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3.1 A

MOSTRAGEM DE

R

OCHAS

,S

OLOS E

S

EDIMENTOS DE

C

ORRENTE

A recolha das rochas teve por objectivo a caracterização química das diferentes unidades litológicas, da ilha de Santiago. Assim, para cada diferente unidade litológica, seleccionaram-se pelo menos 5 pontos de colheita. A localização dos pontos de amostragem (Figura 3.1) não seguiu um critério preestabelecido, pois dificilmente se encontravam afloramentos com rochas sãs.

A metodologia utilizada para a amostragem de solos e de sedimentos de corrente (amostragem de baixa a média densidade) seguiu as recomendações do Projecto

Internacional IGCP 259 – “International Geochemical Mapping” (Darnley et al., 1995), não só

na fase de colheita das amostras, mas também durante as etapas de preparação, análises, tratamento estatístico e na cartografia de teores dos elementos químicos. A Figura 3.1 apresenta os locais de amostragem de rochas, solos e sedimentos de corrente.

Figura 3.1 - Localização dos pontos de amostragem de rochas, solos e sedimentos de corrente.

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A amostragem foi planeada de modo a cobrir toda a superfície da ilha e de forma a serem colhidas, em simultâneo, tanto as amostras de solos, de sedimentos de corrente e de rochas.

As amostras de solos foram colhidas a montante do local de colheita das amostras dos sedimentos de corrente. A localização dos pontos de colheita das amostras de solos e sedimentos de corrente foi definida de acordo com a distribuição e dimensão das diferentes unidades geológicas. Amostraram-se apenas locais com reduzida ou nenhuma actividade humana, distanciados o mais possível de caminhos e estradas, de modo a garantir a ausência de impacto antrópico. Deste modo, sempre que possível, a colheita foi feita a mais de 200 m de vias de comunicação, para evitar a contaminação provocada pela circulação de automóveis. A colheita nunca foi feita perto de deposição de ferro-velho ou mesmo lixeiras de zonas habitacionais. A colheita foi feita evitando sítios onde se lava a roupa, para evitar as contaminações de zinco provocadas pelos detergentes.

De modo a garantir a representatividade das amostras de solos e sedimentos de corrente, colheu-se em cada local de amostragem uma amostra compósita, quer para os sedimentos de corrente quer para os solos. No caso da colheita de sedimentos de corrente, a amostra compósita foi obtida colhendo em cinco pontos, espaçados aproximadamente de 50 m, ao longo da linha de água. Na amostragem de solos colheu-se, em cada local e de forma aleatória, um máximo de 15 sub-amostras na camada de solo superficial (0-20 cm de profundidade).

Foram colhidas amostras de solos e sedimentos de corrente em duplicado pelo menos de 10 em 10 locais, de modo a poder calcular a variabilidade devida à amostragem. As amostras duplas foram colhidas de forma idêntica à original, alternando com esta os pontos de colheita, e colocadas em sacos de plástico separados.

A colheita das amostras de solos, sedimentos de corrente e rochas foi realizada em cinco etapas: durante o mês de Agosto 2005, nos períodos compreendidos entre Dezembro 2005 a Março 2006, Julho a Agosto 2006, durante a primeira quinzena de Agosto de 2007 e durante a segunda quinzena de Março de 2008. O peso de cada amostra de solos e sedimentos de corrente foi de aproximadamente 1 kg, variando em função da granulometria do mesmo. O peso de cada amostra de rocha foi de cerca de 2 kg.

Para cada amostra realizou-se uma ficha de campo onde se registaram informações relativas às características gerais do local amostrado e da zona envolvente, tais como: tipo de amostra (solo/sedimento de corrente/rocha), identificação do local, coordenadas geográficas, data da colheita, tipo de relevo, largura da linha de água, tipo de solo (agrícola

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ou não), proximidade de aglomerados populacionais, existência ou não de vida animal, tipo de vegetação, condições atmosféricas. Os dados foram inventariados numa base de dados.

Os utensílios utilizados nas campanhas foram: pá tipo jardineiro em aço inoxidável, enxada (para a colheita de sedimentos de corrente), sonda de aço inoxidável (para a colheita de solos (0-20cm de profundidade), martelo de geólogo, caderno de campo, gravador, 12 folhas de cartas topográficas (1:25000) e respectivas cartas geológicas (1:25000), carta de solos (1:50000), balde, sacos de plástico novos feitos para o efeito, etiquetas limpas, lápis, fio de norte para atar o saco onde a amostra é colocada, marcador indelével para escrever a referência da amostra no saco de plástico. Os sacos de plástico foram previamente referenciados para cada local de amostragem. A amostra fica com uma etiqueta dentro do saco, escrita a lápis, depois fecha-se o saco com fio de norte e coloca-se outra etiqueta, tornando a fechar novamente. O saco é numerado no exterior com marcador, tendo o cuidado de não deixar que a tinta de referência no exterior do saco se misture com a amostra, para evitar a ocorrência de possíveis contaminações.

