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O Programa Nacional de Controle da Tuberculose estima que a taxa de SR seja de 1% da população e que 4% deste total sejam casos de tuberculose pulmonar (BRASIL, 2010). Conforme aponta Gabardo (2014), essa estimativa não respeita as peculiaridades do serviço de saúde e da população da área adstrita, recomendando-se estudos com o intuito de diferenciar a proporção de sintomáticos respiratórios e bacilíferos na população em distintas situações e áreas do Brasil.

Segundo Clementino e Miranda (2015), no âmbito mundial, a tuberculose persiste como doença negligenciada e apresenta-se como um problema de saúde pública de grande relevância. O autor coloca que o tratamento da TB não depende unicamente da existência de gratuidade e distribuição de medicamentos. Há de se considerar os demais elementos no processo de atenção à saúde, tais como a melhora do acesso aos serviços de saúde, a adesão e a coparticipação da pessoa com tuberculose e da sua família, a efetivação da busca ativa por sintomático respiratório assim como elaboração de medidas e ações que visem à prevenção da TB.

Apesar da TB ser uma doença curável, evitável e de já existirem recursos tecnológicos capazes de promover o seu controle, ela ainda é considerada de importância para a saúde global, sendo preocupante, principalmente nas capitais brasileiras, onde se concentram as maiores taxas de incidências: as chamadas cidades prioritárias (ALVES et al. 2014).

Busca Ativa de Sintomático Respiratório é a atividade de saúde pública orientada para a identificação precoce de pessoas com tosse por tempo igual ou superior a três semanas (Sintomático Respiratório), consideradas com suspeita de tuberculose pulmonar, visando a descoberta dos casos bacilíferos. A busca ativa do SR deve ser realizada permanentemente por todos os serviços de saúde (níveis primário, secundário e terciário). É importante lembrar que cerca de 90% dos casos de tuberculose são da forma pulmonar e, destes, 60% são bacilíferos. Os casos bacilíferos são a principal fonte de disseminação da doença e a descoberta precoce por meio da busca ativa do SR é importante medida para interromper a cadeia de transmissão, desde que acompanhada pelo tratamento oportuno (BRASIL, 2011).

Desse modo, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose conta com as equipes da Estratégia Saúde da família e de agentes comunitários de saúde (ACS). A descentralização do controle da TB para a estratégia saúde da família (ESF) consiste em

ampliar o acesso dos doentes ao serviço de saúde, além de proporcionar maior adesão ao tratamento por meio do vínculo criado entre as equipes e a comunidade (CLEMENTINO; MIRANDA, 2015).

O PNCT, frente a essa discussão, deixa claro que novas respostas devem ser pensadas no sentido de promover a equidade, garantindo o acesso aos pacientes, visando não apenas o seu atendimento e bem-estar, mas, em sentido mais amplo, a consolidação do Sistema Único de Saúde – SUS em suas diretrizes. As alternativas passam por readequação do sistema de saúde no atendimento dos pacientes, redefinição de procedimentos e organogramas, redefinição das missões institucionais de entidades da sociedade civil e pela busca de alternativas para equacionar o problema (DIAS, 2014).

Segundo o Ministério da Saúde (2011) a responsabilidade do controle da tuberculose pertence às três esferas de governo, mas, é de responsabilidade dos municípios coordenar a busca ativa de sintomáticos respiratórios em cada área de saúde, bem como supervisionar e, inclusive, participar da investigação e do controle dos contatos de pacientes bacilíferos na comunidade. Além destes, pode-se apontar: monitorar os indicadores epidemiológicos, também acompanhar o cumprimento de metas propostas nos diversos pactos; articular-se com as unidades executoras, com a equipe da ESF e/ou o agente comunitário de saúde e com os segmentos organizados da comunidade, visando aperfeiçoar as ações de controle da tuberculose em todas as suas fases, inclusive com a participação da sociedade civil na promoção à saúde e no controle social das ações realizadas pelos três níveis de governo.

A pessoa com tuberculose pode apresentar-se em qualquer unidade de saúde. Os casos suspeitos de tuberculose (SR) devem ser captados, atendidos e vinculados à atenção básica, por meio da ESF ou das unidades básicas de saúde. A atenção básica deve ser a principal porta de entrada do SUS, utilizando-se de tecnologias de saúde capazes de resolver os problemas de maior frequência e relevância em seu território, como a problemática da TB (BRASIL, 2011).

Ainda segundo o Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose (2011) dentre as várias competências da atenção básica no controle da tuberculose, destaca-se que esta deve realizar a busca ativa de sintomáticos respiratórios, a qual deve ser permanente na unidade de saúde e/ou no domicílio, assim como em instituições fechadas na sua área de abrangência; indicar, realizar ou referenciar, quando necessário, contatos ou suspeitos de

tuberculose, entendendo-se nesse contexto como sintomático respiratório (SR), para prova tuberculínica.

De acordo com Santos (2007) apesar da importância de se fazer busca ativa, as unidades acabam fazendo bem menos do que se espera e com certeza existem vários fatores que interferem diretamente na realização da atividade de busca ativa do SR, dentre estes: necessidade de estímulo específico para a realização da atividade (intervenções, supervisão, campanha, etc.) falta de recursos humanos e materiais, excesso de trabalho, falta de interesse e desmotivação por parte dos profissionais de saúde, aqui incluindo os ACS, o pouco conhecimento de alguns profissionais sobre a complexidade do problema, infraestrutura precária da unidade de saúde, inexistência de uma rotina implantada para que a mesma possa ser realizada. Dessa forma, 94,8% dos SR deixam de ser identificados pelos serviços de saúde. A referida autora também aponta a compreensão que a BASR, antes compreendida como responsabilidade profissional, agora é área de intervenção de todos os profissionais de saúde da atenção básica e deve ter como um de seus princípios a efetividade, no intuito de controle da tuberculose.

