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O projeto de transposição do rio São Francisco: sobre o projeto aprovado

CAPÍTULO I: O (RE)ENCONTRO COM UM RIO: ADENTRANDO O VELHO CHICO

1.4. O projeto de transposição do rio São Francisco: sobre o projeto aprovado

O Projeto de transposição do rio São Francisco, que seria implantado no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi considerado arquivado59. Todavia, após a tomada de posse do primeiro mandato do Presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva60, no ano de 2003, a bancada do PT demonstra interesse em discutir a possibilidade de rever esse projeto: “temos abertura para discutir o assunto. Mas é preciso ver que transposição –

59 Em junho de 2002, o PT apresentou uma proposta para a área do meio ambiente em que descartava a

transposição do rio São Francisco como forma de amenizar os efeitos da seca no nordeste. Fonte: PT pede moratória de transgênicos e descarta transpor o São Francisco. Folha de São Paulo. São Paulo. 06 jun. 2002. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u33305.shtml. Acesso em 03 de janeiro de 2015.

60 Durante um dos debates que antecederam o primeiro turno das eleições, os presidenciáveis

questionaram-se mutuamente sobre a transposição do rio São Francisco, como se a seca no nordeste fosse um caso isolado, questionaram no sentido de que não haverá rio São Francisco para ser transposto, porque ele secará em decorrência da devastação das áreas verdes em sua nascente. Fonte: O BRASIL em chamas.

Folha de São Paulo. São Paulo. 23 out. 2002. Disponível em:

para quem, como, a quem serve, quanto custa e se há alternativas. Tudo será discutido com a sociedade”61

.

Luis Inácio Lula da Silva apontava, desde o período de campanha eleitoral, que a questão da água no Nordeste seria prioridade para o seu governo:

O presidente eleito declarou que pretende, logo depois da posse, fazer reuniões com os governadores por região do país, sendo a primeira dedicada aos nordestinos. "Já me disseram que a seca já começou e deve se agravar. Se eu não fizer pelo Nordeste, ninguém mais fará", justificou. O presidente eleito afirmou que pretende criar um fórum para discutir a questão da água no Nordeste. O projeto mais polêmico, sobre o qual Lula não tem posição definida, é o de transposição das águas do rio São Francisco62.

Embora o projeto de transposição não tenha feito parte do plano de governo em sua campanha eleitoral63, foi incorporado como a primeira obra de infraestrutura do Plano de Investimentos do governo federal para o período de 2004 a 2007, o chamado Plano Plurianual (PPA). Aparentemente o debate sobre o projeto seria encaminhado de forma diferente da gestão anterior, pois era evidente a necessidade de um amplo diálogo com a sociedade.

A ênfase dada à elaboração do Plano Plurianual era de que haveria uma ampla participação da sociedade civil na sua elaboração. Entretanto, mais de 500 organizações da sociedade civil reagiram ao conteúdo final do PPA, enviando uma carta pública ao presidente, em que expressavam o inconformismo em relação às decisões governamentais, as quais, para tais organizações, significariam colocar em risco a sustentabilidade do país (FONTES, 2003).

No entanto, o debate sobre a implantação do projeto de transposição foi retomado apenas no ano de 200464, e o projeto foi reelaborado de tal forma que, em seu

61

LULA quer garantir 40 litros d’água diários aos cidadãos. Gazzeta do São Francisco. Petrolina (PE). 26 - 29 de jan. 2003. Arquivo Pesquisa hemerotécnica.

62 PETISTA afirma ter tido encontro entre amigos. Folha de São Paulo. São Paulo. 26 nov. 2002.

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2611200209.htm. Acesso em 03 de janeiro de 2015.

63 Em comício realizado em Garanhuns em novembro de 2002, Lula fez a seguinte declaração sobre a

transposição: "Será uma decisão técnica, política e do povo". Fonte: LULA é recebido com festa em terra

natal. Folha de São Paulo. São Paulo. 23 nov. 2002. Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2311200207.htm. Acesso em 03 de janeiro de 2015.

