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151 de programação do Círculo de Leitores Enquanto responsável editorial lançou livros de Herberto Helder,

Eduardo Lourenço, Raul de Carvalho, Urbano Tavares Rodrigues, entre outros. Colaborou em vários periódicos entre os quais o Jornal de Notícias, Diário Popular e República. Estrou-se em ficção com Noite de Libertação, em 1960.

Referido na carta 36 a Luís Amaro, terá sido Serafim Ferreira a providenciar a publicação dos artigos sobre as edições da Portugália, tendo-os enviado ao Jornal de Notícias, para serem publicados na secção de crítica “Letras Estrangeiras”, conforme diz em nota a carta édita em Cartas na Mesa (p. 62, nota 5).

Relativamente a ter dito a Pacheco que este não receberia conversas de Agostinho Fernandes depois da publicação dos referidos artigos, também o mencionou Pacheco em carta de 10 de Abril de 1967: “Você outro dia tinha razão: não devo receber mais conservas do Algarve Exportador. O Agostinho Fernandes não achou piada àquilo, tomou-o como acintoso. Neste País, debaixo-acima, é tudo acintoso quanto não seja elogioso – que se lixem! (ib., p. 83)”

Em entrada do diário de 21 de Fevereiro de 1996, Luiz Pacheco refere-se à obra Cartas na Mesa: “Estou a ficar cada vez mais entusiasmado com as 40 cartas ao Serafim. Na verdade ele “«ANDOU COMIGO às costas», como me disse ontem e durante 40 anos (até aqui, em Setúbal). E, sempre, com uma independência crítica dele.” De facto, para além de ser autor da primeira crítica favorável a Crítica de Circunstância no Jornal de Notícias (28 de Abril de 1966), também assinou posfácio de Textos Locais (1967), entre outros favores que lhe prestou, como se percebe pela leitura da correspondência editada por Ferreira, em 1996. A obra Guerrilha 2 é dedicada a Serafim Ferreira.

FERREIRA, VERGÍLIO (Melo, Gouveia 28 de Janeiro de 1916 – Sintra, 1 de Março de 1996)

Vergílio António Ferreira frequentou o Seminário do Fundão e licenciou-se em Filologia Clássica pela Universidade de Coimbra, tendo sido professor liceal em Faro, Bragança, Évora e Lisboa, desde 1959. Estreou-se com o romance O Caminho Fica Longe, 1943. Entre as suas obras, destacam-se Manhã Submersa (1954), Aparição (1959) e Até ao Fim (1987).

A relação entre Luiz Pacheco e Vergílio Ferreira começa com o interesse profissional de Pacheco por Ferreira, tendo-lhe enviado carta com o intuito de publicar um livro de contos seus, que tinham sido recusados pela Coimbra Editora, oferecendo-lhe “a possibilidade da sua edição, na colecção a que chamamos de «experimental», pela sua modesta apresentação e por justamente lançar de preferência originais recusados ou «ignorados» pelos editores profissionais” (carta inédita, transcrita por George, 2016: 214). A reunião desses contos resultou na obra A Face Sangrenta (Lisboa, Contraponto, 1954).

Mais tarde, Luiz Pacheco revelará pormenores de um encontro entre os dois, contrapondo ao autor o homem:

“Nada daquela confissão: «Ah, sei bem, meu amigo, que o corpo que me sinto é um pobre arranjo de água e barro.» Nada disso. Antes um corpo alegre, aberto num sorriso despertado pela minha surpresa de o ver e assim, e rindo-se largamente da alegria de viver. […] Vergílio Ferreira dançando o ié-ié. Cantando baladas coimbrãs, um fadinho rigoroso. Tocando violão. Incendiando a mesa com anedotas picantes” (cf. “O meu fim-de-ano com Vergílio Ferreira no ferro-velho, farejando a Carta ao Futuro”, revista Notícia, 10 de Fevereiro de 1968, incluído em Literatura Comestível, pp. 69-73 e Figuras, pp. 31-34).

Vergílio Ferreira é referido na correspondência a Luís Amaro a propósito da publicação dum trecho do romance Estrela Polar em folha de jornal, pela Contraponto, livro editado pela Portugália Editora, em 1962. A apresentação do livro foi publicada no Jornal do Fundão, na secção Nova Literatura, 1 de Julho de 1962 (pp. 7-4). É também mencionado neste corpus a propósito de “O Caso do Sonâmbulo Chupista” (s.v.).

FERREIRO, CARLOS (Lisboa, 1942 – ?)

Carlos Ferreiro é assistente de cenografia e ilustrador, tendo trabalhado em publicidade e sido assistente de realização de nomes como Fernando Lopes (Uma Abelha na Chuva, 1971) e João César Monteiro (Quem espera por sapatos de defunto morre descalço, 1971).

Pela Contraponto, Luiz Pacheco editou texto de Vítor Silva Tavares sobre Carlos Ferreiro, com o título “Os bonecos de Ferreiro” (2 Textos à pressão, Vítor Silva Tavares, s/d (suplemento de uma tiragem especial de Comunidade).

