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Ao longo do período de colheita do terceiro ano de cultivo, realizado de janeiro/2014 a junho/2014, foram obtidos, em média, 1,58 kg de fruto por planta para toda a área experimental. Com exceção da relação fruto/semente, todas as variáveis apresentaram diferença significativa para o efeito da irrigação e do aumento da dose de adubo nitrogenado (Tabela 10), o que explica que o aumento da produção e da produtividade de frutos e sementes se dá pelo maior número de frutos produzidos, sendo o aumento da massa de sementes proporcional. Não houve interação entre o manejo hídrico e as doses de N aplicadas. O tratamento P1 (150% N – Irrigado) foi o que apresentou a melhor resposta seguido do tratamento P2 (100% N – Irrigado). Com relação às doses de adubação, em todos os casos, os tratamentos com 0% de N (P4 e S4) apresentaram desempenho inferior, diferindo estatisticamente das demais doses aplicadas (Tabela 11).

Tabela 10 - Valores de F para produção de frutos (Prod.F) e sementes (Prod.S) em kg pl-1, relação semente/fruto

(Rel.S/F) e produtividade de sementes (P.S.) em kg ha-1

Fonte de Variação

Ciclo 2013/14 Ciclo 2014/15

G.L Prod.F Prod.S Rel S/F P.S. Prod.F Prod.S Rel

S/F P.S. Blocos [I] 6 13,8*** 12,5*** 0,41ns 12,46*** 2,68* 1,57ns 1,35ns 1,58ns I 1 151,2*** 148,1*** 0,17ns 147,8*** 42,8*** 36,5*** 0,54ns 36,5*** N 3 30,7*** 31,9*** 3,45ns 31,9*** 30,7*** 24,1*** 0,80ns 24,2*** I x N 3 0,83ns 0,94ns 1,94ns 0,94ns 1,06ns 0,47ns 1,13ns 0,48ns Média geral 1,188 0,797 0,668 664,0 1,499 0,946 0,632 867,2 CV (%) 15,3 15,5 2,5 15,5 16,2 18,4 5,3 18,4

Níveis de significância: *0,01<P<0,05; **0,001<P<0,01; ***P<0,001; n.s. - não significativo; I – Irrigação; N – Doses de N; G.L – Graus de liberdade; CV (%) – Coeficiente de variação.

Tabela 11 - Produtividade média das sementes de pinhão-manso (kg ha-1) em função do manejo hídrico e doses

de nitrogênio aplicado

Manejo

hídrico 150% 100% Doses de Nitrogênio 50% 0% Médias

Ciclo 2013/14 Irrigado 1107,8 971,8 873,0 589,5 885,5 A Sequeiro 601,8 487,5 525,8 155,0 442,5 B Médias 854,8 a 729,6 ab 699,4 b 372,3 c Ciclo 2014/15 Irrigado 1308,8 1100,5 1011,0 730,0 1037,6 A Sequeiro 1075,0 754,8 646,5 311,0 696,8 B Médias 1191,9 a 927,6 b 828,8 b 520,5 c

Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a produtividade de sementes o modelo de regressão linear obteve o melhor ajuste, para as duas condições da produtividade de sementes em função das doses de N aplicadas nos dois anos de avaliação (Figura 17 e Figura 18). O uso da irrigação duplicou a produtividade de sementes no terceiro ano de cultivo, apresentando também uma ótima resposta com a adubação nitrogenada. O quarto ano de cultivo (segundo ano de avaliação) apresentou um considerável acréscimo na produção de frutos e sementes no cultivo sem irrigação com as maiores doses de adubo nitrogenado, onde o efeito da produção se mostrou acentuado com a complementação de água por irrigação e com a correta adubação nitrogenada, quadruplicando a sua produção em alguns casos, quando se verificou o comportamento linear crescente no 4º ano, com acréscimo de 0,0035 Mg ha-1 e 0,0047 Mg ha-1 da produtividade de sementes para cada kg de nitrogênio aplicado por hectare, na área irrigada e sem irrigação, respectivamente. Por ser ainda uma planta em formação, é aceitável o fato da produtividade do terceiro ano de cultivo da cultura ser inferior ao ano seguinte, por receber uma menor dosagem na sua adubação de manutenção e por principalmente a cultura passar pelo processo de estabelecimento nos seus primeiros anos, já que o seu pico de produção só é observado a partir do seu quinto ano de cultivo (ARRUDA et al., 2004).

