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Projeto G´ enero e Educa¸ c˜ ao para a Cidadania – no jardim de infˆ ancia e na escola

Maria Jo˜ao Cardona

Nos ´ultimos anos a Escola Superior de Educa¸c˜ao do Instituto Polit´ecnico de Santar´em com o apoio da CIG ( Comiss˜ao para a Cidadania e Igualdade de G´enero) tem vindo a trabalhar sobre a pesquisa, forma¸c˜ao e constru¸c˜ao de materiais para o trabalho sobre as quest˜oes de g´enero, numa perspetiva de educa¸c˜ao para a cidadania, no jardim de infˆancia e na escola.

Este trabalho tem levado ao desenvolvimento de diferentes a¸c˜oes que envolvem docentes e estudantes da ESE, para al´em dos docentes e das docentes cooperantes que apoiam os est´agios das estudantes e dos estudantes da ESE.

Nos ´ultimos 4 anos ´e de destacar como resultado desta parceria a constru¸c˜ao, edi¸c˜ao e divulga¸c˜ao dos Gui˜oes de Educa¸c˜ao G´enero e Cidadania na Educa¸c˜ao Pr´e-escolar e no 1o Ciclo do Ensino B´asico , trabalho que tem sido tamb´em apoiado pela Dire¸c˜ao Geral de Educa¸c˜ao (DGE). Na fase atual de dissemina¸c˜ao dos gui˜oes (em agrupamentos escolares de diferentes centros de ´area educativa de v´arias outras regi˜oes do pa´ıs) tˆem vindo a ser constru´ıdos novos materiais e recolhidos diferentes tipos de dados que nos permitem conhecer melhor como ´e que as quest˜oes de g´enero podem ser trabalhadas com as crian¸cas e a n´ıvel da forma¸c˜ao de educadores/educadoras e professores/professoras.

Dos v´arios dados j´a recolhidos cada vez se torna mais evidente que ´e sobretudo na organiza¸c˜ao do grupo, na forma como ´e feita a gest˜ao das intera¸c˜oes e dos conflitos que naturalmente emergem na vida do classe, que se verificam as principais dificuldades dos/as docentes. Entre os v´arios aspetos frequentemente apontados para justificar esta dificuldade, surge o receio de enfrentar o(s) conflito(s) (sendo este receio enunciado de maneira mais ou menos explicita).

Esta comunica¸c˜ao pretende apresentar este projeto analisando as suas implica¸c˜oes no trabalho interno desen- volvido pela ESE, nomeadamente no trabalho de forma¸c˜ao realizado com os nossos estudantes e com as nossas estudantes durante os est´agios em colabora¸c˜ao com os/as docentes cooperantes.

IV.4.3

Preven¸c˜ao, Controlo e Tratamento do Tabagismo na Forma¸c˜ao

Pr´e-Graduada na Universidade de ´Evora

Jorge Bonito

Introdu¸c˜ao

O tabagismo tem sido referido, pela OMS, como a principal causa de doen¸ca e de morte evit´avel. Na UE o consumo de tabaco ´e respons´avel por cerca de 700 mil mortes prematuras em cada ano. Cerca de 50% dos fumadores morrem, em m´edia, 14 anos antes de completar o seu natural ciclo de vida (EC, 2014). Em Portugal, mais de 10 mil pessoas morreram em 2012, devido ao tabaco. Entre 2006 e 2011, registou-se uma subida da experimenta¸c˜ao do tabaco entre os adolescentes. O Alentejo ´e a regi˜ao do pa´ıs que em 2011 tinha maior taxa de mortalidade associada ao tabaco, e onde cerca de 70% dos alunos do ensino secund´ario j´a experimentaram fumar (Nunes & Narig˜ao, 2013).

A Lei n.o 37/2007, de 14 de agosto, aprova normas para a prote¸ao dos cidad˜aos da exposi¸ao involunt´aria ao

fumo do tabaco e medidas de redu¸c˜ao da procura relacionadas com a dependˆencia e a cessa¸c˜ao do seu consumo. Nos termos dos n.os 3 e 4 do art.o 20.o:

A tem´atica da preven¸c˜ao e do controlo do tabagismo deve ser abordada no ˆambito da educa¸c˜ao para a cidadania, a n´ıvel dos ensinos b´asico e secund´ario e dos curricula da forma¸c˜ao profissional, bem como da forma¸c˜ao pr´e e p´os-graduada dos professores destes n´ıveis de ensino.

