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Foto 8 – Tarefa de casa corrigida

2.2 Sujeitos da Pesquisa

Os sujeitos da pesquisa são crianças do último nível da Educação Infantil de uma escola pública que pertence a rede Municipal de ensino de Natal - RN, com faixa etária entre 4 e 5 anos. Residem no bairro de instalação da escola, encontrando-se em relação a condição sócio-financeira de vulnerabilidade social e são de majoritariamente de etnia negra e parda. As crianças são de contextos familiares diversos, no qual algumas residem com seus pais, mas grande parte com familiares (primos, tios e avós) e terceiros (abrigo infantil). Algumas contém irmãos que estudam também na instituição, no qual eles que realizam a “entrega” das crianças na sala de aula e intermediam a relação família e escola.

A turma é composta por 22 crianças, mas só frequentam, em média, de 12 a 14 crianças. A pouca assiduidade das crianças é um aspecto que a escola tenta por meio de telefonemas e reuniões com os responsáveis dissolver. Sendo assim, os responsáveis por 12 crianças, assinaram o termo de consentimento autorizando a participação nas etapas da pesquisa.

Outro sujeito que foi escolhido para a investigação foi a professora responsável da turma. Tal profissional é pedagoga e trabalha em duas instituições de educação pública, um vínculo como docente da Educação Infantil (lócus da pesquisa), outro como coordenadora na modalidade de Educação de Jovens e Adultos EJA em outro espaço escolar. Sua formação

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inicial é em licenciatura em pedagogia (DIÁRIO DE CAMPO, 2019). Contudo, as informações sobre a educação continuada e dados pessoais como idade da docente não foram colhidos no período de observação devido ao foco da pesquisa ser destinada ao trabalho pedagógico da docente quanto a tarefa de casa e a perspectiva das crianças sobre o recurso pedagógico tarefa de casa, podendo ser ademais, aprofundado em posteriore.

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3 TAREFAS DE CASA: ESTUDOS E PERSPECTIVAS

A tarefa de casa se estabelece como um produto histórico-social, e por isso um recurso pedagógico, que advém, segundo Carvalho (2004) da tentativa de suprir as demandas sociais para aumentar o sucesso e rendimento acadêmico de estudantes; com um caráter de complementaridade das funções realizadas na escola junto a família. A tarefa de casa, têm três objetivos socialmente e historicamente concebidos de acordo com Carvalho (2004)

[...] como uma ocupação adequada para os estudantes em casa; pode ser considerado um componente importante do processo ensino–aprendizagem e do currículo escolar; e pode ser concebido como uma política tanto da escola e do sistema de ensino, objetivando ampliar a aprendizagem em quantidade e qualidade, para além do tempo– espaço escolar, quanto da família, visando estimular o progresso educacional e social dos descendentes. (CARVALHO, 2004, p.94)

Essas facetas da tarefa de casa são percebidas diante das condições sócio-históricas a qual ela está imersa, e de sua influência nas relações sociais acordadas subjetivamente e objetivamente pelos sujeitos que a usam no espaço escolar. De modo a suscitar possíveis estudos sobre o seu papel no processo de aprendizagem, sejam de caráter bibliográfico, seja com base na empiria.

A partir disso, pretendeu-se neste tópico da pesquisa, mapear o cenário da produção científica por meio de uma revisão de literatura, a fim de realizar um apanhado geral sobre as produções no contexto acadêmico durante os últimos 5 anos (2014 -2019), que possuem a tarefa de casa como objeto investigativo e de análise; seja no âmbito da educação macro, seja na Educação Infantil. Para tal, foram usados as plataformas virtuais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes e Scientific Electronic Library Online - Scielo; e o acervo digital da Revista Educação em Questão do Programa de Pós-graduação em Educação, do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como ambientes de busca de dados.

A revisão de literatura se expressou em duas etapas: a primeira foi à revisão dirigida para a relação da tarefa de casa na educação no sentido macro (sem a definição de etapas ou modalidades de ensino nos definidores), e a segunda a relação da tarefa de casa com a Etapa da Educação Infantil. Cada etapa da revisão se subdividiu em três fases: a primeira fase foi a elaboração de uma pergunta norteadora; a definição das palavras chaves - usadas como definidores - e da definição do objetivo para a revisão de literatura da etapa. A segunda fase

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deteve-se a coleta dos dados, bem como a sua classificação e verificação quanto a qualidade, a fim de responder ao objetivo e a pergunta norteadora. A terceira fase, delimitou-se a escrita das principais temáticas abordadas nas produções encontradas, no intuito de se perceber o cenário de pesquisas estabelecidas na comunidade científica brasileira. Como pode-se observar na figura 1.

