• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II: DEMOCRACIA E CONFLITOS SOCIAIS: OS ATORES SOCIAIS

2.4 As estratégias de debate e luta contra a transposição

2.4.2 Sobre o processo Administrativo n°001/2004

Consta, nos documentos do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, a abertura do Processo Administrativo n°001/2004, que diz respeito ao pedido de representação elaborado e encaminhado ao CBHSF pelas entidades da sociedade civil representadas pelo Fórum Permanente de Defesa do São Francisco, no dia 29 de julho de 2004, na ocasião da III Plenária do Comitê.

A representação apresentada pelo Fórum Permanente de Defesa do rio São Francisco resultou em abertura do Processo Administrativo 001/2004. Esse Processo Administrativo foi aberto189 no dia 27 de outubro de 2004, quando submetido à análise pelos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco. Dessa forma, nessa mesma data, utilizando as atribuições pertinentes ao Comitê, esse órgão deliberou em Plenário: 1) instaurar o processo n°001/2004, referente ao conflito de uso de recursos hídricos; 2) o encaminhamento pela Diretoria Executiva do CBHSF para análise das Câmaras Técnicas competentes e para ouvir as partes envolvidas; 3) o prazo de 30 dias para as Câmaras Técnicas apresentarem o cronograma das atividades para análise de conflito e emissão de parecer; 4) após a análise do processo pelas Câmaras Técnicas, deveria ser submetido à deliberação pelo Plenário do Comitê; 5) Essa deliberação entraria em vigor a partir da aprovação pelo plenário do CBHSF.

O conteúdo do documento apresentado ao CBHSF é fundamentado na Constituição Federal e na Lei 9433/97, no sentido de que os corpos d’água são de domínio estadual e federal, sendo de responsabilidade da União quando banham mais de um estado. Nesse sentido, ao instituir Sistema Nacional de Recursos Hídricos, calcado na participação popular institui o comitê de Bacia Hidrográfica como gerenciador dos recursos hídricos da unidade de gestão.

Além disso, os argumentos sobre a existência de Conflito de Usos são sustentados principalmente por Deliberações realizadas pela Conferência Nacional do Meio ambiente, convocada pelo Governo Federal e realizada nos dias 27 a 30 de

189 Considerando a necessidade de definir procedimentos administrativos para a análise do conflito de uso

de águas em questão, a representação apresentada pelas entidades civis, que compõem o Fórum Permanente de Defesa do Rio São Francisco e as características do projeto de Interligação do Rio São Francisco com bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional, e a análise preliminar de impactos potenciais na gestão dos recursos hídricos da bacia, no meio ambiente e na sustentabilidade do rio São Francisco. De acordo com o artigo 38, da Lei n°9.433, de 1997, que estabelece as competências dos Comitês em arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos de usos de recursos hídricos no âmbito de sua bacia hidrográfica, essa deliberação foi realizada em Salvador e assinada pelo então Presidente do Comitê José Carlos Carvalho e pelo Secretário do CBHSF Luiz Carlos da Silveira Fontes.

novembro de 2003. Tal Conferência congregou diversos segmentos da sociedade civil e deliberou, dentre outras coisas, a proibição190 da transposição do rio São Francisco.

É nesse sentido que o Fórum Permanente de Defesa do São Francisco argumenta a existência de conflito no uso das águas da bacia do São Francisco, pois, de um lado, está a prioridade defendida pelo Governo Federal para alocação externa de recursos hídricos da bacia para o semiárido nordestino e, de outro, a prioridade reivindicada pela sociedade civil em garantir a recuperação dos recursos naturais da bacia.

Ao argumentar conflito de interesse, discute-se também a incompatibilidade do projeto com o Princípio da Precaução estabelecido em 1992 pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e incluído na Declaração do Rio de Janeiro Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (no princípio 15191). Tal princípio estabelece que

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis e para prevenir a degradação ambiental (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1992: 03).