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Não há previsão de investimento privado para uma das mais caras obras do Plano de Investimentos do Governo Luiz Inácio Lula da Silva: a chamada transposição do rio São Francisco, obra destinada a garantir o abastecimento de água para o semiárido do Nordeste. A obra deverá começar já no ano que vem e vai consumir mais de R$ 3 bilhões até 2007. O projeto completo, no entanto, dependerá dos próximos governos e pode demorar 12 anos. Fonte: PPA prevê R$36 bi de investimentos privados. Folha de São Paulo. São Paulo. 04 set. 2003. Disponível em:

novo formato, constava que 12 milhões de nordestinos seriam beneficiados com a sua implantação e, portanto, passou a ser considerado prioridade para o Governo Lula65.

Dessa forma, retomam-se os conflitos entre aqueles que defendiam o projeto e aqueles que questionavam sua viabilidade. Ao mesmo tempo, multiplicam-se as atividades empresariais que utilizam irrigação na região são-franciscana, bem como surgem entidades que reúnem agricultores, pecuaristas e industriais para o combate de planos que pudessem colocar em risco as suas atividades. Multiplicam-se também as iniciativas da sociedade civil em defesa do rio São Francisco (COELHO, 2004).

Por um lado, estão os defensores de que o projeto está estruturado para impulsionar a realização de gigantescas obras no Nordeste, marcadas pelo reaparecimento de empresários e políticos, que pressionam de forma renitente a administração federal a fim de conseguir que essas empreitadas sejam realizadas. Segundo Coelho (2004), esse “lobby” trabalha com a atuação de pessoal qualificado para o exercício de funções bem definidas, organizando assessorias técnicas para redigir estudos, pareceres, discursos etc., além de participarem de encontros sobre o tema:

Tais assessores atuam há muitos anos com o apoio do Ministério da Integração Nacional, que contrata firmas de consultoria para realizar ou intermediar alguns estudos, como é o caso da Fundação de Ciência e Tecnologias, a Funcate. Entre empresas que elaboram pareceres quase sempre estão a VBA Consultores, os consórcios Engeorps-Harza e Jaako Pöyry-Tahal. Em segundo lugar, o lobby conta com pessoas dedicadas ao corpo-a-corpo nos bastidores da administração federal e no Congresso. Nesse ramo desempenham função relevante políticos que se comprometeram com a realização do projeto como o ex-ministro Aluísio Alves, Fernando Bezerra, senador pelo Rio Grande do Norte e o deputado Marcondes Gadelha, da Paraíba. Ademais, em terceiro lugar, nas fileiras do lobby existem pessoas que militam nos meios da comunicação, colocando artigos na imprensa, sugerindo pautas e aliciando jornalistas para que trabalhem em favor do projeto da transposição (COELHO, 2005: 177).

De acordo com Suassuna (2010), quem primeiro denunciou a existência de um lobby envolvendo as questões do projeto de transposição do rio São Francisco foi o Prof. João Abner Guimarães Jr, quando apontou que a falta de isenção do governo federal em relação a esse projeto e revelou que as decisões em torno da viabilidade do projeto de transposição não tinham sido baseadas em questões objetivas, no caso técnicas; na verdade, haveria um direcionamento político para tal decisão, sendo que esse fato demonstra que há um esquema poderoso infiltrado dentro da máquina do

65 ARROCHO e gestão do governo mantêm projetos paralisados. Folha de São Paulo. São Paulo. 19 out.

2003. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u54552.shtml Acesso em: 03 de janeiro de 2015.

estado com o objetivo defender a manutenção da velha política de grandes obras hidráulicas para o Nordeste, a antiga Indústria da Seca.

Por outro lado, temos o posicionamento de que a obra é necessária para garantir a segurança e sustentabilidade hídrica futura, com o propósito de desenvolver a maior parte do semiárido setentrional por meio da utilização das águas da Bacia do rio São Francisco (SARMENTO, 2005).

