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Levando em consideração a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), no seu artigo 67, os sistemas de ensino devem promover a valorização dos profissionais da educação assegurando-lhes inclusive, nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público, a progressão funcional baseada na titulação ou habilitação e na avaliação do desem- penho, envolvendo um processo de meritocracia.

Nesse sentido, a LDB não se concretiza em definitivo e de maneira uniforme no Brasil, na medida em que não possui bases funcionais de aplicação, ou seja, o processo de avaliação do desempenho docente não tem enquadramento legal efetivo no sistema de educação pública do país.

Sabemos que o processo de avaliação do desempenho docente, quando implantado de ma- neira séria e comprometida, apresenta inúmeros benefícios ao sistema educativo, dentre eles

contribui para a melhoria da prática pedagógica e para a valorização e aperfeiçoa- mento individual do docente; permite a observação das necessidades de formação do pessoal docente; detecta fatores que influenciam o rendimento profissional; diferencia e premia os profissionais e promove o processo de cooperação entre os docentes e ex- celência da qualidade dos serviços prestados à comunidade (Busto & Maia, 2009, p. 17).

Podemos então supor que para se alcançar o êxito de um sistema educativo é imprescin- dível a intervenção direta e concreta do poder público no que diz respeito a uma nova pro- posição em relação ao projeto educativo e avaliativo nacional. Faz-se iminente a organização de um sistema avaliativo docente coerente e capaz de dimensionar as vertentes profissionais e éticas, de desenvolver o ensino e a aprendizagem, de participar ativamente da escola e da comunidade escolar e, sobretudo, de desenvolver a formação profissional do docente ao longo da vida, através do envolvimento das esferas federais, estaduais e municipais da nação brasi- leira, todas em prol de uma educação melhor.

Para além de toda esta compreensão sobre a importância da avaliação do desempenho do- cente atestada através do interesse dos outros países pela sua efetivação, é imprescindível analisar os resultados das investigações científicas relacionadas com o tema e “conhecer as políticas seguidas em outros países” (Campos, 2013, p. 132) de forma que se possam anali- sar os pontos positivos e negativos das propostas utilizadas. Pensamos que a princípio, seja necessário a proposição de um quadro de referência para nortear a efetivação da avaliação do desempenho docente com a determinação da periodicidade da avaliação do desempenho docente a ser implantada e que escolha as fontes e métodos de avaliação a serem utilizadas de maneira geral, específica e regionalizada, de acordo com a situação do docente, determi- nando os intervenientes no processo de avaliação docente, a saber: o avaliado, os avaliadores e a comissão de coordenação da avaliação de desempenho, com todas as suas incumbências e proposições elaboradas em regimento legal especial.

4 Conclusões

Pensamos que, a princípio, seja necessário determinar uma série de medidas indicadoras relacionadas com a avaliação do desempenho docente no país. Os quadros referenciais são de extrema importância e deverão estar coadunados com as legislações estaduais e municipais obedecendo principalmente às realidades sociais, culturais e econômicas de cada esfera.

É importante lembrar que, dentre outros fatores que subsidiam os melhores patamares educacionais do mundo, a avaliação do desempenho docente faz-se presente e tem contribuído grandemente. Torna-se necessário perceber que as reflexões e as discussões sobre o processo avaliativo e autoavaliativo do docente são necessárias a partir de uma concepção sociocons- trutivista de aceitação, implementação e efetivação e que a avaliação docente assumirá assim o seu papel crítico, personalizado e autônomo dentro de cada realidade.

A avaliação do desempenho do professor não deverá estar voltada somente para os resulta- dos como obrigação. Essa obrigatoriedade deve, sim, pautar-se nas competências para adotar as estratégias mais acertadas aos contextos vivenciados, visando dinâmicas e promoção de melhorias para o sistema educacional.

Nesse sentido importa conceber que entre as balizas sinalizadoras da implantação de um sistema de avaliação do desempenho docente, seja necessário, dentre outras medidas, con- substanciar este fato a três eixos que segundo Rodrigues (2002) deve envolver a metodologia,

a ética e a política, numa relação interdependente, mas pautada em articulações sistematiza- das, dispostas as adequações e readaptações diante do processo contínuo que é a avaliação. É importante também considerar a transparências dos processos, o rigor e a adequação legal, questões pautadas como necessárias para a aceitabilidade dos sistemas de avaliação.

Os obstáculos, as não aceitações, além das críticas, são imensas quando se fala em avali- ação do desempenho docente, principalmente quando não se tem o conhecimento necessário para entender que este processo deve ser contínuo e propõe determinar o desenvolvimento profissional no seu contexto, sendo uma ação de supervisão necessária para uma reflexão e possível mudança individual, institucional e da qualidade do sistema educativo. É primordial que o professor se aproxime das propostas com um sentimento de pertença e responsabili- dade sobre a sua profissão, contribuindo com as suas sugestões e procurando compreender que os contextos das ações transformadoras envolvem mudanças reflexivas e atitudinais de todos. É necessário que sejam construídas condições facilitadoras que estimulem o diálogo aberto, franco e pacífico entre administração pública, diretores de escolas, alunos, comuni- dade e professores, com a criação de oportunidades e estratégias em prol de uma educação de qualidade. Não podemos ser sonhadores ou idealistas em demasiado, mas precisamos acredi- tar que a “educação libertadora” (Freire, 2015, p. 26) pode existir, e que sua concretização depende de todos e de cada um de nós.

5 Referências

Busto, M. M., & Maia, O. (2009). Sistema de avaliação de desempenho do pessoal docente. Coimbra: E&B DATA.

Campos, B. P. (2013). Políticas docentes: formação e avaliação. Lisboa: Mais Leituras Editora. Estrela, A., & Nóvoa, A. (1999). Avaliação em educação: novas perspectivas. Porto: Porto Editora. Flores, M. A. (2014). Formação e desenvolvimento profissional de professores: contributos interna-

cionais. Coimbra: Ediçoes Almedinas.

Freire, P. (2015). A pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Editora Paz e Terra.

Gatti, A., Sá, E., & André, M. (2011). Políticas docentes no Brasil: um estado de arte. Brasília: UNESCO. Luckesi, C. C. (2011). Avaliação de aprendizagem componente de ato pedagógico. São Paulo: Cortez Rodrigues, M. L. (2007). Desenvolvimento profissional de professores para a qualidade e para

equidade da aprendizagem ao longo da vida. Apresentado no congresso Desenvolvimento pro- fissional de professores para a qualidade e para a equidade da aprendizagem ao longo da vida. Lisboa.

Condições do trabalho docente no ensino superior privado confessional