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Os currículos de História no ensino obrigatório, em Portugal, Inglaterra e França

I- O currículo de História no ensino básico obrigatório, em Portugal 1-Organização do ensino básico obrigatório

3.1. O programa de Estudo do Meio 1º ciclo

No 1º ciclo da escolaridade obrigatória cabe à escola valorizar, reforçar, ampliar e iniciar a

sistematização das experiências e saberes que as crianças foram acumulando no seu quotidiano, de

modo a permitir a realização de aprendizagens posteriores mais complexas ( DEB, 1998, p. 107). Considerando que os alunos neste nível etário apreendem a realidade como um todo globalizado a àrea de Estudo do Meio é apresentado como uma área transdisciplinar para a qual

concorrem conceitos e métodos de várias disciplinas científicas (a História, a Geografia, as

Ciências da Natureza, etc.), procurando-se contribuir para a compreensão progressiva das inter-

relações entre a Natureza e a Sociedade. Por outro lado, é considerada um motivo e motor para a aprendizagem de todas as outras áreas do preograma (Ibidem).

A estrutura do programa é aberta e flexivel, ou seja a lógica pela qual são apresentados os conteúdos pode ser alterada, de modo a atender à diversidade de pontos de partida e ritmos de

aprendizagem dos alunos, os seus interesses e necessidades e às características do meio local. No

entanto, pretende-se que todos se tornem, progressivamente, observadores activos e desenvolvam a capacidade para descobrir, investigar, experimentar e aprender (DEB,1998, p. 108).

O meio local como espaço vivido deverá ser o objecto privilegiado de estudo no 1º ciclo, partindo do principio de que o pensamento das crianças, nestes níveis etários, está voltado para a

aprendizagem concreta (Ibidem, p. 107).

No entanto, neste início do século XXI, os espaços próximos da criança já não são, apenas, os do seu meio físico envolvente, mas também os do meio virtual. É o espaço à escala planetária que de uma forma fragmentada, é certo, os envolve quotidianamente através da televisão, pelo menos.

(...) há que ter em conta que as crianças têm acesso a outros espaços que, podendo estar geograficamente distantes, lhes chegam, por exemplo através dos meios de comunicação social.O interesse das crianças torna estes espaços afectivamente próximos, mas a compreensão de realidades que elas não conhecem directamente, só será possível a partir das referências que o conhecimento do meio próximo lhes fornece (Ibidem, p. 107).

Relativamente à noção de tempo, considera-se que o estudo da história pessoal é um bom ponto de partida para os alunos irem estruturando a noção de tempo, apoiando-se na construção de linhas de tempo. De registar a sugestão dos autores dos programas em considerar a imaginação das crianças como ferramenta de aprendizagem e de desenvolvimento equilibrado do ser humano, a respeitar e estimular. De salientar, que também o tempo e as histórias pessoais à escala global

envolvem, actualmente, o quotidiano dos alunos através dos meios de comunicação social e alimentama sua fantasia.

Para a concretização didáctica do programa sugere-se o envolvimento dos alunos em situações de aprendizagem diversificadas que incluam o contacto directo com o meio envolvente, a realização de pequenas investigações e experiências reais na escola e na comunidade, a recolha de informação que lhe chega de outros espaços mais longínquos, de modo a apreenderem e integrarem, progressivamente, o significado dos conceitos. O confronto com os problemas concretos da comunidade em que os alunos se inserem e com a pluralidade de opiniões nela existente, proporcionará a aquisição da noção de responsabilidade e a compreensão gradual do seu papel como agentes activos na transformação da realidade envolvente.

Ao professor reserva-se o papel de “orientador” do processo de ensino e aprendizagem constituindo-se, também, como mais uma fonte de informação em conjunto com os restantes

recursos como os livros e os meios de comunicação social entre outros. Caberá, ao professor, ajudar

os alunos a aprender a organizar a informação e a estruturá-la de forma a que ela se constitua em

conhecimento e o papel de “facilitador” da sua comunicação e partilha.