Os interesses políticos e econômicos se dão nos três níveis: federal, estadual e municipal. No nível federal, existem políticos e empresas preocupadas exclusivamente com a manutenção da obra (indústria da construção civil), algumas delas inclusive são financiadoras de campanhas eleitorais. Nesse caso, fica claro o interesse na obra por ela mesma, ou seja, quanto mais tempo a obra durar maior será a quantidade de beneficiados – principalmente no setor da construção civil. No nível Estadual, existe também esse olhar, mas o que predomina é o interesse do desenvolvimento da região a partir do modelo de produção agroexportadora (fruticultura, carcinicultura, entre outros) somando-se à extração de minerais, como por exemplo, o alumínio, que necessita de um volume grande de água e energia para sua extração. Todas essas atividades estão relacionadas a interesses nacionais e também internacionais. Por último, com relação ao nível municipal, são relevantes os benefícios de infraestrutura para os municípios, como construção de rodovias, tratamento de esgoto, aquecimento do mercado consumidor – por conta da presença de um contingente maior de trabalhadores oriundos de outras localidades –, aquecimento no setor imobiliário, especulação fundiária, entre outros. Outro fator importante é que muitos políticos locais apoiaram essa obra para angariar votos da população, sendo assim o foco é o fortalecimento político.

Apesar das críticas feitas de forma renitente por diversos intelectuais, políticos e militantes da questão ambiental, da resistência da sociedade civil organizada através do Fórum de Defesa do São Francisco e principalmente do posicionamento contrário da maioria dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco66, a transposição do rio São Francisco foi aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos em 17 de janeiro de 2005, o qual utilizou suas competências conferidas pela

66 É um órgão colegiado de natureza consultiva, deliberativa e normativa, integrante do Sistema Nacional

de Gerenciamento de Recursos Hídricos e vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, nos termos previstos na Lei nº9433, de 08 de janeiro de 1997, no Decreto de 05 de junho de 2001 e na Resolução nº 05, de 10 de abril de 2000, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). A atuação e participação do CBHSF com relação ao projeto de Transposição do rio São Francisco será tratada no Segundo Capítulo desta tese.

Lei nº 9433, de 08 de janeiro de 1997 e pela Lei nº 9984, de 17 de julho de 2000, considerando o estabelecido no art. 35, inciso III, da Lei nº 9433 de 1997.

O governo federal obteve ontem uma vitória em relação ao projeto de transposição do rio São Francisco – um dos projetos prioritários para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma disputa que levou mais de seis horas, o CNRH (Conselho Nacional de Recursos Hídricos) aprovou o projeto de integração das bacias do rio, garantindo o uso econômico das águas. A aprovação de ontem era importante para garantir a continuidade do projeto. Apesar dessa vitória, o governo ainda vai enfrentar as audiências públicas e a análise final do impacto ambiental da transposição que será feita pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Ontem, o assunto chegou a ser discutido na reunião de coordenação do presidente Lula com seus ministros67.

No documento oficial de despacho da resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), consta que a aprovação da obra foi baseada nos benefícios do projeto de Integração do rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional, apresentado pelo Ministério da Integração Nacional, justificado pela existência de carência hídrica na Região Nordeste Setentrional do Brasil e por entenderem que o rio São Francisco possui disponibilidade hídrica para a realização do projeto. Baseado em nota técnica nº 492/2004/SOC, da Agência Nacional das Águas de 23 setembro de 2004, resolve:

Art. 1º Aprovar o aproveitamento hídrico do Projeto de Integração do rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, apresentado pelo Ministério da Integração Nacional nos termos da nota técnica nº 492/2004/SOC, de 23 de setembro de 2004, da Agência Nacional das Águas – ANA; Art. 2º A Aprovação de que trata o art. 1º desta Resolução, está condicionado à obtenção e cumprimento, pelo empreendedor, dos termos constantes do licenciamento ambiental e da outorga do direito e uso de recursos hídricos, bem como de outras licenças, autorizações e exigências legais. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação (CNRH, 2005a) 68.

É importante ressaltar que pequenas transposições das águas do rio São Francisco ocorrem há anos, mas o projeto em discussão é o maior em termos de transposição entre bacias. O atual projeto foi proposto para desviar inicialmente 30 m³/s,

67 CONSELHO aprova exploração da água do rio São Francisco. Folha de São Paulo. São Paulo. 18 jan.

2005. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u66728.shtml. Acesso em 04 janeiro de 2015.