A tem´atica da preven¸c˜ao e do tratamento do uso e da dependˆencia do tabaco deve fazer parte dos curricula da forma¸c˜ao pr´e e p´os-graduada dos profissionais de sa´ude, em particular dos m´edicos, dos m´edicos dentistas, dos farmacˆeuticos e dos enfermeiros, enquanto agentes privilegiados de educa¸c˜ao e promo¸c˜ao da sa´ude.

Dando cumprimento ao legislado, neste trabalho d´a-se conta das tem´aticas abordadas sobre a preven¸c˜ao, o controlo e o tratamento do tabagismo nas unidades curriculares de educa¸c˜ao para a sa´ude, asseguradas pelo Departamento de Pedagogia e Educa¸c˜ao da Escola de Ciˆencias Sociais da Universidade de ´Evora.

2. Enquadramento curricular

O Departamento de Pedagogia e Educa¸c˜ao assegura, em alguns cursos de forma¸c˜ao pr´e-graduada, unidades cur- riculares no ˆambito da educa¸c˜ao para a sa´ude. A unidade curricular de “Educa¸c˜ao para a Sa´ude I“ leciona-se ao curso de licenciatura em Enfermagem. ´E de car´ater obrigat´orio e realiza-se no 2.o semestre do 1.o ano. Tem 80

h de trabalho, incluindo entre 25 h te´oricas e 10 h pr´aticas. No plano de estudos do curso de licenciatura em Ciˆencias da Educa¸c˜ao consta a unidade curricular de “Educa¸c˜ao para a Sa´ude“, com 78 h de trabalho, incluindo 15 h te´orico-pr´aticas e 30 h pr´aticas. ´E uma unidade curricular optativa do 2.o semestre do 1.o ano. A unidade cur- ricular de “Promo¸c˜ao e Educa¸c˜ao para a Sa´ude“ ´e lecionada no 2.osemestre do 3.oano do curso de licenciatura em

educa¸c˜ao b´asica. ´E de car´ater optativa da forma¸c˜ao geral, com 65 h de trabalho, incluindo 24 h te´orico-pr´aticas. Estas trˆes unidades curriculares tˆem sido lecionadas por um docente com o grau de doutor em Ciˆencias da Educa¸c˜ao (na especialidade de forma¸c˜ao de professores) e com o t´ıtulo universit´ario da UNED em Preven¸c˜ao de Riscos e Promo¸c˜ao da Sa´ude.

3. Forma¸c˜ao em Preven¸c˜ao, Controlo e Tratamento do Tabagismo

Cada unidade curricular apresenta um programa distinto, fun¸c˜ao do p´ublico-alvo a que se destina e das horas de trabalho (e de contacto) definidas. Consequentemente, a tem´atica da preven¸c˜ao e do controlo ´e abordada nas unidades curriculares de “Educa¸c˜ao para a Sa´ude“ e de “Promo¸c˜ao e Educa¸c˜ao para a Sa´ude“, enquanto a preven¸c˜ao e o tratamento est˜ao reservadas `a unidade curricular de “Educa¸c˜ao para a Sa´ude I“. Neste trabalho d´a-se conta da vis˜ao maximalista dos conte´udos das aulas pr´aticas e das aulas te´oricas.

3.1. Aulas te´oricas

Para a tem´atica do tabagismo s˜ao destinadas, no m´aximo, 6 horas de trabalho. Os conte´udos das aulas versam as seguintes rubricas: 1. Nicotiana: uma viagem a partir dos ´ındios at´e `a atualidade; 2. Promo¸c˜ao da sa´ude com tabagismo? Possibilidades; 3. Tabaco e fumo: substˆancias mais importantes; 4. Principais doen¸cas associadas ao consumo de produtos de tabaco; 5. Enquadramento legal; 6. Fatores de risco e fatores de prote¸c˜ao; 7. Programas de preven¸c˜ao e controlo: ESFA, PELT, Domic´ılios 100% livres de fumo; PNCT; 8. Modelos para a mudan¸ca: Prochaska e DiClemente; 9. M´etodos e procedimentos de preven¸c˜ao do tabagismo. 10. Dependˆencia e sa´ude

Cessa¸c˜ao Tab´agica: psiquiatra, psic´ologo, nutricionista, m´edica da consulta de cessa¸c˜ao, TSN.

