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Produção Artesanal e Apropriação na Indústria

A.1 Teares (R IBEIRO , 1984)

2.3 Design, Arte e Produção Artesanal

2.3.3 Produção Artesanal e Apropriação na Indústria

Na Moda, a inserção de técnicas artesanais é comumente encontrada na construção de peças do vestuário feminino e masculino. Na coleção do estilista Walter Rodrigues, as rendas de bilro, tradição na região Nordeste, foram incorporadas em vestidos de festas conforme figura 2.5.

Figura 2.5: Detalhe da renda Fonte: Roizenbruch (2009)

A figura 2.6 ilustra a coleção do estilista mineiro Ronaldo Fraga que resgata técnicas e tradi- ções culturais.

Figura 2.6: Detalhe do tecido Fonte: Fraga (2012) 26

Lino Villaventura, outro renomado estilista brasileiro, tem como principal característica seu trabalho manual de construção da peça mostrada na figura 2.7.

Figura 2.7: Vestido Lino Villaventura Fonte: MCB (2012)

Outro exemplo da união de artesanato e Moda foi o desfile da grife Maria Bonita, São Paulo Fashion Week (SPFW) edição 2012. Nela, a estilista buscou no trançado de fibras vegetais e cestaria para a construção do tecido da figura 2.8.

cestaria para a construção do tecido

Finalmente, na mesma Semana de Moda, a grife Melk-Z-Da utilizou o barro e cerâmica como matéria-prima para os acessórios mostrados na figura 2.9

Figura 2.9: Colar de cerâmica desfile Melk Z Da VOGUE (2012)

Assim como a exemplo da Moda, as técnicas artesanais também são aplicadas em objeto de decoração, como mostra a figura 2.10.

Figura 2.10: Artigos de decoração Fonte: TOK STOK (2012)

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Estado da Arte: Metodologia, Ferramentas de Projeto e DFX

Alcançar o desenvolvimento sustentável é o grande desafio para a sociedade contemporânea, e continuará sendo pelas próximas décadas. O ponto chave desse desafio é atingir a eficiência no uso de energia e matéria-prima, uma vez que pela definição da Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento CMMAD (1991) , desenvolvimento sustentável é:

“aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”

CMMAD (1991)

Produtos que atendam aos requisitos ecológicos e exerçam suas funções utilitárias e estéticas requerem um processo de desenvolvimento e, mais precisamente, uma metodologia de projeto que contemple as diversas áreas do conhecimento para compor um produto inovador e ecológico. Por este motivo, a interdisciplinariedade não permite uma abordagem metodológica da dicotomia qua- litativo versus quantitativo e teoria versus prática. Essa é razão da escolha de uma Metodologia que possa integrar diferentes métodos para um uso mais flexível, como demonstram os elementos que formam a Metodologia dessa pesquisa.

O uso de uma metodologia se faz necessário em razão da complexa rede de variáveis envolvi- das em um projeto (MARQUES, 2008). Por este motivo, as seções a seguir trarão o estado-da-arte da metodologia de projeto de produto, e a inclusão das DFX como ferramentas auxiliares.

3.1 Metodologia de Projeto de Produto

Desde os primórdios, a partir de simples mecanismos, até a complexa produção de bens de consumo e sistemas de transporte, o homem vem projetando e desenvolvendo objetos. Por este motivo, justifica-se o estudo do processo projetual em razão da necessidade contínua pelo novo, minimização de custos e alta qualidade dos produtos. Ullman (1997) estima que quase 85% dos problemas com novos produtos que não funcionam da maneira como deveriam, dificuldades de penetração de mercado ou custos elevados são resultantes de um projeto deficiente.

Uma metodologia de projeto tem como propósito a aplicação e reprodutibilidade em qualquer problema de projeto. Em uma produção industrial, três medidas da efetividade do projeto devem ser consideradas: custo, qualidade e tempo, pois o consumidor sempre dá preferência para o mais barato, eficiente e rápido (ULLMAN, 1997).

As decisões tomadas durante o projeto tem efeito positivo no custo do produto, pois é nesta etapa que se determinam materiais, partes, formatos, venda e, ao final, o escopo da administração. As modificações são exigidas com objetivo de desenvolver um bom projeto, e quando são feitas no início, são mais fáceis e menos caras que mudanças feitas no final do projeto (ULLMAN, 1997).