Figura 1 - Etapas da revisão de literatura: Tarefa de Casa na Educação; na Educação Infantil, Brasil (2014-2019)

Fonte: Produção da autora (2019).

Apesar do termo utilizado nesta pesquisa caracterizar-se por tarefa de casa, durante a pesquisa nos bancos de dados, procurou-se expandir para terminologias parecidas (dever de casa e lição de casa). Dado que, há uma variação de termos para o mesmo recurso

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pedagógico, utilizados pelos pesquisadores que se debruçaram sobre a temática (CARVALHO, 2006).

Por isso, a primeira etapa - produções que tinham a relação da tarefa de casa na educação, no contexto macro -, em sua fase inicial se manteve na elaboração de uma pergunta norteadora, tal qual, “Quais as produções científicas produzidas durante os últimos cinco anos nos acervos digitais brasileiros, relacionadas a tarefa de casa na educação?” Seguindo do objetivo: Mapear o cenário da produção científica durante os últimos cinco anos (2014- 2019) sobre a tarefa de casa na educação, por meio de uma revisão de literatura. Por conseguinte, definiu-se as palavras-chave que nortearam a busca dos dados, sendo os definidores desta etapa da revisão. Caracterizando-se por Tarefas de Casa e Educação; Dever de casa e Educação; Lição de casa e Educação. O termo atividade de casa que poderia ser utilizado como palavra-chave não foi selecionado para ser um dos descritores da pesquisa, pois não é muito utilizado por autores que se debruçam sobre a temática da tarefa de casa, o que dificultaria na descoberta de dados.

Realizou-se a filtragem das informações na plataforma da Capes e da Scielo, além da marca temporal (2014 a 2019), no uso do filtro para o idioma Português e revisado por pares, uma vez que a revisão estava-se formulando por uma busca na produção acadêmica científica brasileira. E para a busca no acervo disponível na modalidade digital da Revista Educação em Questão, usou-se todos os critérios usados nas plataformas anteriores, menos o revisado por pares, pois foi necessário a leitura de todos os volumes que se adequavam a pesquisa.

Para facilitar a verificação da qualidade dos dados (fase 2 da etapa 1), sua redução e comparação, a fim de adequar-se com mais precisão no objetivo do mapeamento, efetivou-se a distribuição de um quadro contendo a referência (link), o autor(es), o título, o tipo de documento, o objetivo, as palavras chaves de cada produção, além da revista ou instituição de ensino onde foi publicado.

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Quadro 2 - Classificação dos dados encontrados da pesquisa Tarefas de casa, Dever de casa, Lição de casa e Educação publicados no Brasil, 2014 - 2019.

Site Título Autor (a)/

Autores (as)

Tipo do Documento Objetivo

Ano de Publicação Local de Publicação Palavras- Chave Instituição/Revista Ano de Publicação

Fonte: Elaboração da autora (2019)

A partir da classificação dos dados no Quadro 2, realizou-se a catalogação dos dados por tipologia, encontrando-se um valor total de 4 produções acadêmicas, sendo apenas 4 artigos.

Quadro 3 - Tipo de publicação relacionada ao tema tarefas de casa e educação, no período de tempo, Brasil 2014-2019.

Tipos de Documentos

Período temporal

Artigos Resumos Trabalho de Conclusão de curso Trabalho de conclusão de especialização

Dissertações Teses Total

2014 a 2019

4 0 0 0 0 0 4

Fonte: Elaboração da autora (2019)

Pode-se averiguar que em um contexto amplo, sem distinção de nível ou etapa educacional, no período de tempo revisado, a tarefa de casa se estabelece ainda como um campo pouco explorado. O quantitativo de artigos pode expressar a tímida preocupação dos

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pesquisadores em estabelecer relação com a tarefa de casa e a prática pedagógica, com a relação família e escola e a aprendizagem do sujeito na atualidade. Bem como uma natureza atual da temática na educação como um todo.