Outro argumento relativo ao processo diz repeito ao Princípio da Participação popular, que é baseado na Constituição de 1988 no que se refere ao texto sobre o Princípio Democrático e a soberania popular enquanto entes fundantes do Estado democrático de Direito. Em outras palavras, esse princípio ratifica o exercício da democracia participativa por parte dos cidadãos.

Com base nos argumentos acima descritos, o Fórum Permanente de Defesa Ambiental da Bacia do Rio São Francisco encaminhou a seguinte solicitação192:

Ante o exposto, requer que a presente representação seja recebida, decidindo o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco o CONFLITO NO USO DAS ÁGUAS da Bacia do rio São Francisco ora apresentado, considerando o poder deliberativo da Conferência Nacional do Meio Ambiente, e assegurando a

190 Sobre a deliberação da Conferência Nacional do Meio Ambiente: proibir as transposições do rio São

Francisco e Tocantins em quaisquer instâncias, independentemente dos resultados dos estudos de viabilidade técnica; elaborar projeto de recuperação das áreas degradadas nas cabeceiras do rio São Francisco por meio do plantio de espécies nativas. Informações extraídas da página oficial do Ministério

do Meio Ambiente: MMA. Deliberações – I Conferência. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/conferencia-nacional-do-meio-ambiente/i- conferencia/deliberacoes.

191

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro, 1992. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf. Acesso em 06 de abril de 2016.

192

Referente ao Processo 001 /2004 (CBHSF), disponível na página oficial do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco.

prioridade absoluta do uso das águas em prol da melhoria das condições dos recursos ambientais da Bacia do São Francisco e dos múltiplos usos na própria Bacia do São Francisco, incompatíveis com a implementação do citado Projeto de Transposição ou Interligação de Bacia do São Francisco, devendo o poder público e a coletividade voltar-se exclusivamente para a sua revitalização. (CBHSF, 2004).

Consta ainda, nos documentos analisados, o envio de um Aditamento à representação, em que as entidades argumentam outro fator contrário ao Projeto de Transposição. Tal argumento fundamenta-se na questão da disponibilidade da vazão outorgada e prevista para a implementação do projeto em questão. O argumento se dá na ideia pautada nos dados do Plano Decenal em que:

[...] pelos dados anteriormente ressaltados tal valor já impressiona sua natureza, que alcança cerca de 36% do total de vazão alocável do rio. Considerando ainda que, dos 360m3/s de vazão alocável do Rio São Francisco, 335m3/s já foram alocados, de pronto verifica-se a total inviabilidade do Projeto, uma vez que a vazão necessária para sua implementação supera a ainda disponível para alocação, que é de apenas 25m3/s. Em síntese, a vazão necessária para a implementação integral do Projeto de Transposição do Rio São Francisco é de 127m3/s enquanto que a vazão ainda disponível para alocação é de apenas 25m3/s, fato que ilustra a completa inviabilidade do mencionado projeto.193

Após análise do pedido, durante a realização da V Plenária194 do CBHSF em caráter extraordinário, realizada em Salvador no dia 27 de outubro de 2004, que teve como tema exclusivo o referido processo, o Comitê decidiu instaurar o processo CBH- SF n°001/2004, referente ao Conflito de Uso das águas da Bacia do rio São Francisco, em função do Projeto de Interligação do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Transposição).

Dessa forma, o Comitê encaminhou, no dia 28 de outubro de 2004, um requerimento ao Secretário Executivo do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em que requer:

Que o projeto em questão, Interligação do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (TRANSPOSIÇÃO) não seja levado à consideração do CNRH, antes que o CBH-SF tenha se pronunciado sobre a Representação do Fórum Permanente de Defesa do Rio São Francisco,

193 Referente ao Documento Aditamento à representação, encaminhado ao CBHSF no dia 23 de outubro

de 2004, pelo Fórum Permanente de Defesa do São Francisco. Documento Disponível na página oficial do CBHSF.