68 Documento assinado pela Ministra do Meio Ambiente Marina Silva e pelo Secretário Executivo João

podendo chegar a 130 m³/s da vazão do rio São Francisco na divisa de Pernambuco/Bahia com o objetivo de aumentar as vazões dos rios Jaguaribe, Apodi, Açu e Paraíba, que são rios intermitentes. Visa também ao abastecimento de grandes açudes na região do nordeste setentrional. Toda essa água desbloqueará a limitação de consumo de água na região metropolitana de Fortaleza (CE) e também na cidade paraibana de Campina Grande. Além disso, a utilização das vazões adicionais poderá viabilizar a expansão, nos baixos vales e estuários dos rios receptores, bem como ampliar a irrigação em regiões produtoras de frutas e abastecer os tanques de produção de camarão, com vistas à manutenção e expansão da carcinicultura.

Essa última versão do projeto de transposição, aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos em 2005, é atualmente denominada de Projeto de Integração do rio São Francisco. Este projeto, segundo informações do Ministério da Integração Nacional, tenciona beneficiar 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, além das 294 comunidades rurais às margens dos canais, com a construção de Vilas Produtivas Rurais (VPRs).

Esse projeto é a maior obra de infraestrutura hídrica do país dentro da Política Nacional de Recursos Hídricos. Sua extensão deverá chegar a 477 quilômetros somando-se os dois eixos (Leste69 e Norte70), onde haverá 14 aquedutos, 09 estações de bombeamento71, 27 reservatórios, 09 subestações de 230 quilowatts, 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão e quatro túneis72. Toda essa infraestrutura é de responsabilidade do governo federal. Entretanto, os sistemas de distribuição de água deverão ser executados pelos governos dos estados das bacias receptoras, com apoio financeiro do governo federal.

Os dois eixos partem da margem esquerda do rio São Francisco, ambos em território Pernambucano pertencente à região do Submédio da Bacia do rio São Francisco. Possuem diferentes extensões e características.

O eixo Norte73 é iniciado no município Pernambucano de Cabrobó, passando pelos municípios de Terra Nova, Verdejante, Salgueiro, ainda no estado de Pernambuco, segue até atingir o Ceará passando pelos municípios de Penaforte, Jati,

69 Ver fotografias 16 e 27 em Apêndice 04. 70

Ver fotografias 28, 29 ,30 e 31 em Apêndice 04.

71 Ver fotografias 32 , 33 e 34 em Apêndice 04.

72 Com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas I é o maior túnel de transporte de águas da América

Latina, segundo dados do Ministério da Integração Nacional (MIN, 20-).

Brejo Santo, Mauriti e Barro, por fim, adentra o estado da Paraíba nos municípios de São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras.

O Eixo Leste74 compreende um número bem menor de municípios: ao partir de Pernambuco, das margens do rio situado no município de Floresta, atravessa Custódia, Betânia e Sertânia, para, em seguida, encaminhar-se para a Paraíba até o município de Monteiro.

Figura 2. Mapa oficial do Projeto de Integração.

Fonte: Ministério da Integração Nacional. EIA-RIMA 2004. Relatório de Impacto Ambiental.

O projeto pode ser comparado a uma grande estrada formada por canais de terra de 25 m de largura, revestidos por uma fina camada de cinco centímetros de espessura de concreto, alimentados por grandes bombas para elevar as águas entre os degraus sucessivos, praticamente horizontais e com dezenas de quilômetros de comprimento. Os canais se desenvolvem serpenteando morro acima as encostas da margem esquerda da bacia do rio São Francisco até alcançar os divisores d’água dessa bacia com as bacias contíguas. Pelo Eixo Leste, ¼ das águas do Projeto chegarão ao rio Paraíba e através do Eixo Norte, o maior com capacidade para transportar ¾ da vazão total, os canais ultrapassarão o divisor da bacia do rio Jaguaribe e seguirão pelos pontos mais altos até encontrar condições de perfurar os divisores das bacias dos rios Piranhas no estado da Paraíba e Apodi no estado do Rio Grande do Norte (GUIMARÃES JR, 2010: 163).

