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THE INTERNATIONAL EXPERIENCES OF A VOCATIONAL SCHOOL Marília Santos, Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal

PROJETO MOINHOS – FORMAR PARA INOVAR

Desde 2014, a Escola Profissional Agrícola é parceira do consórcio “Moinhos – Formar para Inovar” liderado pela Câmara Municipal de Torres Vedras, inicialmente com outras duas escolas profissionais do concelho. Este consórcio foi criado no seguimento da colaboração não oficial que já existia no Programa Leonardo da Vinci, com o objetivo de participar no Programa ERASMUS+. Em 2015, dado o sucesso e aceitação pela comunidade do Moinhos I, o Consórcio foi alargado, integrando duas escolas de ensino regular e formação profissional, igualmente motivadas e interessadas em participar neste novo projecto, o que tem permitido o envio de formandos ou recém-formados para um estágio no estrangeiro por um período aproximado de três meses. Estas mobilidades são totalmente financiadas pela Comissão Europeia.

Atualmente, através deste projeto, por ano, 50 jovens que estudam nas escolas parceiras têm, então, a oportunidade de fazer as suas mobilidades, isto é, um estágio na sua área de formação, nos seguintes países: Alemanha, Chipre, Espanha, França, Grécia, Irlanda, Itália, Malta, Reino Unido, República Checa, Áustria. Os objetivos deste consórcio para os participantes são contribuir para a formação e empregabilidade, a promoção das competências pessoais, sociais e interculturais e melhorar as competências linguísticas.

No caso da Escola Profissional Agrícola optamos enviar a cada ano 10 recém-formados dos seus cursos profissionais, sendo uma alternativa para aqueles jovens que não pretendem prosseguir estudos para o ensino superior. Para serem selecionados, os jovens devem concluir obrigatoriamente o seu curso profissional antes da mobilidade e são sujeitos a uma entrevista, onde apresentam as suas motivações para participarem, para além de terem de fazer um pequeno teste de fluência em inglês.

Por forma a dar oportunidade aos jovens economicamente mais desfavorecidos, é um critério preferencial de selecção o facto de nunca ter viajado ou trabalhado num país estrangeiro. O que temos verificado, nestas entrevistas, é que a larga maioria dos jovens nunca esteve no

65 estrangeiro ou o fez apenas uma ou duas vezes, sendo, por vezes, essa através de visitas

organizadas pela Escola Profissional Agrícola. Este projeto tem tido muito sucesso dentro da comunidade escolar, pelo que, nos últimos anos são mais os candidatos do que as vagas disponíveis.

TESTEMUNHOS

Ao longo da participação na mobilidade, é solicitado aos jovens que partilhem a sua experiência, neste caso, com a professora responsável pelo projeto Moinhos na escola. Assim, durante o tempo de estágio praticamente todos referem as dificuldades iniciais em se adaptar a um novo país, a uma nova cultura e, por vezes, a uma nova língua. Por outro lado, para a maioria, esta é também a primeira vez que vivem sozinhos e são responsáveis por todas as tarefas domésticas, o que se revela desafiante numa fase inicial, mas ultrapassado por todos. No final, quase sempre salientam que esta experiência foi enriquecedora e que, se pudessem, a repetiriam, destacando o facto de terem melhorado as suas competências linguísticas, nomeadamente, a língua inglesa.

Por exemplo, Martim Gonçalves, ex-aluno de Produção Agrária, 20 anos, estagiou em Chipre, e durante a sua mobilidade de três meses, realizada em 2016, enviou o seguinte testemunho:

“A minha experiência em Chipre foi muito boa, excelente aliás. Na minha opinião, a realização

do programa ERASMUS + foi muito importante na minha evolução, enquanto ser humano e como cidadão. Para além da experiência na agricultura, que apesar de não ser tão evoluída em relação à de Portugal, existem alguns aspetos interessantes, mas um dos fatores mais importantes para o meu futuro foi a evolução da língua, neste caso o inglês. Outro ponto a realçar foi a mudança do conforto de casa e do nosso espaço para uma realidade totalmente diferente, mas penso que me adaptei bem, tanto aos colegas que vieram comigo como algumas pessoas que partilharam a casa de outras nacionalidades, tais como, Grécia e Lituânia. Foram várias as lições e aprendizagens que retirei desta experiência, que demorou três meses, que certamente nunca esquecerei.”

