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Proporções relativas dos minerais nos solos da ilha de Santiago

91 5 ANÁLISE MINERALÓGICA, TEXTURAL E GEOQUÍMICA DOS

5.1.1 Proporções relativas dos minerais nos solos da ilha de Santiago

Na Figura 5.1 apresenta-se, para cada conjunto de amostras de solo desenvolvidos sobre as diferentes formações geológicas da ilha de Santiago, a média das proporções relativas dos diferentes minerais. Na discussão seguinte os minerais serão referidos pela ordem decrescente da sua proporção relativa, em cada formação.

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Quartzo Feldspatos Piroxena Oivina Filossilicatos Calcite Hematite Outros

% CA FL CB PA Ass MV CC

Figura 5.1 – Médias das proporções relativas (%) dos diferentes minerais, nos solos desenvolvidos sobre cada formação geológica, na ilha de Santiago. Formações geológicas: CA – Complexo Eruptivo Interno Antigo (n=11), FL – Flamengos (n=8), CB – Órgãos (n=8), PA – Pico da Antónia (n=17), ASS – Assomada (n=5), MV – Monte das Vacas (n=4), CC – Calcários e Cascalheiras (n=4).

Os solos associados ao Complexo Eruptivo Antigo (CA) são constituídos essencialmente por plagioclase e feldspato potássico, sendo bastante enriquecidos em feldspatos, quando comparado com os solos desenvolvidos nas restantes formações vulcânicas, o que está de acordo com o observado no capítulo referente à geoquímica das rochas (Capítulo 4), em que as rochas do CA são as mais ricas em alcalis (Na2O e K2O).

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Estes solos possuem também piroxena, filossilicatos (esmectite, mica/ilite e em bastante

menor quantidade caulinite e serpentina), quartzo, hematite, calcite e “outros minerais”

(zeólitos, dolomite, larnite, siderite, magnetite, titanomagnetite, esfena, zircão, cromite, raras leucite, apatite, opala) e olivina.

O enriquecimento em feldspato, dolomite e calcite, características que os distingue dos outros solos em rochas vulcânicos é consequência da presença de rochas granulares, sieníticas e gabróicas, de rochas traquíticas-fonolíticas, dos carbonatitos, e do facto das rochas desta formação se apresentarem muito alteradas e com veios de carbonatos e zeólitos.

Os solos que ocorrem sobre a Formação dos Flamengos (FL) são constituídos por quartzo, plagioclase e feldspato potássico, piroxena, filossilicatos (esmectite, serpentina e raras mica/ilite e caulinite), hematite, olivina e “outros minerais” (zeólitos, esfena, cromite, magnetite, granada, pouca dolomite). Estes solos não possuem calcite, contudo nestas rochas também ocorrem alguns veios de carbonatos e zeólitos. De entre o conjunto de solos amostrados, estes são os mais ricos em filossilicatos e os mais pobres em hematite, o que está de acordo com o facto das rochas da Formação dos Flamengos serem das mais pobres

em Fe2O3(T) de entre as rochas basálticas-basaníticas.

Os solos que ocorrem sobre a Formação dos Órgãos (CB) são os mais ricos em piroxena, e possuem também plagioclase e feldspato potássico, filossilicatos (esmectite, serpentina e rara caulinite), quartzo, hematite, e em menores quantidades ocorre olivina, calcite e “outros minerais” (magnetite, cromite, larnite, siderite, granada, zeólitos, nefelina, dolomite, clorite, granada e brucite). A composição química das rochas desta formação é muito semelhante à das rochas de Flamengos, mas as proporções mineralógicas são distintas nos solos de ambas as formações. A ocorrência de larnite, granada, brucite indica que as rochas vulcanoclásticas que constituem a Formação dos Órgãos sofreram metamorfismo de contacto provocado pela implantação das lavas do Pico da Antónia, que as cobriram.

Os solos derivados da Formação do Pico da Antónia (PA) são constituídos essencialmente por quartzo, plagioclase e feldspato potássico, piroxena, filossilicatos (esmectite+interestratificados, mica/ilite, serpentina e pouca caulinite), hematite, calcite, olivina e “outros minerais” (larnite, siderite, dolomite, zeólitos, nefelina, magnetite, esfena, zircão e opala).

