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Programação da rádio Carajá de Anápolis

CAPÍTULO I – UMA ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO, DO RÁDIO E DO

4.4. Programação da rádio Carajá de Anápolis

Em relação a esta emissora, não conseguimos encontrar os detalhes de sua programação, mas, conseguimos informações que nos dá uma visão geral do como a emissora estava organizada a funcionar. O diferencial desta emissora estava em sua programação de auditório. Na inauguração do auditório, seu proprietário, Ermetti Simonetti, elaborou uma programação especial com a presença de um artista popular na época denominado Tino Marzo. Com o tempo, os freqüentadores dos programas de auditório foram aumentando, até que em determinada época, já não comportava mais as pessoas que ali se reuniam. Foi então que Ermetti resolveu ampliar o espaço. Na inauguração do novo auditório

A Carajá apresentou, em 3 atos, a comédia Serão Homens Amanhã, cujos atores, pela ordem de entrada em cena, foram os seguintes: Ermetti Simonetti, Ézio Coelho, Carlos Fernandes, Elidia Simonetti, garota Ireny Jacomossi, garotinho Ary Jacomossi, Nelsinho, Valentina Fernandes, Antônio Eleutério e Maria Eleutério (FERREIRA, 1981, p. 261).

Em todos os dias, durante à noite, acontecia o programa de auditório apenas para adultos. Na programação da noite havia programas para calouros, ou seja, para pessoas que quisessem fazer apresentações que não tivessem um cunho profissional. Além dos calouros, artistas do Estado apresentavam suas músicas no palco da emissora, com programas musicais para divulgação da cultura goiana e também de artistas nacionais como o saxofonista Ladário Texeira.

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Além deles outros artistas famosos passaram pelos palcos da rádio Carajá como a soprano Geny Sclowitz, Nelson Gonçalves, a cantora popular brasileira Linda Batista juntamente com o humorista Januário de Oliveira; Isaurinha Garcia também passou por ali, interpretando músicas do samba como “Ultimo Desejo”, “Aperto de mão”, “Edredom Vermelho”, “Aproveita Beleléu”, “Mensagem”, “Século do Progresso”, “O Sorriso de Paulinho”, “Pregão da Baiana” e outras mais. Isaura Garcia e Januário Oliveira eram artistas contratados da rádio Record do Rio de Janeiro e posteriormente deixam esta emissora sendo contratados pela rádio Nacional. Além dela, Pedro Raimundo (famoso pela música Adeus Mariana) entre diversos outros artistas que proporcionava à rádio Carajá uma tonalidade de reconhecimento na região tornando-a campeã em audiência através de sua programação que reunia artistas locais e artistas nacionais.

Ainda na década de 1940, ocorriam várias apresentações de teatro no palco do auditório da Carajá. Um reconhecido grupo de teatro goiano apresentou na Carajá, o grupo de teatro Agremiação Goiana de Teatro (AGT) encenando a peça “Terra Natal” que foi dirigida por Otavinho Arantes,

E interpretada pelos seguintes atores: Florami Alves Pinheiro, Vera Pinto, Otavinho Arantes, Tianinha Aquino, Ascânio Faria, Roldão de Oliveira, Osires Teixeira, José Cruciano, Teresinha André, Anita Abdon Ramos, Glória Freitas e Lázaro da Costa Ferreira (Idem, p. 262).

A criançada se divertia na emissora aos domingos pela manhã com programas exclusivamente infantis. Um dos funcionários da emissora, Antônio Eleutério, teve a idéia de construir um circo no palco do auditório da emissora, o qual ganhou um programa com o nome “Cirquinho Carijó” que se tratava de um

pequeno circo que divertia a criançada. Segundo Hélio Rocha (2007, p. 136),

Além das famílias da própria cidade, de cidades vizinhas, como Corumbá de Goiás, Pirenópolis e Abadiânia, muitos pais viajavam a Anápolis

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levando os filhos para assistir a esses programas, e também curtir o Cirquinho Carijó, apresentado por Antônio Eleutério, o palhaço Carijó.

