• Nenhum resultado encontrado

Programa de Interação Socioambiental

No documento PARQUE ESTADUAL DE ILHABELA (páginas 185-189)

Ficha Técnica do Parque Estadual de Ilhabela

ZUI 4: Trilha da Cachoeira do Gato

5. PROGRAMAS DE GESTÃO

5.2. Programa de Interação Socioambiental

A criação de unidades de conservação tem sido a principal estratégia de conservação dos ambientes naturais e das funções ecológicas dos diferentes biomas em todo mundo. No entanto, esta política atua no anseio de diferentes interesses relacionados ao uso dos recursos naturais, e, não raramente, a consolidação dessas UC é, permeada por constantes conflitos.

Nesse sentido, o sucesso da elaboração e implementação de um programa efetivo de gestão está intimamente relacionado com o grau de participação dos atores sociais envolvidos (CICIN-SAIN; KNECHT, 1998; VAN DEN BELT, 2004). A interação obtida com base em um plano participativo traz benefícios tanto para a UC, para a gestão e manejo da área, quanto para a comunidade, no que concerne ao bem estar social, cultural e econômico. Assim, a gestão participativa, ao assegurar o envolvimento dos atores sociais, potencializa a responsabilidade social, o aprendizado da cidadania, a integração de valores sociais nas decisões gerenciais, na confiança do público nas decisões (Stave, 2002), na valorização da UC pela comunidade, no aumento da proteção da UC, e na geração de empregos e oportunidades para as comunidades do entorno. No caso do Parque Estadual de Ilhabela, como observado nos diagnósticos referentes aos meios biótico e antrópico, existe interação da população do

186 entorno imediato com a UC, relação essa caracterizada pelo desenvolvimento

de diversos usos e atividades na área de Parque – alguns, inclusive, preocupantes sob a perspectiva da conservação.

Diante do contexto de urbanização consolidada observado no entorno do PEIb, torna-se necessário, para que sua conservação seja concretizada, considerar-se a ação dos diversos atores sociais relacionados à unidade. Para tanto, faz-se imprescindível compreender a rede sociotécnica19 localmente instituída, por meio da identificação dos atores relacionados à rede e suas lógicas de ação, garantindo, assim, o oferecimento de subsídios balizadores para a elaboração de uma proposta de gestão integrada prevista pelo Programa de Interação Socioambiental.

Estudos desenvolvidos evidenciaram que as redes sociais de um determinado território se estabelecem em torno de temas específicos – denominadas cenas de interação – integradas por diferentes atores, e, com tradutores por vezes distintos, sendo necessário que o poder público identifique e se insira nessas diferentes cenas para facilitar a ocorrência de traduções que, caso a caso, resultarão no processo de gestão integrada e em sua sustentabilidade.

Para facilitar a compreensão das informações apresentadas, foram estabelecidas 19 temas/cenários em que se constatou existência de interação socioambiental com o território do PEIb. Os cenários identificados estão listadas a seguir:

 Conselho Consultivo

 Ocupações Humanas em UC ou muito próximas à esta

 Saneamento básico: esgotamento sanitário e resíduos sólidos

 Turismo descontrolado

 Captação irregular de água

 Caça e captura de animais silvestres

 Extrativismo vegetal

 Espécies vegetais e animais exóticas e invasoras

 Isolamento do ambiente insular

 Atividades religiosas

19A rede sociotécnica é definida como uma meta-organização, integrada pelas entidades

humanas e não humanas, individuais ou coletivas, definidas por seus papéis, suas identidades e programas, colocadas em intermediação uns com os outros (CALLON, 1986).

 Atividades culturais

 Interações das comunidades tradicionais no PEIb

 Interações das comunidades tradicionais no entorno do PEIb

 Pesca amadora

 Estrada dos Castelhanos

 Controle de borrachudos aplicado pela SUCEN

 Grandes empreendimentos

 Interação com outros instrumentos de gestão territorial (Plano Diretor, Plano Municipal de Saneamento, Plano Municipal de Habitação, Zoneamento Ecológico-Econômico, Planos de Manejo, etc.)