Entretanto, a estrutura acima exposta diz respeito à construção das principais calhas do projeto, as quais são de inteira responsabilidade do governo federal. O projeto, em sua totalidade, é muito mais amplo, pois inclui a construção de adutoras de distribuição de água para a região receptora. As grandes proporções do projeto podem ser compreendidas pela expectativa com relação à garantia de segurança hídrica apontada pelo Ministério da Integração, pois, ao interligar os açudes estratégicos do nordeste setentrional com o rio São Francisco, o projeto prevê um enorme benefício para os quatro estados receptores, ou seja, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Conforme dados do Ministério da Integração (BRASIL, 2017)75, o estado de Pernambuco terá a disponibilidade hídrica aumentada na metade de sua fronteira sul, através dos dois eixos e com a construção de adutoras para garantir o abastecimento do Agreste e do Sertão Pernambucanos, assim como o aumento da garantia hídrica proporcionada pelos reservatórios estaduais de Entremontes e Poço da Cruz, que permitirão o aumento da demanda hídrica das bacias dos rios Pajeú e Moxotó. Essa região possui 113 municípios e 2,9 milhões de pessoas. No estado do Rio Grande do Norte, está previsto o aumento da oferta hídrica proporcionada pelos reservatórios estaduais de Santa Cruz e Armando Ribeiro Gonçalves, que suprem a demanda por água da população das Bacias do Apodi, Piranhas-Açu, Ceará-Mirim e também da faixa litorânea e norte. A expectativa é de que haja segurança hídrica para 94 municípios, onde habitam 1,2 milhão de pessoas.

Ainda segundo dados oficiais do Ministério da Integração, na Paraíba, o crescimento da oferta hídrica será proporcionado pelos reservatórios estaduais Epitácio Pessoa, Acauã, Engenheiro-Ávidos, Coremas e Mãe D’água, responsáveis pelo suprimento de água da maior parte da população das bacias do Paraíba e Piranhas em 127 municípios, com 2,5 milhões de habitantes. Por último, o estado do Ceará visa à expansão da garantia de oferta hídrica proporcionada pelos reservatórios (açudes) do Castanhão, de Orós e Banabuiú, que já estão integrados aos açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião. Esse recurso hídrico é utilizado pela maior parte da população das Bacias do Jaguaribe e Metropolitanas, com cinco milhões de habitantes de 56

75 Informações consultadas na página oficial do Ministério da Integração Nacional, com relação aos

benefícios proporcionados pelo Projeto de Integração do rio São Francisco. Fonte: BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Projeto de Integração do Rio São Francisco.

municípios. A região do Cariri-Cearense também está prevista como beneficiária, pois haverá o aumento da disponibilidade hídrica do Rio Salgado, tornando assim o abastecimento permanente para tal região, que é a segunda mais povoada do estado do Ceará.

Figura 3. Imagem do Projeto de Transposição em sua totalidade.

Fonte: REMA Brasil. A transposição do rio São Francisco e os impactos ambientais decorrentes dele.

Portanto, para que a obra seja totalmente finalizada, será necessária a construção de adutoras que levariam a água acumulada nos reservatórios abastecidos pelas calhas principais do projeto (Eixo Norte e Eixo Leste). Esses eixos de distribuição de água deverão ser executados pelos governos dos estados com apoio financeiro federal. O investimento federal previsto, de acordo com dados do Ministério da Integração (2016), é de R$ 285 milhões, sendo que, desse total, R$ 93,9 milhões serão destinados para o estado do Ceará, R$ 134, 84 milhões para Pernambuco, R$ 35,71 milhões para Paraíba e 20,7 milhões para a Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI). Além da disponibilização dessas verbas, o Ministério da Integração também se comprometeu em apoiar os estados com o fornecimento dos projetos executivos dessas obras.

Ainda sobre as ações relacionadas ao projeto, está prevista a construção de 18 Vilas Produtivas Rurais, chamadas de VPRs, as quais são destinadas ao reassentamento