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3.6 Serviços e Produtos

3.6.3 Produtos: aplicabilidades

Antes de tudo, é fundamental a discussão acerca do conceito de produto, ainda que momentaneamente e, como desfecho, as aplicabilidades dos produtos atinentes à mediação no âmbito da Organização da Informação são sistematizadas.

Neste sentido, torna-se oportuno mencionar que o conceito de produto se encontra definido de forma mais genérica e abrangente possível, no artigo 3º, parágrafo 1º, do Código de Defesa do Consumidor8, como “qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”

(BRASIL, 2017, p. 12).

Conforme Nunes (2018) o produto pode ser móvel ou imóvel, material ou imaterial (aplicação de renda fixa), durável (leva mais tempo para se desgastar – automóvel), “não durável” (se extingue rapidamente com o uso – produtos alimentícios), gratuito ou “amostra grátis”.

Na análise de Borges (2007) os produtos, diferentemente dos serviços, constituem-se de elementos como formato, apresentação, suporte.

Por conseguinte, no âmbito da Biblioteconomia, Assis (2006) apresenta uma proposição de metodologia para a construção de possíveis produtos de informação, tais como: boletins e banco de dados para o setor siderúrgico, porém aplicável a outros tipos de instituições, segmentando-os como:

a) produtos de informação referencial (boletins que compreendem a disseminação de sumários das publicações, a compilação de publicações de interesse do usuário); b) produtos de informação noticiosa (boletins ou banco de dados contendo

informações pontuais, do cotidiano da comunidade atendida);

c) produtos de informação analítica (boletins que englobam informações mais precisas e detalhadas, com a intenção de antecipar as demandas informacionais da comunidade, o que implica um alto nível de exigência, sobretudo da qualificação do profissional da informação, bem como de uma maior proximidade com o usuário);

d) produtos de informação estatística (assinatura de banco de dados estatísticos e boletins como instrumento facilitador para os usuários, concernente à manipulação e localização desses dados estatísticos.

Permanecendo nessa mesma linha de pensamento, sistematiza-se nesta dissertação, alguns produtos que podem ser desenvolvidos em bibliotecas universitárias a partir da Organização da Informação, bem como o sentido conceitual destes:

a) Catálogo On-line de Acesso Público (OPAC) – em síntese, constitui-se de uma lista interativa disponível na internet que reúne todas as publicações existentes na

8 BRASIL. Código de defesa do consumidor e normas correlatas. 2. ed. Brasília: Senado Federal, 2017.

biblioteca, previamente organizadas e tratadas no âmbito descritivo, temático, com o desiderato de propiciar estruturas de serviços de busca e recuperação;

b) Software de gerenciamento de bibliotecas – sistema automatizado que propicia subsídios para ações estratégicas, estruturação de serviços, processos informacionais, tais como: organização, mediação, acesso, recuperação, uso, apropriação, gestão, fluxos e tecnologias atinentes à biblioteca;

c) Repositório Institucional (RI) – trata-se de um ambiente informacional que, do mesmo jeito que as bibliotecas analógicas, é constituído por coleções de documentos de todo tipo, forma e natureza, porém, oferecendo outras possibilidades de produtos e serviços que aqueles já ofertados na biblioteca convencional. Esse tipo de ambiente informacional se encontra em grande expansão, nas mais diversas instituições;

d) Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) – uma espécie de repositório e/ou biblioteca digital que armazena e integra, exclusivamente teses e dissertações brasileiras em texto completo. Foi desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), em meados de 2003;

e) Portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – um tipo de biblioteca virtual que fornece também serviços de forma eletrônica e possui uma vasta coleção de base de dados de periódicos nacionais e internacionais, além de patentes, normas técnicas, e-books, teses, dissertações, dicionários, dentre outros;

f) Catálogos manuais – lista sistematizada que inclui todas as publicações existentes no acervo, organizadas e tratadas de forma descritiva e temática, dispostas em ordem alfabética de autor, título, assunto ou sob outras formas e tipologias;

g) Sistema on-line para geração automática de ficha catalográfica – elabora fichas catalográficas de trabalhos acadêmicos de forma simples, rápida e automática. Sistema de interface intuitiva, desenvolvido para a comodidade dos usuários, sem a necessidade de conhecimentos prévios sobre técnicas biblioteconômicas durante o seu preenchimento.

h) Aplicativo de biblioteca para dispositivos móveis – desenvolvimento de aplicativos para smartphones e tablets, com o intuito de facilitar a vida dos usuários, evidenciando a promoção e a plena utilização dos recursos disponíveis na biblioteca por meio de múltiplas formas;

internet, apresentado sob formatos de arquivos digitais, tais como: Portable Document

Format (PDF) ou Electronic Publication (ePub).

Em seguida, ao abordar a aplicabilidade de produtos, pretende-se discutir os impactos que eles podem promover na atuação da biblioteca e do bibliotecário no âmbito da Organização da Informação como fenômeno de mediação, englobando a catalogação; a classificação; a indexação; a sinalização da biblioteca; a política de desenvolvimento de coleções; os serviços; a preservação da memória, bem como a otimização e dinamização destes.

Atendo-se nessa perspectiva, a aplicação das tecnologias nos produtos informacionais também auxilia na organização e disponibilização das informações, assim como propicia o uso de sistemas satisfatórios de representação descritiva e temática da informação.

Como exemplo, “em vez de ter um amontoado de informações espremidas em um pequeno retângulo [ficha catalográfica], uma rede infinita de informações é esparramada pelo indefinido espaço da Web” (WEINBERGER, 2007, p. 120).

