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PROFESSOR CATEDRÁTICO DE CLÍNICA MÉDICA (2ª CADEIRA)

Nasceu em Salvador, no dia 30 de junho de 1885, filho de D. Olympia Portela da Silva e Dr. Júlio Adolfo da Silva (PROF. DR. JOSÉ OLYMPIO, s/d; TEIXEIRA, 1999, p.418).

José Olympio da Silva se formou em 21 de dezembro de 1907, 91ª turma, tendo como colegas Antônio Ignácio de Menezes e Aristides Novis (TAVARES-NETO, 2008), também presentes nesta Galeria. Para formar defendeu a tese inaugural ou doutoral ―Insufficiencia hepática‖ (MEIRELLES et al., 2004).

Foi Interno Interino da 1ª Cadeira de Clínica Médica, em 17 de outubro de 1906, sendo Efetivo em 24 de dezembro do mesmo ano. Exonerado ao formar, em dezembro de 1907 (PROF. DR. JOSÉ OLYMPIO, s/d).

Como docente, ensinava a 2ª Cadeira de Clínica Médica, no quinto ano de medicina, começando como Preparador Interino em 7 de julho de 1910. Em 14 de junho de 1911, tornou-se Assistente Interino, mas em 30 de junho já era nomeado Assistente Efetivo. Livre docente nomeado e empossado em 31 de julho de 1914. Em 13 de novembro de 1915, assumiu o cargo de Professor Substituto, a classe docente anterior a de catedrático.

Em 1925 tornou-se, enfim, Professor Catedrático de Patologia Médica, nomeado em 06 de maio e tomando posse em 23 do mesmo mês. Logo, em 23 de junho ele se

transferiu para a Cadeira de Clínica Médica Propedêutica (1ª Cadeira). Em 1927 se transferiu para a 2ª Cadeira de Clínica Médica, regendo-a até 1955, quando se aposentou (PROF. DR. JOSÉ OLYMPIO, s/d).

O prof. Rodolfo Teixeira dá o seu testemunho sobre seu mestre José Olympio da Silva: ―cumpriu, com eficiência, serenidade, modéstia e discrição o seu papel de ensinar junto ao paciente, nas enfermarias e ambulatórios‖ (TEIXEIRA, 1999, p.161).

Exerceu o cargo de vice-diretor a partir de 8 de dezembro de 1930, assumindo a diretoria interinamente em 1937 e em 1938, pelo impedimento do efetivo, Prof. Edgard Rêgo dos Santos. Em 18 de junho de 1946 foi nomeado Diretor Substituto da Fameb ficando até 1950 (TAVARES-NETO, 2008, p.23) ou até 1951 ((PROF. DR. JOSÉ OLYMPIO, s/d;).

Em 1952, juntamente com os colegas Aristides Novis, Eduardo Lins de Araújo e Francisco de Magalhães Netto, o Professor José Olympio recebeu do Reitor Edgard Santos, ofício nº 387, datado de 1º de março, cujo teor está exarado nos seguintes termos: "Reafirmando quando deste meu louvor e cortesia se destina a cada qual dos servidores desta Faculdade, sem distinções nem hierarquias, permita-se-me, entretanto, para registro nas respectivas folhas de assentamento e prazer de todos por ser inconstante ato de justiça, citar nominalmente os Diretores, Professores, Doutores José

Olímpio da Silva, Francisco Peixoto de Magalhães Netto, Aristides Novis e Eduardo

Lins Ferreira de Araújo, o Secretário, Dr. José Pinto Soares Filho e o Chefe de Portaria, Flaviano Gregório do Nascimento, expressões mais altas das virtudes dignificantes do seu funcionalismo" (PROF. DR. JOSÉ OLYMPIO, s/d; grifo nosso)

Aposentado em 12 de novembro de 195, o seu encantamento se deu em 23 de maio de 1965 (PROF. DR. JOSÉ OLYMPIO, s/d)