194 A Secretaria Executiva do CBHSF determinou que esta reunião extraordinária seria presidida de

consultas públicas em todas as Câmaras Consultivas Regionais, entre 14 e 23 de outubro de 2004, com o objetivo de discutir amplamente na bacia a proposta de negociação com o Governo Federal em torno da questão da transposição, sobre a ampliação dos usos externos à bacia para outros fins além de abastecimento humano e dessedentação animal e a apresentação de um plano de desenvolvimento sustentável do semi-árido e da bacia do rio São Francisco.

conforme estabelece o art. 38, da Lei Federal n°9.433, de 1997, já citado em primeira instância administrativa (CBHSF, 2004)195.

O requerimento foi encaminhado aos órgãos competentes: Ministério do Meio Ambiente196, Ministério da Integração Nacional197, Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH)198, IBAMA e ANA; e nomeou as Câmaras de Plano, Programas e Projetos - CTPLANO e Câmara Técnica de Outorga e Cobrança - CTOC para acompanhar o processo199.

A partir desse momento, o Comitê passou a empenhar-se nesse processo administrativo. Dessa forma, traçou um cronograma de atividades200 dividido para ser executado de dezembro de 2004 a janeiro de 2005. Durante a VII Reunião201 Plenária do CBHSF, realizada em junho de 2005 em Penedo, o CBHSF decide acatar o cronograma proposto pelas CTPLANO e CTOC e também suas recomendações referentes à contratação de consultores nas áreas de recursos hídricos, à implementação a Câmara Técnica Institucional e Legal – CTIL e ao encaminhamento do processo 001/2004, concernente ao Conflito de Uso para análise e condução do processo no âmbito do CTIL.

195 Requerimento encaminhado ao Secretário Executivo do Conselho Nacional de Recursos Hídricos , Sr.

João Bosco Senra, no dia 28 de outubro de 2004, pelo Presidente do CBHSF José Carlos Carvalho. Informações disponíveis no site oficial do CBHSF

196 O encaminhamento do Proc. Adm. CBH-SF n°001/2004 foi encaminhado à Ministra Marina Silva pelo

Secretário Executivo do CBHSF, no dia 18 de novembro de 2004, como consta documento disponível no site oficial do CBHSF.

197 O encaminhamento do Proc. Adm. CBH-SF n°001/2004 foi encaminhado ao Ministro Ciro Gomes

pelo Secretário Executivo do CBHSF, no dia 18 de novembro de 2004, como consta documento disponível no site oficial do CBHSF.

198

O encaminhamento do Proc. Adm. CBH-SF n°001/2004 foi encaminhado ao Secretário do CNRH, João Bosco Senra, no dia 18 de novembro de 2004, como consta documento disponível no site oficial do CBHSF.

199

Como consta em documento do dia 28 de outubro de 2004, a Secretaria do CBHSF, tendo como Secretário Luis Carlos da Silveira Fontes, deliberou às Câmaras Técnicas de Plano, Programa e Projetos e de Outorga e Cobrança: 1) Apresentação

de cronograma físico de atividades que envolverá a análise da representação que suscitou conflito de uso das águas na bacia hidrográfica do rio São Francisco, no prazo de 30 dias; 2) Análise, oitiva das partes envolvidas e emissão de parecer técnico à respectiva apresentação.

200Foram definidas as seguintes atividades: 1) Análise dos documentos do processo; 2)Reunião das CTs

para definição da estratégia, das relatorias e consultoria; 3) Análise técnica do processo pelo(s) consultore(s) externo (s); 4) Reunião das CTs para conciliação entre as partes; 5) Reunião das CTs para instrução (oitiva das partes); 6) Elaboração dos pareceres dos relatores; 7) Reunião final das CTs para apresentação de resultados e definição de encaminhamento; 8) Envio à Secretaria Executiva do CBHSF para apreciação e decisão final.

