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O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e a tarefa de casa

Foto 8 – Tarefa de casa corrigida

4.3 O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e a tarefa de casa

O Projeto político Pedagógico - PPP é o documento que contém a identidade da escola, suas concepções teóricas-metodológicas sobre o fazer pedagógico. Ele precisa ser construído de forma democrática, contendo a participação de toda a comunidade escolar - equipe gestora, corpo docente, pais, alunos, funcionários-. Tendo como base a realidade local, pois “a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base nos seus alunos” (VEIGA, 1995, p.11).

Em virtude de que, apenas a escola sabe as dificuldades que estão presentes no seu dia a dia e as possibilidades de mudanças que podem ser concretizadas a médio e a longo prazo na instituição. Nisto, é considerável perceber o papel do PPP para

[...], além de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades como prova do cumprimento de tarefas

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burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola.” (VEIGA, 1995, p. 12- 13)

Correspondendo a um documento vivo, permeado pelas experiências individuais e coletivas dos integrantes da comunidade escolar, mediante as atitudes e proposições educativas construídas coletivamente.

Isto posto, o Projeto Político Pedagógico da instituição, lócus da pesquisa, aborda todas as etapas e modalidades de ensino que a instituição abarca, contendo a Educação Infantil, nos dois últimos níveis; o Ensino Fundamental I e II e a Educação de Jovens e Adultos, no 1 e 2 seguimento. O documento cedido pela instituição é um arquivo físico equivalente ao ano de 2006, em virtude da atualização do documento está sendo feita em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e está em porte desta instância.

A caracterização do documento, de modo geral, apresenta os objetivos e a relevância da instituição ter um documento que represente sua identidade pedagógica e qual interferência dessa construção para a efetivação de uma educação de qualidade; por sequência apresenta a historicidade da instituição e do seu patrono; o perfil da escola e a caracterização do Bairro que ela está inserida; os valores éticos; desmembra a caracterização dos horário e das turmas, em relação ao quantitativo de alunos por turma, mas sem mencionar de forma clara o quantitativo de salas e de espaços; caracteriza as turmas de cada nível, ciclo e modalidade abarcadas pela escola; Conversa sobre as tendências pedagógicas da instituição que regem as práticas pedagógicas, quais são o construtivismo e o sócio-interacionismo; Dilui o conceito de avaliação contida no processo de ensino-aprendizagem da instituição; descreve a proposta curricular da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e dos dos ciclos e da progressão continuada - a Educação de Jovens e Adultos. Diante desse apanhado geral, será analisado aqui a proposta curricular para a Educação Infantil, no que concerne a presença da tarefa de casa.

A proposta curricular apresenta a importância da Educação Infantil como direito da criança e como necessidade social, diante da historicidade do recurso. Considerando a fase de desenvolvimento da criança de 4 e 5 anos segundo as contribuições do teórico Piaget, ao dizer que “a reversibilidade de pensamento, aquisição que marcará a passagem para o estágio operacional concreto, começa a desenvolver-se com a noção de observação” (PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL, 2006). Uma vez que são as faixas etárias que a escola abarca. O documento discorre ainda sobre a parceria escola e família na adaptação das crianças, com a

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indissociabilidade do educar e do cuidar. ao afirmar que “A escola têm que ser um espaço de cuidado e educação, organizado e planejado para atender crianças de quatro a seis anos. Essa escola por ser também cultural, histórica e socialmente constituída, vem modificando suas funções” (PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL, 2006).

Apresenta aspectos sobre a formação da identidade do docente da Educação Infantil, como uma identidade que vai se construindo com as experiências vividas pelo educador. Sendo o professor o mediador deste aspecto da etapa, e precisa abandonar a forma de trabalho adultocêntrica das práticas pedagógicas da concepção assistencialista. Por consequência, apresenta as capacidades dos docentes segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil no que concerne ao planejamento intencional, a importância do trabalho com as múltiplas linguagens e a ampliação de experiências nos aspectos físico, motor, cognitivo e social da criança. Tendo como um dos papéis dos docentes gerenciar o espaço escolar e trabalhar com as crianças com necessidades educacionais especiais na perspectiva da inclusão. Com uma atitude ética no respeito às diferenças, diante de uma contínua autorreflexão.

Diante do exposto, a tarefa de casa não aparece na construção da proposta curricular para a Educação Infantil da instituição, demonstrando que este recurso aparece de acordo com as visões e saberes dos docentes sobre a aprendizagem das crianças, cabendo ao educador infantil, desta instituição, definir se o recurso tarefa de casa vai auxiliar ou não no desenvolvimento integral das crianças, estabelecendo-se diante do critério do docente responsável .

Portanto, os documentos aqui analisados (BNCC, DCNEI e PPP) não exploram o recurso da tarefa de casa nas suas configurações. Presume-se que a ausência pode ser pelo fato desse recurso ser dispensável no âmbito da educação infantil, tendo em vista sua função, destacada como educar e cuidar de criança respeitando a integralidade das crianças. Ou mesmo, por se tratar de uma estratégia didática específica a ser tratada no âmbito do planejamento pedagógico. Em todo caso, é premente chamar atenção para uma possível perpetuação deste recurso na Educação Infantil no dia a dia da sala de aula, o que provoca a dissociação da teoria com a prática, de maneira que pode proporcionar uma abertura para práticas que têm como função a preparação para o Ensino Fundamental. Divergindo da real perspectiva defendida, a de que ela é direto da criança e têm por função a educação integral na indissociabilidade do cuidar e do educar, tendo relevância para o desenvolvimento da criança.

Após a análise dos documentos oficiais tratar-se-à dos dados coletados durante a observação em sala de aula e a entrevista com as crianças.

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5 O TRABALHO PEDAGÓGICO E A TAREFA DE CASA NA INSTITUIÇÃO

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