Weinberger (2007) ainda apresenta em sua obra, a seguinte proposição denominada por ele de terceira ordem, em que todo o conteúdo e os metadados são digitais, e estes se relacionam conforme a pretensão de seus autores, leitores, dessa forma atuando também na promoção de empresas.

Com relação aos produtos tecnológicos presentes em projetos de sinalização, têm-se: painéis digitais, totens, backlights, frontlights, banners, triedros, empenas, placas de rua, relógios e termômetros digitais.

No que diz respeito aos serviços e produtos, as tecnologias por meio das ferramentas web, ampliam também as possibilidades das atividades de mediação da informação e a promoção de serviços e produtos, sob o desiderato de atender as necessidades e interesses da comunidade, assim como, aproximar-se dela.

Concernente à preservação da memória, Pellegrino et al. (2017, p. 60) ressalta que:

[...] a utilização de estruturas tecnológicas por instituições de memória é essencial na propagação do conteúdo sob sua guarda. O amplo emprego de soluções em repositórios digitais potencializou nas instituições de memória a capacidade de armazenar, compartilhar e preservar conteúdo.

Galindo (2017, p. 21) complementa afirmando que um objeto informacional “é um bom exemplo de instrumento tecnológico composto por uma parte técnica (suporte) e uma outra lógica (escrita), destinado a potencializar a tarefa de preservação e perpetuação da

memória e do conhecimento entre os indivíduos de uma sociedade local ou global”.

Cerbo II (2011) ressalta que, em meio a era da superabundância de informações, o bibliotecário medeia o processo de recuperação da informação por meio da catalogação de dados bibliográficos consistentes.

Neste sentido, a figura 1 demonstra a prática de mediação no catálogo on-line por meio da referência bibliográfica gerada a partir do processo qualitativo de tratamento e Organização da Informação. Logo abaixo, vislumbra-se a imagem referente ao catálogo on- line do sistema Pergamum utilizado pela Universidade Federal do Ceará, campo empírico deste trabalho.

Figura 1 – Práticas mediadoras no catálogo on-line (referência bibliográfica)

Fonte: Pergamum (2018).

Com o intuito de elucidar as questões supracitadas, identifica-se na figura 2 outra possível ação mediadora exercida pelo bibliotecário, mediante desideratos de interferência concernentes à prévia distinção das edições de um mesmo título, sob o enfoque da imagem da capa e de outros elementos descritivos essenciais e consistentes, otimizar o tempo do usuário em todo o processo de busca, recuperação e acesso ao livro e, como consequência, gerar a apropriação da informação.

Figura 2 – Práticas mediadoras no catálogo on-line (serviço de busca/recuperação)

Uma última questão concernente à proposta de ação mediadora, porém, não menos importante, observa-se na figura 3, que suscita a validação dos campos do MARC de forma integrativa como prática potencializadora de mediação da informação. Mais precisamente, no campo 505 (nota de conteúdo), é possível abordar a conformidade dos elementos descritivos, no que diz respeito ao sumário da publicação, provocando outros mecanismos de busca, recuperação da informação em tempo hábil, independentemente do comparecimento ou não, do usuário à biblioteca, vinculando o seu nível de interesse ao examinar previamente o sumário do livro a partir de qualquer computador com acesso à internet.

Figura 3 – Práticas mediadoras no catálogo on-line (campos do MARC)

Fonte: Pergamum (2018).

Permanecendo nessa linha de pensamento, Harmon (1996, p. 306, tradução nossa), discorre sob um olhar cauto a precisão e exatidão, a coerência empreendida na catalogação dos objetos informacionais, visto que:

[...] nenhuma máquina, por mais avançada que seja, pode recuperar dados que não estejam lá [no catálogo]. Nem vemos, em futuro próximo, sistemas capazes de localizar dados incorretamente registrados, grafados e codificados. Tais registros constituem uma redução significativa na qualidade do produto tradicionalmente criado e utilizado por bibliotecas acadêmicas e centros de pesquisa.

Dialogando com essa realidade, evoca-se a célebre e significativa concepção de catálogo, balizada pelo bibliotecário e pesquisador Lubetzky (1977), em que um bom catálogo pode lhe dizer mais do que aquilo que você pedir.

Com efeito, utiliza-se, desta forma, todos os recursos possíveis para otimizar a busca, a recuperação e a apropriação da informação pelo usuário.

No que tange às outras formas de uso das tecnologias em produtos informacionais, têm-se também como possíveis propostas de ações mediadoras vinculadas à web semântica e à inteligência artificial:

enriquecimento dos metadados do cadastro de autoridades (SERRA; SILVA; SANTARÉM SEGUNDO, 2017);

b) possibilidades de uso do Linked Data em catálogos (ARAKAKI; SANTOS, 2017). c) algoritmos das redes sociais, tais como: Facebook e Youtube que sempre tentam

identificar quais são os interesses de seus usuários, compilando em cada acesso realizado o tipo de conteúdo apetecível ao consumidor.

Ao encontro das questões expostas, finaliza-se esta seção com o seguinte pensamento: o uso das tecnologias em produtos informacionais propicia o desenvolvimento de todos os processos abordados neste trabalho, bem como demandam práticas de Organização da Informação e configuram-se como fenômenos mediadores.

Por conseguinte, na seção 3.7 trata-se da preservação da memória e de sua relação com a Organização da Informação no âmbito da mediação, apresentando possíveis propostas aplicativas de preservação da memória, atinentes à Organização da Informação.