201

Informações extraídas do Relatório Conflito de Uso do CBHSF, elaborado em 10 de julho de 2005 e disponível na página oficial do CBHSF.

Entretanto, somente em dezembro de 2005 é que a Câmara Técnica Institucional e Legal o CBHSF encaminhou o relatório202. Nele consta a justificativa da impossibilidade da avaliação do processo, principalmente pelo fato das partes notificadas (Ministério da Integração e Ministério do Meio Ambiente) não terem se pronunciado a respeito, impossibilitando dessa forma o andamento do processo. Como conclusão do relatório, o CTIL sugere as seguintes medidas: 1) notificação dos Ministérios da Integração e do Meio Ambiente, na pessoa dos seus respectivos Ministros, para responderem aos termos da representação; 2) Emissão de pareceres técnicos por parte das Câmaras Técnicas de Plano, Programa e Projetos e de Outorga e Cobrança; 3) elaboração de cronograma definindo as datas das consultas e audiências públicas a serem realizadas, bem como das atividades da CTIL em relação ao processo.

Durante esse tempo, o Fórum Permanente de Defesa do São Francisco encaminhou solicitações de deferimento e agilidade ao processo 001/2004 e o CBHSF, a solicitação de parecer do processo à Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos e à Câmara Técnica de Outorga e Cobrança, no dia 21 de agosto de 2006, acatando, desse modo, as recomendações do CTIL. Ademais, enviou uma notificação ao Ministério da Integração Nacional e Ministério do Meio Ambiente.

O Processo Administrativo teve papel fundamental no que diz respeito à participação da Sociedade Civil, não só das Entidades do Fórum Permanente de Defesa do São Francisco, mas também de outros atores que solicitaram inclusão no Processo, tais como: Pescadores Artesanais203; Usuários do Segmento Pesca, Turismo, Lazer e

202

Documento encaminhado ao pela CTIL no dia 03 de dezembro de 2005, disponível na página oficial do CBHSF.

203 Ao todo, 40 pescadores assinaram a solicitação: Colônia dos Pescadores da Z-41 de Remanso (BA),

representada por Irany da Silva dos Santos, Adelson Barbosa dos Santos, Vicente de Paula Lopes, José Mariano Rodrigues dos Santos; Colônia de Pescadores da Z-49 de Pilão Arcado (BA), representada por João Alves Pereira, Suely dos Santos Oliveira, Laurindo José dos Santos, Litercilio Pereira Nonato; Colônia de Pescadores Z-23 de Petrolândia (PE), representada por Pedro João de Souza, José Jackson Barbosa da Silva, Luis Henrique da Costa; Colônia dos Pescadores Z- 19 de Piaçabuçu (AL), representada por Maria Dolores F. dos Santos, Aleandra de Oliveira dos Santos, Maria do Carmo da Silva, Antonia Rodrigues da Silva, Antonio Amorim dos Santos; Colônia dos Pescadores da Z-13 de Jatobá (PE), representada por Genival Anjos Santos, Eufrânia Maria da Silva, Ielimaria de Vasconcelos; Colônia dos Pescadores Z-27 de Belém do São Francisco (PE), representada por Américo Gomes Silva; Colônia dos Pescadores Z-29 de Floresta (PE), representada por José Joaquim da Silva, Leonardo Gonçalves Oliveira; Colônia dos Pescadores da Z-18 de Santa Maria da Boa Vista (PE), representada por Josefa Maria da Silva Cruz; Colônia de Pescadores da Z-43 de Sento Sé (BA), representada por Aracy Paes de Castro, Himê Paes Landim do Nascimento; Colônia dos Pescadores Z-60 de Juazeiro (BA), representada por Maria Alice Borges da Silva, Walter Mares de Borges; Colônia dos Pescadores da Z-42 de Casa Nova (BA), representada por Belmiro Ribeiro de Souza, Geraldo Dias dos Santos; Colônia dos Pescadores da Z-26 de Sobradinho (BA), representada por Ailton Moreira dos Santos, Alírio Alves Pinheiro, João Francisco de Barros; Colônia dos Pescadores Z-45 de Canudos (BA), representada por Maria José Malaquias dos Santos; M. F Velho Chico do Baixo São Francisco, representado por Francisco