Figura 17 - Produtividade de sementes do pinhão-manso em função das diferentes doses de adubo nitrogenado aplicado no terceiro ano de cultivo

y = 0,0048x + 0,6377 R² = 0,9453 p-valor = 0,0099 y = 0,0038x + 0,247 R² = 0,7245 p-valor = 0,0011 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 0 34,5 69 103,5 Produt ivi dade de sem ent es (Mg ha -1) Doses de N (kg ha-1ano-1) Irrigado Não irrigado Polinômio (N Po

Figura 18 - Produtividade de sementes do pinhão-manso em função das diferentes doses de adubo nitrogenado aplicado no quarto ano de cultivo

Patolia et al. (2007) avaliaram o desenvolvimento do pinhão-manso nos dois primeiros anos agrícolas de cultivo (2004/05 e 2005/06) em função da fertilização mineral de N e P, e notaram que apesar do aumento adicional da dosagem de N no primeiro ano cultivo, não foi observado aumento significativo na produtividade, diminuindo com a aplicação da dosagem de 60 kg ha-¹ (N60) com relação a dosagem de 45 kg ha-¹ (N45). Com isso, as maiores produtividades de sementes da cultura (35,6 e 467,2 kg ha-1) foram registradas com o uso de N45 e N60, em 2004/05 e 2005/06, respectivamente. A exigência de uma menor quantidade de N nos primeiros anos da cultura confirma as recomendações propostas por FACT (2010), que estabelece doses crescentes dos nutrientes a partir do seu primeiro ano de cultivo no campo até o seu quarto ano de cultivo, quando a cultura inicia o seu pico de produção.

Os resultados apresentados nesse trabalho encontram-se abaixo do relatado na literatura clássica sobre a cultura (HELLER, 1996); entretanto, por existir pouca informação sobre a cultura, muitos autores estimaram a produtividade da cultura caso o seu provável potencial fosse atingido (ARRUDA, et al., 2004; TEWARI, 2009; FACT, 2010). Em contrapartida, trabalhos mais recentes obtiveram produtividades semelhantes ou abaixo para os primeiros anos de cultivo da cultura (KHEIRA; ATTA, 2009; KESAVA RAO et al., 2012; TIKKOO; YADAV; KAUSHIK, 2013).

O aumento da produtividade de frutos e sementes com a utilização da adubação nitrogenada comprova que essa cultura, apesar de possuir características de adaptação a

y = 0,0035x + 0,7638 R² = 0,9646 p-valor = 0,0015 y = 0,0047x + 0,337 R² = 0,9674 p-valor <0,0001 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 0 51,5 103 154,5 Produ ti vi dade de se m ent es (Mg ha -1) Doses de N (kg ha-1ano-1) Não irrigado Polinômio (N Po Irrigado

condições adversas de clima e solo como a sua restrição de fertilidade, pode obter ganhos consideráveis na sua produtividade quando o solo é corretamente suprido quanto às suas exigências nutricionais. Mohapatra e Panda (2011), ao estudarem os efeitos de diferentes dosagens e combinações da adubação NPK na produção de pinhão-manso de cinco anos de cultivo, no leste da Índia, encontraram para o tratamento que recebeu a maior dosagem de N (60 g planta-¹), aplicado via ureia, a maior produtividade de sementes (427,21 kg ha-¹). Yong et al. (2010) também verificaram uma maior produtividade da cultura com aplicação de maiores doses de fertilizante nitrogenado, tendo um aumento exponencial do número de frutos por planta com o aumento da dosagem de fertilizante; também foram obtidas melhorias nas características fisiológicas da planta como um maior teor de N foliar, maior capacidade de assimilação máxima de CO2 e maior teor de clorofila total.

A prática da irrigação garantiu para o primeiro ciclo de avaliação da cultura um aumento de mais de 100% da produtividade de sementes em comparação com o cultivo em sequeiro. Para o segundo ciclo de avaliação, a área com histórico de irrigação apresentou um aumento crescente em relação ciclo passado, só que desta vez, acompanhado com o aumento do cultivo sem irrigação; ainda assim, o aumento da produtividade na área com histórico de irrigação apresentou-se com uma produtividade 48,9% maior do que o cultivo sem irrigação. O uso da irrigação complementar, assim como neste estudo, tem se apresentado essencial em outros trabalhos, para garantir o aumento da produtividade e a garantia da sobrevivência da cultura em alguns casos (KHEIRA; ATTA, 2009; BEHERA et al., 2010; SILVA et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2012; TIKKOO; YADAV; KAUSHIK, 2013). Em uma área de baixada irrigada com boa fertilidade, Purcino e Drummond (1986) observaram que o pinhão-manso começou a produzir logo no segundo ano, atingindo 2000 kg ha-1 de sementes. Por outro lado, Drumond et al. (2007) obtiveram produtividades variando de 330 kg ha-1, em condições de sequeiro, a 1200 kg ha-1, em área irrigada, já no primeiro ano de cultivo em Petrolina-PE.