Contactamos alguns antigos alunos que realizaram mobilidades no estrangeiro, há mais de um ano, para darem o seu ponto de vista, já com alguma distância temporal da mobilidade, para que tivessem mais consciência do impacto pessoal e profissional que a experiência teve nas suas vidas. O que salientam nos seus testemunhos é o crescimento pessoal e o facto de se considerarem mais autónomos, mais responsáveis e, muito importante, culturalmente mais tolerantes. Estas, aliás, são competências valorizadas pelos empregadores, como refere um estudo da Comissão Europeia (2014), e é o ponto de vista de Nídia Santos, ex-aluna de Turismo Ambiental e Rural, 30 anos, que estagiou em 2010 no Reino Unido. Ela considera que um empregador não contrata pela experiência internacional em si, mas pelas competências adquiridas pela mobilidade. Numa era em que a “a mobilidade, a interculturalidade e a aprendizagem ao longo da vida são caraterísticas das sociedades (…), o contacto regular entre indivíduos e entre grupos, a distância ou presencial, tem vindo a consolidar-se na maioria dos grupos culturais, atuando como uma forma de transformar as experiências pessoais, sociais e culturais de relacionamento, de socialização e de aprendizagem e partilha” (Moreira & Seabra, 2017, p. 47). Os jovens adultos que ao longo dos anos participaram nas experiências internacionais da Escola Profissional Agrícola são um exemplo desta realidade intercultural.

66 CONCLUSÕES

Quando nos referimos a experiências internacionais, nomeadamente Erasmus, lembramo- -nos quase sempre das iniciativas das Universidades que, ao longo dos anos, permitiram o intercâmbio estudantil milhões de universitários como uma oportunidade para o crescimento e para a aprendizagem (Moreira & Seabra, 2017). No entanto, desde 1991, também uma escola profissional de pequena dimensão encontrou nos programas de mobilidade internacionais uma ferramenta para capacitar os seus alunos e recém-formados com competências transversais, como autonomia, responsabilidade, tolerância, conhecimento, valorizadas pelos participantes e, principalmente, pelos futuros empregadores. Assim, esta continuará a ser uma aposta para completar a formação dos nossos alunos que serão, também, cidadãos de uma Europa, que se deseja mais unida e tolerante.

REFERÊNCIAS

Costa, S. M. (2016). A importância das experiências internacionais para a empregabilidade e sucesso

profissional. Porto: Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Comunidade Europeia (2014). The Erasmus impact study. Retirado de: http://ec.europa.eu/dgs/ education_culture/repository/education/library/study/2014/erasmus-impact_en.pdf

Formação, A. N. (s.d.). Retirado de: https://erasmusmais.pt/erasmus-ef/acoes-chave#acao-chave-1 Moreira, D. & Santos, M. (2016). O uso da internet por jovens adultos portugueses de uma escola profissional. Revista Caderno Pedagógico, Lajeado, 1(13), 10-23

Moreira, D. & Seabra, F. (2017). Mobilidade virtual em rede no contexto da Licenciatura em Educação da UAb. In P. Dias, D. Moreira, & A. Quintas-Mendes, Novos olhares para os cenários e práticas da educação

digital (pp. 44-78). Lisboa: Universidade Aberta

Moura, A., Ferreira, C., Esteves, D., Peixoto, P. & Silva, S. (2013). Estudo de avaliação dos impactos da

mobilidade para estágios Erasmus e Leonardo da Vinci. Retirado de: https://erasmusmais.pt/resultados/ estudos-europeus

Santos, M. (2016). As vozes dos alunos de uma escola profissional sobre o ensino profissional – um

estudo. Dissertação de mestrado em Gestão e Administração Educacional, Universidade Aberta. Retirado

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AS PLACAS DE SINALIZAÇÃO EM BRAILLE NA ESCOLA INCLUSIVA:

CONSTRUINDO ESPAÇOS ACESSÍVEIS NA PERSPECTIVA DA SUSTENTABILIDADE