 Interação com instituições de pesquisa

A grande diversidade de temas relacionados à gestão da UC abarca controvérsias que devem ser anuladas, a exemplo da caça, na qual a rede social em torno da atividade desaparece e outras alternativas de renda e subsistência são propostas aos atores sociais, com a expectativa de estabelecer uma nova rede sociotécnica. Por outro lado, cenas de interação positivas devem ser fortalecidas, através da coesão entre os diversos atores, estabelecimento de diálogo, transparência e vigilância da rede.

Diante deste quadro, foram definidos os seguintes objetivos gerais para o programa: i) promover o envolvimento da sociedade civil, instituições públicas e privadas na gestão do PEIb, buscando fortalecimento e maior efetividade da gestão da UC, e, ii) contribuir para a educação e inclusão social de comunidades adjacentes e fomentar a governança socioambiental e a construção de políticas de desenvolvimento sustentável para sua ZA.

Já os indicadores gerais associados a estes objetivos devem ser capazes de verificar, e/ou subsidiar, o aumento do sentimento de pertencimento do Parque e de responsabilidade sobre ele, de um lado, e, o número de pessoas/atores envolvidos nos processos de capacitação, educação e gestão do Parque e seu entorno, do outro.

Nesse sentido, o Programa de Interação Socioambiental do Parque Estadual de Ilhabela apresenta-se como uma importante estratégia de envolvimento da sociedade civil na gestão compartilhada da Unidade de Conservação, sendo que as estratégias adotadas poderão proporcionar maior efetividade em sua gestão.

A Tabela 22, a seguir, explicita as diretrizes, linhas de ação e indicadores pensados para o Programa de Interação socioambiental.

188

Tabela 22 - Síntese das diretrizes e linhas de ação do Programa de Interação Socioambiental

Programa de Interação Socioambiental

Diretrizes Linhas de Ação Indicadores

Diretriz 1.

Infraestrutura, Bens e Equipamentos

 Incremento ou restauração de instalações físicas para atendimento aos programas de gestão.

 Local apropriado para interação com as comunidades. Diretriz 2. Gestão de pessoas  Adequação da estrutura de recursos humanos (quadro de funcionários, serviços terceirizados .  Capacitações.  Número de funcionários destinados ao Programa ou Nº de serviços contratados. Diretriz 3. Potencialização do conselho consultivo  Fortalecimento do Conselho Consultivo.  Avaliação do funcionamento do conselho.  Fortalecimento da CT Comunidades tradicionais.  Fortalecimento da CT Estrada dos Castelhanos.  Avaliação e monitoramento do conselho.

 Reuniões realizadas com participação efetiva dos conselheiros, demonstrando compreensão por todos os participantes. Diretriz 4. Gestão Integrada da Zona de Amortecimento - Minimização das pressões sobre o PEIb  Esgotamento sanitário  Resíduos sólidos  Resíduos hídricos  Saúde  Atividades religiosas  Extrativismo vegetal  Incentivo ao estabelecimento dos corredores ecológicos e criação de UCs  Estabelecimento e fortalecimento de relações institucionais  Desenvolvimento de alternativas sustentáveis  Pesca  Turismo náutico  Nº de projetos e atividades sustentáveis na ZA  Práticas de recuperação e de melhoria da qualidade ambiental da ZA

 Inserção do PEIb nos instrumentos de gestão municipais.

Diretriz 5.

Comunidade tradicional

 Atuação junto a todas as comunidades.

 Atuação na zona de amortecimento.

 Atuação no interior do PEIb (Figueira; Saco do Sombrio; Porto do Meio; Guanxumas dos Búzios; Ilha da Vitória)

 Comunidades com melhor entendimento do PEIb.

 Número de visitas periódicas do PEIb nas comunidades.

 Relação harmônica PEIb - comunidades (utilizar instrumentos como Diagrama de Venn).

No documento PARQUE ESTADUAL DE ILHABELA (páginas 185-189)