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4 RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1 PRODUÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Os procedimentos adotados na pesquisa, durante a intervenção em sala de aula, foram pensados de forma, que ofereça ao estudante condições que favoreça a construção de um pensamento financeiro consistente e o desenvolvimento sólido em relação ao uso critico, autônomo e consciente do dinheiro. Para que o estudante possa ser protagonista de sua história e durante sua trajetória de vida tenha condições de planejar e executar as ações que desejar, sempre conectado com sua realidade. Nesse sentido, o foco das atividades desenvolvidas recai sobre situações cotidianas da vida dos estudantes, pois nelas encontramos as situações financeiras que precisam ser estudadas, orientadas e resolvidas.

O trabalho de Schneider (2008) questiona e analisa a importância dos conteúdos de Matemática Financeira para a vida das pessoas, mostra a necessidade da apropriação dos significados desses conceitos para a tomada de decisões adequadas e conscientes diante das facilidades financeiras proporcionadas pelo comércio e por financeiras na concessão de crédito. O autor destaca que,

Mesmo que a totalidade dos estudantes e professores pesquisados considere importante o conhecimento desses conteúdos para a vida das pessoas, essa parte da Matemática não está sendo priorizada na educação básica, especialmente no ensino médio, pois constam apenas em alguns livros didáticos. As situações reais evidenciaram a necessidade do conhecimento de conteúdos da MF para não se configurarem como armadilhas do crediário e do crédito fácil. (SCHNEIDER, 2008, p. 5)

A fim de concretizar nossas intenções, as atividades propostas no modelo pedagógico se apoiam em duas dimensões conceituais, descritas abaixo, às quais se conectam os objetivos específicos e o objetivo geral desta pesquisa.

Partindo do pressuposto que o cotidiano do estudante ocorre em um espaço e um tempo determinados. Entendendo que a Educação Financeira deve ser ensinada e aprendida por meio do cotidiano, é importante estudá-la com um olhar sobre as dimensões espacial e temporal.

A Figura abaixo ilustra como se relacionam os níveis da dimensão espacial entre si e com a dimensão temporal que os atravessa.

Figura 10 - Dimensões espacial e temporal, extraída do livro 1 - Programa de Educação Financeira nas Escolas.

Fonte: Brasil (2013)

Definidas no Livro 1 do Programa de Educação Financeira nas Escolas da seguinte maneira:

Na dimensão espacial, os conceitos da Educação Financeira são tratados tomando-se como ponto de partida o impacto das ações individuais sobre o contexto social e vice-versa. Essa dimensão compreende os níveis individual, local, regional, nacional e global, organizados de modo inclusivo. Em todo o material de Educação Financeira, entende-se que o “nível individual” abrange também a família – uma vez que o estudante de Ensino Médio geralmente não goza de plena autonomia financeira –, e entende-se “família” como o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, independentemente dos laços familiares. (BRASIL, 2013, p.2)

O documento chama a atenção para o que deve ser entendido como “nível individual” na proposta do material didático. Para eles, este nível engloba também a família do estudante, pois entendem que o aluno deste nível de ensino não goza de autonomia financeira. E por família, segundo Brasil (2013), entende-se “o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, independente dos laços familiares”.

A dimensão temporal é expressa nos seguintes termos:

Na dimensão temporal, os conceitos são abordados a partir da noção de que as decisões tomadas no presente podem afetar o futuro. Os espaços são atravessados por essa dimensão que conecta passado, presente e futuro numa cadeia de inter-relacionamentos que permitirá perceber o presente não somente como fruto de decisões tomadas no passado, mas também como o tempo em que se tomam certas iniciativas cujas consequências – positivas e negativas – serão vivenciadas no futuro. (BRASIL, 2013, p.2)

A Educação Financeira informa, forma e orienta indivíduos que consomem, poupam e investem de forma responsável e consciente, assegura uma base mais segura para o desenvolvimento do país.

Entendendo que conhecer os conhecimentos prévios e o contexto econômico-social dos estudantes é importante, foi analisado a ficha de matrícula e proposto o questionário presente no apêndice 1, para descobrir a relação que eles tem com o tema e para socialização desses conhecimentos prévios, a fim de nortear as ideias sobre as quais os conteúdos serão desenvolvidos. Entendemos que no momento é oportuno começar o trabalho convidando os estudantes para socialização de como se comportam financeiramente. Para pesquisa isso será de grande relevância, pois tomaremos conhecimento do ponto de partida que eles se encontram no início do estudo, fornecendo dados claros e objetivos para uma futura avaliação do crescimento deles ao longo do trabalho. As discussões iniciais também permitem a identificação das ideias dos estudantes, sejam elas corretas ou errôneas, bem como os preconceitos que funcionam como barreiras à aprendizagem. Dessa forma, poderemos desconstruí-las antes mesmo que alguns estudantes tenham dificuldade para compreender certos conteúdos.

Outra vantagem de discutir os conhecimentos prévios é a possibilidade da motivação para a aprendizagem que se inicia. Pois, após indicarem vários aspectos do seu comportamento financeiro, a tendência é que fiquem curiosos para saber se estão fazendo “certo” ou “errado”.

As atividades foram realizadas nos encontros realizados em sala de aula ou laboratório de informática valorizando o diálogo, entre professor e estudantes, com a

finalidade de desenvolver uma visão crítica sobre o consumo. Consideramos a definição de diálogo de Alro & Skovsmose (2006), que em que o diálogo “é entendido como uma conversação que visa à aprendizagem, com certas qualidades (ALRO & SKOVSMOSE, 2006, p.119)”.

Incluir a modelagem matemática como proposta metodológica, é justificada pelas orientações de Burak (2010), principalmente em relação à análise crítica, que permite ao estudante desenvolver sua criatividade, reflexão e coerência, e ainda, realizar a adequação dos resultados com a realidade. Nas atividades de Modelagem, é importante que o professor busque se informe sobre os temas estudados. Podem ser trabalhados vários temas numa mesma turma, mas um tema único pode ajudar nesse aspecto, no nosso caso, o tema será custo de vida.

As atividades foram pensadas numa perspectiva voltada para Educação Matemática Financeira, na busca de aspectos políticos e sociais que envolvem a ideia de custo de vida. A fim de dar poder aos estudantes em relação à tomada de decisões no meio social que se encontra inserido. Concordamos com Skovsmose (2001), que coloca “empowerment”, no sentido de dar poder, dinamizar a potencialidade do sujeito, investir-se de poder para agir. Porém, essa apropriação é um processo onde o indivíduo passa a ser capaz de compreender sua realidade e propor mudanças.

A proposta de Skovsmose para Educação Matemática Crítica preocupa-se com o desenvolvimento da capacidade de agir do sujeito como cidadão ativo na sociedade e a dinamização das suas potencialidades, fortalecendo seu poder de escolha e sua autonomia. Baseado nessa tendência, buscamos nesta pesquisa um diálogo com autores que descrevem a educação através de uma pedagogia crítica e a discute nas relações sociais e políticas presentes na sociedade.

Os dados produzidos para análise foram obtidos das atividades aplicadas, das discussões em sala de aula e dos modelos construídos para o cálculo do custo de vida, com estudantes do terceiro ano do ensino médio no turno noturno.

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