3.1.1-Os conteúdos

a)Selecção e organização dos conteúdos

O programa desta área disciplinar apresenta-se organizado em seis blocos de conteúdos acompanhados de um texto introdutório onde se define a natureza dos temas e se apresentam algumas sugestões de carácter metodológico (DEB. 1998, p. 107). No documento Currículo

Nacional do Ensino Básico- Competências Essenciais da História (2001), o programa organiza-se

em três blocos centrando-se nos conteúdos relacionados com o meio físico e social, como se pode observar no quadro 4

Quadro 4-Blocos temáticos-Estudo do Meio-1º ciclo Blocos temáticos

(Despacho nº 124/ME/91, 31 de Julho) (Decreto- Lei 6/ 2001) Blocos temáticos 1-Conhecimento de Si próprio

2-À Descoberta dos Outros e das Instituições 3-À Descoberta do Ambiente Natural

4-À Descoberta das Inter-relações entre Espaços 5-À Descoberta dos Materiais e Objectos-

6-À Descoberta das Inter-relações entre a Natureza e a Sociedade

A- Conhecimento de Si próprio B- Os Outros e as Instituições C-O Espaço Físico e o Humano

Na análise dos conteúdos vamos considerar, apenas, os blocos temáticos que se relacionam com o domínio das ciências sociais ( Anexo I).

Assim, no bloco 1- À Descoberta de Si próprio, pretende-se que os alunos estruturem o conhecimento de si próprios desenvolvendo, ao mesmo tempo, atitudes de auto-estima e confiança e de valorização da sua identidade e das suas raízes. A partir da história pessoal e com base na localização de acontecimentos da vida do aluno numa linha de tempo, pretende-se que se vá estruturando a noção de tempo.

No bloco 2- À Descoberta dos Outros e das Instituições, o estudo alarga-se aos meios mais próximos (meio familiar mais próximo) e, progressivamente aos mais distantes, no tempo e no espaço (passado familiar mais longínquo), registados numa linha de tempo. È, também, neste bloco que se agrupam os conteúdos referentes ao tempo histórico. Parte-se da história familiar para se alargar à história local e às suas inter-relações com a história nacional. Este bloco serve como ponto de partida para iniciar os alunos nas formas de organização da sociedade, podendo ser abordados costumes e tradições de outros povos mas apenas se houver manifesto interesse por parte dos

alunos.

O bloco 3- À Descoberta do Ambiente Natural integra conteúdos relacionados com os elementos do meio físico entre os quais o clima e o relevo. Pretende-se que o estudo se faça com base na observação directa, na intuição e experimentação, e se estimule o questionamento e a procura de respostas.

O bloco 4- À Descoberta das Inter-relações entre Espaços, agrupa os conteúdos relativos aos espaços. Pretende-se que o aluno vá construindo e objectivando a noção de espaço, com base na acumulação de experiências práticas que envolvam deslocações, localizações, distâncias, entre outras. Pretende-se, também, que a partir do conhecimento do espaço familiar (a casa, a sua escola) se chegue, por associação e comparação, à compreensão de outros espaços mais longínquos (o bairro , a localidade, o espaço nacional e sua inserção no mundo). Este bloco permite, igualmente, consciencializar os alunos acerca da existência de inter-relações de vária ordem (circulação de pessoas e bens, troca de ideias e informação), que se estabelecem entre os diferentes espaços.

O bloco 6-À Descoberta das Inter-relações entre a Natureza e a Sociedade, para lá das questões ambientais, integra o estudo das actividades económicas que, pela sua complexidade, deve partir sempre da observação directa com recolha de informação através de entrevistas, recolha de

imagens.

Estes temas são trabalhados ao longo dos quatro anos, em níveis de complexidade progressiva, associada a uma lógica do mais próximo e vivido para o mais distante tal como se mostra no quadro 5 (DEB, 1998).

Quadro 5-Apresentação longitudinal dos blocos temáticos- Estudo do Meio-1º ciclo

(Despacho n.º 124/ME/91, 31 de Julho)

Blocos de conteúdos 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano

1- À Descoberta de Si