Ao explorar a temática de cada artigo selecionado (terceira fase da etapa 1), durante a busca dos dados nas plataformas virtuais selecionadas - Capes, Scielo e Revista Educação em Questão -, encontrou-se temáticas que são abordadas no quadro 4.

Quadro 4 - Descrição dos artigos encontrados sobre a tarefa de casa e a educação, no período de tempo, Brasil 2014-2019.

DESCRIÇÃO

Artigo 1

A Autora (JUNGUES, 2017), utiliza o termo dever de casa, destacando a sua interferência com a relação família e escola. Na proposição de objeto de ligação entre essas duas instâncias sociais. Marcando a concepção de dever de casa como política educacional, que além de mobilizar aprendizagens no estudante, dá aos pais a oportunidade de ajudar na aprendizagem de seus filhos.

Artigo 2

Os/as autores/as (RESENDE; CANAÃ; REIS; OLIVEIRA; SOUZA, 2018), usam terminologia dever de casa. Problematizam o papel do dever de casa na relação família e escola, na perspectiva da educação integral. Considerando como educação integral a carga horário regular somada as dos projetos de ampliação da jornada escolar.

Artigo 3

As autoras (SUEHIRO; BORUCHOVITCH, 2016), usam o termo lição de casa, buscam a perspectiva de 426 estudantes de Minas Gerais e da Bahia, sobre os hábitos de estudos que desenvolvem a autorregulação. Considerando a lição de casa como um papel de auxiliar na aprendizagem dessa capacidade.

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As autoras (KNIJNIK; JUNGES, 2014), discutem a perspectiva da família sobre a tarefa de casa, de modo a perceber a aprendizagem matemática das crianças do Ensino Fundamental I. Tendo a tarefa de casa como uma articulação entre a família e a escola, como forma de os pais regularem o trabalho da professora e as escola regular a participação dos pais.

Fonte: Elaboração da autora (2019)

Como se pode perceber, as produções encontradas durante a etapa 1 da revisão de literatura como mostrado no quadro 4, evidencia o olhar apontado por Carvalho (2004), no qual o papel da tarefa de casa se dá como ferramenta regulatória da participação da família na escola (presente nos artigos 1, 2 e 4). E ao ter esse lugar no processo de ensino-aprendizagem nas instituições educativas, revela o negligenciamento do principal sujeito ao qual ela, em discursos formais das instituições, se destina. Ou seja, o estudante realiza a atividade de casa sob o véu do discurso que auxilia na sua aprendizagem, mas que na verdade apenas serve, diante dos dados, para aproximar seus familiares da escola. Tendo esse caráter, a possibilidade de brechas para a execução de planejamentos vazios e sem sentidos para os estudantes é bem mais significativa.

Tentando romper com essa lógica, o artigo 3 na sua imersão sobre os entendimentos da temática, trouxe uma interpretação sobre as percepções dos estudantes do Ensino Fundamental I, chegando a um número de 426 participantes. Uma lógica de averiguação do conhecimento sobre a tarefa de casa que mergulha nas vivências do estudante, centro do processo de ensino-aprendizagem. Essência que converge com a lógica de compreensão do objeto tarefa de casa desta pesquisa.

Outro aspecto que pode ser discutido são as etapas que foram tidas como foco de estudos em todos os artigos, destacando-se o Ensino fundamental (I e II) e o Ensino Médio. Qual abarcam uma faixa etária - convencionalmente- de 6 a 17 anos, cuja feitura da tarefa de casa possivelmente é mais vista por uma ótica de normalidade nas práticas educativas. O que pode ser desmistificado se considerar as práticas que existem na Educação Infantil a qual contempla a tarefa de casa. Como também, tal enfoque das pesquisas mostradas pelos dados, evidencia a relevância desta pesquisa como um tracejar sobre um campo ainda não explorado, ao proporcionar a realização de problematizações sobre as visões de educação para a infância.

Com isso, de forma a se aproximar mais do objeto da pesquisa, no tocante a tarefa de casa na Educação Infantil, traçou-se a segunda etapa do mapeamento do estado do conhecimento. Com a formulação da pergunta norteadora: “Quais as produções científicas

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produzidas durante os últimos cinco anos nos acervos digitais brasileiros, relacionadas a tarefa de casa na Educação Infantil?” Seguindo do objetivo: Mapear o cenário da produção científica durante os últimos cinco anos (2014- 2019) sobre a tarefa de casa na educação infantil por meio de uma revisão de literatura. Por conseguinte, definiram-se as palavras-chave que nortearam a busca dos dados, sendo os definidores para esta etapa da revisão. Caracterizando- se por Tarefas de Casa e Educação Infantil; Dever de casa e Educação Infantil; Lição de casa e Educação Infantil.