No centenário de nascimento do Prof. José Olimpio, em 1985, na sede da escola

mater da medicina brasileira, o Prof. Mário Augusto de Castro Lima proferiu estas

palavras: ―Na época das vozes brilhantes, lúcidas, deslumbrantes, dos grandes oradores e professores que enriqueceram esta Faculdade – de Almir de Oliveira, Pinto de Carvalho, Magalhães Neto, Estácio de Lima, Aristides Novis, entre muitos – José Olímpio murmurava suas lições, principalmente suas práticas clínicas, onde sussurrava aos ouvidos dos alunos e dos pacientes, como a não querer incomodá-los ou importuna- los com as verdades de sua ciência, nem sempre alvissareira nos seus diagnósticos e previsões, buscando aveludar com sua voz a aspereza das contestações desfavoráveis aos doentes e aos discípulos, a rudeza dos prognósticos e das prescrições, que a uns e

outros o médico e especialmente o professor de Medicina é compelido a fazer.‖ E completava: "José Olímpio não apenas auscultava os corações com seu estetoscópio, por ele falava" (apud LEITE, 2011)

―Seu tempo - diz ainda o Prof.Castro Lima - perdeu-se (ou ganhou-se) nas salas de aula, nas enfermarias dos indigentes, nas ante-manhãs e nas tardes do consultório, na peregrinação incessante pelas residências dos aflitos.‖(Idem).

Segundo o prof. Geraldo Leite (2011), apesar dessa discrição e talvez a contragosto, a ―sua cultura, seus conhecimentos contrariaram a humildade e a modéstia e ele, para atender amigos, aceitou alguns cargos e funções os quais abrilhantou com operosidade e honradez ―.

Desse modo, foi membro do Conselho Federal de Educação, do Conselho Consultivo do Estado, esteve na Presidência do Instituto de Música da Bahia e na direção do Hospital Santa Izabel. Foi diretor interino da Faculdade de Medicina da Bahia, de 1946 a 1950 (LEITE, 2011; TAVARES-NETO, 2008), quando o Prof. Edgard Santos se licenciou para exercer o seu longo período de Reitor.

Entre seus assistentes, destacou-se o seu próprio filho, Prof. Cícero Adolfo da Silva, formado pela Fameb em 1939 (123ª turma), que, nas palavras do Prof. Thomaz Cruz, era um artista da comunicação, ―que nos ensinava a conversar com os pacientes e obter a história dos seus achaques – a anamnese‖ (apud LEITE, 2011). Há aqui uma clara continuidade de uma prática médica humanizada, que teve como modelo seu pai.

O professor José Olímpio - diz ainda prof. Geraldo Leite (2011) - era um homem capaz de fazer qualquer sacrifício em benefício do próximo. Nele bondade, humildade e simplicidade não tinham limites. Ele era tão modesto que seria capaz de se esconder de si mesmo, contanto que não aparecesse...

Para se ter uma ideia mais clara de sua personalidade, retornemos ao seu principal biógrafo, Prof. Mario Castro Lima, o qual, imaginando vê-lo chegar à Eternidade, disse: ―Estou a vê-lo chegar às portas do Céu e ouvir a pergunta inexorável feita por João Batista: Tu Quis Es Quid Dices De Te Ispo? (Quem és tu? Que dizes de ti mesmo?)... E sua resposta humilde, da desvalia que injustamente a modéstia o obrigava a atribuir-se: ‗Sou um que não estava à altura de amarrar os cadarços das sandálias de meus mestres, de meus amigos, de meus discípulos, de meus pacientes, de meus colegas...‘ Contra esta resposta, Mestre, insurgimo-nos seus pósteros, sua família, seus amigos, seus discípulos e mais que todos, sua Faculdade de Medicina.‖ (in LEITE, 2011).

Leituras recomendadas:

LEITE, Geraldo. José Olímpio da Silva . Salvador, 12 de fevereiro de 2011. Disponível em: http://medicosilustresdabahia.blogspot.com.br/2011/02/a239-jose-olimpio-da-silva. html. Acesso em 12.12.2012.

PROF. DR. JOSÉ OLYMPIO da Silva. Arquivo Geral da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), da Universidade Federal da Bahia. Salvador, s/d. 3p.

LUÍS PINTO DE CARVALHO