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PROFESSOR CATEDRÁTICO DE DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS

Natural de Cachoeira, Bahia, filho de Dra. Francisca Praguer Fróes e Dr. João Américo Garcez Fróes (PROF. HEITOR, s/d.; ver ambos nesta galeria). Há dois registros de datas de nascimento: 23 de julho em seus dados biográficos existente no Arquivo Geral da Fameb (PROF. HEITOR, s/d) e, o que pareceu a este memorialista mais fidedigno, de 25 de setembro (PAIXÃO, 2008); ambos os documentos registram o mesmo ano de 1900.

Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1917. Foi Interno na cadeira de Otorrinolaringologia, nomeado em 14 de novembro de 1919, transferindo-se em 21 de novembro de 1921 para a cadeira de Clínica Oftalmológica (PROF. HEITOR, s/d.). Diplomado em 1922, 106ª turma, foi colega de Eduardo de Sá Oliveira e Raphael de Menezes Silva (presentes nesta galeria) e Paulo Rocha Pirajá da Silva. Com esse último, foi laureado com o Prêmio Alfredo Brito para a Pesquisa, criado naquele ano (ver cap. 3 deste volume). Sua tese inaugural, de 1922, ―Autoplastias reparadoras da face‖, (FRÓES, 1922) não consta no levantamento feito por Meirelles et al. (2004).

Em 1923, Heitor Praguer Fróes se torna Assistente Interino da 3ª cadeira de Clínica Médica, demonstrando que queria seguir a carreira docente, como seus pais. Em 1924, já Assistente Efetivo, desde 9 de fevereiro, foi licenciado para tratamento de saúde, ficando de 2 de maio a 30 de novembro, reassumindo em 1º de dezembro. Em 1925, foi transferido para a cadeira de Clínica Propedêutica, mas em 21 de julho, foi nomeado

Professor Catedrático Interino da cadeira de Clínica de Doenças Tropicais e Infecciosas. Nesse ano fez viagem de estudos, sem perda dos vencimentos, para os EUA e Europa (PROF. HEITOR, s/d.).

Em 1927, fez concurso para Livre Docente de Clínica Médica, apresentando a tese ―Índice esphygmúrico. Estudo clínico-experimental‖ (Bahia: Ed. Autor, 1927) e, no ano seguinte, fez Livre Docência de Medicina Tropical, apresentando a tese ―Nova Técnica para o cálculo da infestação pelos ancilostomídeos por meio da contagem dos ovos‖, de 1928 (LEITE, 2011).

Em 1934, publica ―Lições de Clínica Tropical” (Bahia: Imprensa Official, 1934). O Dr. Heitor Praguer Fróes colocou os recursos obtidos com a venda dos livros como uma pequena, porém, simbólica verba destinada à construção do Hospital das Clínicas (TAVARES-NETO, 2008, p. 180).

Somente em 4 de maio de 1938, ele se tornou Professor Catedrático da cadeira de ―Clínica de Doenças Tropicais e Infectuosas‖, apresentando a tese ―Contribuição ao estudo da biologia do S. stercoralis‖, substituindo o seu pai, João Américo Fróes, que regeu a cadeira com o nome de ―Medicina Tropical‖, de 1931 a 1938 (ver sua biografia nesta galeria).

Em 1935, ele já tinha estado à disposição da Diretoria Geral de Educação, de 10 de maio a 9 de agosto, mas, em 12 de novembro de 1945, foi requisitado para o cargo de Secretário de Educação e Saúde pelo Interventor do Estado da Bahia, o desembargador João Vicente Bulcão Vianna, que substituiu o general Renato Onofre Pinto Aleixo, ficando no cargo até 06 de março de 1946. Em 1947 foi nomeado Diretor Geral do Departamento Nacional de Saúde, ficando até 1951 (PROF. HEITOR, s/d.; PAIXÃO, 2008).

Este memorialista encontrou uma portaria (Portaria DNS-MS, nº 46, de 30 de junho de 1947), publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 08 de julho de 1947, na qual o médico infectologista autoriza, como diretor do órgão de saúde pública nacional, a distribuição gratuita do medicamento - um derivado sulfônico (Promanid) - para o tratamento completo do doente com hanseníase (―lepra‖), internado nos leprosários ou em tratamento em dispensários ou mesmo de ―doentes isolados em domicílio, desde que as receitas sejam visadas pelo Serviço de Lepra do Departamento de Saúde do Estado onde o doente se encontrar‖ (BRASIL.MS, 1947). Por causa deste cargo federal, o Prof. Rodolfo Teixeira (1999) registra: ―Esse professor vivia em outro estado e assim o

ensino era precário‖ (p.213). Só em 1959, quando o prof. Aluizio Prata conquistou a cátedra, a cadeira ganhou novamente destaque (ver o Prof. Prata também nesta galeria). O Dr. Heitor foi também Professor efetivo do Gynásio da Bahia, ensinando francês, ―onde defendeu, em festejado concurso, a tese ‗Formas divergentes da língua francesa‘, no ano de 1922‖ (LEITE, 2011).