Entretanto, como afirma Baxter (2011, p.3), a atividade de desenvolver um produto novo demanda pesquisa, planejamento, controle e, principalmente, uso de métodos sistemáticos. Adici- onalmente, exige uma abordagem multidisciplinar, envolvendo conhecimentos de mercado, enge- nharia e comportamento do consumidor na constante busca pelo “casamento entre ciências sociais, tecnologia e arte”.

Segundo Bitencourt (2001), o início da metodologia parte de um problema expressado pelas necessidades humanas para formar e formalizar uma base de conhecimento que auxilie o projetista na busca pela solução.

Muitas situações que demandam um projeto são conjuntos de diferentes problemas. Por este motivo, as etapas e atividades de projeto resultam do processo que combina pessoas e seus conheci- mentos, ferramentas e habilidades. Ullman (1997), por definição, assume que o processo projetual é a organização e administração de pessoas e as informações desenvolvidas na evolução do produto.

No início, uma única pessoa poderia projetar e produzir um produto inteiro. Mesmo para grandes projetos, uma pessoa detinha conhecimento suficiente para controlar todos os aspectos do conceito e realização do projeto (ULLMAN, 1997).

A partir da metade do século XX, os produtos e processos de manufatura se tornaram tão complexos que uma única pessoa já não tinha mais conhecimento ou tempo para atender todos os aspectos do projeto. Diversos grupos ficaram responsáveis pelo marketing, design, manufatura e ad- ministração geral. Esta evolução gerou o processo “over the wall”, início da engenharia simultânea

(ULLMAN, 1997).

A filosofia da engenharia simultânea enfatiza o desenvolvimento simultâneo do processo de manufatura com a evolução do produto, de modo a promover a interação entre membros de equipes de projeto e engenheiros de projeto. A partir dos anos 1980, esta filosofia foi ampliada e denomi- nada de “Engenharia Concorrente” ou “Projeto Integrado de Produtos e Processos” (IPPD).

A Engenharia Concorrente é baseada em nove características-chave (ULLMAN, 1997): • Ciclo de Vida (CV) do produto como um todo;

• Uso e apoio das equipes de projeto;

• Atenção no planejamento para obter informações; • Desenvolvimento cuidadoso dos requisitos do produto; • Incentivo de geração de conceitos múltiplos e avaliação; • Foco na qualidade em todas as fases do processo projetual;

• Desenvolvimento concomitante do produto e processo de manufatura; • Ênfase na comunicação.

Na engenharia simultânea, é priorizada a integração entre equipes de produto, ferramentas e técnicas de projeto e informações referentes ao produto e processo utilizado para desenvolvimento e manufatura do produto.

Em geral, durante o projeto, a função do sistema e subsistemas é considerada como priori- dade. Depois que a função foi decomposta em seus mínimos subsistemas possíveis, conjuntos e componentes são desenvolvidos para fornecer estas funções. Para sistemas, montagens ou com- ponentes utiliza-se o termo “característica” em referência a atributos específicos, como dimensão, propriedades do material, forma ou detalhes funcionais (ULLMAN, 1997).

Existem diferentes sinônimos para a palavra “função”. É comum encontrar os termos função, operação e propósito para descrever a ação de um dispositivo. Outros dois termos relacionados com a função são “comportamento” e “desempenho”, frequentemente usados como sinônimo.

A figura 3.1 demonstra que no início do projeto, o produto em si é ainda desconhecido, porém sua função é conhecida (A). Por outro lado, se o sistema é conhecido, então o comportamento do sistema pode ser encontrado (B) (ULLMAN, 1997).

(B) (A)

Figura 3.1: Função (A) e Comportamento (B) Fonte: Ullman (1997)

Ullman (1997) classifica os problemas de projeto em configuração, paramétrico, original e redesign. Além disso, o autor descreve as formas de linguagem do projeto mecânico em semântico, gráfico, analítico e físico.

A função de um produto é definida pela conjunção de um verbo e um substantivo. As funções são classificadas em hierarquias, principal ou secundária, e/ou finalidade, uso ou estima (BAXTER, 2011).

A função principal é a razão da existência do produto, a função básica é que faz o produto funcionar. A função secundária suporta, ajuda, possibilita ou melhora a função básica. A função de uso possibilita o funcionamento do produto. Já a função de estima é a característica que torna o produto atrativo, aumentando o desejo de compra.

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