Semelhante a segunda fase da primeira etapa da revisão (descritores:Tarefa de casa e educação, dever de casa e educação, lição de casa e educação). Usou-se o quadro 2, a fim de facilitar a distribuição e qualidade dos dados, bem como a sua redução e comparação, para melhor conciliar como o objetivo do mapeamento. O quadro 2 contém informações sobre a referência (link), o autor(es), o título, o tipo de documento, o objetivo, as palavras chaves de cada produção, além da revista ou instituição de ensino onde foi publicado.

Contudo, diante de um resultado negativo quanto a quantidade de publicações que foram encontradas nos acervos digitais e nas plataformas virtuais usadas como fonte de dados, não se realizou a categorização do quadro 2, bem como a qualificação por tipo de publicação (artigo, resumo, tese, dissertação, etc). Dado que, um total de zero produções se encaixaram ao objetivo e aos definidores previamente elaborados da pesquisa (tempo, idioma, objetivo e palavras-chave).

Essa falta de produção científica sobre as tarefas de casa na Educação Infantil vai de comum acordo com as contribuições de Paula (2000) e Carvalho (2006), que já denunciavam a falta de trabalhos científicos voltados para a tarefa de casa, mesmo elas analisando o sentido macro da educação. Mas que por meio deste mapeamento, foi averiguado essa mesma conformidade. Apontando para um cenário que necessita emergir, uma vez que, esse recurso está presente no cotidiano escolar envolvendo um conjunto de relações sociais, institucionais e estruturantes no processo de ensino-aprendizagem das escolas brasileiras, passando “despercebido” sobre a reflexão quanto ao seu lugar/papel no currículo da educação Infantil.

Além do mais, os poucos teóricos encontrados para a corporificação do referencial teórico deste estudo, não se ateve ao recurso temporal da revisão de literatura (2014 a 2019), citado anteriormente, mas abrangeu fontes que abarcassem posicionamentos e perspectivas sobre tal recurso pedagógico, de forma que indicassem visões, definições, e problematizações sobre a tarefa de casa na educação formal, para que o processo de conceitualização não ficasse escasso. Destacando-se Calcagni (2012), Carvalho (2004; 2006) e Libâneo (2006).

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Calcagni (2012) apresenta uma perspectiva da tarefa de casa voltada mais para a aprendizagem do sujeito estudante. Ao afirmar que ela “[...] estimula o hábito de estudo e ajuda o aluno em uma autorreflexão possibilitando a revisão, o entendimento de seu próprio aprendizado e a superação das possíveis falhas.” (CALCAGNI, 2012, p.09), tendo-na como uma metodologia viável a auxiliar a aprendizagem dos aprendizes. Seu uso inadequado, na dissociação com as propostas educacionais, aponta para o papel da tarefa de casa, destinado a cumprir uma política estabelecida pela instituição de ensino, uma atividade sem significação para o estudante. Como ela ainda reflete: “E por fazer parte do processo educacional não faz sentido ser usada de forma aleatória ou só para constar no programa, ou como cobrança por achar que é o único meio do aluno estudar” (CALCAGNI, 2012, p.09).

Todavia, quanto ao papel utilizado pela tarefa de casa sobre a relação família-escola não encontra-se um posicionamento claro de Calcagni (2012). Aspecto que é muito bem explanado em Carvalho (2004), ao interpelar a tarefa de casa como uma política educacional instituída nas escolas no intuito de reforçar a relação escola-família, em um entendimento de que ela é um reforço de fixação dos conteúdos vistos em sala. Com interferência nas ações desenvolvidas no processo de ensino-aprendizagem, mas também nas relações familiares.