A efetividade de uma intervenção de promoção da saúde é reconhecida quando seus resultados são favoráveis ou exitosos, em condições de vida real com sustentabilidade. A efetividade é entendida como a capacidade de uma iniciativa alcançar os objetivos propostos sob condições não controladas (UIPS/ORLA, 2005 apaud Salazar, 2004, p 21).

Outro termo importante de ser analisado é a sustentabilidade de ações. Sabe-se que quanto mais uma intervenção for direcionada a uma necessidade real da comunidade ou percebida sua importância, mais provavelmente ela será sustentada. Conforme pontua Oliveira, Potvin, Medina (2015) sustentabilidade, no contexto das intervenções de saúde, é definida pela manutenção ao longo do tempo de uma intervenção ou de suas atividades no âmbito organizacional e/ ou comunitário para alcançar os resultados de saúde desejados ou ainda, o conjunto de fatores que constroem a capacidade de um programa de saúde pública manter-se ao longo do tempo respondendo aos interesses comunitários. Estes autores destacam alguns indicadores operacionais de sustentabilidade: a manutenção dos benefícios iniciais de um programa de saúde, a institucionalização do programa em um ambiente ou comunidade e a construção de capacidade, que constrói recursos duráveis e permite a indivíduos ou comunidades continuarem a intervenção.

faz a BASR ou a faz de maneira insuficiente e esporadicamente, o diagnóstico precoce da TB está comprometido, interferindo negativamente para contenção da doença, pois logo estaria sendo transmitida de maneira silenciosa para a comunidade. Desse modo, considerando a gravidade social, pela dimensão que possui, a TB passou a ser encarada como política pública, tendo visibilidade e importância no cenário das principais patologias enfrentadas no campo da saúde coletiva.

A busca por sintomáticos e seus contatos domiciliares pelo agente comunitário de saúde é uma maneira efetiva de aumentar a detecção de casos de tuberculose numa região (FAÇANHA et al, 2009).

A capacitação de profissionais de saúde e ACS se faz importante e necessária para atuar de forma qualificada na busca ativa de sintomáticos respiratórios e portadores de TB, nas ações de promoção e prevenção de agravos à saúde (FARÃO et al., 2011).

2 JUSTIFICATIVA

As cidades e as regiões brasileiras reproduzem o modelo de desigualdade econômica do país. Assim, a tuberculose por ser doença associada à fome, à aglomeração, à falta de vínculos sociais acomete prioritariamente a população menos favorecida e às regiões e cidades em que a desigualdade econômica é mais intensa. As pessoas com maior probabilidade de adquirir infecção por Mycobacterium tuberculosis são aquelas que convivem com um doente que elimina esses bacilos para o meio ambiente, o que acontece mais frequentemente com os portadores de tuberculose pulmonar. É orientação do Ministério da Saúde que seja feita busca ativa de tuberculose e em todos os que coabitam com um paciente com tuberculose, pois o tratamento de pacientes com tuberculose pulmonar bacilífera constitui a principal medida para o controle da tuberculose uma vez que cada um deles é capaz de infectar dez a quinze pessoas ao ano (SILVA Jr., 2013).

A interrupção da cadeia de transmissão e possíveis adoecimentos na comunidade dependem do diagnóstico precoce e tratamento dos indivíduos doentes. Essa atividade foi descentralizada para o âmbito da Atenção Primaria/Saúde da Família estando aqui a base do controle da tuberculose apoiado nas equipes de saúde da família (BRASIL, 2008a; MOREIRA et al., 2010). A Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza tem se ocupado com a adequação quantitativa e qualitativa de recursos humanos, o que é essencial para a prevenção e gerenciamento de condições crônicas, incluindo a TB. Para isso, investiu no aumento e ampliação das equipes de saúde da família e em treinamento de profissionais com o objetivo de estimular o diagnóstico, e o acompanhamento dos pacientes para aumentar a adesão ao tratamento.

Segundo Nogueira et al. (2007), a busca ativa por sintomáticos respiratórios (BASR), deve ser realizada pelos profissionais de saúde nas unidades básicas e em domicílios, ampliando a capacidade de detecção e tratamento precoce dos casos, interrompendo a cadeia de transmissão, contribuindo, assim, para a redução da morbidade e mortalidade da TB. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) têm papel importante nesse contexto, pois eles, como parte de equipe de saúde, são os mais próximos aos populares, mantendo relações de confiança e vínculo com a comunidade. São o elo entre os profissionais de saúde da atenção básica e população. Dessa forma, sendo um dos recursos humanos mais importantes no controle da TB.

No período de 2013 a 2016 foi realizada uma intervenção comunitária de BASR, de casos de TB e detecção de contatos nos centros de Saúde da Família Carlos Ribeiro, Anastácio Magalhães, José Paracampos e Zélia Correia. As unidades estão inseridas em contexto sóciodemográfico semelhante e estão localizadas áreas endêmicas de ocorrência da doença.

Frente a essa discussão e observando a que se propõe esse trabalho, desponta a pergunta: qual o impacto de uma intervenção comunitária de busca ativa por sintomático respiratório realizada na atenção básica no município de Fortaleza – CE e como o programa nacional de controle da tuberculose se caracteriza neste cenário?

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Estimar o impacto de uma intervenção comunitária de busca ativa por sintomático respiratório (BASR) em unidades básicas de saúde no município de Fortaleza – CE

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