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FIGUEIREDO, TOMAZ DE (Braga, 6 de Julho de 1902 – Lisboa, 29 de Abril de 1970)

Tomaz Xavier de Azevedo Cardoso de Figueiredo foi um ficcionista e crítico literário. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, exerceu a profissão de notário. A partir de 1960, dedicou-se quase exclusivamente à criação literária, tendo ainda colaborado em periódicos como Tempo Presente, Panorama e Diário Popular. Estreia-se literariamente aos 45 anos com A Toca do Lobo (1947).

É mencionado na carta 68 como tendo denunciado caso de plágio de Alfredo Margarido (s.v.). Figueiredo referia-se à obra A Centopeia (Lisboa, Guimarães Editores, 1961), de Margarido, denunciada como plágio de La Jalousie de Alain Robbe-Grillet (Paris, Éditions de Minuit, 1957) nos números do Diário Popular de 31-8-61 (“«Mille-Pattes au Portugal» ou dois romances da nova vaga”) e de 28-9-61 (“O Enterro da Centopeia”). Neste último Tomás de Figueiredo comparou passagens dos dois romances, acabando por considerar plágio a obra de Alfredo Margarido.

A polémica dizia respeito à pretensa introdução do nouveau roman francês em Portugal, pela mão de Alfredo Margarido, através da publicação do romance A Centopeia, tendo levado a uma série de diferentes reacções em publicações periódicas portuguesas: no Diário Popular, por Tomás de Figueiredo (de 31 de Agosto a 28 de Setembro de 1961) e António Quadros (28 de Setembro de 1961); no Jornal de Letras e Artes por José Palla e Carmo (1 de Novembro de 1961). Alfredo Margarido é acusado de plágio de La Jalousie de Alain Robbe-Grillet por uns, e elogiado pela sua inovação, por outros. Tomás de Figueiredo, numa série de críticas sarcásticas diz ser

“possível que o senhor Alfredo Margarido seja capaz de escrever menos pior; o seguimento escolar da cábula de La Jalousie e a preocupação de esconder o decalque devem ter contribuído para esta prova fotográfica velada e com muito grão alheia à valorização da luz e da sombra que dão o relevo das imagens, ao volume e composição que diferençam o fotógrafo artista do fotógrafo de feira […]” (cf. Oliveira, 1996: 122). Sobre Tomaz de Figueiredo: “Mestre Tomaz”, Diário Popular, suplemento “Sábado Popular”, 6 de Novembro de 1982, p. VII (incluído em Textos do Barro, 1984, pp. 19-23). Aí se pode ler:

“Não mantive com Tomaz de Figueiredo nenhuma espécie de intimidade, mas fui, isso sim, amiudadas vezes, seu ouvinte deliciado à mesa do café. […] Tão prolixo escriba como palrador, nas obras completas mais de uma trintena de títulos – romances, novelas, teatro, poesia, erudição, polémica, etc. – nem tudo poderiam ser diamantes, para empregar a sua expressão. Mas ficou-me a vontade de reler o velho Mestre Tomaz, logo que calhe.”

FONSECA, ANTÓNIO BARAHONA DA (Lisboa, 17 de Janeiro de 1939 – )

António Manuel Baptista Barahona da Fonseca é um poeta e tradutor conhecido como António Barahona. Pertenceu ao grupo do Café Gelo, tendo ganhado visibilidade com a publicação de Insónias e Estátuas (1961). Colaborou nos cadernos inaugurais de Poesia Experimental, tendo em 1965 participado em Visopoemas, na Galeria Divulgação. Mais tarde, o seu registo tomará uma inflexão religiosa. A partir da segunda metade da década de setenta, depois de se ter convertido ao islamismo, adopta alternativamente o nome de Muhammed Rashid. É autor de uma versão portuguesa de Bhagavad-Guitá / Poema do Senhor (1996).

É referido nesta correspondência quanto ao papel desempenhado na reunião do espólio de Manuel de Castro. Segundo Luiz Pacheco, Barahona podia estar na posse de inéditos de Manuel de Castro. No artigo “Os poetas sonegados”, Pacheco explica que tendo contactado Barahona a propósito de obras enviadas por Manuel de Castro para uma publicação inconclusa (de que Pacheco tinha prova documental materializada numa carta que reproduz anexada ao artigo) este ter-lhe-ia respondido que os enviara a Vítor Silva Tavares, o que Tavares não confirmou (Literatura Comestível, p. 161).

FONSECA, ANTÓNIO BRANQUINHO DA (Mortágua, 4 de Maio de 1905 – Cascais, 7 de Maio de 1974)

António José Branquinho da Fonseca foi um poeta e ficcionista. Os seus primeiros textos eram assinados com o pseudónimo António Madeira, tendo-se estreado com poesia em 1926 (Poemas). Foi conservador do Museu-Biblioteca Conde de Castro Guimarães em Cascais e director do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian até ao ano da sua morte. Em Coimbra fundou a revista literária Tríptico, foi co-fundador (1927) da revista Presença, que dirigiu até 1930 e co-editou a revista literária Sinal.

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