“Concebido como parte integrante do processo ensino-aprendizagem, o dever de casa não apenas afeta seu planejamento e implementação, e, portanto, o trabalho docente, mas afeta também a vida dos estudantes fora da escola e sua rotina familiar, pois supõe a conexão entre as atividades de sala de aula e de casa, e uma estrutura doméstica adequada apoiando as atividades escolares.” (CARVALHO, 2004, p.95)

Exigindo da família uma estrutura cultural e social de apoio ao estudante, seja no acesso a saberescirculados pelas mídias, seja pelo espaço físico em casa destinado a responder a tarefa de casa. Com isso, diante da perspectiva da família perante seu capital cultural, a tarefa de casa pode ser uma necessidade legítima, bem como um fardo e imposição vertical (CARVALHO, 2004). Infelizmente nas classes populares brasileiras pelo pouco capital cultural, a perspectiva do fardo se estabelece mais frequentemente, daí a importância da formulação de uma tarefa de casa que permita a criança respondê-la sozinha.

Carvalho (2004) estabelece ainda uma reflexão sobre a possibilidade da tarefa de casa ser uma forma de transferir a responsabilidade de ensinar da escola para a família. Exemplificado pela presença do discurso de fracasso escolar mediante a não participação familiar, ou seja, a criança só vai aprender a ler e a escrever se os pais ajudarem na tarefa de casa.

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Não se está negligenciando a participação da família no processo de aprendizagem do estudante, mas se está afirmando que o foco das práticas do ensinar e do aprender formal precisam estar no cotidiano da escola e não na casa dos estudantes, tomando para si o papel de professora a mãe do discente. E ainda mais, que tal recurso é retratado também como apenas uma forma dos pais estarem e responderem às solicitações da escola. Sendo um meio para e não tenho um fim pedagógico em si mesma.

Quanto ao fim pedagógico em si mesma, Carvalho (2006) retrata de uma abordagem da tarefa de casa ligada a avaliação de aprendizagem, ao afirma que “o fato é que o dever de casa repercute direta ou indiretamente na avaliação: vale nota ou pontos somados à nota final, ou serve como treino para os testes.” (CARVALHO, 2006, p.87). Ao estabelecer, inclusive, uma ordem rígida das sequências metodológicas, primeiro o conceito, depois o exercício em sala, e dando sequência a tarefa de casa para “fixar” melhor o conteúdo antes estabelecido.

Carvalho (2006), ainda explana que:

Tradicionalmente, o dever de casa é concebido como uma estratégia de ensino do currículo escolar e de intensificação da aprendizagem: fixação, revisão, reforço ou preparação para aulas e provas, na forma de leituras e exercícios. Concepções mais abertas incluem pesquisa sobre eventos familiares e comunitários, ou artefatos culturais (como programas de televisão), e projetos grupais, entendidos como atividades de enriquecimento curricular ou estratégia de conexão dos conteúdos escolares à vida cotidiana. (CARVALHO, 2006, p.87)

De forma tradicional ou fechada, a tarefa de casa perpassa procedimentos do currículo escolar, de modo a aludir concepções do ensinar e do aprender, sejam elas mais voltados para o estímulo-resposta, sejam mais para proporcionar a interação entre os sujeitos agentes da ação educativa.

Com essa particularidade de preparação para aulas e de intensificação da aprendizagem, Libâneo (2006), denota uma abordagem da tarefa de casa como um estudo ativo, por permitir o desenvolvimento de habilidades da percepção, da comunicação (expressão do pensamento por meio de palavras), e do reconhecimento da realidade, em específico, fatos e fenômenos da sociedade. Denominando a como “[...] um importante complemento didático para a consolidação, estreitamente ligada ao desenvolvimento das aulas. [...] consiste de tarefas de aprendizagem realizadas fora do período escolar” (LIBÂNEO, 2006, p. 192).

Tendo a compreensão que estudo ativo para Libâneo (2006) como as tarefas que fazem os alunos pensarem sobre o que estão aprendendo, seja na observação, na inferência de

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dos saberes formais com a realidade do estudante, seja na consolidação e aplicação do que é apreendido em sala. Sendo uma “atividade de pensamento para o aluno” (LIBÂNEO, 2006, p. 106). Estando integrada ao estudo ativo na etapa de consolidação e aplicação dos saberes estudados em aula, caracterizado pela “revisão e exercícios de fixação; aplicação em problemas suscitados na prática, com dados da experiência cotidiana” (LIBÂNEO, 2006, p. 109).

A função social dela, abordada por esse teórico, é de intrumento/meio da execução da

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