O número total de amostras de solo e de sedimentos de corrente colhidas no decorrer deste trabalho foi, respectivamente, de 249 e de 337, correspondentes a uma densidade de

amostragem de cerca de 0.25 amostras/km2 para os solos e de 0.34 amostras/km2 para os

sedimentos. Este total de amostras, em ambos os meios amostrais, não incluem os pontos amostrados em duplicado, que correspondem a cerca de 10%. O número de amostras de rocha colhida foi de 83.

3.2 P

REPARAÇÃO

F

ÍSICA DAS

A

MOSTRAS

A preparação física das amostras foi realizada no laboratório de preparação física Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro (Portugal), no laboratório de preparação física Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra (Portugal), e, também (apenas no caso dos solos e sedimentos de corrente), no laboratório de preparação física do Instituto Nacional de Investigação Agrária (INIDA) em São Jorge dos Órgãos (Cabo Verde).

Já no laboratório, as amostras de rocha (~2 kg de rocha) foram limpas e cortadas, com serra diamantada, em vários fragmentos, parte dos quais se destinou à execução de lâminas delgadas e delgadas polidas para posteriores estudos mineralógicos. Os fragmentos de rocha foram depois sujeitos à prensa hidráulica e partidos em pedaços suficientemente pequenos para irem ao moinho de maxilas, o qual transforma os pedaços de rocha em brita fina e pó. Este material, de dimensão <2 mm, foi posteriormente moído durante cerca de 20 minutos, no moinho de ágata para futura análise química. Entre cada moagem o moinho foi lavado com água da torneira, seguindo-se uma moagem de cerca

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30 g de sílica, durante 5 minutos, efectuando-se, depois, uma nova lavagem com água da torneira, e, por último, após a sua secagem, limpou-se o moinho com álcool etílico a 96%. Todos os utensílios utilizados, durante o processo da moagem, foram lavados, entre moagens, com água da torneira e, depois de secos, com álcool etílico a 96%.

O tratamento pré-analítico a que as amostras de solos e sedimentos de corrente foram sujeitas obedeceu às recomendações do Projecto 259 (Darnley et al., 1995), nomeadamente à utilização do equipamento e instrumentos cuidadosamente limpos e não contaminantes, em sala livre de poeiras, a fim de evitar contaminação. Foi realizado em cinco fases, em sequência das mesmas cinco fases de campo, tendo havido o cuidado de estabelecer previamente os critérios e procedimentos a ter em conta para a execução desta preparação, apresentados de forma esquemática na Figura 3.2.

A secagem das amostras de solo e sedimentos de corrente foi feita em tabuleiros de plástico lavados (sem detergentes para evitar a ocorrência de possíveis contaminações), secos ao ar livre e posteriormente em estufa, a uma temperatura nunca superior a 40ºC, para que não haja perda dos elementos mais voláteis. Posteriormente, em salas limpas, com mecanismo de extracção de poeiras, efectuou-se a homogeneização e o quarteamento, em papel cru, retirando todo o material orgânico. Dois quartos opostos da amostra foram arquivados em saco de plástico novo. O peneiramento da outra metade da amostra foi realizado utilizando peneiros de plástico com malha de nylon de 2 mm de diâmetro. A utilização da fracção <2 mm é frequentemente utilizada em estudos ambientais e pedológicos sendo recomendada pelo FOREGS Geochemical Baseline Programm

(Salminen et al., 1998). A fracção superior não foi utilizada para este trabalho e foi

guardada, devidamente referenciada. Realizou-se, depois, a homogeneização da amostra peneirada, colocada sobre a folha de papel cru, seguida de quarteamento com espátula de plástico do seguinte modo: uma camada com cerca de 0.3 cm de altura é dividida numa quadrícula de 16 quadrados, retirando-se uma porção de cada um destes alternadamente para um frasquinho esterilizado até perfazer 50 g. O resto da amostra é homogeneizado e vai para o arquivo. Por fim faz-se a moagem destes cerca de 50 g da amostra durante 20 minutos num moinho de ágata. O moinho foi lavado, entre cada moagem, com água da torneira, seguindo-se uma moagem de cerca 30 g de sílica, durante cerca de 5 minutos, fazendo-se, depois, uma nova lavagem com água da torneira, e depois de seco, limpou-se o moinho com álcool etílico a 96 %. Entre moagens, os utensílios utilizados foram sempre lavados com água da torneira e, depois de secos, com álcool etílico a 96%. Todas as amostras de campo, independentemente de serem originais ou duplicados, sofreram o tratamento físico descrito nos parágrafos anteriores.

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