outros Usos Não Consultivos, atuante no Baixo curso do rio São Francisco204; a Associação da Escola Família Agrícola de Angical (BA)205; e a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia206. Representando os povos indígenas na Bacia, Marcos Sabarú, líder indígena da etnia Tingui-Botó e Representante junto ao Comitê na Gestão (2005-2007), também apoiou o Processo Administrativo 001/2004, escrevendo uma Carta Aberta ao Comitê na qual reafirma a posição contrária dos povos indígenas da Bacia do São Francisco em relação ao projeto de Transposição do rio São Francisco.

Entende-se que esse processo foi longo e desgastante. Após o CBHSF encaminhar Ofícios para o Ministério do Meio Ambiente207, o Ministério da Integração Nacional208, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA)209 e também para a Agência Nacional das Águas (ANA)210, notificando prazo de 30 dias para a apresentação da defesa desses órgãos junto ao Comitê, apenas no ano de 2008 a União respondeu ao Comitê sobre o Processo Administrativo 001/2004. O Primeiro órgão a emitir uma Circular (Cir. N°001/08) foi a Agência Nacional da Águas, no dia 25 de fevereiro de 2008, a qual utilizou argumentos correlatos aos do Ministério do Meio Ambiente e também do Ministério da Integração para justificar sua solicitação de extinção do Processo Administrativo em questão.

de Assis Araújo e Mércia Silva Oliveira; CPP – Articulação Popular Baixo São Francisco de Paulo Afonso (BA), representada por Alzení Tomáz; CPP – NE de Olinda (PE), representada por Severino Antonio dos Santos; CPP-Diocese Juazeiro de Santo Sé (BA), representada por Margarida Ladislau Barbosa e CPP Diocese Juazeiro de Pilão Arcado (BA), representada por Divino Tomás da Silva.

204 Adesão solicitada em 08 de maio de 2008 por: Nair Rocha dos Santos de Santana do São Francisco

(SE), Evaldo Soares da Silveira de Santana do São Francisco (SE), Claudionor dos Santos Gomes de Santana do São Francisco (SE), José Dijenal dos Santos Soares de Santana do São Francisco (SE), Rômulo Patriota Cota de Penedo (AL), José da Silva de Neópolis (SE), Cícero Medeiro Lima de Neópolis (SE), Antonio Gomes dos Santos de Penedo (AL), Erivaldo Martins de Araújo de Propriá (SE), Sebastião dos Santos de Propriá (AL).

205 Entidade do Povoado de Covas, no Município de Angical (BA), solicitou adesão no dia 18 de julho de

2008.

206

Entidade representada pelo presidente João Carlos Jacobsen Rodrigues, solicitou adesão no dia 29 de setembro de 2008.

207 SECRETARIA EXECUTIVA DO CBHSF.[Ofício] 10 de janeiro de 2008, Salvador (BA) [para]

SILVA, Marina (Ministério do Meio Ambiente). Brasília (DF). 01 folha. Notificação Referente ao Processo nº 001/04 – Conflito de Uso de águas da Bacia do rio São Francisco.

208 SECRETARIA EXECUTIVA DO CBHSF.[Ofício] 10 de janeiro de 2008, Salvador (BA) [para]

LIMA, Gedel Vieira (Ministério do Meio Ambiente). Brasília (DF). 01 folha. Ofício 001/08: Notificação Referente ao Processo nº 001/04 – Conflito de Uso de águas da Bacia do rio São Francisco.

