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2.3 ORIENTAÇÕES DO BANCO MUNDIAL À POLÍTICA DE SAÚDE BRASILEIRA:

2.3.1 Modelos de Parcerias Público-Privadas na Política de Saúde Brasileira: Inter-relação

2.3.1.4 Projeto EXPANDE 127

O Projeto de Expansão da Assistência Oncológica (EXPANDE) consiste em uma estratégia criada pelo INCA do Ministério da Saúde visando à ampliação da assistência oncológica no Brasil pela implantação de serviços que integram os diversos tipos de recursos necessários à atenção oncológica de alta complexidade em hospitais gerais espalhados nas cinco regiões brasileiras.

Regulamentado em 1998 pelo Ministério da Saúde, executado pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde (Portaria GM/MS nº 3.535, de 2 de setembro de 1998)293 e aprovado em 2000 pelo Ministério da Saúde, o Projeto Expande está sendo implantado em um trabalho conjunto pela Secretaria de Assistência à Saúde (SAS), a Secretaria Executiva (SE) e pelo Instituto Nacional de Câncer, todos ligados ao Ministério da Saúde.

De acordo com Kligerman (2000) até 2000, existiam 267 unidades cadastradas no SUS para a prestação de serviços oncológicos, sendo 76 CACON sem serviço próprio de radioterapia, 69 CACON com serviço próprio de radioterapia, 80 serviços isolados de quimioterapia e 42 serviços isolados de radioterapia. A grande maioria dos serviços isolados de quimioterapia e todos os serviços isolados de radioterapia são privados com fins lucrativos;

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BANCO MUNDIAL, 2007, p. 77. 293

e, entre os 145 CACON, 51 são hospitais universitários, 15 públicos não universitários, 57 filantrópicos e 22 privados com fins lucrativos.

A principal estratégia de expansão da assistência oncológica no país foi a implantação de Centros de Alta Complexidade de Oncologia com radioterapia, cujo objetivo tem sido o de romper com o atual modelo assistencial, marcado pela centralização da atenção oncológica nos grandes centros urbanos, proveniente do crescimento desordenado da oferta de serviços oncológicos, orientando assim a ampliação da cobertura assistencial a partir da realidade epidemiológica, estimulando o crescimento ordenado da oferta de serviços, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país, que possuem uma inadequada distribuição geográfica dos serviços de saúde.

O MS investiu R$ 44 milhões neste projeto a fim de aumentar a capacidade instalada de assistência integral da atenção oncológica para cerca de 14 milhões de brasileiros do SUS, a partir da “Implantação de Centros de Alta Complexidade em Oncologia” (Portaria nº 2.439/GM de 8 de dezembro de 2005), originada da Ação do Plano Plurianual do Projeto Expande. Foram três os critérios que orientaram este projeto: validade social (máxima cobertura possível), validade estratégica (atendimento a área pouco coberta) e validade política (integralidade de ações, integração de serviços e articulação pactuada de todos os envolvidos).

Vale ressaltar que quanto à expansão dos serviços de saúde nas regiões mais pobres do país, como a região Nordeste, o BM (2003) em seu relatório: Uma parceria de resultados: o Banco Mundial no Brasil faz menção de investimento de recursos consideráveis das instituições internacionais em parceria com o Brasil com esse propósito.

De acordo com o INCA, para a implantação ou ampliação da capacidade instalada de UNACON ou de CACON, foram desenvolvidas pelo INCA/MS quatro critérios (etapas) de necessidade e de gestão, baseados na Portaria MS/SAS de 19/12/2005 e nos Pactos Pela Saúde do SUS, objetivando hierarquizar os estados quanto a sua candidatura:

1º- avaliada a necessidade ou não de ampliação da capacidade instalada em radioterapia na região ou no estado (1º etapa).

2º- Cada estado poderá apresentar a candidatura de diferentes unidades hospitalares, incluídas em seu Plano Diretor de Regionalização (PDR) e Plano Diretor de Investimentos (PDI) e programadas para compor a Rede de Atenção Oncológica, desde que obedecidos os critérios de necessidade já mencionados. Para hierarquizar as propostas de hospitais, foram criados critérios de análise da estrutura e da gestão hospitalar, baseados na Portaria MS/SAS de 19/12/2005 (2ª etapa).

Nessa etapa, foram selecionados os hospitais que receberam visita técnica do INCA. Segundo o INCA, os critérios de exclusão desta segunda etapa são:

A) - ser estabelecimento de saúde privado com fins lucrativos; B) - ser um hospital geral com menos de 100 leitos, excetuando os leitos obstétricos e pediátricos, ou sem UTI e C) - propostas sem a concordância do gestor municipal, CIB regional (instâncias regionais de gestão do SUS) e CIB estadual.

Após a segunda etapa, foram definidos os estados e hospitais para implantação ou ampliação da capacidade instalada de UNACON ou CACON e elaborado um Termo de Intenções com as exigências, abaixo relacionadas, para os estados e os hospitais selecionados (3ª etapa).

Aprovação da Unidade selecionada pelo gestor municipal, instância regional de gestão do SUS e CIB estadual;

Pactuação na instância gestora regional e CIB estadual dos fluxos assistenciais e dos recursos financeiros para a realização dos exames de diagnóstico, estadiamento e seguimento dos pacientes da região;

Elaboração do Projeto Arquitetônico da Unidade Oncológica (com exceção dos cálculos para a casamata, que dependem de definição da marca do equipamento) e outros projetos necessários no hospital para adaptação aos regulamentos técnicos existentes (ANVISA, SAS/MS);

Garantia dos recursos para as obras, com o cronograma físico-financeiro definido; Apresentação da estratégia para contratação e fixação dos profissionais da oncologia, e

Elaboração de Plano de Trabalho contendo todas as metas a serem alcançadas pelo hospital (incluindo as adaptações necessárias na estrutura hospitalar geral para cumprimento da Portaria MS/SAS 741/05), definindo os recursos, prazos e responsabilidades.

Nessa etapa, o INCA analisou e emitiu o parecer sobre o cumprimento do “Termo de Intenções” pelo estado e hospital. Para a conclusão do processo foi necessária a assinatura do “Termo de Convênio ou Protocolo de Mútua Cooperação Técnico-Científica”, definindo as contrapartidas de todos os entes envolvidos no projeto. E só então foi iniciado o processo de aquisição dos equipamentos de radioterapia pelo INCA (4ª etapa)294.