Os solos que ocorrem associados à Formação da Assomada (ASS) são constituídos fundamentalmente por quartzo, filossilicatos (mica/ilite e caulinite), plagioclase, feldspato

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destaca a presença de (titano)magnetite, zeólitos, zircão, granada, nefelina, larnite e siderite, barite, esfena) e olivina. Estes solos que possuem a maior proporção de filossilicatos e a menor de piroxena, olivina e também, com excepção dos solos da Formação do Monte das Vacas (MV), a maior proporção de hematite. As rochas destas duas formações são as que possuem os teores médios de Fe2O3(T) mais elevados. As rochas da Formação da Assomada apresentam-se com muita frequência muito alteradas e por isso os solos nesta formação possuem maiores proporções de filossilicatos e menores de piroxena e olivina do que os solos desenvolvidos sobre as outras formações.

Os solos colhidos sobre a Formação Monte das Vacas (MV) caracterizam-se pela presença de quartzo, hematite, e (titano)magnetite, plagioclase e feldspato potássico, piroxena, filossilicatos e olivina. O enriquecimento em hematite e (titano)magnetite pode dever-se ao facto de esta formação corresponder a depósitos piroclásticos formados à superfície e ao facto das suas rochas serem as que apresentam teores mais elevados em Fe2O3(T). Estes solos são os mais enriquecidos em olivina (Figura 5.1).

Os solos analisados que ocorrem sobre a Formação Calcários e Cascalheiras do Quaternário (CC), estão desenvolvidos sobre as cascalheiras e possuem quartzo, plagioclase e feldspato potássico, piroxena, filossilicatos (caulinite, esmectite), calcite, hematite, “outros minerais” (titanomagnetite, larnite, esfena, siderite, halite) e olivina.

O mineral existente em maior proporção relativa nos solos da ilha de Santiago é o quartzo, com excepção dos solos no Complexo Antigo e da Formação dos Órgãos onde o principal mineral é o feldspato e a piroxena, respectivamente (Figura 5.1). O quartzo resulta do transporte eólico e da alteração dos minerais silicatados das rochas, pois as rochas possuem olivina ou nefelina e como tal não possuem quartzo..

O segundo mineral em termos de proporção relativa nos solos é o feldspato, com excepção dos solos que se desenvolvem sobre a Formação dos Órgãos (CB), onde é a piroxena o mineral dominante e dos solos que se desenvolvem sobre a Formação da Assomada onde são os filossilicatos os minerais dominantes (Figura 5.1). A existência de grande proporção de feldspato nas amostras deve-se ao facto de estarmos em presença de um clima árido a semi-árido e ainda ao seu relevo elevado, factores que inibem a meteorização dos feldspatos. Estes mesmos factores também permitem que a piroxena e a olivina permaneçam nos solos. Os solos que contêm mais olivina são os que se desenvolvem sobre a formação do Monte das Vacas, que é a mais recente e portanto onde a meteorização também é mais jovem.

A piroxena é o mineral que ocorre em maior proporção relativa nos solos associados à Formação dos Órgãos (CB) e em menor proporção nos associados à Formação de

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Assomada (ASS). Os solos associados a formação do Monte das Vacas (MV) são caracterizados por possuírem a maior proporção relativa de olivina hematite, (titano)magnetite e cromite. A olivina é um mineral muito instável em ambiente superficial e a sua alta proporção nestes solos indica que a meteorização dos piroclastos que constituem esta formação é pouco intensa.

As proporções mineralógicas relativas observadas nestes solos reflectem essencialmente a mineralogia da rocha-mãe (feldspato, piroxena e olivina). As proporções observadas também reflectem o efeito das condições climáticas tais como a precipitação, temperatura e direcção dos ventos e que condicionam os processos de meteorização e transporte/deposição, promovendo um enriquecimento em quartzo, filossilicatos, hematite e calcite. De todos os solos de Santiago, os desenvolvidos sobre as rochas da Formação da Assomada são os que possuem maior proporção de minerais de alteração e menores em piroxena e olivina, já que as suas rochas se encontram geralmente muito alteradas.

5.1.2 Proporções relativas dos minerais nos sedimentos de corrente da ilha de