209 SECRETARIA EXECUTIVA DO CBHSF.[Ofício] 10 de janeiro de 2008, Salvador (BA) [para]

MARGARIDO NETO, Bazileu Alves (IBAMA). Brasília (DF). 01 folha. Ofício 001/08: Notificação Referente ao Processo nº 001/04 – Conflito de Uso de águas da Bacia do rio São Francisco.

210 SECRETARIA EXECUTIVA DO CBHSF.[Ofício] 10 de janeiro de 2008, Salvador (BA) [para]

MACHADO, José Carlos. (Agência Nacional das Águas). Brasília (DF). 01 folha. Ofício 001/08: Notificação Referente ao Processo nº 001/04 – Conflito de Uso de águas da Bacia do rio São Francisco.

Somente em março de 2008, o Ministério do Meio Ambiente encaminhou resposta211 ao Comitê afirmando, com base da Lei 9433/97, que este possui competência para arbitrar em primeira instância os conflitos pelo uso da água no limite da bacia, sendo o Conselho Nacional de Recursos Hídricos a última instância arbitral. Para tanto, solicitou a extinção do Processo Administrativo ou a exclusão do Ministério do Meio Ambiente do polo passivo, pois entendeu que:

[...] nenhum dos requisitos foi preenchido, pois o pretenso conflito versa um uso futuro, cujas implicações foram fartamente analisadas quando da concessão da outorga de direito de uso dos recursos hídricos pela Agência Nacional das Águas. Ora, não existindo estes requisitos não há que se falar em conflito.

Além da justificativa acima descrita, o MMA considerou que há ilegitimidade no pedido do processo com relação às partes deste. Primeiro, o Ministério afirmou que, pelo fato do Fórum Permanente de Defesa do rio São Francisco não ser uma entidade pertencente aos Usuários de Recursos Hídricos, o Ministério do Meio Ambiente também não se enquadra em tal classificação. Declarou ainda que o conteúdo do Processo Administrativo já teria sido apreciado pelo CNRH: “[...] ao ratificar a possibilidade de implantação do PISF. Portanto, manifestou-se pela inexistência de conflito, que não foi levantada em suas discussões”.

Da mesma forma, o Ministério da Integração Nacional, baseado nos mesmos argumentos apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente, com destaque à questão da ilegalidade do Fórum de Defesa do rio São Francisco para suscitar o eventual conflito quanto ao uso das águas da Bacia do rio São Francisco para o Projeto de Transposição, também solicitou a extinção do Processo Administrativo n°001/2004, ressaltando a justificativa de que não existe conflito real ou no mérito para que seja julgado improcedente a representação, como consta no Ofício212 n°154/2008/SE-MI, encaminhado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco no dia 13 de março de 2008.

Por fim, o processo foi arquivado no dia 09 de fevereiro de 2015 de acordo com o Despacho do Comitê que acatou a recomendação da CTIL e do Comitê da Bacia que justificou o arquivamento por entender que o processo perdeu o objetivo, como consta na citação extraída da Memória da Reunião – CTIL de 05 de fevereiro de 2015:

211 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. [Ofício] 13 de março de 2008, Brasília (DF) [para]

MACHADO, Antonio Thomaz Gonzaga da Matta (CBHSF) 03 folhas. Ofício n°127/2008/GM/MMA. Conflito pelo uso de águas na bacia do rio São Francisco.

O conflito pelo uso do Projeto de Transposição do São Francisco – PISF foi judicializado, tendo sido avocado ao STF em análise e mérito. A partir dessa judicialização houve uma limitação no exercício das prerrogativas do CBHSF. Inobstante a estas questões, o CBHSF deliberou, considerando o conflito de uso, e o preço da água da transposição para abastecimento humano é igual ao preço na bacia e o preço para as atividades econômicas, na alocação externa, não considera os redutores da fórmula da locação interna. Assim, a CTIL recomenda o arquivamento do processo.