Juvenal de Barros e Antônio Afonso de Almeida, locutores da emissora, também organizaram programas infantis de auditório que acontecia durante a semana. Os programas era “Brincadeira Carajá” e “Revelação Infantil-Calourinhos”. Durante a programação havia um acompanhamento musical de um artista de Anápolis, cujo nome é “Jandy e seu Regional”.

O principal programa apresentado pela emissora era a novela “Juramento Sagrado” interpretada pelo grupo teatral da emissora (Ermetti Simonetti, Ézio Coelho, Carlos Fernandes, Elidia Simonetti, garota Ireny Jacomossi, garotinho Ary Jacomossi, Nelsinho, Valentina Fernandes, Antônio Eleutério e Maria Eleutério) e era veiculado em todas as terças, quintas e sábados. Às sextas, às vinte e uma e trinta, era a vez de Juvenal de Barros apresentar um programa musical com músicas no ritmo de valsa, foxes e canções românticas. Sob a direção de Ermetti Simonetti acontecia às segundas, quartas e sextas um programa com a novela “Um Riso de Menina”. Um programa estudantil também foi criado na emissora por Fernando Cunha Júnior33 que iniciou na emissora escrevendo os jornais falados. Sozinho redigia cinco jornais falados de cinco minutos, um de quinze minutos e outro de trinta minutos, e segundo ele, fazia isso todos os dias.

As informações colocadas em seu programa eram conseguidas através de fontes locais, com auxílio de um radiotelegrafista que enviava as informações para ele no estúdio, e, além disso, a emissora contava com a ajuda de uma agência de notícias e assim, conseguia manter diariamente um programa com notícias atuais, o que despertou muita atenção do público ouvinte tornando-a a principal emissora ouvida na região.

Às sextas-feiras as vinte e duas e trinta era a vez de Ermetti Simonetti apresentar o programa “Sons da Saudade” com narrações literárias e um conjunto que fazia seresta na cidade, formados pelos músicos Jandy, Nico, Pinheiro e Calazans. Dirigido por Antônio

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No início dos anos 50, com a morte de Ermetti Simonetti, assume o controle da emissora, Plínio Jaime. Fernando Cunha Júnior assume a parte comercial e adquire parte de suas ações, transformando-se assim, em acionista da emissora, chegando a ser diretor superintendente. Ambos, Plínio Jaime e Fernando Cunha Júnior, fundam posteriormente a rádio Santana. Após um tempo venderam suas ações para os frades franciscanos que mudaram seu nome para rádio São Francisco, hoje denominada rádio 96 FM.

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Afonso de Almeida, é criado na rádio o programa “Paulo César”, “Gurilândia do Paulinho” e “Faça seu Pedido Musical”, que eram programas através dos quais veiculavam respectivamente, informações locais, radioteatro e músicas pedidas por ouvintes da emissora. Antônio Afonso foi também um dos primeiros locutores esportivos da cidade com um programa na emissora. Às segundas-feiras, às vinte uma e trinta horas, acontecia o programa “Serenata de Anápolis” que veiculava músicas regionais e locais. Músicas como Saudades do Matão, Último Beijo, Branca, Tardes de Lindoya, Saudades de Ouro Preto, Lágrimas de Virgem, Partir, Sertaneja, Luar do sertão etc.

Com esta programação, como foi expresso pelo jornal O Anápolis em 1949, a rádio Carajá de Anápolis se torna, “depois de integralizada em nossa vida comum, a legítima porta-voz da Cultura e Divulgação da Capital Econômica e Política de Goiás” (Jornal O Anápolis, 28 de agosto de 1949). Uma programação criada para atrair os ouvintes acostumados a ouvir as emissoras do Rio e de São Paulo. A estratégia que os técnicos daquela emissora utilizavam para isso era o de fazer uma interlocução dos programas com a população local. Assim eram formatados os noticiários através dos quais citavam o nome de determinada pessoa da cidade, e ainda transmitiam informações locais. Segundo Fernando Cunha Júnior “isso fazia com que de repente a emissora local tivesse preferência sobre a rádio Nacional”.