Foi Presidente da II Sub-Comissão do Plano da Cidade do Salvador (Museus,

archivo, bellas artes, civismo, monumentos). Foi membro efetivo do Instituto

Geográfico e Histórico da Bahia e Presidente do Rotary Club da Bahia, na gestão de 1938-1939. Publicou, em dezembro de 1940, resumo da palestra por ele pronunciada no Rotary Club sobre ―Fatores de Progresso em prol da Estância Hidromineral de Caldas do Cipó‖ (ROTARY, 2012; PAIXÃO, s/d).

Foi membro da Academia de Letras da Bahia (FALCÃO, 2010). Publicou o livro Academia de Letras da Bahia: ―Discursos pronunciados na Faculdade de Medicina. I - Discurso Acadêmico, II - discurso do acadêmico Antônio Viana‖ (Bahia: Imprensa Official, 1934).

Para além de médico e professor do ensino secundário e superior, Heitor Praguer Fróes foi poeta, dicionarista e tradutor, tendo publicado inúmeros trabalhos, dos quais destacamos ―Abelhas e Vespas‖ (1951), ―Sal de Pimenta‖ (Bahia: Tip. Beneditina, 1952), ―Poemas da Primavera‖ (1953), ―Caretas e Sorrisos‖ (Rio de Janeiro: Manu, 1955), ―Carícias e Piparotes‖ (1955), ―Cara e Coroa‖ (1957), ―Nozes e Vozes‖ (1958), ―Às portas da Academia‖ (1965), ―Favos e Travos‖ (1982), todas no gênero poético. Dos contos de sua autoria, destaquem-se ―Contos e Mais‖, ―Contrafábulas‖ (1982) e ―Contos para Gente Grande‘ (Rio de Janeiro: CBAG, 1983). Como dicionarista, o ―Dicionário Internacional de Abreviaturas‖ (1959, reeditado em 1961). Dentre as traduções, registre ―Meus poemas... dos Outros‖, coletânea de poesias dos maiores vultos da literatura mundial.

Entre suas obras científicas, além das ―Lições de Clínica Tropical‖ de 1933, enumeram-se as seguintes: 1 - ―Notas de Fisiologia Geral‖, livro didático publicado em 1921; 2 - ―Autoplastias reparadoras da face‖, tese de doutoramento, em 1922; 3 - ―Índice esfigmúrico‖, tese de concurso para livre-docência de Clínica Médica, em 1927; ―Nova Técnica para o cálculo da infestação pelos ancilostomídeos por meio da contagem dos ovos‖, tese de concurso para Medicina Tropical, em 1928; ―Contribuição ao estudo da biologia do Strongyloides stercoralis‖, tese de concurso para a cátedra de

Doenças Tropicais e Infecciosas, em 1930; ―Do Mycetoma pedis no Brasil‖, tese de concurso para a cátedra de Deonças Tropicais e Infecciosas‖, em 1930 (FRÓES, 1983). Faleceu em 25 de outubro de 1987 (LEITE, 2011).

Em seu livro Lições de Clínica Tropical (FRÓES, 1934), disse Heitor Fróes: ―Quem escreve um livro e o revê e publica – disse ele – passa pelo paraíso e pelo inferno: Pelo paraíso, quando compõe; pelo purgatório, quando retoca; pelo inferno, quando imprime. Pelo paraíso, quando compõe, porque nada é mais agradável do que criar; pelo purgatório, quando retoca, porque nada é tão fastidioso quanto modificar; pelo inferno, quando imprime, porque nada é mais enervante que estar interminavelmente a corrigir‖.

Aluno Laureado com o Prêmio Alfredo Brito para a Pesquisa – 1922

Leituras recomendadas:

FRÓES, Heitor Praguer. Autoplastias reparadoras da face. These apresentada à Faculdade de Medicina da Bahia. Bahia: Imprensa Official do Estado, 1922. 229p. FRÓES, Heitor Praguer. Lições de Clínica Tropical. Bahia: Imprensa Official, 1934.

Para além da medicina:

FRÓES, Heitor Praguer. Sal de Pimenta. Bahia: Tip. Beneditina, 1952. 60p.

FRÓES, Heitor Praguer. Contos para Gente Grande. Rio de Janeiro: Companhia Brasileira de Artes Gráficas- CBAG, 1983. 87p.

JORGE AUGUSTO NOVIS