos, mas então apresentam elementos buscando ampliar essa definição, incluindo outros aspectos como conhecimentos, valores, lógicas educacionais, emoções, afetos, cargos e funções sociais. Essas adições são de fundamental importância para compreensão da dinâmica estabelecida pelos grupos domésticos nas suas estratégias de manutenção. A conceituação é próxima daquela que percebi no modo como se organizavam os grupos familiares em Engenho Velho, que estão em geral formados por 03 e até 04 gerações, distribuídos em diversas casas dentro do mesmo sítio, apresentando ou não uma divisão por cercas ou muros, mas que possuem uma relação de dependência e solidariedade na manutenção do sítio, na educação das crianças, na produção agrícola e criação de animais, desfrutando do mesmo espaço de modo partilhado.

O conhecimento sobre o lugar e o controle sobre a circulação de pessoas

Esse laço que parece ligar os moradores antigos é reforçado pelas conversas diárias, que são um fator de compartilhamento das informações. Esse costume pode ser observado nas casas onde por muitas vezes foi possível participar das conversas que ocorriam, em boa parte das vezes, sob as sombras das árvores. As pessoas mantém o costume de se visitar, ocasião nas quais atualizam os vínculos, trocam presentes (quase sempre resultado dos pequenos cultivos), se informam sobre as novidades, estado de saúde de amigos e aparentados, viagens, estudos, fofocas, enfim. Se nos remetemos a Comerford, temos:

... essa grande produção de conversas que quase sempre embutem falar dos outros e falar de si (abrangendo um ―nós‖) é fundamental para situar uns em relação aos outros, suas proximidades e distâncias, identidades e alteridades relativas, e constituí-los como coletividades (relativamente) ordenada (e sempre relativamente desordenada, ou em reordenamento). É como se fosse um processo de mapeamento, em que não é exatamente um mapa que se produz, pois cada um estabelece seu posicionamento a partir de perspectivas distintas entre si, e essa perspectiva se desloca a cada nova conversa (cada nova conversa desloca um pouco - ou nem tão pouco – o conjunto das coordenadas interpretativas de todas as outras conversas). (COMERFORD, 2014, p.9).

Mas percebe-se, como explicita Comerford (2014), o quanto essas conversas são também uma forma de dar-se a conhecer e carregam em si elementos da dinâmica ali instalada:

Essa observação e o controle do jeito de conversar a respeito dos outros é, também, uma (entre várias) das formas de identificar o estado das relações entre pessoas e famílias e as identidades e alteridades que estão em jogo: há modos de falar dos outros que implicam o quanto esses outros são outros, ou seja, distantes de si. Pois, há certos jeitos de falar que implicam distanciar-se por contraste, embutindo desse modo uma fala sobre si na fala sobre os outros‖. (COMERFORD, 2014, p.9)

Esse conhecimento do lugar implica também que as pessoas pertencentes as famílias antigas do lugar dominam um conhecimento sobre as outras pessoas e a utilização dos espaços da localidade, de tal modo que a presença de pessoas estranhas está, de certo modo, sempre sendo observada. Seja nos eventos, onde a presença de pessoas (e inclusive a minha) era indagada, seja no dia a dia, a circulação de pessoas e principalmente de homens jovens sem nenhum vínculo conhecido com as famílias locais, chama a atenção dos moradores e acende uma alerta, que promove uma rápida comunicação entre eles e por vezes o acionamento da polícia. É possível falar assim em um controle sobre a circulação de pessoas, o que demonstra entre outros aspectos como o grupo detém um conhecimento do lugar, dos seus moradores e mesmo dos comportamentos considerados estranhos ao seu modo de vida. Essa é uma forma como é feito o controle social no lugar.

Aspectos importantes na vivência e discurso do pertencimento

Além do conhecimento sobre o lugar e seus habitantes e o controle sobre a circulação de pessoas, um outro fator indicativo da integração do grupo dos moradores antigos é expresso na fala do apego ao lugar, ―de não querer sair dali‖, ou de ―não ter para onde sair‖, o que não é explicado por uma falta de condição econômica para tal, mas pelo fato de ―não se ver morando em outro lugar‖. As falam expressam esse apego ao lugar construído e, mais que isso, a vontade de retorno principalmente dos filhos e filhas que estão fora e a reserva de espaço nos sítios feita para aqueles que estão morando em outro lugar, mas que podem voltar a qualquer momento, que têm assim seu espaço garantido para um retorno que é esperado e desejado. Como disse uma moradora sobre uma fala em tom de brincadeira de seu filho:

... ―Mãe se um dia a gente acertasse na loteria, a senhora saía daqui. A senhora saía daqui né mãe?‖ Só pra mexer comigo. ―A senhora ia morar, comprava uma casa na praia e ia morar na praia‖. Eu queria uma casa na praia pra passar o final de semana, mas ia ajeitar aqui a minha granja42 (risos). Ele diz, não tem quem tire mãe daqui não (risos). Vou nada. (...) Mas eles saíram, mas num quer, se disser assim é pra vender. Não. Ninguém quer que venda não. Eles saíram mas sempre tão aqui. Aí todo mundo construiu (...) mas o terreno deles tá aí embaixo. Tem, se eles quiserem construir. (fala

No documento Sociabilidades Urbanas (páginas 69-79)