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Na Figura 19 são apresentados os valores de produtividade de água (PA) em quilogramas de sementes produzidas, para as áreas irrigada e sem irrigação, em função das diferentes doses de nitrogênio aplicada, para o terceiro ano de cultivo do pinhão-manso. Para este estudo, foi calculada a produtividade de água apenas para o primeiro ciclo de avaliação, devido à ausência de irrigação no ciclo seguinte.

Figura 19 - Produtividade de água para a cultura do pinhão-manso para todos os tratamentos no terceiro ano de cultivo

O tratamento S1 foi o que apresentou a melhor produtividade de água com 1,02 kg m- ³, seguido por S3, P1 e S2. Comparando a prática da irrigação, os tratamentos irrigados não corresponderam proporcionalmente a uma maior produção pelo total de água aplicada na cultura, embora a PA não tenha diferido entre os diferentes tipos de manejo hídrico (Tabela 12). A produtividade média de água nos tratamentos irrigados foi de 0,67 kg m-³, enquanto que nos tratamentos sem irrigação foi de 0,76 kg m-³, valores estes superiores aos encontrados por Sousa et al. (2012), de 0,60 kg m-³. O efeito da adubação nitrogenada mostrou-se altamente significativo na PA (Tabela 12), o que confirma os resultados encontrados por diversos autores em outras culturas agrícolas (NIELSEN; HALVORSON, 1991; MEDEIROS; DUBEUX JUNIOR, 2008; CHAVES; GHEYI; RIBEIRO, 2011). Assim como a produtividade da cultura, não houve interação entre o manejo hídrico e as doses de N aplicadas. P1 P2 P3 P4 S1 S2 S3 S4 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 150% N 100% N - S1 50% N 0% N P rod uti vidad e de á gu a (kg m -³)

Tabela 12 – Análise de variância para produtividade de água (PA) no terceiro ano de cultivo

Fonte de Variação G.L Quadrado médio F Valor-p

Blocos [I] 6 0,0855 3,71 0,0141 I 1 0,0587 2,54 0,1281 N 3 0,5004 21,7 <0,0001 I x N 3 0,0696 3,02 0,0569 Resíduo 18 0,02305 Média geral 0,715 CV (%) 21,2

I – Irrigação; N – Doses de N; G.L – Graus de liberdade; CV (%) – Coeficiente de variação.

Com relação aos tratamentos adubados, constata-se que apenas os tratamentos sem adubação nitrogenada tiveram uma drástica redução na produtividade de água, correspondendo com a sua baixa produtividade de sementes, diferindo dos resultados encontrados por Yang et al. (2013). A Figura 20 apresenta o diagrama de dispersão e a equação de regressão da produtividade em função das doses de nitrogênio aplicadas no solo no terceiro ano de cultivo. O modelo de regressão linear foi o único que proporcionou ajuste significativo para todos os componentes da equação, obtendo um coeficiente de determinação corrigido de 81,3%. Sousa et al. (2012) para o pinhão-manso e Barros Júnior et al. (2008) para a cultura da mamoneira também observaram um aumento linear para a PA; nesses trabalhos, tais aumentos foram resultantes do incremento da disponibilidade de água no solo. Pelo fato do uso da irrigação e da sua interação com os tratamentos adubados não ter dado efeito significativo, uma única equação de ajuste da produtividade de água em função das doses de nitrogênio foi determinada.

Figura 20 - Produtividade da água do pinhão-manso em função das diferentes doses de adubo nitrogenado aplicado no terceiro ano de cultivo

A prática da irrigação, apesar de ter gerado um aumento significativo na produtividade de frutos e sementes de pinhão-manso, não acarretou em uma variação significativa na produtividade de água para a cultura. Estes resultados apresentam-se distintos quando comparados com outros trabalhos da literatura, nos quais a aplicação da quantidade ideal de água por irrigação, com o seu correto manejo para a cultura do pinhão-manso, permitiu trazer diferentes resultados, não garantindo uma maior produtividade da água ou eficiência no seu uso. Santana et al. (2015) encontraram para as plantas de pinhão-manso irrigadas com déficit hídrico uma maior eficiência do uso da água fotossintética, com uma redução de 27% no consumo total de água; entretanto, as plantas com irrigação plena (tratamento controle), obtiveram uma maior eficiência do uso da água na produção de biomassa, devido ao efeito negativo dos tratamentos irrigados com déficit na produção de biomassa. Kheira e Atta (2009), avaliando a resposta do pinhão-manso sob déficit hídrico no Egito, encontraram valores de PA de 0,21; 0,44; 0,31 e 0,41 kg m-³ para 125%, 100%, 75% e 50% da Evapotranspiração da cultura, respectivamente, apresentando um ajuste quadrático, assim como foi encontrado por Deus et al. (2012). Já Sousa et al. (2012), encontraram um aumento na PA em plantas de pinhão-manso que recebiam a menor lâmina de irrigação. Estes mais variados comportamentos da cultura com relação a sua eficiência do uso da água, ou produtividade de água, como é mais comumente chamado nos dias atuais, corroboram com os relatos de Jongschaap et al. (2007) de que o pinhão-manso, apesar de possuir características de se desenvolver em regiões semiáridas e áridas tropicais, sendo então considerada como

y = 0,00505x + 0,4537 R²corr= 0,8129 p-valor = <0,0001 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 0 34,5 69 103,5 P roduti vi dad e de água (kg m -³) Doses de N (kg ha-1ano-1)

uma cultura tolerante a escassez hídrica, ainda é pouco estudado no que se refere ao seu uso da água e à sua eficiência do uso da água.

Com isso, observa-se que, a maior produtividade de sementes encontrada no tratamento irrigado com a maior dose de nitrogênio aplicada não corresponde à maior produtividade de água que foi obtida no tratamento com a maior dose de nitrogênio aplicado só que no tratamento sem irrigação. Comportamento semelhante foi encontrado por Yang et al. (2013) que estudaram os efeitos da adição de nitrogênio e do uso da água no crescimento e desenvolvimento do pinhão-manso e encontraram que, com o maior intervalo de irrigação (12 dias), houve redução significativa no crescimento líquido da planta, na área foliar, na massa seca total e na capacidade de armazenamento da água. Entretanto, houve economia de água de irrigação de 21% quando comparado com intervalos menores (4 e 8 dias). Contudo, os autores relatam que os maiores intervalos de irrigação aumentaram a eficiência do uso da água na irrigação (EUAi) e a eficiência do uso da água no cultivo (EUAet). Assim, a combinação ideal foi o tratamento com intervalo de irrigação de 12 dias com o uso de nitrogênio, o qual pode aumentar a eficiência do uso da água, que apresenta o mesmo o conceito da produtividade da água, com a diferença de que a produtividade de água é o produto da integração das taxas de produção de matéria seca e da transpiração (ou evapotranspiração) ao longo do tempo (FRIZZONE, 2014).