CAPÍTULO VI PROGRAMA LICENCIATURAS INTERNACIONAIS – PLI
6.2 Programa Licenciaturas Internacionais – em números
Neste trabalho foram analisados os resultados dos Editais PLI I ao V que podem ser consultados no site da CAPES78 e constam nos anexos II ao VI e os Relatórios de Gestão da CAPES79.
Com base nos Relatórios de Gestão da CAPES dos anos 2011 a 2015 foi mapeado o número de bolsistas participantes do PLI, dados que não constam dos resultados dos editais. Esses dados estão apresentados na figura 14.
Figura 14. Número de bolsistas participantes dos diferentes Editais PLI.
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos Relatórios de Gestão da CAPES (2011 a 2015).
Como pode ser observado na figura 14, a CAPES concedeu mais de 900 bolsas dentro do programa. Os relatórios CAPES de 2014 e 2015 não indicam o número de bolsistas PLI. No relatório de 2015 é informado o fomento a 1090 novos
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Disponível em http://www.capes.gov.br/cooperacao-internacional/multinacional/licenciaturas- internacionais/licenciaturas-internacionais-portugal. Acesso em 10 ago. 2015.
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bolsistas em mobilidade para Portugal, porém nesses valores estão contemplados diversos programas, entre eles o Programa Ciências sem fronteiras.
As análises dos resultados dos Editais PLI I ao V estão esquematizadas nas figuras a seguir, sendo que os dados das categorias administrativas das Instituições de Ensino Superior (IES) são apresentados na figura 15.
Figura 15. Categorias administrativas das IES dos projetos aprovados no Edital PLI I (a), II (b), III (c), IV (d) e V (e).
Com base nos resultados dos diferentes editais verificou-se que as universidades federais foram as principais instituições participantes do PLI (Fig. 15). Esses dados já haviam sido reportados por Pessoni (2016) em uma análise parcial dos resultados dos referidos editais.
Os dados apresentados na figura 16 referem-se às regiões geográficas brasileiras de origem dos projetos aprovados nos editais PLI I ao V.
Figura 16. Região geográfica brasileira de origem dos projetos aprovados no Edital I (a), II (b), III (c), IV (d) e V (e).
As regiões Sudeste, Nordeste e Sul foram as que tiveram maior número de projetos aprovados, sendo que a Região Sudeste teve a maior representatividade, principalmente no Edital V, com 76,4 % de projetos aprovados (Fig. 16e). No entanto, as Regiões Norte e Centro-oeste tiveram um número menor de projetos aprovados, embora no Edital III, como critério de desempate, foi considerada como preferencial a proposta proveniente de Instituição de Ensino Superior das regiões Norte (EDITAL Nº 008/2012, p.8). As áreas do conhecimento dos projetos aprovados nos diferentes Editais PLI estão apresentadas na figura 17 e ampliam a análise anteriormente efetuada por Pessoni (2016).
Figura 17. Áreas do conhecimento dos projetos aprovados no Edital I (a), II (b), III (c) IV (d) e V (e).
As áreas do conhecimento mais representativas foram Biologia e Ciências (Edital I e II), Educação Física (Edital III), Matemática (Edital IV) e Letras (Edital V). Física e Química, embora áreas consideradas prioritárias nos Editais PLI (EDITAL Nº 008/2012 e EDITAL Nº 017/2013), como Matemática e Biologia, tiveram um número menor de projetos aprovados. Como assinalado por Pessoni (2016), com base nos dados do Censo Escolar da Educação Básica 2013 (INEP, 2014), período de vigência do PLI, Física e Química são as áreas que possuíam menor número de professores habilitados (Tabela 1), motivo que se acredita serem as áreas prioritárias para aprovação de projetos no PLI.
Tabela 1. Distribuição percentual de professores graduados e com licenciatura nas diferentes disciplinas – Censo Educação Básica 2013 (INEP, 2014).
Disciplina Total de docentes % Com curso superior % Com licenciatura % Com licenciatura na área em que atuam
Todas 613744 95,3 77,9 48,3 Matemática 74860 96,2 80,5 63,4 Português 84846 97 85,5 73,2 História 54893 95,8 78,3 58,1 Geografia 52347 95,5 81,7 56,8 Química 45619 94,3 71,4 33,7 Física 50802 94,6 73,9 19,2 Biologia 52722 95,1 78,4 51,6 Filosofia 45193 93,9 74,7 21,2 Educação Física 46080 95 81,3 64,7 Artes 45569 93,8 63,1 14,9 Língua estrangeira 60813 95 79,3 44,2
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados do Portal Todos pela Educação (2014)80.
Como pode ser observado na tabela 1, mais de 90% dos docentes possuíam curso superior, sendo aproximadamente 78% com licenciatura. Porém, quando se analisa o número de professores que atuam na área da sua formação se percebem as discrepâncias principalmente nas disciplinas de artes, física e química. Pinto (2014) em levantamento tendo por base os dados de concluintes nos cursos de licenciatura e considerando uma estimativa de demanda de professores por
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Portal todos pela Educação. Disponível em http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/30096/483- dos-professores-ensino-medio-tem-licenciatura-na-disciplina-que-ministram. Acesso em 10 ago. 2015.
disciplina, constatou que, com exceção da disciplina de física, nas demais existem professores habilitados que poderiam assumir todas as turmas existentes no Brasil. Esse autor conclui, ainda, que a ausência de professores para atuarem nas suas áreas de formação está relacionada com a de falta de atratividade e valorização da carreira docente.
Nesse contexto, tem-se concordância como a posição ressaltada por Nunes e Oliveira (2016) de que são necessárias políticas de desenvolvimento profissional docente para garantir um atrativo maior para a profissão, evitando que os professores a abandonem depois de amplo processo formativo. Ainda, é necessária uma valorização docente por meio de ações concretas de melhoria das condições de trabalho associadas aos mecanismos que possam garantir a responsabilidade dos docentes no exercício da profissão.
Assim, ao se analisar o Programa de Licenciaturas Internacionais nos seus aspectos gerais, apresentados no presente capítulo e, mais especificamente na Universidade Metodista de São Paulo (próximo capítulo), busca-se também identificar o papel desse programa como uma política pública de valorização da carreira docente.