As metodologias adotadas s˜ao participativas, apelando `a interven¸c˜ao dos alunos e `a discuss˜ao ou problematiza¸c˜ao de assuntos que provoquem alguma dissonˆancia cognitiva. Todos os conte´udos s˜ao baseados em evidˆencia cient´ıfica. 3.2. Aulas pr´aticas

Para a tem´atica do tabagismo s˜ao destinadas, no m´aximo, 8 horas de trabalho. Os conte´udos das aulas versam as seguintes rubricas: 1. A garrafa fumadora; 2. Preven¸c˜ao tab´agica baseada nos 5 A’s; 3. Modelo Transte´orico da Mudan¸ca de Prochaka e DiClemente; 3. Modelo integrado para a mudan¸ca de Vries et al. (2003); 4. Tipos de aconselhamento: an´alise da efic´acia das interven¸c˜oes; “Modelo de Abordagem Proativa“ dos 5 A’s; 5. Modelos de interven¸c˜ao (abordagem muito breve, abordagem breve, entrevista motivacional).

3.3. Campanha de Preven¸c˜ao Tab´agica

Os alunos s˜ao preparados para realizarem uma Campanha de Preven¸c˜ao Tab´agica, que se realiza coincidentemente (ou proximamente) com os dias 17 de novembro e 31 de maio. Treinam com rigor, em role-playing as falas e os procedimentos normalizados. As interven¸c˜oes realizadas ocorrem em superf´ıcies comerciais, em escolas, no centro da cidade, no Hospital e no Comando Territorial da GNR.

4. Resultados

Os alunos acolhem com agrado a tem´atica do tabagismo. A Campanha de Preven¸c˜ao Tab´agica ´e um dos pontos altos das unidades curriculares, permitindo colocar em a¸c˜ao, na comunidade, aprendizagens realizadas em sala de aula. A comunidade envolvida manifesta-se muito favoravelmente a este tipo de iniciativas, que permitem conhecer as prevalˆencias de fumadores declarados em fun¸c˜ao dos contextos. Esta Campanha j´a produziu impactos significativos: cerca de 36% das pessoas intervencionadas com abordagem breve ficam motivadas para serem consultadas por um cl´ınico em cessa¸c˜ao tab´agica (consulta diretamente agendada no local, em articula¸c˜ao com o ACES). A impressa escrita regional e uma r´adio local solicitaram artigo e debate sobre a tem´atica, o que d´a indica¸c˜ao de que a combina¸c˜ao de pr´aticas de educa¸c˜ao para a sa´ude e de apoio tipo organizativo, legislativo ou normativo, econ´omico e ambiental parece ser decisiva para que os indiv´ıduos, os grupos e as comunidades melhorem o controlo sobre os determinantes pessoais e ambientais da sa´ude (Kickbush, 1988).

Referˆencias

EC – European Commision (2014). Tobacco. Recuperado em 2014, fevereiro 7, de http://ec.europa.eu/health/tobacco/introduction/index en.htm. Kickbush, I. (1988). La promoci´on de la salud. Tipolog´ıa. Papeles de gesti´on sanitaria, 11, pp. 39-54: Madrid:

Ministerio de Sanidad y Consumo.Micro Medical Limited (s.d.). Micro CO/Smoke Chek. Recuperado em 2013, novembro 18, de http://www.wtec.pt/demo/sibel/microco.pdf.

Nunes, E., & Narig˜ao, M. (2013). Portugal. Preven¸c˜ao e controlo do tabagismo em n´umeros – 2013. Lisboa: Dire¸c˜ao-Geral da Sa´ude.

IV.5.1